Capítulo 6 - Persistência
— Eu matriculei a Ally, — Expliquei — e eu não estava contente por ter que ficar em casa sozinha enquanto todas estavam aqui.
— Só? — Todos à mesa me perguntaram e eu concordei — Atelina Piierce com medo da solidão?
— Não tem graça, eu só não queria ficar entediada em casa.
Eles riram assim que conclui o óbvio. Eles me conheciam a muito tempo e nunca puderam relacionar algo como isso comigo.
Todos ao meu lado tentaram me manter informada de tudo que havia acontecido desde que eles haviam chegado à cidade. Descobri que não tínhamos professor de história, ainda, e que essa seria exatamente minha última aula e a última dos que estavam sentados ali também, o que era mais uma coincidência para o dia.
Pensei em perguntar o motivo de Peyton não estar com os meninos, mas deixei a curiosidade crescer, não estava com vontade de responder insinuações por estar interessada. Então desviei meus olhos para o meu prato enquanto Luke e Ren continuavam falando.
— Deb? — Uma garota chamou ela da cabeceira da mesa, ela tinha cabelos de um tom vermelho sangue e o corte repicado dele era bonito e entornava seu rosto fino — Teremos um professor novo de história hoje.
— Então teremos a última aula — A garota concordou e Deb voltou seus olhos para mim — Parece que você chegou em um bom dia. Ah, eu já ia me esquecendo Spencer essa é uma amiga, Atelina Piierce. Ateh essa é Spencer Mitchell, ela também tem história com a gente.
— Oi. — Falei e ela me cumprimentou com um aceno de cabeça.
— Nos vemos na aula de história então.
Antes de sair acenou para todos e esboçou um sorriso gentil.
— Parece que ficaram sabendo do novo professor — Ouço uma voz masculina se aproximar.
Olhei para cima e encontrei mais um par de olhos verdes como só um Palmieri teria. Brian Palmieri, o mais novo da família. Ele se sentou ao lado de Dabria e beijou-lhe a face de forma carinhosa.
— Ah Brian, essa é a irmã da Allyson — Deb falou, como se dividissem um segredo em relação a minha irmã.
Brian dirigiu seus olhos para mim e os mesmos ficaram espantados. Ele sabia quem eu era, só parecia não acreditar como eu também não conseguia acreditar que ele estaria aqui e que estivesse namorando Dabria. Ele era sensível e super carinhoso o que não me admira ser Deb sua namorada, mas mesmo assim eles, os Palmieri viajavam muito e nunca ficavam muito tempo no mesmo lugar.
— Oi Brian — Falei, quebrando o gelo que se instalou entre nós.
— Oi Atelina.
— Vocês se conhecem? — Era a vez dos olhos de Dabria se espantarem.
— Muito pouco, conheço mais os irmãos dele — Expliquei — Não via vocês há anos e até agora só não consegui ver a Lexy.
Ele sorriu. Percebi que estava constrangido por eu ter tocado no assunto em relação a sua família. Então decidi mudar rapidamente a atenção das pessoas na mesa.
— Luke, me fala onde esteve durante esses anos? — Perguntei.
Ele começou a falar, entretendo todos nas suas histórias, mas não consegui evitar e com a visão periférica espiei Deb e Brian que sussurravam palavras melosas um para o outro. Era tão doce que eu podia comprovar que havia abelhas zanzando em volta e quando os beijos começaram desviei minha concentração para outro lugar porque podia sentir a bile subindo pela garganta.
Eu não era uma pessoa sem coração, mas eu não me sentia a vontade em ver casais ao meu redor fazendo coisas típicas de casais, porque eu me lembrava consequentemente do meu último namoro. Eu tive outros relacionamentos depois de Peyton, mas nada muito sentimental... pelo menos para mim. Eu no fundo nunca consegui substituir o amor que sentia por ele e sempre esperei encontrá-lo no passado, antes de receber a carta. A mesma que colocou o ponto final na nossa história.
Eu havia terminado o último namoro há dois meses, antes de voltar para Falls Stay e antes até mesmo de ter recebido a ligação de Ally para que eu voltasse.
Há dois meses comecei a ter pesadelos e fiquei com medo de envolver ele nessa parte da minha vida. Os pesadelos não eram sobre a morte do meu irmão como sonhei quando cheguei à cidade, eles, pelo contrário, eram os mesmos que eu tinha quando era criança depois que fui deixada com meus irmãos para minha tia criar. Eu lembrava que os meus sonhos eram com um monstro de olhos amarelos e Ally sonhava com um monstro de asas negras.
Depois que os pesadelos pioraram e até mesmo uma cabana antiga pegando fogo apareceu eu comecei a acordar gritando e chorando durante a madrugada nos braços de Logan. Ele tentou conversar comigo para saber o motivo dos pesadelos, mas eu não podia dizer a verdade sobre o que tinha acontecido na minha infância e terminei com ele assim que decidi interpretar os sonhos como um aviso de que meu passado estaria na manhã seguinte na minha porta.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som do sinal, pisquei meus olhos fixados na bandeja à minha frente, notando que eles estavam marejados. Ainda doía lembrar de ter deixado tudo que construí sozinha e longe para voltar onde tudo começou. Respirei fundo e tentei disfarçar sorrindo.
Levantei da mesa e joguei no lixo o resto da comida ainda na bandeja, despedi-me dos meninos e meninas que estavam na mesa e caminhei para a aula de geografia.
§ § § § §
Quando o sinal para a última aula tocou eu queria sair correndo pelas portas duplas e ir embora, mas de acordo com Spencer, não haveria aula vaga porque o professor de história estava na escola e era tão novo quanto eu aqui.
Encontrei a sala. Ela tinha uma porta enfeitada também, com frases e fotos de guerras e acontecimentos históricos. Entrei e me surpreendi com o número de pessoas que conhecia, eram os mesmos que vira o dia inteiro em outras aulas e agora estavam todos na mesma sala.
Consegui ver um lugar vago atrás de Luke e percebi que era o único vago se eu não quisesse sentar no fundo, então me sentei e esperei como todos ansiosa para conhecer o professor.
A porta foi aberta e o homem que entrou carregava uma pasta negra na mão e na outra um livro grosso de capa desgastada. Ele deixou seu material sobre a mesa e escreveu na lousa com uma caligrafia bonita "Prof. White".
Voltou seus olhos para os alunos e observou cada um de nós com seus olhos que pareciam ser tão negros quanto o carvão. E o cabelo castanho brilhava com a quantidade de gel que ele havia passado, o que o deixava aparentando ser mais velho junto a camisa social azul listrada sob um colete preto e uma jeans velha desbotada e óculos de lente quadrada. Ele era bonito e novo se prestasse a atenção no seu rosto e eliminasse a falta de combinação em todo o visual.
— Boa tarde, eu sou o professor White — Sua voz era rouca e grossa e ele tinha um sorriso gentil nos lábios enquanto falava — Serei o professor temporário de história de vocês, mas acredito que por ser meu primeiro trabalho aqui eu vá ficar mais um ano. Eu nunca vim para esses lados da Virginia, então além de ser novo aqui na escola sou novo na cidade de Falls Stay. E para quem está se perguntando qual é minha idade, eu tenho 26 anos e não pareço ser tão novo quanto vocês com esses rostinhos perfeito não atingidos pela puberdade — A sala riu — Bom, vou explicar a forma como trabalho, mas antes eu tenho uma surpresa para vocês, não sei se todos irão gostar, mas espero que gostem e aceitem participar.
Os alunos se entreolharam e ele sorriu mais ainda. Entretanto o som na porta roubou a atenção de todos.
— Posso entrar? — Peyton colocou a cabeça para dentro — Tenho justificativa pelo atraso.
— Claro, escolha seu lugar — O professor disse, apontando a sala.
Ele entrou e meus olhos procuraram um lugar vazio que ele poderia escolher, mas Peyton não carregava material pois o dele que eu me lembrava da aula de cálculo estava na mesa ao lado da minha.
— Essas aulas já haviam sido atribuídas a mim a algumas semanas, mas por causa de um projeto que decidir fazer com o colégio fiquei um tempo fora para terminar de prepará-lo, sinto muito pela perda de aulas, mas por estarmos no fim do ano letivo a direção aceitou que eu os levasse para uma pousada onde vocês acamparão e farão as atividades que são oferecidas.
Os olhares dos alunos pareciam de desinteresse, mas isso não abalou o professor que parecia estar feliz pelo projeto.
— Ficaremos duas semanas na pousada em que o colégio tem contato em Williamsburg — Ele olhou novamente para todos — Mas antes eu gostaria de conhecer vocês um pouco, então me falem o nome de vocês e algo que gostariam de compartilhar, por favor.
O prof. White começou pela fileira perto da porta, ele apontava e todos diziam os nomes e realmente começavam a compartilhar alguns detalhes de suas vidas.
Eu consegui perceber que o primeiro garoto havia ficado furioso, como se não quisesse ter dito nada e mesmo assim tinha dito. Na minha vez, eu consegui controlar uma vontade estranha que cresceu em mim de contar para todos o que estava fazendo naquela escola e na cidade, incluindo a prisão de Ally. Porém, falei apenas que estava ali pela minha irmã.
Assim que ele terminou os olhares eram de confusão e irritação o que não o impediu de dar sua aula. White explicou, como disse antes, a forma como trabalhava. Não tinha nada de surpreendente, era normal e comum, mas algo nele me intrigava eu não sabia o porquê, parecia que sua aura se misturava muito com a de todos os outros alunos sobrenaturais naquela sala.
Entre as pessoas que eu conhecia éramos vampiros, bruxa, anjos falsos e eu sentia a presença de um ou outro lobisomem, mas a dele era parecida, mas não igual e eu não sabia dizer o que ele era. Humano eu sabia que ele não poderia ser.
Soltei um longo suspiro de alivio quando o som do sinal alcançou meus ouvidos. Eu estava livre. Sentia que precisava de um tempo sozinha para colocar todos os acontecimentos do dia em ordem e tentar relaxar. Era só coincidência, eu dizia para mim mesma. Mas era mesmo?
No caminho até o estacionamento torci mentalmente para que Allyson e as meninas estivessem lá, mas antes de conseguir atravessar as portas duplas sentir mão quentes me puxarem para trás. Levantei meus olhos, encontrando os olhos de Peyton enquanto alunos bufavam de raiva por estarmos no meio do caminho.
— Agora que finalmente encontrei você, posso explicar sobre o casamento? — Seu tom era baixo e triste.
O casamento era uma situação difícil no nosso relacionamento e ninguém acreditaria se eu dissesse que essa era a primeira vez que eu via Peyton desde o dia em que ele me deixou esperando, pois ia se casar com uma garota mimada que foi minha amiga. E ela não o tinha tirado de mim.
Ela era a merda da recompensa dele por ter conseguido domar o monstro que assustava ambos os conselhos. Os vampiros tinham medo de mim e os anjos falsos também. Eu era o monstro que precisava ser domado.
Respirei fundo, fazendo uma expressão de desinteresse antes de responder:
— Não precisa me explicar nada, essa história é antiga e a explicação não mudará nada — Falei, fingindo não me importar com isso.
Ele revirou os olhos, frustrado.
— Piierce, eu preciso contar para você e a ideia de você me odiar por algo que eu não tive a intenção de fazer, me machuca — Sua expressão triste tornava tudo mais difícil para mim.
— E-esquece Peyton... eu já falei que não quero saber, não vai fazer diferença porque não ficaremos mais juntos! — Brandi e minhas palavras pareceram lhe atingir o rosto como um soco poderoso.
Aproveitei sua surpresa e corri porta afora. As meninas estavam ao lado do carro esperando enquanto conversavam, mas Ally parecia cansada e irritada.
— Que demora, gostou tanto assim da escola, aponto de querer passar o dia nela? — Ela debochou.
Lancei a ela meu melhor olhar de raiva, fazendo-a calar a boca e desistir de caçoar comigo, ela realmente ficou quieta até chegarmos em casa.
Subi as escadas quando entrei em casa. Marchando para o meu quarto, tranquei a porta e me deitei para admirar o teto branco. Minha cabeça parecia que ia estourar de tantas lembranças, que decidiram sair do baú, espalhadas pelo meu cérebro.
Toda a vida que eu vivi até hoje estava presente naqueles corredores. Pessoas boas, interessantes e que me ajudaram sem receberem nada em troca. Algumas fizeram parte do pior da minha vida, outros sabiam meus pecados e minhas boas ações.
Levantei para tomar um banho, estava exausta, preferia ficar em casa no dia seguinte. Eu estava arrependida de ter tomado a decisão de ir a escola. E mais, eu tinha machucado Peyton, com total intenção. Pois ele merecia. E eu nunca quis ver ele, não depois do que aconteceu e agora sabendo que ele insistia em se explicar, a distância era a única opção. Nada iria mudar de qualquer jeito, tínhamos terminado a muito tempo atrás.
VAMOS VOTAR, VAMOS VOTAR!!! 🌟🌟🌟
Oie meus amores, como estão? O que acharam do capítulo? Esse professor parecer ser bem misterioso, não? O que será que ele é? E esses sonhos da Atelina do passado, estranho terem começado agora, né? E o que será que Peyton queria falar para ela sobre o casamento? Será que ela deveria ter ouvido e dado outra chance para ele se explicar, ou ela fez certo em afastá-lo? Será que vamos descobrir mais sobre o passado deles? E essa viagem, o que devemos esperar dela?
Não se esqueçam de votar e comentar bastante!!!
Abraços gigantescos.
- Atelina.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top