Capítulo 26 - "Você pode tentar!"
Suas palavras me acertaram como um chute de sapatos de chumbo bem certeiro nas minhas costelas. Senti como se me faltasse ar. Ela nunca em todos os nossos anos juntas ou separadas, nunca, me disse com todas as palavras por mais indiretas que fossem que eu tinha culpa pela morte de Nathan. Eu culpava a mim mesma. Mas saber que ela me culpava doía ainda mais.
Kamila saiu do carro e entrou pela mesma porta de onde Allyson tinha saído e segurando meus ombros de forma acolhedora, sorriu.
— Vamos Atelina me diga, qual foi a coisa mais legal que ela já disse para você?
— Eu não queria que fosse legal comigo, mas ela nunca... nunca tinha me culpado pela morte do nosso irmão.
— Não se preocupe, eu sei que você também sofreu pela morte dele e ela tem que aprender que não foi só ela, vocês são irmãs e a única família que ambas têm — Kamila limpou uma lágrima minha que escorreu pela minha bochecha — Ela precisa de você e tenho certeza que ela vai perceber isso mais cedo ou mais tarde.
O que a cidade estava fazendo comigo? Eu me tornei uma chorona. Sentia-me sozinha como nunca, sentia um vazio e uma fragilidade que não eram meus.
Precisava me afastar de tudo, cheguei na cidade para passar treze meses sem fazer nada, não era para ter me envolvido com o Daimen, tampouco era para ter lido o livro com o sobrenome da minha mãe e muito menos ter brigado com Allyson porque ela queria testar com quem eu estava saindo.
Respirei fundo, eu precisava fazer o que eu sempre fazia. Engolir tudo e esconder esse sentimento cobrindo com outros melhores, pelo menos até o dia acabar. Agradeci Kamila pelo apoio e entrei na escola, tentando colocar cada pensamento lógico que eu tinha no lugar e me lembrar que... meus amigos! Há dias eu não via nenhum deles.
Encostei a cabeça no armário e contei a última vez que vira os alunos que voltaram mais cedo da pousada e quantos dias eu não vinha a escola desde que o professor White, de história, voltou com todas as turmas. Todas as coisas que passei com Daimen realmente me fizeram esquecer tudo.
Peguei meus livros e enfiei dentro da bolsa às pressas para começar a procurar algum rosto amigo. Fechei meu armário e rumei a procura. Não tinha muitas pessoas nos corredores porque alguns alunos preferiam entrar mais cedo e esperar o professor, mas meus amigos... pelo menos um deles deveria estar no corredor.
Virei à direita que levava ao refeitório e desci uns lances de escadas soltando o ar aliviada ao encontrar Ren, fechando seu armário. Ele fazia parte do grupo de Peyton. O trio LPR. Luke! Merda eu me esqueci completamente de falar com ele desde aquele dia.
— Oi, meninos — Cumprimentei.
— Olá — Ren se endireitou, arrumando o casaco que vestia e o cabelo amarrado em um coque — Quem é viva sempre aparece, né Luke?
— Com certeza.
Sua resposta foi ríspida e direcionada a ninguém em especial, pois não olhava para Ren e muito menos para mim.
— Eu quero convidar vocês para conhecer meu namorado — Comentei sem tirar os olhos de Luke.
— Então, quer dizer que nossa menina seguiu em frente? — Ren perguntou, surpreso.
Luke continuava remexendo no armário, não virava para mim e nem para olhar Ren que ainda falava comigo. Eu não sabia o motivo dele não querer conversar agora. Sentia muito por não ter ficado com ele quando estava doente, mas eu ainda lembrava daquelas palavras quando voltei a pousada.
— E o Dhiren? — Ren perguntou.
Mais um que eu não via desde que voltei, também não respondi suas mensagens que pareciam implorar por uma resposta. Dhiren vai entender, eu nunca dei esperanças para o que ele sentia por mim.
— Eu falo com ele depois, antes... o que você tem, Luke?
— Eu não tenho nada — Sua resposta foi grossa.
— Então, fala comigo! — Implorei.
Ele deixou o armário e se virou bruscamente com uma raiva que queimava nos olhos âmbar.
— Desculpa!
— Pelo o que? — Perguntei, confusa.
Suas mãos tremiam e as pernas não eram diferentes, Luke estava preocupado, algo o incomodava demais. E vê-lo assim também me incomodava.
— Pelo dia na pousada. Ren disse o que eu fiz e eu sinto muito por cada palavra. Eu nunca falaria isso para você, mãe. Pensei que você não voltaria a falar comigo. Eu mandei mensagem quando você sumiu eu pensei que me responderia, mas... eu... eu não quero perder você. — Ele respirou fundo e continuou — Você sempre me ajudou, me tirou de um lar ruim, me criou, você é a minha mãe. E eu nunca, vou querer perder você!
Luke disse as últimas palavras mais alto o que fez parecer que estávamos terminando um namoro. Eu não queria ter ignorado ele durante esses dias e se tivesse pensado que fosse causar tanto medo no seu pobre coração, eu o atenderia e conversaria com ele. Pois todo esse medo se assemelhava aquele que ele tinha em relação a sua mãe biológica e eu não gostaria jamais vê-lo sentindo isso novamente.
Alcancei seu pescoço e abracei a criança que mais amava, eu vi ele crescer. Luke era uma massa gordinha de cabelos castanhos e olhos escuros, não parecia em nada com a mãe biológica, talvez fosse parecido com o pai. Eu não sabia quem era e não ligava para isso, só me importava que longe daquela monstra ele estava bem, ele tinha amigos e uma família um pouco desmembrada, mas que nunca faria o que ela fez com ele.
— Eu não fiz por querer, meu pequeno — Sussurrei, contra seu peito — eu tive alguns problemas que me impediram de responder as mensagens. E eu sou sua mãe, não? Perdoar é a nossa obrigação.
O corredor inteiro bateu palmas e eu soltei Luke rapidamente, ambos envergonhados por ter chamado a atenção.
— Quando vamos conhecer seu namorado? — Luke perguntou, agora mais animado.
— Como assim? Acho que eu estou por fora dessa — Deb disse, surgindo não sei de onde — Por que eu não sei disso?
— Eu ia disser para você em alguns minutos, quando te encontrasse, mas tive alguns problemas familiares.
Luke levantou uma sobrancelha, não entendendo o plural da frase.
— Por que familiares? — Ele perguntou.
— Eu tive uma discussão com a Allyson mais cedo.
Assim que me lembrei das palavras ofensivas de Ally no carro, abracei Dabria. Ela se assustou com minha reação no começo, mas depois devolveu meu abraço, passando os braços pela minha cintura.
Allyson era cabeça dura e não voltaria atrás se não estivesse realmente precisando de Dabria, o que poderia demorar. Deb não merecia o ódio dela, porque Ally só não estava confinada em uma prisão porque Dabria aceitou não fazer a denúncia contra ela e por isso podia andar livremente pela cidade.
Eu sabia que ela tinha se arrependido do que fez quando Nathan morreu e por ter se arrependido tentava ao máximo nos ajudar. Eu entendia isso agora.
Ouvi o sinal bater quando me afastei dela, os meninos se despediram indo para a primeira aula deles. Dabria se virou para mim com olhos ávidos em saber mais.
— Quem é seu namorado? — Ela disse, com os olhos verdes brilhando de curiosidade.
— Vamos para a aula, depois eu conto.
Deb segurou meu braço, sorrindo como se guardasse um grande segredo.
— Não temos a primeira aula, o Sr. White trocou o horário já faz alguns dias e nosso professor de hoje não veio — Seu sorriso cresceu quando notou algo — Vai ter que me contar, agora mesmo.
Seus cabelos loiros balançavam enquanto ela se movia para frente e para trás em uma tentativa de ter o que queria. Olhei para ela e devolvi o sorriso apontando na direção do refeitório, eu sabia que ela ia me fazer diversas perguntas.
— Antes de começar a falar nele, desculpa tocar no assunto, mas sabe me dizer onde foi parar aquele livro onde Nathan escrevia sobre ervas? Ele era da sua tia, mas passou para ele, não foi?
Eu sabia onde estava, depois que Nathan morreu algumas das coisas que ele possuía ficaram muito paradas em casa. Então, por não conseguir ficar com ela doei às pessoas que tinham ele como tutor. Uma delas, que ficou muito feliz em receber a maior parte delas, foi Peyton.
— Você terá que pegar com o Peyton — Respondi.
— Ok, eu converso com ele depois — Ela sorriu sabia que eu ficava abalada quando tocavam no nome do meu irmão — Então, me fala qual o nome do seu namorado.
— Daimen Kennedy.
— Gostei, nome diferente — Ela sorriu.
Sentamos na parte de fora da escola, em uma mesa de madeira pintada de vermelho vinho. Eu queria saber mais coisas sobre Daimen para contar para ela, pela primeira vez sentia que precisava contar para alguém o que acontecia comigo e Deb parecia ser a pessoa certa. Estava comigo desde o dia que cheguei na cidade e me ajudava como podia.
— Agora sei o porquê não atendia o celular e não dizia onde estava — Ela sorria de orelha a orelha, imaginando coisas — O que fizeram?
— Nada demais, a maior parte do tempo brigávamos... — Parei de falar ao ver descendo do carro de Rebekah, Peyton.
Eles caminharam juntos um ao lado do outro enquanto falavam abertamente como se se conhecessem há anos. Ele segurava na mão o celular e digitava rápido como Daimen fazia, mas ele parou de falar com Rebekah e a digitar quando seus olhos escuros cruzaram com os meus.
Peyton disse algo a Rebekah que a deixou furiosa e mudou de direção vindo até a mesa onde eu estava sentada com Dabria.
Lembrei, assim que estava próximo o bastante de nós, da ligação que nos unia agora. Senti um arrepio subir pelas minhas costas. Eu precisava quebrá-la. E ganharia alguns pontos se Daimen voltasse e eu tivesse resolvido o problema sozinha.
— Oi, meninas — Seus olhos se prenderam aos meus, mas ele decidiu não sentar à mesa.
— Peyton, você ainda tem o livro de ervas que ganhou após a morte de Nathan? — Dabria perguntou, mas ele continuou me encarando.
— Deve estar na casa da minha mãe, por quê?
— Eu vou precisar — Dabria respondeu.
Ele sorriu parecia achar graça de alguma coisa que nem Dabria, nem eu, sabíamos disser o que era, mas ele quis explicar desviando o olhar de mim e se dirigindo a Dabria.
— Você ou ela quer de volta?
Levantei repentinamente por impulso e encarei aqueles olhos com a maior raiva que podia transmitir a ele. Raiva de tudo que estava passando e iria passar por causa dele.
— Eu não quero! Já deve estar impregnado com a sua...
— Calma! — Deb entrou no meio do olhar que eu lançava para Peyton e mudou a direção dos olhos dele novamente — Peyton, eu vou precisar daquele livro, depois posso devolver para você se quiser.
— Tudo bem, quando eu conseguir com a minha mãe eu entrego para você — Ele a respondeu, manso.
Peyton lançou uma piscadela para mim e saiu sorrindo convencido. Ai, como eu queria tirar aquele bendito sorriso daqueles lábios insuportáveis. Ainda não conseguia acreditar que ele havia deixado que nos ligassem. Por qual motivo? Amor?
O amor não faria isso, eu tinha certeza que eu não vária isso caso o amor da minha vida me abandonasse, ou não me desse esperança de que ficaríamos juntos em um futuro próximo. Ele precisava entender que eu não queria nada com ele. Da mesma maneira que tentou seguir em frente com a Harley, eu estava seguindo em frente. Eu podia não amar Daimen ainda, mas sentia algo diferente por ele que podia chegar a ser amor algum dia.
— Atelina, se acalma — Deb pediu — Ele faz de propósito.
— Não, não faz — Eu disse, alterando minha voz carregada de ódio — Ele não pensa antes de fazer as coisas, Deb. Ele me ligou a ele!
— Como? — Ela pergunta, incrédula.
— É Dabria, Peyton me ligou a ele com a ajuda de algum degenerado — Respondi, soltando meu corpo contra o banco e analisando a expressão no rosto dela, ainda não acreditando — Olha para ele.
Apontei para Peyton que ainda estava parado na porta do refeitório conversando com outros garotos menores que ele. Peguei uma caneta no estojo de Dabria e a quebrei na mesa, em seguida, rasguei meu braço em um lugar onde ela pudesse ver mesmo de longe. O pulso dele começou a sangrar como o meu também sangrava e ele levantou os olhos, procurando os meus no meio de alunos que entravam e saiam do refeitório.
Desviei meus olhos antes que ele pudesse encontrá-los, joguei a caneta no lixo e Dabria sentou novamente à minha frente, pasma. Levantei meus olhos para olhar o que ele estava fazendo, mas ele não conversava mais com os meninos.
— Quando foi isso? — Perguntou, com os olhos arregalados.
Neguei, eu não sabia.
— Eu descobri hoje de manhã, sentindo horríveis dores no... — Parei de falar percebendo agora a gravidade do problema. Peyton apanhou muito feio hoje mais cedo e foi por isso que eu senti meu olho inchar e minhas costelas sendo chutadas — Eu preciso lavar esse corte, depois eu volto.
Peguei o caminho mais rápido para o banheiro feminino evitando ao máximo passar perto do masculino. Lavei meu pulso apenas com água e aproveitei para lavar meu rosto, querendo mandar embora os pensamentos que borbulhavam na minha cabeça. O que ele estava pensando quando fez isso? Por que se submeteria a levar uma surra por isso?
Olhei meu reflexo no espelho e notei que Peyton estava atrás de mim, sua expressão era de raiva e confusão.
— O que você quer? — Perguntei, demostrando que estava cansada de brigar com ele em todos os quesitos.
— Você sabe sobre os cortes... — Ele sussurrou. Não era uma pergunta.
— Já que tocou no assunto, o que você fez para me ligarem a você?
Peyton cruzou os braços sobre o peito, riu, mas não entendi o motivo. Ele parecia querer se desviar da pergunta.
— Sabe também da ligação.
Encostei meus quadris na pia, cruzando os braços sobre os seios.
— Eu não sou burra — Falei e ele deu um passo à frente. Levantei minhas mãos no alto como protesto, fazendo ele parar no ato — Não se aproxime como se fosse fazer algo comigo, eu tenho namorado agora.
— Hum... essa eu não sabia. — Os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso diabólico — Será que você irá ficar perdidamente apaixonada por ele...? Não, eu acho não. Porque você ainda vai me amar e ele vai ser apenas um passatempo para você.
Ele estava indo longe demais, parecia um louco falando. Eu podia sim, amar Daimen, como também podia deixar de amar ele.
— Peyton, esse é o banheiro feminino! Eu desconfiava das suas preferências, mas as meninas irão ficar assustadas.
Apontei para a porta, mas ele nem ligou, rumei em direção a porta e ele entrou na minha frente tentando tocar no meu braço, mas consegui desviar e manter uma boa distância entre nós.
— Não muda de assunto — Ele pediu, seus olhos vidrados em mim como um caçador.
Peyton abaixou a cabeça para olhar nos meus olhos, sua altura um pouco menos intimidante que a de Daimen, mas ainda assim fazia eu me sentir encolhida. Ele descruzou os braços e os colocou no bolso da jaqueta sorrindo, estava querendo impedir o que poderia fazer se suas mãos estivessem livres. Eu não queria nem imaginar o que seria.
— Tudo bem — Afastei-me, aumentando mais ainda a camada de ar entre nós — Para não dizer que estou mudando de assunto, vamos voltar ao que dizíamos antes — Afirmei e Peyton concordou — Você não acha que eu tenho o direito de fazer algumas perguntas?
— O que quer saber?
Novamente ele deu um passo à frente, mas eu dei dois para trás, deixando minha mão entre nós dois para mostrar a ele que havia um limite de aproximação.
— Primeira: quem foi a bruxa que ajudou você? Segunda: por que fez isso? Terceira... — Percebi seus passos lentamente vindo na minha direção — Mantenha a distância!
— Ok, entendo que tem que manter as aparências para o seu novo namoradinho — Ele riu com sarcasmo — A sua primeira pergunta não tem resposta e a segunda qual era mesmo? — Novamente deu dois passos à frente, deixando-me sem espaço para me afastar, pois sentia o balcão da pia nos meus quadris.
— Por que fez isso? — Perguntei com a voz mais preocupada que tinha.
— Não tem mais perguntas? — Ele esquivou da pergunta.
— A porta está trancada?
— Sim — Ele passou o polegar nos lábios, seus olhos me encaravam como se eu fosse uma presa fácil.
— Se não vai me responder, abre, eu quero sair.
Não perdendo a pose avancei na direção da porta, mas assim que passei ao seu lado, ele me puxou contra a parede ao lado, segurando no exato momento meus braços. Eu me debati, mas a massa de músculos que ele tinha impedia que sentisse muita dor. E nada de meus poderes de vampira estarem tendo algum efeito contra ele.
— Não, calma aí! — Ele pediu, esperando que eu parasse de me mexer — Você precisa responder as minhas perguntas também.
— Quais?
Ele sorriu, o que fez algo dentro de mim se contorcer de raiva.
— Primeira: Você realmente ama seu novo namorado? Segunda — Ele acariciou meu rosto e eu o virei com repousa — Admite que ainda se sente atraída por mim.
Abri minha boca, reconhecendo a mesma frase que Daimen me disse no sonho e foi através dela que começamos, em partes, o que tínhamos.
— Vocês precisam parar de pedir para que eu admita isso — Falei, rindo.
— Vocês? — Peyton questionou, não entendendo o plural da frase.
— Peyton, você deveria conhecer o Daimen, tenho certeza que... — Começaram a bater na porta e Peyton não tinha escolha a não ser abri-la, sem reclamar.
— Obrigada — Sussurrei, passando por ele.
Eu saí do banheiro de cabeça erguida. Não podia deixar que pensassem o que queriam de mim, ele havia me trancado lá dentro contra a minha vontade.
Peyton saiu logo atrás e as meninas que haviam batido na porta nos olharam com muita desaprovação e deram risinhos baixos, mas deixei de prestar a atenção e de pensar em como responder as fofocas quando Peyton entrou novamente na minha frente, ele ainda tinha o sorriso malicioso no rosto.
— Dá licença! — Tentei mudar de direção, mas ele não deixou.
— Pensei que quisesse as respostas — Ele disse, seduzindo-me com conhecimento. Encarei seu rosto, esperando — Sua primeira pergunta não precisaria de uma resposta se você soubesse escolher direito seus amigos. E a segunda você parece não entender, Atelina... — ele parou por meio minuto se aproximando. Dessa vez não me afastei, meus olhos estavam pregados nos dele — Eu ainda amo você.
Seu olhar carregava a sinceridade das suas palavras, eu poderia negar quantas vezes quisesse, mas dessa vez havia uma prova do amor que ele sentia por mim. A ligação. Embora não fosse saudável.
— Minha vez — Continuei a encarar a escuridão dos seus olhos — Eu segui em frente, sim eu posso ainda não amar o Daimen, mas começamos agora e sim...
Peyton virou sua cabeça para o lado, confuso.
— Eu me sinto atraída por você — Falei e ele sorriu, como se uma esperança tivesse crescido nele — mas não como antes e não posso deixar que crie esperanças quanto a nós.
Ele deu um passo na minha direção
— E só para que fique claro, não se aproxime mais de mim.
— Seu namorado vai brigar com você? — Seu sorriso era de deboche.
— Não, ele não vai estar na cidade durante um mês e eu posso muito bem cuidar de mim mesma, só não quero brigar com você — comecei a andar de volta para o refeitório, mas lembrei de dizer algo que me corroía por dentro — Eu vou desfazer essa ligação, Peyton.
— Você pode tentar — Ele apenas virou o rosto de lado e sorriu.
Estava me desafiando.
Peyton colocou as mãos no bolso e saiu, eu sabia que tinha magoado ele, mas estava na hora de colocar um fim no que tivemos. Se ele não entendeu com a maneira como me afastei dele, teria que entender com as minhas palavras por mais dolorosas que fossem.
Voltei à mesa vermelha onde Dabria estava copiando algo de um caderno para outro, parecia concentrada e um pouco desligada, mas ela levantou os olhos na minha direção quando me sentei sem cuidado nenhum, fazendo a mesa balançar.
— Desculpa — Pedi e ela nega, sorrindo — Tive uma discussão com o Peyton há alguns minutos.
— Ele deve estar ficando louco, coitado — Dabria sempre sentindo pena das pessoas, até mesmo dele que parecia implorar para estar em situações ruins — Mas como está seu pulso?
— Melhor, nem parece que cortei — Levantei ele no ar para ela analisar — Novinho em folha, não?
— Sim.
O sinal tocou novamente, acabando com nosso tempo livre.
— Vamos, a aula de história vai começar.
Deb guardou todo o material que estava na mesa, entregando-me o caderno onde ela estava copiando, pois era o meu caderno. Ela estava passando as lições atrasadas para ele.
Conversamos um pouco sobre as matérias que ela estava copiando no meu caderno quando fomos surpreendidas pela presença de Rebekah na porta da sala. Ela abriu um largo sorriso, mas eu não tinha me esquecido da forma amigável que ela conversava com Peyton mais cedo.
— Oi, meninas! — Ela cumprimentou.
— Oi, Rebekah — Falei em uníssono com Dabria.
— Como estão? — Bekah encostou suas costas no batente da porta como se estivesse posando para uma capa de revista.
— Bem! — Novamente respondemos juntas.
— Querem ouvir a nova? — Ela perguntou, os olhos brilhando de entusiasmo. Assentimos — Parece que os conselhos não estão nada contente e farão uma reunião das grandes. Pelo menos era isso que a Spencer estava dizendo.
— Com licença — Spencer passou pela porta, emburrando Rebekah de lado, não gostando da petulância em contar antes dela — Dabria e Atelina, vocês foram convidadas a comparecer no conselho de Anjos e Vampiros. É uma reunião onde eles tentando descobrir uma solução, ou algo para prevenir alguma coisa que vem por aí ou algo que fizeram de errado — Ela finalizou como se fosse o próprio convite em forma de pessoa — Desejo boa sorte a vocês especialmente. Eles descobriram o segredo de vocês em relação a outra metade de vocês — Seus olhos se elevaram para algo além de mim — e você também foi convidado, Peyton.
— Como assim a outra metade da Atelina? — Peyton fez a pergunta que estava na minha cabeça.
— Eu também quero saber — Deb disse.
Todos os olhos se viraram para mim, mas eu não tinha resposta além de negar, eu não fazia ideia do que eles estavam insinuando, eu era 100% vampira e não sabia dessa outra metade.
— O que? Eu também não sei — Defendi-me.
— Sua origem... — Spencer tentou — você não sabe?
— Não... — Lembrei das palavras escritas no diário de Mason "Minha filha realmente é diferente. Ela não é uma Anja, tampouco é uma Nephilim. " Eu sabia apenas isso, mas não adiantava de nada porque eu era uma vampira no momento — Eu não sei, sou uma vampira.
— Espero que você esteja certa disso, eles já têm todo um plano sobre o que descobriram — Ela sorria e eu não sabia se temia ou se repudiava suas palavras — Vocês irão descobrir amanhã, quando receberem o convite.
O professor estava no corredor quando decidimos entrar e acalmar nossos pensamentos. Não tinha motivo para me preocupar, eu não era mais uma nephilim especial como meu... Mason escreveu no diário, deixei de ser especial quando me tornei vampira.
Como eles descobriram? Fizeram pesquisas? Investigaram minha vida quando Allyson foi presa?
Eu não fazia ideia, mas precisava ir para saber. O sinal de troca de aula bateu mais algumas vezes durante o dia, mas os pensamentos continuavam martelando na minha cabeça. Pensei no que eles queriam fazer comigo, com o meu sangue e eu não sabia do que exatamente temer caso ele pensassem que meu sangue ainda fosse importante.
CADÊ MINHAS ESTRELAS? CADÊ MINHAS ESTRELAS? 🌟🌟🌟
Oie amoras minhas, como estão? O que acharam desse capítulo cheio de emoção? Parece que Atelina e Peyton estão lutando batalhas diferentes. Mas quem será que vai ganhar? E essa de Rebekah e Peyton estarem tão amiguinhos? Daimen deve mesmo viajar e deixar Atelina resolver essa situação com a ligação sozinha?
Não esqueçam de votar e comentar.
Abraços.
- Atelina.
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