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Winter's pov:

"Quando nosso amor se funde, cria o mais belo dos tons, e duas telas distintas se tornam uma."

A conexão entre mim e Jimin fica mais forte a cada dia que passa, e eu não posso estar mais feliz. Ela tem focado bastante na pintura, e isso é uma coisa linda de se ver. Jimin também está à frente na preparação da minha exposição, o que me traz mais paz de espírito do que qualquer coisa no mundo.

Eu ainda fico impressionada com o fato de Jimin ter me ajudado a compreender minha situação. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, ela continua do meu lado de um jeito que jamais achei que fosse possível. E isso é maravilhoso. 

Na segunda sexta-feira de março, perco a hora e tenho de me apressar para chegar à galeria sem atrasos. Quando me aproximo, vejo Jimin parada na frente da porta e tenho o vislumbre do seu sorriso que tanto amo. Sorrio para ela, deixando-a saborear uma pausa silenciosa.

— Desculpe pela demora. — Digo, e quando sinto suas mãos nas minhas costas, me jogo nos braços dela, unindo nossos corpos. Ela segura delicadamente meu rosto, estudando-me.

— Dormiu bem a noite passada?

— Na verdade sinto que dormi feito uma pedra.

Jimin inclina a cabeça, sorrindo. 

— Ótimo, porque hoje temos muito o que fazer na galeria. 

— Claro, mas antes tenho uma pergunta. Você tem planos para o sábado à noite?

Ela balança a cabeça.

— Minjeong, você sabe que sempre é o meu plano… — Ela enfia as mãos no bolso. — Por quê?

— Bem, eu estava pensando que seria legal talvez preparar um jantar para todos nós lá em casa. Minha mãe ainda está aqui, e achei que você, sua mãe e a professora Kang pudessem ir.

— Acho essa uma ótima ideia — ela diz, fazendo meu coração disparar. — Talvez Aeri e Yizhuo possam ir também?

Quando eu ergo o olhar, Jimin está olhando para mim, então vejo algo nesses olhos, algo que me motiva há um bom tempo: esperança.

— É claro. Quanto mais gente, melhor.

— Pode não parecer, mas minha mãe vai querer ajudar na cozinha — ela avisa.

Dou uma risada.

— Que bom, porque vamos precisar de toda ajuda possível.

— Que horas?

— Hum, que tal por volta da sete horas? — sugiro.

— Está bem. Vou avisar todo mundo, e estaremos lá.

— Obrigada, Jimin. — Sorrio e deposito um beijo em seus lábios antes de entrarmos na galeria. 

[…]

— Minjeong, respire. — Yongsun brinca enquanto eu ando feito uma louca pelo apartamento no dia do jantar em família.

Fico arrumando a mesa toda hora — os guardanapos precisam estar dobrados de forma perfeita e os talheres tem de estar brilhando.

— Eu só quero que tudo esteja perfeito — confesso, passando a mão nos cabelos. 

— Vai ficar perfeito — diz minha mãe para me tranquilizar enquanto desce as escadas. — Agora venha aqui.

Me aproximo e ela passa os dedos pelo meu cabelo, ajeitando alguns fios. Um sorriso brinca em seus lábios. Eu não tenho ideia do que é engraçado.

— O que foi? — Pergunto, encarando-a.

— Eu nunca tinha visto aquele seu olhar antes — comenta minha mãe, sua voz tão suave e baixa que quase me surpreendo. — O jeito como você fica quando está pintando... — Os olhos dela ficam marejados. — Eu não tinha entendido.

— Mãe... — sussurro, surpresa com a emoção que vejo nos olhos dela.

— Minha teimosia me impediu de entender. Meu orgulho ficou no caminho, mas Minjeong, o jeito como você fica quando está trabalhando esclareceu qualquer dúvida que podia existir em mim. É como se você desse vida a arte. Eu nunca vi isso em toda a minha vida.

Dou um meio-sorriso para ela, lutando contra as lágrimas.

— Não me faça chorar agora, mãe.

Ela dá uma risada.

— Está tudo bem? — Pergunta minha tia, saindo da cozinha. Ela arqueia uma sobrancelha enquanto alterna o olhar entre mim e minha mãe.

— Com certeza — diz minha mãe, sorrindo. — Tudo está perfeito. Estou apenas dizendo para Minjeong que ela só precisa respirar.

Sigo o conselho que elas estão me dando, mas quase perco o fôlego de novo quando escuto a campainha.

— Ai, meu Deus! Elas chegaram mais cedo! — Exclamo, olhando para a porta.

Minha tia sorri.

— Faltam apenas dez minutos para a hora combinada. — Ela se aproxima de mim, coloca as mãos em meus ombros e me sacode de leve. — Relaxe e apenas aproveite a noite.

Respiro fundo, solto o ar e corro para receber as convidadas. Quando abro a porta, me deparo com a professora Kang e uma Joohyun sorridente carregando uma garrafa de vinho embrulhada para presente. 

— Tomei a liberdade de trazer alguma coisa — Ela diz me mostrando o vinho. Aeri e Ningning entram logo em seguida. — Espero que eu tenha acertado na escolha. 

— Tenho certeza que vamos adorar. — Sorrio e olho para a porta. — Onde está Jimin. 

— Estacionando o carro. Não tem vaga na rua. Ela teve que dar a volta no quarteirão — explica a sra. Bae.

Quando eu me viro para Aeri e Ningning de novo, elas estão estáticas, olhando para minha mãe. Sorrio da reação das duas.

— Gente, essa aqui é minha mãe, Kim Taeyeon. Mãe, essas são as minhas amigas… — Começo a apresentar uma por uma, e minha mãe aperta a mão de todas.

— Prazer em conhecer todas vocês. — Minha mãe dá um sorriso caloroso. — Por favor, me deem os casacos para que eu possa colocá-los no quarto de hóspedes.

— Caramba! — sussurra Ningning, ainda surpresa — Nossa garota melodramática sabe que vai encontrar a sogra nesse jantar? 

Sorrio, vendo minha mãe se divertir com a situação. 

— Elas já se conheceram, Ningning. 

— Ah, então ela já sabe que Jimin é a sua maior fã — ela declara, abrindo um dos seus sorrisos travessos. — Depois de mim, é claro.

Yongsun assente.

— É, ela com certeza é sua maior fã — confirma ela, cruzando os braços na frente do corpo. — Depois de mim, é claro.

— Tudo bem — digo, levantando as mãos. — Vocês estão exagerando. Eu não sou nenhuma Minjae Lee. 

Os olhos de Joohyun se iluminam.

— Ah! Mas depois da sua exposição tenho certeza que isso vai mudar. 

Isso me faz rir.

Minha mãe e Giselle vão até a cozinha para arrumar tudo antes de começarmos a preparar o jantar. Ningning dá um pulo no meu estúdio para ver no que venho trabalhando, e Yongsun se acomoda com Joohyun e Seulgi na sala.

— Desculpe pelo atraso.

Eu me viro para a porta e vejo Jimin parada ali, com as mãos nos bolsos do blazer. Ela está tão linda — mais linda do que eu possa descrever —, e meu coração percebe isso. A forma como o tecido se ajusta aos seus braços é suficiente para fazer com que eu não consiga desviar o olhar. 

— Você está… — começo, mas as palavras morrem em minha boca. Pisco e me esforço para não ficar olhando tanto para esse corpo perfeito, mas isso é mais difícil do que eu imaginava.

— Você está… — ela começa, mas as palavras também morrem em sua boca, e ela sorri. Eu também sorrio. Estou feliz por termos chegado a um ponto em que conseguimos nos comunicar sem o uso das palavras. 

Jimin e eu permanecemos paradas ali, olhando uma para a outra. Fico imaginando se o coração dela está tão em paz quanto o meu.

— Ei, vocês duas — Yongsun interrompe nosso flerte. — O que acham de se juntar a nós? 

Todas dão risadas. Nós duas desviamos o olhar e pigarreamos.

— Vou ajudar na cozinha — aviso, tentando controlar os sentimentos que sinto sempre que estou com Yoo Jimin.

— É… Hum… Vou me sentar ali — ela declara sorrindo antes de caminhar até a sala. 

Quando estou prestes a seguir o meu caminho, a companhia toca. Ao abrir a porta, quase perco o fôlego.

— Você veio! — Exclamo. Mandei um convite para ela, mas não esperava que viesse.

— Claro que vim! — Diz a dra. Moon, com um sorriso. — E só para você saber, acho bom conseguir um tempo para enfim me mostrar alguns dos seus trabalhos. Não aceito um não como resposta. 

— Eu nem ousaria.

Dou um abraço apertado na minha médica antes de convidar ela para entrar.  

Acaba dando tudo certo. Todas contam suas histórias preferidas, mas não limitamos nossas conversas a reviver o passado; também olhamos para o futuro. Fazemos planos para o amanhã, porque não estamos mais presas aos limites do tempo.

Nunca achei que fosse chegar a esse ponto, e jamais pensei que conseguiria entender o significado verdadeiro de se ter esperança. Ela não significa apenas aceitar a tragédia que fez seu mundo desmoronar. Não significa esquecer a dor.

Significa aceitar uma nova forma de vida e se permitir chorar, mas, ainda assim, também abraçar uma felicidade tão intensa que às vezes parece até que seu coração vai explodir.

Depois de uma refeição incrível, me encarrego da missão de cuidar da louça. Jimin e as garotas tem suas presenças solicitadas por minha mãe e Yongsun, mas, em vez de alguma conversa constrangedora, elas parecem estar se divertindo.

Noto como minha mãe está diferente em relação a Jimin. Acho que só o fato de minha namorada ter conversado com ela diminuiu a preocupação. Jimin também não parece incomodada. Dá para ver em seus olhos que está bem à vontade. Ela educadamente conversa com elas, que parecem estar adorando cada segundo.

— Elas parecem ter se dado bem. — Joohyun ri, enquanto me faz companhia na cozinha. Bem nesse momento, a risada de Jimin toma conta do ambiente, e sentimos um arrepio na espinha. — É bom vê-la rir.

— Verdade — concordo. — Estou muito feliz por ela estar se divertindo.

— Nós duas estamos — ela diz, fazendo um gesto na direção de Jimin, que está com um sorriso radiante no rosto. 

— Ela parece feliz, não parece? — Pergunto. A sra. Bae fica com os olhos marejados e assente. 

— Mais feliz do que eu já a vi em muito tempo… E preciso agradecê-la mais uma vez por esse feito.

— Não há necessidade para isso. Ela só encontrou o seu caminho de novo.

Ela balança a cabeça e pousa uma das mãos no meu ombro.

— Gostaria que visse a forma como ela fala de você quando não está presente. 

— Você vai me deixar constrangida desse jeito — murmuro, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Minha tia tem razão — Aeri diz, entrando na cozinha. — Eu a conheço desde sempre, e essa é a primeira vez que eu a vejo… sei lá… — Ela dá de ombros. — Esperançosa?

— Só o fato de ela ter voltado a pintar… Fazia anos que ela nem mencionava o assunto arte. É bom ter minha filha de volta. 

Abro um sorriso, e nós três continuamos limpando tudo.

[…]

Depois que todo mundo se reune na sala, vou para a varanda e fico sentada lá, olhando para os edifícios do outro lado da rua. A porta se abre, e Jimin aparece. Ela se aproxima e se senta ao meu lado. Olha para o outro lado da rua também.

— Está feliz? — Ela pergunta.

— Mais do que feliz — respondo.

— Você é minha arte favorita — Ela sussurra. Seus olhos intensos e lindos olham para mim, e um sorriso ilumina seu rosto. 

— Jimin… — murmuro, sem fôlego.

Ela inclina a cabeça para trás e encara o céu noturno. 

— Entenda isso, ok? Você é cada traço, cada cor, cada estilo. Você é e sempre será minha arte favorita. 

Eu apoio a cabeça no ombro dela, e ela coloca o braço ao meu redor.

— Minjeong? — Ela sussurra, segurando minha mão, calor se espalhando até as pontas dos meus dedos.

— Humm

Quando ela fala, sua voz está tão séria e firme que eu não tenho certeza do que esperar.  

— Já disse que te amo hoje? — Ela pergunta, levando a mão livre ao meu rosto.

Isso me faz sorrir. 

— Já.

Seus dedos acariciam minha bochecha. 

— Bom, não custa nada repetir — ela diz, suavemente, levando os lábios à minha têmpora. — Eu te amo. Amo que me faça rir. Amo que me faça conversar com você. Amo que, não importa quantas vezes eu tenha tentado te afastar, você continuou ao meu lado. 

Sinto meus olhos arderem e pisco depressa para impedir as lágrimas de caírem.

— Por favor, não chore.

Solto uma risada.  

— Fica difícil com você agindo assim — digo, fechando os olhos e deixando que beije minhas pálpebras.

Ela é rápida, mordendo meu lábio inferior para me provocar. 

Jimin começa a me beijar, mas faz uma pausa, ficando a milímetros da minha boca, fazendo-me esperar. 

Meu coração acelera diante da intensidade do seu olhar.

— Eu também te amo — sussurro.

— Hoje à noite — ela diz, começando a beijar meu pescoço lentamente, amorosamente. — Vamos aproveitar a companhia uma da outra da melhor forma possível.  

— Promete? — Fecho os olhos enquanto seus beijos percorrem meu ombro. 

— Prometo, Minjeong. — Seus olhos castanhos se fixam em mim e ela sorri, pousando os lábios na minha testa. — Agora, quantas horas ainda vamos precisar ficar nesta reunião familiar mesmo? 

Dou uma risada e deslizo minhas mãos no seu cabelo macio e maravilhoso. Chegando mais perto, tomo seus lábios nos meus. Eu a beijo por me fazer rir, por me fazer acreditar. Eu a beijo por ser a pessoa que melhor me entende, por ser tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a mim. 

Ela é minha arte, minha vida, meu tudo. Quando nosso amor se funde, cria o mais belo dos tons, e duas telas se tornam uma.

Contra meus lábios, eu a sinto sorrir e sinto as vibrações de sua risada abafada por minha boca.

— Eu te amo — ela diz. 

Pressiono meus lábios nos dela e, com um sussurro suave, revelo minha maior verdade:

— Eu também te amo. 

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