Capítulo 13 - As irmãs
Quando a vertigem passou me aproximei de onde eles estavam e notei os tecidos rasgados no chão. Olhando para cima novamente vi que uma delas não usava mais a crinolina e muito menos a saia do vestido, ela estava apenas com o calção. Assim que estava perto o suficiente elas se viraram na minha direção e notei que olhavam por sobre meus ombros para a loira que me salvou. E ela olhava com decepção para as outras.
— Parem com isso! — A boazinha mandou.
— Estamos com fome! — Brandiu de volta a que usava o calção e tinha o cabelo preso em um coque estranho.
— Eu também estou, mas eu não quero matar ninguém — Sua voz era suave e calma.
Sem pestanejar as irmãs dela soltaram todos os meus amigos, brutalmente. Distanciaram-se deles e se aproximaram da irmã que elas estavam obedecendo agora.
— Sinto muito novamente — A boazinha disse — Eu sou Catlhina. A que atacou você, é a Vivian.
— Sou Atelina — Tentei sorrir.
Catlhina sorriu de volta e olhou para as outras.
— Aquela sem a saia é a Katherine. — Ela apontou e a irmã mostrou a língua — Dália tem a tatuagem no pescoço e Tessa é a de cabelos escuros. Somos conhecidas como as 7 irmãs — Ela completou, mas estranhei por haver apenas 5 e não 7 — Eu sei, faltam duas.
Voltei a olhar para as cinco meninas e percebi o quanto se pareciam. Eram todas loiras e de olhos claros. Todas, menos Tessa que tinha cabelo castanhos e parecia delicada demais no meio de todas. Katherine tinha ar de ser a rebelde. Dália a calma. Vivian a que agia por impulso. E por último Catlhina a líder.
Lembrei assim que terminei de analisar as cinco das outras duas que faltavam. Não queria mais surpresas. E meus amigos com certeza também não.
— Vocês sabem onde as outras estão? — Perguntei.
Todas me olharam com um ódio aparente.
— Não — Catlhina murmurou com o olhar triste.
— Você acha que a gente sabe? — Katherine perguntou, saindo do controle — Nós ficamos dois séculos na porra do Inferno! — Ela gritou, dramática.
— Não reclama, porque você era a rainha de uma parte — Catlhina rebateu, revirando os olhos.
— Mas eu não podia sentir prazer, ou fazer qualquer outra coisa que os seres humanos fazem para ser felizes — Katherine falou com um olhar malicioso.
— Katherine, tenha modos — Tessa a advertiu.
— Venha me fazer ter, Tessa — Katherine disse, provocando.
Katherine avançou na direção de Tessa para começar uma briga, mas Dália entrou no meio das duas e encarou Katherine que tinha começado a discussão.
— Parem vocês duas! — Dália gritou.
— Você pode nos ajudar com essas roupas? — Catlhina perguntou, se dirigindo a mim — Talvez nos deixar a par de algumas coisas também?
Lembrei quase instantaneamente de uma frase que minha tia dizia quando eu pedia demais algo para ela: "Tudo tem um preço, pequena". E ela tinha razão. Olhei ao redor para meus amigos e colegas. Eles queriam sair daqui e eu precisava ver Luke.
— Se conseguirem abrir a porta, trato feito.
— Eu quero uma roupa igual a sua. Quem sabe também me olhem, como eles olham para você — Katherine disse com uma voz manhosa, apontado para Peyton e Dhiren.
Senti meu rosto queimar e eles desviaram seus olhos. Com certeza estavam apenas preocupado com o acordo que eu estava fazendo, já que eu os colocava em uma situação pior que a anterior sempre que possível.
— Tudo bem, trato feito — Catlhina falou.
No momento seguinte a porta se abriu com um "clique" alto e bateu contra a parede do lado. Esperei todos se dirigirem para a saída para seguir atrás deles para a pousada.
Quando Hartley passou na minha frente um líquido escorreu por suas pernas e ouvi um grito de dor vindo dela. Confusa, mudei de posição tentando analisar o que estava acontecendo e percebi que segurava a barriga protuberante, assustada e isso só podia significar uma coisa. Ela estava grávida. Por isso não aceitou deixar suas roupas secarem. Ninguém podia saber sobre sua barriga.
— O que aconteceu? — Todos perguntaram em uníssono.
— Ela está gravida — Catlhina respondeu e eu a fintei — Vocês não sabiam?
— Não! — Exclamei.
— Alguém tem que fazer o parto — Tessa falou, calma aproximando-se de Hartley.
Todos olharam para mim. Eu já vi fazerem um parto, mas eu nunca fiz nada parecido nem mesmo em um animal. Minhas mãos começaram a tremer. E se eles morressem? Tanto o bebê quanto a mãe ficariam nas minhas mãos. Esperando que alguém se manifestasse, pedi ajuda mentalmente.
"Diga que vai fazer" uma voz vagamente familiar disse na minha cabeça.
Mas eu não podia fazer. Estaria arriscando a vida dos dois.
"Estarei ajudando você", novamente ela falou tentando me convencer. "Ela vai morrer se não ajudar e o bebê também. "
— Eu faço — Ouvi minha voz disser antes que pudesse impedir, recebendo de quem me conhecia olhares confusos.
"Peça uma tolha ou pode ser uma camisa mesmo. " A voz continuou dizendo e eu repetindo suas palavras à risca. "Água e algo limpo e afiado para cortar o cordão. "
— Preciso de água e algo limpo e afiado para cortar o cordão — Proferi as mesmas palavras, chegando a parecer uma profissional.
Aqueles que não queria ver o parto fecharam a porta colocando-a entre nós. Spencer como amiga de Hartley continuou ao seu lado ajudando a deitar ela rapidamente no seu saco de dormir. Tiramos a calça jeans as presas e Deb apareceu com um canivete suíço ao meu lado. Tessa e Dália se colocaram atrás de Hartley, servindo como encosto e não saíram de perto dela.
Como só nós estávamos ali, a sala ficou completamente silenciosa a não ser pela respiração descontrolada de Hartley e os choramingos. Ela sentia muita dor e apertava fortemente a mão de Tessa.
"Preste a atenção, peça para que ela faça força. Muita força. "
Assenti sem que ninguém visse e respirei fundo para manter minha voz firme.
— Hartley, preciso que faça força. Muita força — Olhei para as meninas que estavam ao seu lado — Contem com ela... um...
Elas começaram a contar comigo e quando chegava no três Hartley fazia força contraído todo o seu corpo como se fosse fechá-lo a qualquer momento. Parei de contar quando notei Catlhina entrando na sala com uma grande bacia de água e uma camiseta grande rasgada.
"Ah, eu gostava dessa camisa. " A voz na minha cabeça lamentou, arrancando de mim um riso abafado.
A única pessoa que lamentaria por uma camisa encontrada nessa casa seria... Daimen. Era ele. Ele falava na minha cabeça e estava me ajudando.
"Avise a mãe que a cabeça está aparecendo, ou ela vai entrar em pânico. "
— Mais um pouco, a cabeça já está aparecendo — Avisei, como ele me pediu.
No fundo novamente de minha cabeça perguntei: "Daimen? "
E em poucos minutos recebi uma resposta: "Quem você achou que seria? Nenhum doido em sã consciência entraria na sua cabeça. Não mesmo. " Disse e consegui ouvir o som da sua risada ecoar na minha cabeça.
Comecei a pensar em uma boa resposta à altura, mas a criança estava quase completamente para fora só restava seus pés. Segurei seu pequeno tronco e cabeça nas mãos e esperei.
A criança havia saído e em minhas mãos estava uma menininha pequena, gordinha e lindinha. Ouvi quando Hartley suspirou de alívio, soltando a mão de Tessa e deixando a cabeça tombar de lado.
"Dê algumas batidinhas nas costas dela para fazer ela chorar e então corte o cordão com cuidado. "
Segui como pediu e a menina começou a chorar ficando completamente vermelha como um tomate. Então cortei o cordão umbilical e a lavei com a ajuda de Dabria que tinha mais cuidado e paciência que eu. A pequena cabia certinho dentro da bacia.
Quando terminamos enrolei ela na camiseta rasgada de Daimen e antes de entregar ela a mãe que havia se recuperado a tempo, olhei o rostinho liso da menina e o acariciei. Ela abriu os olhos por um momento. Eles ficaram completamente pretos e eu me perguntei mentalmente o que ela poderia ser.
— Que nome vai dar? — Perguntei, evitando a pergunta que realmente queria fazer.
— Tatia. Era o nome de minha avó.
Sorri mostrando que era uma boa escolha. Lavei minhas mãos na água e a sequei contra minha calça.
— Atelina — Catlhina me chamou.
Deixei Hartley com Deb e Spencer enquanto caminhei para falar com Catlhina perto das escadas.
— Você conhece alguém chamado Daimen? — Ela perguntou.
Pensei e minha resposta seria sim, mas Daimen não era um nome muito comum principalmente na Virgínia. Então se procuravam um Daimen com certeza era o Daimen que eu tinha conhecido e que estava agora a pouco conversando comigo, mas a pergunta era: por que estavam procurando ele?
"Diga que não me conhece! "
Bom, ele tinha razão. Eu não o conhecia e isso não seria de todo uma mentira. Na verdade, eu só devia algo a ele por ter salvado minha vida.
— Não. Por que?
Minha tia sempre dizia que responder uma pergunta com outra pergunta era ideia de alguém que escondia algo. Quer disser, eu nunca me importei com isso, mas no caso parecia mesmo que eu estava escondendo algo delas. Por sorte elas não perceberam
— Eu estou procurando por ele. Por ter sido um canalha! — Katherine brandiu, com ódio.
Daimen com certeza fez mal em se meter com Katherine. Talvez a culpa fosse dela, pois parecia que gostava de se meter em confusão. E Daimen era a confusão errada para ela, o que talvez fosse por isso que acabou em ódio. Balancei a cabeça para afastar os pensamentos deles dois juntos.
— Vamos embora! Quero sair dessa casa — Chamei.
Eu não me lembrava do caminho certo, tentei pedir para que Daimen me ajudasse, mas ele estava incomunicável o que nos deixou uma única opção: andar até encontrar a pousada. Mesmo assim tinha muito o que andar, Hartley por outro lado não podia, ela acabara de ter uma filha e precisava descansar. E eu compartilhava a opinião dos outros. Não passaria mais nenhum minuto naquela casa.
Ryan a carregou no começo enquanto sua bebê foi carregada por Amanda. E ver a pequena nos braços dela me fez lembrar de Luke. Meu coração estava apertado com a expectativa de vê-lo mal.
— Piierce, você não parece bem. — Peyton disse, o que estava estampado no meu rosto.
— Eu... — Parei, colocar o que sentia em palavras tornava tudo mais real.
— Deixa eu adivinhar... Luke? — Ele perguntou e eu assenti — Ele está bem, tenho certeza de que Ren cuidou muito bem dele.
Eu ri de desespero. Renyer Ross não cuidava nem dele mesmo.
Passaram-se minutos e talvez até mesmo horas, mas não chegávamos a trilha. Peyton ficou ao meu lado até que fosse sua vez de carregar Hartley. Avisei Ryan que já podia trocar com Peyton e assim que Hartley estava em seus braços ela dormiu, eu entendia que os braços dele eram confortáveis e senti uma pontada de ciúmes. Olhei para atrás para encontrar Harley e ver se compartilhava do mesmo sentimento que eu, mas ela conversava com Spencer.
Fiquei um pouco para trás deixando Peyton caminhar com Hartley para que ele não se sentisse na obrigação de conversar comigo e acabasse acordando ela. Continuei a caminhada ao lado de Dhiren que era uma boa companhia.
Quando vi luzes ao longe fiquei contente e acelerei o passo. Logo chegamos na mesma entrada da floresta onde o professor White nos disse para não sairmos da trilha. Tínhamos um plano para colocar as irmãs e o bebê lá dentro sem que ninguém visse. Antes de tentar, Deb com a ajuda dos meninos rasgou as saias e arrancou a crinolina de todos os vestidos.
Era hora do jantar e alguns alunos já estavam nas mesas, incluindo o Prof. White, que bebia um café enquanto li um livro. Ver ele ali passivo demais me fez perceber que ele não havia mandado nenhuma equipe de busca para nos procurar. O que seria negligente da parte dele, se fossemos humanos estaríamos mortos agora.
O plano era passar com elas pelo corredor do quarto dos meninos e sair na parte de trás do corredor das meninas. Decidimos que os meninos iriam na frente para ter certeza de que todos estavam jantando. Em seguida entraríamos para colocar duas meninas no quarto de Spencer e as outras 3 no nosso. E foi preciso um esquema, porque Katherine tinha que ficar com Catlhina. Já que era a única que ela não brigava de jeito nenhum. E Vivian parecia obedecer demais a Katherine, nos forçando a separá-las. Tessa e Dália eram tranquilas então cada uma foi para um quarto.
Tentei ajudar da melhor maneira que pude, mas Dabria percebeu que eu estava aflita e que eu tremia muito, então pediu que eu tomasse banho e fosse logo ver Luke, o que eu estava louca para fazer.
Sai do quarto me afastando de toda aquela confusão. Logo, logo Bekah e Kamila voltariam do refeitório e teríamos que explicar tudo o que tinha acontecido. Eu não estava nenhum pouco afim de contar o que fiz todos passarem. E eu só ficariam bem se visse o meu filho bem.
A mesa da turma estava meio desfalcada com a falta dos doze alunos, isso também me deixava intrigada. Éramos doze e ninguém sentiu nossa falta?
— Finalmente vocês apareceram! — Ouvi o familiar sotaque de Ren atrás de mim.
— Foi um pouco difícil — Falei, sentindo agora sua presença ao meu lado.
O cheiro de banho dele me inundou e eu percebi que nunca mais me perderia novamente. Gostava da segurança. Olhei mais uma vez para a mesa e encontrei Luke. Seu rosto tinha mais cor do que da última vez que eu o vi, isso me alegrou.
— Como ele está? — Perguntei para Ren.
— Magoado por você não ter aparecido quando ficou estranhamente doente, mas tirando isso está novinho em folha. Pronto para outra.
Virei-me para Ren com os olhos espantados.
— Estou brincando! — Ele levantou as mãos em rendição — Vai lá falar com ele. — Ele sugeriu.
Balancei a cabeça, negando. Saber que ele estava bem já estava de bom tamanho.
— Eu acho melhor outro dia, estou cansada — Menti. Na verdade, estava me lembrando das palavras grosseiras que Luke tinha me dito — E eu preciso pensar mais um pouco.
— Ei, ele nunca falaria aquilo para você. Sabe disso, né? — Ren me perguntou com as sobrancelhas arqueadas e eu concordei.
— Boa noite, Ren. Diga a ele que fico feliz por estar bem.
Voltei para o quarto e as meninas estavam dormindo. Olhei para as irmãs deitadas que vestiam roupas de todas as meninas no quarto, incluindo as minhas.
Como não estava com sono atravessei o quarto e me aconcheguei na cadeira de balanço da varanda. Olhando para o céu escuro, me lembrei da história de Daimen. O que tinha saído dos portões eram demônios. E as irmãs apareceram na casa logo depois que eles foram abertos. Elas eram perigosas. E agradeci pelo sono não ter vindo. Fazia duas noites que eu não dormia direito, mas a segurança daquelas meninas estava nas minhas mãos.
§ § § § §
Na manhã seguinte antes de o sol aparecer totalmente no céu decidi que precisava de uma explicação do professor por não ter nos procurado. Então sem acordar ninguém sai do quarto optando por ver primeiro se estava no refeitório, onde o café da manhã estava sendo colocado nas mesas. Mas não havia ninguém além dos funcionários naquele horário.
Dei uma volta pelos possíveis lugares onde ele estaria, mas como os outros alunos, parecia que ele ainda não tinha levantado.
Quando passei pela recepção perguntei a moça onde ficava o quarto dele, mas recebi uma resposta nada agradável de que era proibido dar informações de qualquer outro hospede. Tentei convencê-la de que não haveria problema já que ele era meu professor e mesmo assim ela me fuzilou como se eu tivesse pedido que andasse pelada pelos corredores. Escolhi pedir que ela o chamasse para mim e deixasse nítido a urgência do assunto.
O prof. White demorou mais do que eu imaginei que demoraria e ele tinha uma expressão suavizada no rosto, como se o urgente não o tivesse afetado. E o tempo que levou a chegar só concluía minha ideia de que ele nem se importava.
Assim que seus olhos encontraram os meus furiosos ele encurtou os poucos centímetros que nos separavam. Diante de mim seus olhos ficaram preocupados — talvez não preocupados, mas era algum sentimento próximo a isso.
— Srta. Piierce. — Ele disse, sua voz inexpressiva.
Minhas suspeitas sobre ele apenas aumentavam a cada momento que passava ao seu lado. Um professor normal teria ido nos procurar; teria certeza se o tempo estava bom para nos colocar naquela floresta; e estaria preocupado ou até mesmo aliviado por estar vendo uma das alunas perdidas na sua frente. Viva.
— Prof.º White. — Falei, sentindo o amargo na minha boca.
— Queria falar comigo?
— Claro. — Contive a vontade de xingá-lo e respirei fundo antes de falar: — Meus amigos e eu nos perdemos há alguns dias na sua caminhada. E pelo o que percebi o senhor não moveu uma só pedra para nos procurar. Eu o chamei para perguntar o porquê, por que não nos procurou White?
Ele passou a língua pelos lábios, evitando rir de mim e cruzou os braços sobre o peito avançando mais um passo na minha direção. Encarou meus olhos, os dele tinha um brilho parecidos com raiva ou com diversão.
— Eu conversei com a equipe de busca assim que cheguei, disseram para esperarmos a chuva passar para começar uma busca. E também sugeriram que vocês voltassem sozinhos. Já são crianças crescidas, não? — Seu olhar me atingia como armas de fogo.
— Bem, como toda chuva uma hora elas param. E mesmo assim nenhum vestígio de que você tenha feito alguma coisa, talvez não quisesse nos procurar, ou não se importava com o que poderia acontecer com todos nós — Eu disse, tentando transmitir a amargura nas minhas palavras.
— O que quer, Srta. Piierce? — Ele me interrompeu e agora eu conseguia decifrar sua expressão, ódio.
— Quero ir embora! Passei horas na mata no meio de uma chuva e não vou ficar nem mais um segundo aqui com um professor negligente. Para a sua informação éramos 12 alunos! — A raiva era tanta que não percebi que estava elevando a voz atraindo os olhares sobre nós.
— Tudo bem. — Ele disse em rendição — Vou pedir para mandarem um ônibus em nome de Ethan White. E hoje mesmo voltará para sua vidinha sobrenatural! — Ele gritou para apenas eu ouvir.
Minha boca se escancarou e minha reação não fez efeito nenhum sobre ele que saiu sorrindo pelo mesmo correndo de onde veio. Ele sabia o que todos nós éramos.
Talvez fosse esse o motivo de não ter nos procurado. Mas isso apenas me deixava completamente confusa, se ele sabia o que éramos então sabia mais do deveria.
Voltei ao quarto, avisei quem consegui de que chegaria um ônibus ainda hoje para nos levar embora, se elas quisessem. Eu levaria comigo as irmãs, não confiava nelas, mas tínhamos feito uma troca e eu tinha que cumprir com a minha parte. O professor White teria que ficar até o final da viagem, o que significava que ele não estaria no ônibus e era o momento perfeito para tirar elas daqui sem preocupação.
As meninas avisaram os outros no café da manhã e no total, todos que se perderam na mata iriam voltar para casa.
Enquanto esperávamos, levamos cada uma de nós um pouco de comida para o quarto, as irmãs comeram com um grande apetite, parecia até que nunca tinham comido antes. Depois passei no quarto das outras meninas para ter certeza de que não havia nada de errado, Vivian e Dália estavam bem a vontade com roupas folgadas e dormiam profundamente ainda, não havia ninguém no quarto então não demorei para sair.
Fechei a porta devagar para não acordar as duas irmãs e me afastei do quarto parando no meio do caminho quando Peyton e Harley apareceram na curva do corredor trocando beijos.
Senti meu coração afundar no meu peito por instantes pelo susto, antes de voltar a bater como se estivesse martelando tudo ao redor dele.
Antes que percebessem minha presença dei meia volta sem entrar no meu quarto e segui na direção do lago. Parei assim que tive certeza de que estava sozinha e desabei. Não conseguindo evitar pensar em tudo o que estava acontecendo agora e no que deixei para trás. Eu queria voltar para casa. Minha casa, meu trabalho, minha antiga vida.
Eu era feliz. E não pensava em voltar para Falls Stay. Esse era nosso elo. Eu sabia que se estivesse na cidade ele apareceria e aquele amor avassalador que vivemos apareceria com ele, mas não pensei no quanto doeria. Provavelmente, eu nunca chegasse a amar alguém como amei Peyton. Mas eu precisava entender que agora ele era mais uma das pessoas que fizeram parte da minha vida, precisava esquecer, seguir em frente e enterrar o amor que vivemos por tão pouco tempo.
§ § § § §
Por volta das duas o ônibus chegou e o professor White decidiu nos acompanhar para entregar nossos aparelhos e contar quantos de nós estaríamos dentro do ónibus. Isso atrapalhou completamente minha tentativa de colocar as irmãs dentro do ônibus. E como o professor nutria um ódio por mim pedi com carinho para que Deb o enrolasse.
Como a boa amiga que Dabria era, ela foi.
Quando elas estavam prontas e parecidas com outras estudantes coloquei elas entre dois meninos e com sucesso entraram no ônibus e se sentaram separadamente.
Todos estavam sentados em seus lugares, as irmãs divididas quase como as dividimos nos quartos e só faltava chamar Deb para voltar para casa.
Caminhei até Deb e o professor que conversavam sobre algum tema da sua aula. Ele me lançou um olhar vingativo quando me aproximei e depois sorriu para que ela não percebesse.
— Estamos prontos — Anunciei, depois de um suspiro forçado que os interrompeu.
— Então até, professor White — Deb se despediu, sem perceber que ele não a olhava mais.
— Até Srta. Green — Ele falou assim que ela se afastou, comigo logo atrás dela. Mesmo assim ouvi o tom de ódio na sua voz misturado com um pouco de cinismo quando disse: — Nos vemos na minha próxima aula, Srta. Piierce.
Não me permiti olhar para trás, não lhe daria o gostinho de me ver com raiva. Nunca gostei que me chamassem pelo sobrenome e odiava mais ainda saindo da boca dele.
Quando o ônibus se afastou da pousada entrando na estrada consegui ligar o celular e mandar uma mensagem para Ally dizendo que voltaríamos mais cedo. Ela não perguntou nada, disse que sairia de casa quando estivéssemos próximos da escola.
Eu tinha optado por me sentar no fundo do ônibus perto de ninguém. Então assim eu poderia dormir em paz a viagem inteira e recompensar as noites em claro, mas não consegui.
Enquanto olhava pela janela do ônibus meus pensamentos voltaram para a manhã em que eu havia encontrado um homem na floresta. Daimen. Esse era seu nome. E ele tinha os olhos amarelos, olhos muito parecidos com os que eu sonhava quando criança. Eram tão semelhantes.
Ele também parecia muito familiar, mas eu não conseguia relacionar sua figura com nenhuma memória minha. E era muito estranho, porque ele tinha uma aparência impossível de ser esquecida.
Quando entramos no território de Falls Stay, percebi por causa das árvores que formavam uma floresta mais densa e profunda que a de Williamsburg, mandei uma mensagem para Allyson que respondeu em seguida que estava a caminho.
Assim que descemos do ônibus encontrei a BMW branca e Ally que estava dirigindo no estacionamento da escola. Nos aproximamos com as irmãs ao nosso lado, olhando com olhos brilhantes ao redor para os lugares. Lembrei-me do dia em que cheguei em Falls Stay com Laura e Kamila. Troquei olhares com Deb, ambas tínhamos percebido que não caberíamos todas no mesmo carro, então ela ofereceu carona no seu carro que estava ali também.
De acordo com o trato que tínhamos feito na casa todas as meninas estavam sob minha responsabilidade até que elas concluíssem que não precisavam mais de mim. Então divididas entre dois carros levamos elas para a minha casa.
Meus olhos chegaram a brilhar quando Deb estacionou na frente de casa. Eu estava louca para dormir na minha cama, mas claro, sem perder a vigilância em relação as irmãs. Elas estavam agitadas o suficiente para não me deixarem tranquila. Despedi-me de Dabria e agradeci por tudo de forma concisa.
Abri a porta de casa dando espaço para que elas entrassem primeiro, carregando as bolsas nas mãos. Suas cabeças subitamente se viraram para os lados e seus olhos tinham um brilho diferente do meu, pois brilhavam de excitação.
— Sua casa é linda! — Tessa exclamou, alegre.
— Obrigada, mas deveriam dizer isso a Deb — Deixei minha bolsa ao pé da escada e as chaves na mesinha ao lado — Posso ensinar tudo a vocês a partir de amanhã, hoje ficarão sabendo o quanto a comida mudou, porque Laura e Kamila vão pedir para que seja entregue aqui em casa.
Elas concordaram ao mesmo tempo tão silenciosas que achei estranho. Levei elas para o andar de cima pedindo constantemente para que tomassem cuidado com os objetos e móveis. Passei pela porta do meu quarto e me senti instantaneamente atraída para dentro. Queria muito tomar uma ducha quente e me deitar, mas me contive e continuei até o último quarto vazio na casa.
Era o quarto da bagunça, onde ficavam os objetos que não encontramos lugar para colocar ou aqueles que não se encaixavam. Eles poderiam ficar no sótão, mas daria muito trabalho descer a escada acoplada ao teto do corredor e subir com todos esses objetos. O que mais tinha era colchões. Eram dos antigos donos e eu ainda não sabia o que fazer com eles. Por enquanto serviria para elas dormirem.
Espalhei alguns deles no chão formando uma grande cama compartilhada. Mostrei onde ficava o banheiro do corredor e o do andar de baixo e deixei avisado que Kamila e Laura trariam roupas paras elas junto com alguns itens higiênicos que elas já sabiam usar. Deb as ensinou na noite passada.
— Bom, se precisarem de mim estarei no meu quarto na primeira porta do corredor. Não vou jantar, mas as meninas irão chamar vocês para comer — Falei e elas concordaram novamente tão silenciosas quanto antes — Boa noite.
— Boa noite! — Disseram todas.
Laura e Kamila apareceram assim que sai com as roupas que dariam a elas. Entrei debaixo do jato de água quente que queria e divaguei um pouco enquanto esfregava meu corpo. Eu estava muito contente por dormir finalmente de novo na minha cama que não demorei a cai no sono depois de me cobrir e desligar a luz.
VAMOS VOTAR! VAMOS VOTAR! 🌟🌟🌟
Oi meus amores, como estão? E esse parto sob a supervisão de Daimen, o que acharam? Será que Atelina verá ele mais uma vez? Parece que dessa vez ela realmente decidiu desistir de Peyton, será que vai funcionar? E essas irmãs misteriosas, demônios e talvez perigosas? Elas vão aprender tudo certinho? O que será que vai acontecer com esse professor que sabe o que Atelina e seus amigos são?
Ah, se não entenderam as CRINOLINAS são esses negócios que davam volume nos vestidos de antigamente:
Votem, comentem por favor!!!
Beijinhos.
- Atelina.
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