24


Winter's pov:

"Estou bem aqui nos seus braços e não me importo se o mundo decidir acabar."

A primavera se instala rapidamente em Seul, e o clima ameno toma conta da cidade. Jimin e eu passamos os últimos dias preparando a mostra que queremos fazer para a sra. Bae, e tudo está saindo conforme o planejado. Eu vou estar mentindo se disser que não estou adorando passar tanto tempo com ela. Estar perto de Jimin e como algo precioso.

No sábado pela manhã, eu estou em casa, no estúdio de arte, selecionando as últimas telas que devo levar até a galeria. Jimin combinou de passar aqui para me ajudar com o transporte, então já quero adiantar algumas coisas.

Isso deveria manter minha mente ocupada, mas não é bem o que acontece. Provavelmente porque vez ou outra me pego pensando no meu encontro com o irmão de Somi. Tirando isso, nada está diferente. Nada, exceto o fato de que minha pressão estava alterada hoje mais cedo e que tenho me sentido um pouco cansada.

Talvez seja apenas por conta da rotina corrida da última semana. E de qualquer forma quando chequei meus sinais vitais há alguns minutos estava tudo bem.

Quando escuto a maçaneta da porta girar perto das dez horas da manhã, levo um susto e me viro para ver quem é. 

— Mas o que… — murmuro ao ver uma Yongsun sorridente entrar no apartamento. — O que você está fazendo aqui?

— Você está preparando sua primeira mostra de arte. Achou que eu ia perder a chance de participar disso?

Dou uma risada.

— Mas você deveria estar no trabalho.

— Eu sei, mas decidi tirar algumas horas de folga. — Ela diz, sorrindo. — Além disso, sou uma das pessoas mais interessadas no reconhecimento do seu talento. Então quero estar inteiramente atualizada sobre cada um dos seus progressos nessa jornada. 

— Ah, tia — sorrio e levo as mãos ao peito, de tão feliz que estou. — Só quero que saiba que ainda não tem nada definido. Talvez a sra. Bae nem se interesse muito pelo meu trabalho.

Ela balança a cabeça. 

— Tenho certeza que Joohyun sabe reconhecer alguém com talento. E você definitivamente se enquadra nesse quesito, Winter. 

— Bom, já que você veio até aqui para me ajudar com isso, o que acha de almoçamos juntas? — Pergunto. 

— Que tal irmos naquele restaurante que você gosta? 

Abro um sorrisão, concordando com a cabeça.

— Combinado.

Ficamos no estúdio durante toda a manhã, ocupadas com as minhas telas, rindo e conversando sobre os mais variados temas. Quando terminamos, percebemos como foi fácil perder a noção do tempo. Nós só precisávamos trocar de roupa e sair para almoçar.

— E aí, você acha que devo te acompanhar até a galeria? — Minha tia sugere em um tom divertido. 

— Meu Deus, não. — Sorrio, me sentando no sofá. — Na verdade, Jimin já se disponibilizou para fazer isso. Ela parece bem motivada com a ideia de prestar serviços de curadoria para mim. Acho que isso é uma coisa maravilhosa, considerando o quanto ela havia se afastado do mundo da arte. 

— Tenho certeza que sim. Mas não vou aceitar perder meu posto de fã número um para sua namorada — ela começa.

— Não. Sério mesmo. Não quero que ninguém morra disputando esse cargo — brinco.

Yongsun joga uma almofada em mim, e eu a pego e a jogo de volta.

— Estou feliz por ver o quanto você parece bem. 

Sorrio. 

— Obrigada.

[…]

Durante a tarde, Jimin me acompanha até a sala de reuniões na Bae's Gallery, onde organizamos uma pequena mostra. Ela participa da discussão inicial sobre alguns dos meus trabalhos antes de se retirar e permitir que a reunião prossiga exclusivamente entre eu e sua mãe. 

— Há quanto tempo você pinta? — Pergunta a sra. Bae, caminhando por seu escritório. Ela passa os dedos pelo queixo enquanto analisa algumas das minhas telas. 

— Há seis anos — respondo, tentando manter a naturalidade, embora minhas emoções estejam a flor da pele. 

— Estou vendo que você trabalha muito bem entre o figurativo e o abstrato — ela comenta, com o olhar preso em uma das minhas telas. 

— Sempre achei uma experiência única me permitir pintar sem barreiras. Apenas deixar o pincel fluir naturalmente, como se tivesse vida própria e eu fosse uma mera espectadora. 

Os olhos da Sra. Bae passeiam de uma tela a outra. Cruzo os braços, me sentindo ao mesmo tempo feliz e ansiosa. Nunca duvidei do meu talento, muito menos permiti que me dissessem que não havia nascido para isso. A arte me ensinou a se expressar e a voar alto quando tudo parecia perdido. Tinha me ajudado a seguir a em frente e a encontrar minha verdade. E estar aqui é uma prova viva do quanto eu estou certa em seguir meus sonhos. 

— Bom, acho que Jimin tinha razão — ela diz, abrindo um sorriso. — Suas pinturas realmente despertam algo no observador. Posso ver o quanto você trasborda paixão através de suas obras. É gentil e suave, e também tem… toda uma intensidade. 

A Sra. Bae olha para mim, em expectativa.

— Quando estou… — procuro as palavras, enrubescendo. Tentar dizer a uma diretora de arte brilhante como me sinto é difícil. — Quando estou no estúdio, eu me sinto em harmonia com as telas e os pincéis. Fico completamente envolvida naquilo que estou criando. Mergulho de cabeça na arte, permitindo que ela se funda a minha alma.

Ela me lança um olhar que diz claramente que estou seguindo pelo caminho certo. 

Nossa reunião se estende por mais tempo. Nós duas conversamos sobre minha técnica e discutimos sobre meu talento, sobre a direção que cada uma acredita que eu devo tomar, entre outras coisas. Vou ficando cada vez mais empolgada com tudo aquilo e, de vez em quando, respiro fundo para ter certeza de que não estou sonhando.  

Não estou, isso é a realidade. 

— Você acha que consegue finalizar as outras telas até o fim do mês? — A sra. Bae pergunta. — Podemos planejar uma exposição para o público especializado dentro desse prazo. O que me diz? 

— Que estou ansiosa para começar a trabalhar — respondo, tonta, com a constatação de que meu talento está sendo reconhecido por uma das maiores diretoras de arte do mundo. 

A sra. Bae se inclina na minha direção e meneia a cabeça discretamente.

— Ótimo. Irei marcar uma reunião para discutirmos melhor sobre isso. Estou realmente agradecida por permitir que eu seja responsável pelo seu lançamento ao mundo. 

Balanço a cabeça. 

— Eu que tenho que agradecer, Sra. Bae. 

Conversamos mais um pouco antes de eu me retirar. Para minha surpresa Jimin está me esperando no corredor. Quando nossos olhos se encontram, sua expressão suaviza e ela se aproxima. Mal tenho tempo de apreciar sua caminhada antes que os braços dela estejam ao redor da minha cintura e eu seja abraçada.

Sorrio, segurando sua cintura. Seus cabelos fazem cócegas no meu rosto.

— E, então como foi? — Ela pergunta, com a voz abafada.

— Nossa, foi…

Ela se afasta apenas o bastante para olhar no meu rosto.

— Por favor, me diga que não vou precisar iniciar uma guerra com Bae Joohyun. — Comenta sorrindo.

Estou me sentindo tão realizada que não consigo conter meu sorriso. Seguro seu rosto com firmeza.

— Na verdade, você vai precisar usar essa dedicação toda para me ajudar a preparar uma exposição. 

Jimin me encara, seus olhos estão carregados de uma intensidade marcante. Ela parece feliz.

— Eu sabia que você ia conseguir — Devagar, ela apoia a mão no meu peito.

Dou uma risada, tentando ignorar o que seu toque faz comigo.

— Obrigada — digo quase em um sussurro.

Ela balança a cabeça. 

— Você não deveria me agradecer. Não fiz nada. Isso é apenas o seu talento abrindo as portas para o mundo. Você merece, Minjeong.

— Ainda assim, eu…

Ela me interrompe. Segurando minha mão, ela me puxa para mais perto e seus lábios tomam os meus. Jimin me beija rápido, mas intensamente. Me aninho contra seu corpo e a beijo mais forte até a noção de que estamos na galeria me obrigar a se afastar. 

— Você está ficando bem atrevida, Yoo Jimin. 

Eu posso sentir seu sorriso em minha boca enquanto ela fala baixinho:

— Apenas porque vale a pena.

[…]

No domingo, por volta de 19hrs da noite, Jimin me pega em casa para um dos nossos encontros habituais. Ela não me deu nenhuma dica sobre para onde iriamos hoje, só disse que tudo que eu precisava fazer era aceitar, e foi o que fiz. Rodamos de carro por um tempo e, quando ela estaciona, olho em volta, confusa.

— Aonde nós vamos?

— Você já vai ver — ela responde, saindo do carro e seguindo até o lado do carona para abrir a porta para mim. — Hoje decidi te trazer em um lugar especial. 

— Porque tanto mistério? — Pergunto, quando ela pega minha mão para me ajudar a sair do carro.

Ela dá uma risada. 

— Porque amo te ver assim curiosa. — diz enquanto caminhamos em direção ao porto do Rio Han. — Espero que você goste de passeios de barco. — Ela faz um gesto em direção a uma magnifica embarcação, e eu não consigo parar de sorrir.

— Sério?

— Sério. Ele faz um passeio de quatro horas pelo Rio Han e você pode ver as luzes de Seul ganhando vida nos principais pontos da cidade. 

— Ai, meu Deus! Isso é incrível! — exclamo, dando pulinhos de alegria. 

— É. E eles tocam música ao vivo. Acho que você vai gostar.

— Eu vou amar. 

Sem nenhuma surpresa, o lado de dentro da embarcação é tão sofisticado quanto a fachada. As paredes dividem espaço com janelas que vão do chão ao teto, dando uma bela visão para as pessoas sentadas nas mesas dispostas ao redor do bar. A decoração é composta por arte moderna e a iluminação é baixa, o que dá um ar aconchegante ao ambiente. 

Nos acomodamos no salão de refeições enquanto a tripulação serve o banquete aos convidados. Estar ao lado de Jimin se tornou algo natural. Quando rimos, rímos de verdade e, quando ficamos em silêncio, o clima é tranquilo e calmo. Nossa cumplicidade fluí cada vez melhor a medida que passamos mais tempo juntas. 

É fácil estar ao lado dela e ser eu mesma o tempo todo.

— Nunca fiz algo tão incrível assim — confesso.

Ela se inclina na cadeira e olha para mim. Percebo a paixão que há em seus olhos quando ela fala: 

— Tudo pela melhor garota que existe. 

Eu já estou completamente fascinada desde que ela me trouxe até aqui. Tenho certeza de que Jimin planejou isso há bastante tempo, mas, ao ver o sorriso em seu rosto e o brilho estampado em seus olhos, fico feliz.

— Pare com isso. — Digo em tom de brincadeira.

— Parar com o quê?

— De ficar me olhando assim.

— Assim como?

— Como se fosse louca por mim.

Ela abre um sorriso, mas não diz nada.

Choi Jisu, a nossa anfitriã, vem até nossa mesa e pergunta, toda animada:

— Estão gostando? 

— É tudo tão maravilhoso que parece algo de outro mundo.

— Que bom ouvir isso. É muito fofo ver vocês juntas. Há quanto tempo namoram?

— Há pouco mais de um mês — respondemos juntas.

Nossos olhares sorridentes se encontram, e a sensação é maravilhosa.

— Parece que vocês se conhecem há um vida! Bem, se vocês precisarem de alguma coisa é só chamar algum dos nossos profissionais.

— Obrigada — Jimin, agradece. Então Jisu se encaminha até a mesa de outro casal.

Ficamos em silêncio por alguns instantes enquanto observamos a banda se preparar para sua apresentação.

Como em sincronia, sua mão encontra a minha sob a mesa. Mas nossos dedos não se entrelaçam desta vez. Em vez disso, as pontas de seus dedos começam a percorrer a lateral do meu pulso, seguindo as linhas e curvas da minha mão. Sinto como se as pontas de seus dedos fossem pulsações elétricas na minha pele.

— Pare de ficar me olhando assim — ela pede com a voz suave.

— Assim como?

Ela se inclina, beijando meus lábios de forma casta.

— Como se fosse louca por mim.

O passeio está sendo maravilhoso, há muita gente a bordo celebrando o amor.

Conversamos a noite toda e nos entregamos ao momento, aproveitando a companhia uma da outra. A música ao vivo é apaixonante, e parece que o muro que Jimin havia construído como proteção finalmente ruiu. Ver sua verdadeira versão é a melhor coisa que já me aconteceu.

Perto do final do passeio, Jimin me leva a uma das extremidades do barco. Eu seguro no parapeito, e ela se posiciona atrás de mim e abraça minha cintura. Enquanto o barco corta o rio Han, vemos a cidade de Seul toda iluminada.

Quando passamos pela magnifica Seul Tower, os lábios de Jimin roçam na minha orelha, e ela sussurra:

— Eu te amo… — A respiração dela na minha pele faz meu coração disparar. Fico sentindo essa respiração profunda enquanto ela me abraça mais forte. — Te amo de uma forma que não pensei ser capaz — ela conclui com suavidade, me fazendo virar em sua direção.

— Eu te amo, Jimin… mais do que amo a arte.

Ela dá uma risada nervosa.

— Não minta.

— Não estou mentindo.

— Mas você é completamente apaixonada por arte.

— Eu sei, e sou infinitamente apaixonada por você.

Ela sorri e coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. 

— Quer pintar uma tela comigo? — Pergunta.

Olho para ela, surpresa. 

— O quê? 

— Quer pintar uma tela comigo? — Ela repete a pergunta.

Eu sei todo o significado que existe por trás dessa pergunta. E eu definitivamente não irei recusar um convite desses. Na verdade, eu ansiava para que esse dia chegasse logo.

— Quero. — respondo, encostando minha testa na dela. — Quero, sim.

Quando os lábios dela encontram os meus, ela faz esse momento se tornar ainda mais especial. Jimin me beija devagar a princípio, provando cada parte de mim. Depois, o beijo ganha certa sofreguidão e, dessa vez, sinto o sabor da esperança. Quanto mais nos beijamos, mais meu amor por ela cresce. Seus braços me envolvem, e ela me puxa para mais perto, intensificando o beijo.

Beijo seus lábios enquanto minhas mãos descem pelo seu peito até encontrarem seu coração.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top