Capítulo 28 - Os amigos

https://youtu.be/ybWp0sHTAZ4

     — Vamos, Piierce — Ele segurou minha mão e a tremedeira parou.

   Sem coragem para dizer algo, balancei a cabeça e Daimen começou a tirar a blusa e o tênis, eu não tinha motivos para voltar atrás agora, além disso eu concordei antes com o acordo de saltar se perdesse, então não podia invalidar nossa aposta. Por isso tirei meu tênis e deixei de lado.

   Daimen segurou minha mão e mostrou nos dedos a contagem para que começássemos a correr. Quando chegou no três corri junto a ele até nos aproximarmos da beirada e então fechei os olhos antes que pudesse ver a altura.

   Foi uma queda rápida e eu gostei da forma como a água englobou meu corpo e como o peso de Daimen me levou para baixo, mas logo voltei a superfície com uma perspectiva diferente, eu não venci meu medo, mesmo assim adquiri a possibilidade de ir contra ele.

   De volta a superfície, meus olhos agora meio inchados por terem sido abertos debaixo da água, vi as ninfas voando sobre minha cabeça, elas davam risadinhas altas e gostosas de serem ouvidas como crianças levadas que fizeram arte.

   Daimen emergiu à alguns metros e nadou até mim, seus olhos brilhavam e eu não sabia o motivo, podia ser por ver uma ninfa ou por ter conseguido que eu pulasse.

     — O que achou? — Ele perguntou, esboçando um sorriso.

     — Claro que gostei, sempre gosto das coisas que faz por mim — Falei, recebendo um sorriso dele — Você não queria ver uma ninfa?

   Apontei para o alto.

     — São muitas!

   Seu brilho ficou mais luminoso, estava admirado pela beleza delas, que voavam e exibiam suas pequenas estruturas, elas eram coloridas e voavam muito rápido, isso tornava fácil de perder elas de vista.

   Uma ninfa azul, se aproximou de Daimen com um cacho de uva e o entregou na mão dele. Ele sorriu, agradecido. Pensei que iria jogar fora em seguida, mas aproximou as uvas dos lábios.

     — Não come!

   Ele as parou a meio caminho da boca.

     — Por que?

   Ele jogou o cacho de uva longe na água e a ninfa azul que lhe deu mostrou língua para mim com ar de deboche, devolvi o gesto e ela saiu de perto brava.

     — Nunca ouviu nada sobre comida de Ninfa? — Perguntei. Ele negou, ainda assustado — Assim que você come comida de ninfa você se torna escravo delas para sempre.

     — Como viveu aqui durante tanto tempo, sem poder comer? — Ele perguntou, horrorizado com a ideia de uma criança vivendo em meio a alimentos perigosos.

     — Eu não morava aqui, vinha aqui para brincar, mas se eu ficasse com fome as fadas me davam alguma coisa para comer e me mantinham longe das ninfas quando me ofereciam algo. Daimen, nunca ouviu falar desse mundo? — Perguntei e ele negou — Ali é o portão — Apontei para o mesmo lugar onde estavam os corações, a grande rocha — Existe diversos seres lá dentro, as ninfas saem facilmente por causa da habilidade de mudar de tamanho. Esse é o Mundo da Ilusão.

     — E como ele foi criado? — Ele perguntou, querendo saber mais e se aproximando de onde eu estava.

     — Eu ouvi que foi uma menina muito poderosa que imaginou o lugar e ele simplesmente foi criado com base em tudo que ela tinha na cabeça imaginativa, mas não tenho certeza de que essa é a história verdadeira.

     — Então, esse mundo, não deveria existir? — Daimen perguntou e eu concordei — Poderíamos fazer uma pesquisa sobre isso, seria legal, mas...

   Interrompi ele, eu tinha uma ideia do ele diria.

     — Você tem uma "missão" ou viagem" de um mês, da qual eu não sei nada — Falei, o sarcasmo presente na voz — Vamos embora!

   Ele concordou e antes que pudesse me alcançar nadei para a margem, tentando manter uma distância considerável. Eu estava com raiva de mim mesma por não ter perguntado o motivo dele estar indo viajar e apenas ter aceitado de bom grado, acreditando que ele voltaria. E esse nem era o problema.

   O problema era que ele me agradava, fazia eu me esquecer dos problemas, fazia eu me sentir adorada e assim que ele sair da cidade vai levar com eles tudo o que ainda poderia fazer por mim. Eu iria me sentir triste e voltaria aos primeiros minutos que tive ao voltar a Falls Stay, com os pesadelos e os dias sendo contados.

   Daimen tentou se aproximar quando saiu da água, mas não deixei que diminuísse o espaço que eu insistia em deixar entre nós, flexionei minhas pernas e escalei novamente a parede ao lado da cachoeira. Subir não era um problema. Peguei meus tênis e sem esperar que ele subisse continuei andando.

     — Ei! — Daimen chamou — Você vai ficar assim comigo até quando?

   Parei meus passos e olhei para trás, ele pegava do chão sua camisa, os tênis já tinha sido calçados, mas ele não vestiu a camisa.

     — Quem sabe um mês — Sugeri e ele riu do meu sarcasmo.

     — Duvido que você consiga.

     — Por que acha isso? — Desafiei ele com os olhos e ele voltou a andar — O que vai fazer, me obrigar a conversar com você?

     — Talvez — Sua voz gozava de mim — você quer ser obrigada a falar comigo?

   Seu sorriso brincalhão não saia do seu rosto o que me deixava mais nervosa, ele estava levando isso na brincadeira, mas eu não estava e achava muito infantil da parte dele. Era para tentar me convencer de que voltaria, isso me assustava tanto, imaginar que eu o esperaria e ele nem sequer cogitava a ideia de voltar. Exatamente como o que aconteceu com Peyton e eu. Ele partiu e eu esperei, mas ele nunca voltou.

   Daimen havia diminuído imensamente o espaço que tanto tentei deixar entre nós, então lhe dei as costas e apressei o passo em direção ao carro, eu desejava que ele deixasse de ser ele por alguns minutos e me levasse a sério.

     — Espera!

   Daimen me assustou com o grito e me fez tropeçar em uma pedra que eu não notei coberta de folhas, e meu desejo de que deixasse de ser ele se foi completamente, pois, ainda sendo o Daimen carinhoso e preocupado, ele correu na minha direção.

   O gosto de terra estava na minha boca e eu tentei levantar sozinha, mas antes de pensar em me mover Daimen me segurou pela cintura e me levantou rápido demais, deixando-me atordoada. Esperei a tontura passar e deixei que procurasse machucados pelo meu corpo, eu sabia que não tinha nenhum e ele também, mesmo assim procurou e por fim pousou as mãos no meu rosto, erguendo-o na sua direção.

     — Ei! Apesar de nos conhecermos a pouco tempo, eu já a considero minha. E continuará sendo agora, amanhã, depois de amanhã... em um mês. E eu, com certeza não aceito que peguem de volta o que é meu. Eu amo você, Piierce e não vou deixar você ir. Contanto que você mesma me peça isso e realmente não me queira. Por isso, preciso saber se você me deixa ir, se não quiser, eu fico — Ele dizia, a voz sútil. E as lágrimas escorriam pelo meu rosto — Já ouviu aquele ditado: "O que você não tem certeza se é seu. Solte, se voltar é seu cuide bem, mas se não voltar, nunca lhe pertenceu", pense dessa forma e tenha em mente que eu pertenço a você e voltarei.

   Minhas lágrimas atrapalhavam minha visão e eu não enxergava o rosto dele com nitidez, mas ouvia muito bem. Sentia uma enorme vontade de esconder meu rosto. Estava com vergonha do meu show sem sentido, não nos conhecíamos direito e mesmo assim dizia que amava, o melhor de tudo era que eu não sentia falsidade nenhuma em sua voz.

   Daimen aliviou as mãos que seguravam meu rosto e limpou minhas lágrimas. Voltando a segurar meu queixo ele perguntou em seguida:

     — Você me deixa ir?

   Eu concordei com a cabeça, não tinha palavras dentro de mim que me deixassem com menos vergonha. Daimen sorriu, seu sorriso estava acompanhado de um brilho triunfante em seus olhos que mudava a cor para um tom dourado.

   Deixando minha cabeça livre, Daimen se afastou um pouco de mim e vestiu sua camisa que ele havia largado no chão quando me segurou. Daimen era lindo, tão belo e gentil. Ele pediu minha permissão para viajar. Não era preciso. Mas ele o fez, fazendo-me acreditar que ele realmente me pertencesse. Ele era alguém que eu podia chamar de meu e por me amar eu também era sua. Então, eu não podia deixar que o medo de ele não voltar como Peyton tinha feito me deixasse paralisada e destruísse algo que estava ainda florescendo.

     — Vamos, tenho que conhecer algumas pessoas.

   Ele segurou minha mão o caminho todo de volta para o carro. E antes de entrar nele, Daimen me entregou uma blusa de manga cumprida que estava lá dentro para que me livrasse da roupa molhada como ele disse antes.

   Na estrada o silêncio reinou dentro do carro. Minha cabeça me fazia rever a cena que acabou de acontecer, cada palavra era analisada e cada sentimento que elas me causavam, eu gostava de Daimen, muito, mas não sabia se o amava.

   E por mais que ele tentasse me fazer amá-lo novamente, eu também não sabia se amava Peyton ainda. Ele era uma grande bola de neve que se acumulou dentro de mim e foi escondida. Havia se passado quase dois séculos que eu não via ele, era para ambos termos deixado de amar um ao outro, mas o amor dele cresceu e o meu se manteve estável.

   Enquanto nos aproximávamos de casa Daimen permanecia quieto e olhando para a estrada sem nenhuma expressão no rosto, mesmo que pudesse saber o que se passava na minha cabeça ele parecia se controlar para não ouvir, estava respeitando minha privacidade e confusão, pois, era assim que me sentia, confusa.

   Ele estacionou no acostamento, mas não desligou o carro. Seus olhos procuraram os meus e eu me contorci por me sentir completamente exposta aos seus olhos, isso me deixava desconfortável.

     — Quer que eu venha buscar você?

     — Sim — Sussurrei, tão baixo que me xinguei por dentro por estar agindo assim com ele.

   Antes de sair do carro beijei sua bochecha para que não pensasse que eu estava estranha só por ele ter dito que me amava e eu não ter respondido que o amava também. Sim, esse era o motivo, mas ele não precisava saber.

   Sai do carro sem olhar para trás. Entrei em casa e antes que fechasse a porta ouvi passos apressados no andar de cima.

   De cabelo amarrado em um coque bem alto Laura apareceu no topo da escada, ela estava com uma expressão amassada parecia que tinha dormido o dia inteiro.

     — Cadê todo mundo? — Ela perguntou, com a voz rouca.

     — Kamila está na casa da Deb, estão fazendo uma "reunião" — Subi as escadas.

     — Acabou a bateria do meu celular ontem.

     — Pode ir mesmo assim, todos vão estar lá — Expliquei.

   Laura concordou e passou por mim indo para o seu quarto, deixando no ar o cheiro de perfume de homem, era forte e meio enjoativo para falar a verdade. Nada parecido com o de Daimen.

   Entrei debaixo do chuveiro e me senti sendo englobada pela água, não como se eu tivesse pulado, mas de uma maneira mais suave e menos agitada. Vesti um vestido não muito curto branco e calcei minhas sandálias douradas.

   Com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo alto escondendo como sempre meus cachos que insistiam em não sumir com a escova que fiz, desci as escadas para caçar alguma coisa para beber, estava com fome, mas não encontrei nada na geladeira.

   Desistindo da tarefa ouvi o som da buzina da SW4 e soube que não teria comida para mim por algumas horas, sai de casa e entrei no carro.

     — Tudo bem? — Daimen perguntou e sorrindo para ele assenti — Vamos para minha casa hoje?

   Não quis parecer surpresa, mas era um pedido estranho da parte dele, pois da última vez tive que implorar para ir.

     — Vamos, mas por quê? — Tentei ser sutil.

     — Queria ficar com você até a hora de ir embora.

   Assenti, aceitando mais uma vez.

   Daimen não sabia onde ficava a casa de Dabria, expliquei que teria que fazer o retorno porque não era muito longe da minha. Eu ainda estava com fome, mas a preocupação a substituiu, na frente da casa de Deb tinha uma enorme fogueira acesa.

   Descemos do carro e eu bati na porta, lembrando instantaneamente que se todos estariam ali, Peyton também estaria.

     — Oi! — ela disse, olhando para Daimen sorrindo.

     — Oi, Dabria — Dei espaço para que ela visse Daimen direito — Esse é o Daimen, e Daimen essa é minha amiga Dabria.

     — Prazer — Ele estendeu a mão.

     — O prazer é meu, com certeza. — Ela apertou sua mão.

   Entramos na casa pequena de Dabria que parecia minúscula com todos ali dentro. Soltei um suspiro de alivio quando vi Luke e Ren conversando na mesa sozinhos sem que Peyton estivesse com eles.

     — Deb, o que tem lá fora? — Perguntei, pensando no que poderia ser.

     — Carlos, meu primo decidiu dar uma festa justo hoje — Deb se aproximou do meu ouvido — Ele está lá fora, mas não vai entrar se é isso que preocupa você.

   Sim, eu queria saber se Peyton estava por perto, mas por alguns minutos eu queria deixar ele de lado junto com o meu passado para me concentrar no meu presente e então poder apresentar Daimen para os meus amigos.

   Segurei na mão de Daimen, o movimento foi tão inesperado que seus olhos se voltaram na minha direção, arregalados, mas eu simplesmente sorri para demostrar que estava contente com sua presença. Quando seus olhos se suavizaram caminhamos até a mesa onde Luke, Ren e Kamila conversavam avidamente.

   Apresentei à todos Daimen como meu atual namorado e um sentimento de satisfação e felicidade me encheu por dentro. Era gratificante acreditar que o passado não tinha mais um espaço dentro de mim e que eu queria Daimen ao meu lado, todos os dias, até que o sentimento que eu sabia que podia sentir aparecesse de fato. Eu sabia que podia amá-lo, se já não amava.

   Daimen permaneceu na mesa conversando com Ren e Luke, mas não demorou muito para que todos começassem a conversar em uma grande roda, Daimen fazia as perguntas e todos respondiam sem hesitarem, ele queria me conhecer, a maioria das perguntas eram relacionadas a mim de alguma forma. 

   Como me conheceram? E o que havia trazido eles até a cidade?

   Luke contou um pouquinho da nossa história caótica de como eu cuidei dele quando bebê e quando era adolescente. Não deixei que tocasse no assunto da sua mãe biológica, eu sabia que era doloroso esse assunto e eu não queria ver ele triste, sua mãe ainda estava viva em algum lugar do mundo, mas não vinha atrás dele.

   A conversa se estendeu as meninas, sempre histórias menores e um pouco mais fúteis que a que eu vivi com os meninos. O motivo da reunião, se houvesse um antes, foi simplesmente esquecido enquanto Daimen tinha perguntas para fazer, mas as perguntas também foram direcionadas a ele. Suas respostas pelo contrário eram curtas como se mostrasse apenas o necessário para satisfazê-los. Pensei que como nem eu o conhecia direito ele quisesse deixar para respondê-las especialmente para mim antes de contar a todos e eu até preferiria que fosse isso mesmo.

   Tocamos um pouco no tema da reunião do conselho, Daimen não tinha nada o que dizer sobre o assunto. Ele era um Anjo e o tipo dele não tinha um conselho na terra, então ficou quietinho ao meu lado sem soltar minha mão.

   Não tinha muito o que falar, Deb e eu éramos os problemas e ambas não sabíamos como eles havia descoberto nossos segredos, Deb diferente de mim tinha a outra metade da qual eles estavam acusando ela. E de acordo com Brian que também estava do lado dela, Dabria se transformou em vampira por acidente. Graças a minha irmã.

BRILHA, BRILHA ESTRELINHA. QUERO VER ELA BRILHAR!!! 🌟🌟🌟

Oie amores, como estão? Prontos para o final desse história? Então me digam o que esperam que vai acontecer com Atelina. Ainda tem muito mistério nesse livro, não? Quem estava enganando ela antes? Quem foi a bruxa que ajudou Peyton a ligá-los? Ela vai conseguir desfazer a ligação enquanto Daimen está longe? E Daimen realmente deve ir? E a briga das irmãs Piierce vai se resolver?

Não esqueçam as estrelas e comentem alguma coisinha preciosa!!!

Beijinhos e beijões.

- Atelina.

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