4. Rock you like a hurricane
Hellboy
Quando se é uma pessoa que vive rodeado de pessoas, as notícias costumam correr mais depressa do que deveriam.
Fofocas e boatos idiotas, meias verdades e até verdades completas, escorregavam pelas orelhas de todo mundo da escola em velocidades dignas de um corredor de Fórmula Um. Quando se tratava de um assunto que envolvia alguém que estivesse no topo da cadeia alimentar social estudantil, claro que tudo iria mais rápido ainda.
E, infelizmente, eu estava na ponta do iceberg social da escola, todo mundo ficou sabendo da competição com Anthony Cooper.
De um lado, Marianne se sentia como a rainha da escola, com dois caras disputando por ela, por outro, algumas pessoas apenas diziam que ela estava se passando por uma vadia de quinta categoria.
Tudo começou com Dale, que contou para Dajan quando ele chegou na escola, que contou para Dewanda entre a primeira e a segunda aula, que contou para Joseph no caminho para o banheiro, que contou para Atila na aula de Humanismo, que contou para Meghan quando foi buscar o livro de biologia, que contou para Ally-Grace no almoço, que fez questão de espalhar para a porra da escola inteira.
E a pior parte é que parte dos rumores era sobre eu estar com medo de perder para um nerd idiota, que já estava cantando vitória antes da hora. Ele sabia correr mais que eu.
Ninguém queria ir embora da escola sem antes ver a competição do ano. Era tudo o que eles queriam: Sebastian Knox Carter massacrando Anthony Cooper ou Anthony Chupa Chups Cooper destruindo o império de Sebastian Carter.
Eu mal tive tempo para me preparar, tudo seria muito rápido e improvisado, e piorava toda vez que eu me lembrava do tamanho da plateia.
Respirei fundo lentamente. Meus olhos escorregaram por todos os rostos da arquibancada, eu estava acostumado a ter muita gente me encarando durante as partidas de Futebol Americano, mas ali a pressão era completamente diferente da pressão dos jogos.
Talvez a maioria deles quisesse uma reviravolta milagrosa em que o nerd acabava com o badboy, isso porque Ally-Grace sempre conseguia fazer com que as pessoas se voltassem contra mim.
— Vou ficar embaixo da primeira arquibancada do outro lado do campo, vou puxar o barbante assim que ele passar — Leight disse mais para decorar o que ele tinha que fazer que para me avisar o plano. — Só toma cuidado pra não tropeçar em cima dele e acabar se fodendo também!
— Tranquilo! — Sorri, confiante.
Ele confirmou com a cabeça.
— Se continuar fazendo essas coisas, vai acabar sendo preso!
— Leight, pela última vez, ninguém é preso por colar em provas e derrubar otários!
— Mas deveriam!
Ele correu na surdina para se esconder embaixo da arquibancada, se certificando de que ninguém seria capaz de o enxergar ali.
Estralei os dedos das mãos. Tinha me decidido que ao menos tentaria vencer do jeito limpo, então estava até vestindo as roupas de treino, se eu corresse de calça jeans e jaqueta não convenceria ninguém de que eu tinha realmente corrido sem trapacear.
Sacudi os ombros, tentando relaxar as juntas, e me aproximei da largada.
Tudo parecia estar indo como o planejado, ou coisa bem perto disso. Marianne estava alinhada na linha de chegada, ela quem anunciaria o vencedor. Leight estava embaixo da arquibancada, segurando a ponta do barbante para se certificar de que não seria levado pelo vento, Samantha, que detestara a ideia e estava meio brigada com a irmã, se posicionava do outro lado da linha de chegada, ela quem daria o "tiro" de partida, que, na verdade, era um apito roubado da treinadora de vôlei.
— Boa sorte, Carter — Anthony deu um tapinha em minhas costas e ajeitou a faixa no cabelo. — Vai precisar!
— Eu não contaria com isso, Cooper!
— As duas donzelas imbecis já terminaram? — Samantha revirou os olhos, levando as mãos à cintura. — Bom, já sabem as regras... Uma volta ao redor do campo, quem chegar primeiro, vence e leva minha irmã à inauguração do Drive-in!
— Tanto faz, só apita logo essa merda! — Retruquei.
Samantha bufou. Fez sinal para nos colocarmos a postos e assim o fizemos. O tempo se dilatou de repente, o apito demorou meio século para subir até sua boca e, quando a largada foi dada, Anthony passou na minha frente em um rasante assustador.
Fiquei até meio atordoado. A arquibancada emudeceu, mas eu não estava tão atrás dele. Acelerei o passo o máximo que eu conseguia, se eu tivesse ao menos uma semana para treinar, teria conseguido o vencer sem precisar de trapaça, mas Quarterbacks se focam muito mais em arremessos que em corridas.
Eu estava chegando cada vez mais perto. Dava o meu melhor para ultrapassá-lo, mas toda vez que eu chegava quase ao seu lado era como se ele tirasse fôlego do inferno só para conseguir se livrar de mim.
Grunhi, irritado, acelerei ainda mais, estávamos chegando ao outro lado do campo. Fiz uma contagem regressiva e diminuí levemente a minha velocidade, para que ele ficasse com uma vantagem maior e eu conseguisse tempo para desviar do tombo.
Foi como assistir um boneco de posto se desmanchando. A queda abafada foi recheada com um par de joelhos ralados e uma chuva de risadas, Anthony Cooper estava no chão, e eu já estava a poucos metros da linha de chegada, ele precisaria de muita sorte para me vencer, mesmo que se levantasse e saísse correndo o mais rápido que conseguia.
Dei uma olhada para trás para confirmar a distância, ele ainda se levantava e tentava desgrudar as pedrinhas de seus joelhos ralados. Não consegui segurar a risada, eu sempre venço!
Atravessei a linha de chegada. Anthony desistiu da corrida assim que percebeu que eu já estava inalcançável.
Tristonho, ele se afastou do campo de Futebol Americano e se achegou perto de seus amigos do clube de xadrez. Ao fundo, vibrando o meu triunfo, a arquibancada ainda não conseguira parar de rir do tombo, era o novo marco histórico da escola e, mesmo que a reviravolta não tivesse acontecido do jeito que esperavam, eu ainda manteria meu trono no topo da cadeia alimentar estudantil.
— Parece que eu venci — Disse, sorrindo para Marianne.
— Eu sabia que venceria — Deu de ombros. — Era só uma forma de mostrar que nerds não podem sair comigo!
— Vocês dois se merecem — Samantha afastou-se batendo os pés.
Sorri para Marianne, que sorriu para mim de forma provocativa demais para que eu não a beijasse na frente de todo mundo.
Ela passou os dedos pelo cabelo de fogo, empurrou uma mecha para trás da orelha e ergueu as sobrancelhas. As sardas em seu rosto brilhavam abaixo do sol, como uma constelação dez vezes mais poderosa que o brilho da estrela mais forte da galáxia. Seus lábios se espremeram, desafiadores e ela cruzou os braços.
— Me busca em casa às sete, gato!
— Sete e meia.
Ela virou-se de uma vez só, fazendo questão de que eu a observasse até desaparecer do campo.
Fui deixado para trás rapidamente, as arquibancadas se esvaziaram em um segundo, sem mais e nem menos, e Leight apareceu correndo lá de baixo. Seu rosto expressava uma mistura de reação curiosa, era nojo e orgulho, simultaneamente.
— Você é um canalha, um imbecil, um babaca — Disse, franzindo o cenho, mas abrindo um sorriso largo logo em seguida. — Foi incrível!
— Eu sou incrível, Leight!
— Quase isso, você é convencido, trapaceiro, babaca e metido — Corrigiu, me entregando o barbante para que eu me livrasse da prova do crime. — Mas pode me chamar para mais coisas dessas, é até divertido!
— Você não perde por esperar — Soquei seu ombro.
∞
Quente, mas não tão quente para que eu deixasse minha jaqueta para trás. Atrasado na medida certa para que ela ficasse com raiva, mas não o suficiente para me odiar, o ideal para ela tentar se fazer de difícil e eu ensinar que as coisas não funcionam do jeito dela comigo.
Me encarei no espelho do quarto apertado, as várias figurinhas, papéis com lembretes, adesivos velhos e até alguns pacotinhos de pirulito tapavam completamente a moldura de madeira que ficava apoiada na parede.
O cabelo estava impecável e as roupas? Ajeitadas na medida certa.
A camisinha já estava no carro, escondida no compartimento que eu sabia que mais ninguém além de mim, conhecia.
Passei os dedos pela parte da frente do cabelo e deia última ajeitada nos fios rebeldes, sorri para mim mesmo e chutei uma calça suja para trás.
Meu quarto não era dos mais espaçosos do mundo, na verdade, ele era bem estreito por isso eu dormia sozinho, já que o quarto mais espaçoso pertencia a Mason e Mark. Com a bagunça que rodeava o local, ele parecia ainda menor.
Não tínhamos dinheiro para comprar camas para todo mundo, então eu dormia em um colchão no canto do quarto. Prometi para mamãe que eu arrumaria minha cama, porém haviam três anos desde que aquela promessa fora feita e eu nunca a arrumava, então as cobertas estavam emboladas com o travesseiro.
Alguém precisava lavar as roupas de casa. Quer dizer, minha mãe não tinha tempo para lavar a roupa porque trabalhava longe de casa, Ally-Grace detestava lavar roupas e sempre arrumava uma desculpa para não o fazer, eu sempre misturava todas as roupas e acabava deixando as camisas brancas do Mason cor-de-rosa por colocar com as meias vermelhas do meu pai, então minha mãe desistiu de me pedir para fazê-lo, Mason nunca desvirava as meias e Mark era o melhor lavador da casa, mas ele nunca estava em casa.
Em alguma madrugada que Mark estivesse de bom humor, ele lavaria as roupas.
Mark gostava de passar a maior parte do tempo longe de casa, mesmo quando as coisas estavam bem resolvidas com o meu pai. Não que ele não gostasse da família, ele nos amava de todo o coração, mas o relacionamento entre ele e o nosso pai não era dos mais saudáveis nem dos mais tranquilos.
Perdi as contas de quantas brigas eles tiveram quando eu tinha uns seis anos, e desisti de contar quantas vezes Mark já fora expulso de casa quando tinha treze. Viver com eles dois no mesmo ambiente era o mesmo que estar a pé de guerra o tempo inteiro.
Meu pai não entendia os motivos de Mark para entrar para a Death Angels, e Mark parecia não ter um pingo de paciência para lidar com o gênio explosivo e temperamental do meu pai.
Mark não entendia o motivo do pai não aceitar o dinheiro que ele conseguia para pagar as contas de casa e comprar comida, eles brigavam, porque meu pai dizia ser dinheiro sujo, mas no fim das contas, sempre acabava aceitando porque não tinha de onde tirar para sustentar a casa.
Se ele não aceitasse o dinheiro de Mark periodicamente, nem sempre teríamos energia elétrica em casa para tomar banhos quentes nos invernos rigorosos de Brookline.
Dei uma última analisada em mim mesmo antes de descer as escadas na velocidade do som. Bati os pés no assoalho de madeira, passei os dedos pelo chaveiro e agarrei a chave do carro.
— Sua irmã não vai? — Mamãe perguntou, juntando as contas em cima da mesa com uma cara desanimada.
Sexta era o dia em que o chefe da mamãe a liberava mais cedo do trabalho para, supostamente, descansar um pouco, mas ela sempre acabava arrumando algo para fazer. Otto Bjornson era um cara legal de vez em quando, sabia que minha mãe morava muito longe, mas sempre foi muito rigoroso com tudo.
— Talvez — Estreitei os olhos. — Ela não me disse nada!
Mamãe confirmou com a cabeça.
— Toma cuidado — Sorriu para mim, tentando demonstrar que seu cansaço não a consumia.
Empurrei a porta e encarei a lata-velha vermelha brilhar abaixo da luz da porta de casa. Destranquei a porta e rezei para que aquele trambolho milenar estivesse de bom humor para funcionar sem me dar problemas.
Girei a chave na ignição e o motor roncou, sacudindo o carro inteiro. Sorri sozinho, até o som do motor estava mais bonito que o de costume.
Ajeitei o retrovisor e acelerei na direção da casa de Marianne Fletcher, que morava na zona da classe média da cidade.
A classe média é sempre a pior zona de todas. Eles não eram pobres, então não sabiam o que era ser pobre, não sabiam como era correr para tomar banho quente, ou racionar comida para o resto da semana, porque o dinheiro não sobrou para comprar a janta da semana seguinte.
Eles não sabiam o que era não conseguir pagar as contas em dia, ter a água e a energia elétrica cortadas, não precisavam se preocupar com policiais fazendo rondas e nem sabiam o que era apanhar para um policial só por estar, supostamente, andando de forma suspeita, eles também não precisavam se preocupar em roubar lojinhas para conseguir comer.
Eles também não eram ricos, apesar de se sentirem como se fossem. Eram mais limpos, mais cheirosos, as ruas eram mais organizadas, as casas, maiores e distantes umas das outras, separadas por jardins imensos e bem verdes, os cães não eram sacos de pulgas, o esgoto não era cheio de ratos e a rede elétrica não era cheia de emendas.
Era desconfortável aparecer por lá com um carro velho como o do meu pai, porque todo mundo automaticamente sabia de qual buraco você saiu.
Os olhos da classe média são mais pesados que os olhos dos ricos.
Estacionei o carro na frente da casa da Marianne. Pela janela do segundo andar, consegui vê-la bufar, irritada com os trinta minutos de atraso. Os pés bateram na madeira da escada e ele se despediu dos pais e do irmão mais novo, correu para o carro, abriu a porta e entrou. Colocou o cinto de segurança e fechou o vidro ao seu lado.
— Anda logo, não quero que eles vejam que você é o tal "Sebastian da gangue" — Disse, gesticulando com os dedos para que eu acelerasse o carro.
— Como quiser, Alteza — Revirei os olhos.
Acelerei o carro e o tirei dali antes que seus pais pudessem tentar descobrir quem eu era. Para eles, eu era apenas um garoto da escola que faria a gentileza de levá-la para a festa, para ela, eu era o príncipe encantado que comeria em sua mão, para mim, eu era o vencedor de um jogo que só existia na minha cabeça.
O Drive-in ficava atrás do quartel-general, financiado por patrocinadores da região, que doaram alguma quantia em dinheiro para a inauguração, que prometia ser o primeiro acordo de paz verdadeiro entre anjos da morte e carniceiros, era um dia importante para muita gente.
Butchers e Death Angels nunca tiveram paz desde a morte de um anjo da morte e de um carniceiro em uma batida policial. Os Death Angels culpavam os Butchers, que culpavam os Death Angels, mas ninguém sabia ao certo o que aconteceu, mas tínhamos dois corpos de amigos/irmãos que foram ensacados e desapareceram, porque policiais não gostam de mostrar sua podridão para a população.
O sangue secou no chão, mas as famílias não puderam nem se despedir.
"Aqui jaz Bobby Powers e Mitchell Williams, dois indigentes que ninguém se importa". Era assim para quem vivia no canto pobre de Brookline.
Alguns anos depois, os Butchers tentaram um acerto de contas, que resultou em um confronto que deixou mais um morto. Ninguém sabia o que aconteceu, porque os poucos que estavam no confronto estavam praticamente cegos por chuva e neblina. Ninguém enxergava mais que dois palmos a frente da própria cara.
Segundo Ralph, o Iron Fists, só conseguiram ouvir um tiro saindo pelo cano acidentalmente e, como em um passe de mágica, os Butchers sumiram e o corpo de Fast Fingers, o pai de Zachary, estava no chão, morto.
Ninguém sabia quem tinha o matado, e também não acreditavam que teria sido um ato proposital, o que acabou esfriando os ânimos entre as gangues, ninguém sabia se fora um carniceiro ou um anjo da morte mesmo, acidentes acontecem e um dos caras que estavam no dia do confronto, Rufus Wallace, o Beetle, estava cheio de sangue que não era dele pelo corpo.
De um lado, os carniceiros tinham a vingança que tanto sonhavam, do outro, os anjos da morte estavam de luto e desconfiados de seus próprios irmãos.
Beetle jurava pela vida de todo mundo que ele amava que não atirara em Fast Fingers, mas, no fim das contas, quando você está em uma gangue, você sempre confia na desconfiança.
Beetle não foi expulso, mas desceu alguns cargos e, para não ter que colocar nunca mais a mão na massa, passava as tardes consertando carros na oficina.
Consegui encontrar um bom local para estacionar o carro, já que eu sabia que ela gostaria de assistir alguma parte do filme antes de ir para as vias de fato.
Não era nem muito para trás e nem muito lá na frente, grudado no telão. A distância ideal.
O Drive-in estava lotado, o que era um ótimo sinal para os investidores locais que estavam patrocinando aquele evento em troca de alguma quantia dos lucros da noite. Tudo ia começar com um filme, algumas músicas, bebias, comidas, pipoca e muita gente.
Ao nosso redor, casais com pacotes de pipoca já estavam sentados sobre os capôs, sobre os tetos dos carros, alguns fecharam as cortinas de suas peruas para aproveitarem de um jeito mais quente, outros jogavam pipoca uns nos outros, alguns fumavam maconha, escondidos, mas todo mundo estava se divertido e a melhor parte era a paz que reinava entre as duas gangues.
— Vou pegar pipoca — Marianne esticou as costas.
— Vou arrumar refrigerantes, então!
Bati a porta do carro, observando ela se afastar em direção ao local onde vendiam pipoca. Acendi um cigarro e fui procurar algum lugar para pegar refrigerantes.
— Aproveitando a noite?
A voz áspera era de Frank, um carniceiro um ano mais velho que eu, mas que ainda estava na escola. Repetira de ano quando era um Freshman, agora estávamos na mesma turma e ele traficava a melhor droga dos arredores da escola.
Apesar dos pesares, era um garoto tranquilo e engraçado.
— Com certeza — Soltei a fumaça pelo nariz.
— Não é incrível? — Perguntou e riu anasalado, observando os carros ao nosso redor.
— O quê exatamente? — Devolvi a pergunta.
— Toda essa paz — Ele deu de ombros. — Há alguns anos, a última coisa que teríamos era paz entre anjos da morte e carniceiros. É incrível!
Confirmei com a cabeça, era realmente incrível.
— Seu irmão é um líder e tanto, isso não seria possível se ele não tomasse o controle dos problemas. Ele é inteligente demais — Deu um tapinha em minhas costas e eu concordei com a cabeça. — Bom... Aproveita o filme por mim, Hellboy!
— Não vai ficar? — Perguntei, desconfiado.
— Esqueci a porta do covil aberta, se a Flare descobre, ela me mata! — Fez uma careta, mostrando o molho de chaves pendurado no dedo. — Sabe como é, aquela velha é um pé no saco!
— Meus pêsames, então! — Soquei seu ombro.
— Vou ver se consigo pegar pelo menos a última parte do filme.
— Nem se preocupa com isso, é Hellraiser, todo mundo já viu esse filme!
Ele riu e se afastou rapidamente na direção de seu carro, e eu tomei meu rumo na busca por refrigerantes.
Eu não gostava de filas, nem de esperar, mas não tinha outra escolha naquela situação. Precisei de alguns minutos para conseguir chegar ao balcão e pedir duas cocas com gelo.
Assim que me virei com as cocas para voltar para o carro, um tapa arremessou os dois copos no chão.
— Porra, isso custou dinheiro! — Grunhi antes de levantar o rosto.
Marianne Fletcher, frustrada, irritada, brava e de bochechas vermelhas estava soltando fogo pelas ventas bem na minha frente. Ela e o cabelo estava praticamente se tornando uma coisa só, seus olhos azuis queriam transbordar de raiva, mas ela não o faria na minha frente, queria ter um pouco de credibilidade.
— Você trapaceou! — Ela gritou, irritada.
Revirei os olhos, ela não podia dar aquele chilique no meio de tanta gente.
O que importa se eu trapaceei ou não? Era comigo que você queria ir desde o começo. Pensei, suspirando lentamente.
Puxei-a pelo braço, a levando para um lugar menos cheio. Ela cruzou os braços, batendo o pé no chão incansavelmente, era daquela forma que ela mostrava estar irritada, mas não ficava muito mais ameaçadora que um bicho de pelúcia com um sorriso idiota no rosto.
— Você trapaceou, seu canalha! — Ela gritou novamente.
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