Capítulo Único
Hermione Granger não estava em um bom dia.
Ela realmente não estava em um bom dia.
Tudo parecia contribuir para piorar ainda mais o mau humor da garota grifinória.
Primeiro, acordou atrasada. Ela nunca acordava atrasada, e isso já a fez se repreender mentalmente mil vezes. Se arrumou de qualquer jeito, já que não tinha tempo algum de sobra e correu para pegar a última carruagem para Hogsmeade.
Segundo, estava frio demais. Não havia sol, o céu nublado indicando possível chuva, um vento gelado que parecia querer cortar Hermione. Não que Hermione não gostasse do frio ,ela amava –principalmente quando nevava –mas naquele dia em questão, era um péssimo dia para ser frio.
Terceiro, ela ficou aguardando os dois melhores amigos por três horas no Três Vassouras. Três horas! Eles haviam lhe enviado uma carta, no começo da semana, marcando o encontro e não apareceram. Isso irritou profundamente Hermione, já que fazia meses desde que ela os viu pela última vez – já que nenhum dos dois voltou para o último ano no castelo – e o pub estava lotado.
Quarto, como o Três Vassouras estava lotado, alguns garotos achavam que Hermione – por estar sozinha – necessitava da companhia generosas deles. Hermione Granger não era nenhuma feira, ela gostava de beijos, do toque e da presença masculina, mas naquele dia em questão era um péssimo dia para paquerá-la.
Quinto, quando finalmente desistiu de esperar que os dois palermas – aqueles que um dia ela chamou de amigos – ela se levantou para ir embora. Ela só não esperava que alguém, que foi empurrado sem querer, jogasse um copo grande de cerveja amanteigada nela. O liquido gelado escorreu por toda a sua blusa. Hermione nem viu a pessoa que derrubou, nem sequer ouviu suas desculpas, apenas saiu fervendo de raiva.
Sexto, quando finalmente chegou ao castelo, desesperada para ir ao seu quarto, ela encontrou Pirraça distribuindo pegadinhas para qualquer um que passasse por ele. Quando ele notou sua presença, Hermione sabia que aquele ser maligno viria atrás dela. Ela simplesmente ignorou a característica da sua casa – coragem – e saiu correndo na direção oposta, ouvindo o maldito a chamando e, provavelmente, e a perseguindo.
Sétimo, ela sentia-se uma sedentária. Ela estava fugindo por dois minutos, e suas pernas já estavam doendo, seus pulmões reclamavam, e ela ofegava como se tivesse corrido uma maratona. Quando ela deixou de ser atlética para essa velha em corpo de jovem? E Pirraça não parecia desistir de caça-la.
Oitavo, ela sequer viu a outra pessoa fugindo na direção oposta. Quando seus corpos se choraram, por reflexo, ela segurou os braços do estranho para evitar a queda. A pessoa também segurou a cintura de Hermione. Foi uma pegada forte – Hermione gostou.
Nono, ela arrependeu-se amargamente de ter levantado da cama quando notou que Draco Malfoy era o dono das fortes mãos que seguravam sua cintura. Ele parecia tão surpreso quanto ela, petrificados demais para largar um do outro.
Décimo, ela amaldiçoou todos daquele castelo quando notou que Pirraça continuava atrás dela. Procurando um esconderijo rápido, tudo que ela achou foi o armário de vassouras. Sua atenção desviou um pouco quando ouviu gritinhos altos e femininos se aproximando, e ela assistiu Draco Malfoy empalidecer rapidamente. Ambos olharam para o armário de vassouras e simultaneamente se enfiaram lá. Outra maldição soou quando ela notou que Pirraça se aproximou a procurando. Ele não podia lhe deixar em paz?
Hermione estava de costas para a porta, com Draco a sua frente, pressionando-a contra a madeira dura. Ela nunca esteve no armário de vassouras, nunca teve motivos, então ficou surpresa com o quão apertado era o lugar. Foi difícil não prestar atenção em como conseguia sentir cada pedaço do corpo do seu inimigo de infância.
Desde que a guerra acabou, e eles retornaram ao castelo, eles tinham um acordo silencioso de ignorarem a presença um do outro. Funcionou muito bem. Eles não tinham trocado uma palavra o ano inteiro. Foi bom. Foi ótimo, na verdade. Mas, estar perto dele, estava lhe causando um estranho e delicioso frio no estomago. Ela não sabia explicar o porquê.
Hermione ouviu passos rápidos do lado de fora, e instantaneamente se aproximou mais do outro garoto, como se isso fosse evitar ser descoberta ali por alguém. Ela ouviu vozes exaltadas e a única coisa que conseguiu entender foi "Draco". Ela não reconheceu nenhuma voz, mas entendeu que procuravam pelo sonserino.
— O que você fez, Malfoy? — Ela tomou cuidado para manter sua voz baixa
— Nada!
Os dois prenderam a respiração, congelando, quando alguém parou bem em frente a porta do armário de vassouras. Ela implorou para Merlin que ninguém os encontrassem. Seria vergonhoso estar escondida no armário – escondida de Pirraça. E também era constrangedor o modo como ela estava pressionada contra o sonserino. E acima de tudo, seria muito embaraçoso ser encontrada ali dentro com Draco Malfoy.
Mais passos se aproximaram, mais gente vindo, e gritos altos. Como seu corpo parecia ser uma extensão do garoto, Hermione sentiu a tensão dele aumentar, ficando mais nervoso.
— O que você fez, Malfoy? — Ela perguntou de novo, ofegando um pouco, quando a resposta chegou muito perto da sua orelha
— Não fui eu. Foi o Nott — Ele se defendeu
— Certo. O que o Nott fez?
— Ele, possivelmente, deu Amortentia a um grupo de alunas.
— Amortentia? — Ela repetiu, erguendo o rosto para poder olhá-lo nos olhos
Foi uma péssima decisão. O rosto dele, como todo o corpo, estava muito próximo e sua ação fez o nariz dele arrastar por sua bochecha. A ponta do seu nariz estava gelada. Ela engoliu em seco quando ele olhou para ela, com um brilho estranho, o que a deixou nervosa.
— Sim, Amortentia — Ele respondeu, num tom baixo, mais rouco que ela pensava que sua voz era
Hermione quis se azarar. Porque ela estava reparando no tom de sua voz? Porque ela estava sendo afetada pela presença dele? Era só o Malfoy!
— Porque? — Ela perguntou, escolhendo olhar para o ombro dela, não confiando muito em si mesma caso olhasse demais nos olhos acinzentados do Malfoy
— Talvez eu, hipoteticamente, tenha persuadido um bando de garotas para incomodá-lo. Em retaliação, ele enfeitiçou essas garotas para me perseguir.
— Mas, porque fugir? Você tem uma fama de gostar de toda essa atenção — Hermione murmurou
— Era um bando de garotas feias — Ele revirou os olhos — Eu não fico com garotas feias.
— Malfoy, isso é mesquinho — Hermione resmungou, de novo, erguendo o rosto para vê-lo melhor
Outro arrepio lhe percorreu. Ela percebeu que sua pele era macia. O olhar dele tinha aquele brilho de novo. Ela precisava por espaço entre eles ou acabaria mordendo a bochecha dele apenas por um instinto louco que ela nunca teve.
Ela recuou um centímetro, batendo com a cabeça na porta, perdendo o folego quando Malfoy a puxou contra si.
— Não faça barulho, Granger — Ele ordenou
Os dois esperaram, ansiosos, para ver se alguém os tinha descoberto. Hermione precisou fechar os olhos. Malfoy estava muito perto, ela podia sentir o cheiro do seu perfume, sentir o calor do seu corpo. E ele ainda não tinha recolhido as mãos.
— Respire, Granger — Ele ordenou, sua voz arrastada, sua boca quase colada em sem ouvido
Ela abriu os olhos apenas para encarar o olhar cretino dele. Ela lutou contra a vontade de bater nele, odiando aquele olhar, e queria se azarar por se deixar afetar tanto. Era só o Malfoy!
— Porque você estava fugindo? — Ele perguntou
Hermione ficou confusa. Ele queria mesmo iniciar uma conversa? Agora?
— Pirraça — O nome saiu num tom raivoso
— Oh — Draco respondeu — O que ele jogou na sua blusa? Cheira a cerveja amanteigada.
— Foi cerveja amanteigada — Ela resmungou — Mas não foi ele, foi alguém no Três vassouras.
Hermione olhou para a enorme mancha na blusa azul bebe. Sua blusa favorita estava manchada e fedendo a cerveja. Na sua raiva, ela nem notou que o tecido molhado estava grudado no seu corpo.
— Dia ruim, hum?
— Você nem imagina — Ela reclamou
Os dois trocaram olhares quando ouviram os sons de passos. Podia não ser nada. Ou podia ser tudo.
— Quanto tempo teremos que ficar aqui? — Ela perguntou
— A poção deve parar dentro de uma meia hora — O loiro respondeu — Passei horas fugindo delas.
— Nunca pensei que veria Draco Malfoy fugindo das garotas — Hermione murmurou
— Como já disse, elas eram feias!
— Isso é ridículo! Você não pode julgar as pessoas por sua aparência!
— Pelas cuecas de Merlin, eu não vou ficar com uma bruxa feia — Ele revirou os olhos
— Nossa, Malfoy, você é tão superficial — Ela reclamou — Tem mais algum atrativo que o senhor Não-fico-com-garotas-que-eu-acho-feias aprecia numa garota?
Ela não entendeu o olhar estranho que ele lhe deu. Foi cheio de malicia, tentador, cheio de calor. Ela odiou como seu corpo reagiu a esse olhar.
— Ela tem que ter uma boca pequena e carnuda — Os olhos dele desceram para a boca dela, e de modo inconsciente, ela lambeu o lábio inferior tendo toda a atenção de Draco no ato — Tem que ter belos peitos. Nada muito grande e nem muito pequeno. Tem que ser perfeito para colocar na boca — O olhar dele desceu para o discreto decote da sua blusa, ela nem lembrava onde deixou seu casaco, estudando por um longo período antes de continuar — Gosto quando tem cintura fina. Perfeita para minhas mãos — Ele apertou, sem sutileza alguma, sua cintura como se tivesse testando algo — E o meu favorito: Uma bunda perfeita para ser agarrada.
Hermione podia tê-lo impedido. Ela viu o que ia acontecer. Viu nos olhos dele. Viu sua intenção. Mas deixou acontecer mesmo assim. Ela não disse nada. Ela deixou. As mãos dele escorregaram da sua cintura, passando pelo cós da sua calça até chegar na sua bunda. Ele hesitou por alguns segundos, talvez tão nervoso quanto ela, antes de plantar as mãos firmemente na sua bunda. Dando-lhe um apertão duro.
Hermione sentiu sua garganta secar, seu coração disparar, ela não podia acreditar que estava excitada com as palavras dele. Não era possível. Como isso aconteceu? Era só o Malfoy!
Draco parecia tão surpreso quanto ela. Ele estava chocado, talvez por suas palavras, talvez por ela ter reagido a ele.
Ele recolheu as mãos, e Hermione recuou o máximo que podia, desesperada para colocar alguma distância entre os dois. Não era muito. Ela ainda podia sentir os músculos dele, sua respiração mais forte que antes, e principalmente, ela podia sentir algo mais abaixo da linha do quadril dele. Algo duro – muito duro – querendo transpassar a calça social que o garoto usava.
— Malfoy? — Ela ficou envergonhada ao perceber o que estava sentindo
— Hum? — Ele não lhe deu muita atenção
— O que está fazendo? — Ela perguntou e isso o forçou a sua atenção
— Nada.
— Uma parte de si está — Ela não arriscou olhar para ele, nem para ao que ela se referia, já estava bastante envergonhada apenas por senti-la tão fortemente
— Eu não controlo essa parte! — Ele se defendeu, mas não parecia realmente incomodado com a situação
— Eu vou virar — Hermione avisou, não conseguindo pensar direito, e sentia que precisava fugir daqueles olhos dele
Foi um esforço conseguir virar-se, mas ela preferia encarar a madeira da porta do que o Malfoy, isso forçaria sua mente a pensar em outras coisas além das ideias absurdas que ela estava tendo.
— Granger? — Ele chamou, num barítono rouco e grave, perto do seu ouvido direito
— Sim?
— Assim é pior.
Ela percebeu isso. Draco ainda estava com o corpo colado no dela, só que agora nas suas costas, então sua ereção se aconchegou entre as nádegas dela. Ela estava procurando uma saída, mas sua mente estava em branco. Tudo que ela podia sentir, e pensar, era Draco Malfoy. As mãos dele agarraram sua cintura, puxando-a mais para perto, afundando-o mais nela – suas roupas eram a única barreira.
— Ma-malfoy — Ela gaguejou
Ela não conseguia pensar com ele tão perto.
Ela não conseguia afastá-lo.
Ela não conseguia não querer mais.
Hermione não estava preparada para ele lhe dar um beijo, casto e demorado, logo abaixo da sua orelha, aquele sempre foi o seu ponto fraco.
Havia uma parte de si que insistia em lembra-la que isso não podia acontecer. Ela deveria se afastar, azara-lo, e sair daquele confinado lugar. Mas a outra parte, aquela que estava vencendo, ficava repetindo "carpe diem", ou seja, aproveite o momento.
— Vire-se, Granger — Ele ordenou
Hermione nunca acreditou que haveria um dia que ela obedeceria uma ordem de Draco Malfoy. Mas, ali estava ela, obedecendo tão rápido que parecia estar sob a Maldição Imperius. Quando ela se viu de frente para ele, Draco a empurrou contra a porta, chocando suas bocas num beijo desesperado. Eles nem lembravam porque estavam ali ou porque precisavam ficar em silencio. Esqueceram quem era e as consequências. Esqueceram tudo, exceto um ao outro.
Não era o seu primeiro beijo, mas definitivamente foi o melhor. Victor sempre foi muito tímido, Comarc tinha sido molhado demais, e em todos aqueles meses namorando Rony, nunca tinha sido assim. Draco Malfoy merecia tudo que falam sobre ele e seus beijos.
Ele beijou como se tivesse algo para provar, como se quisesse marca-la, possui-la de todas as formas possíveis. Hermione não fazia ideia de como sobreviveria depois disso. Como ela voltava a viver sua vida depois disso?
— Malfoy — Hermione murmurou, afastando-se quando seus pulmões clamaram por oxigênio — Oh Merlin!
Draco lhe deu um sorriso cheio de malicia antes de beija-la de novo. E de novo. E de novo. Hermione não sabia que sua boca podia ficar sensível, mas isso aconteceu, ela nem conseguia passar a língua pelos lábios sem estremecer de dor. Ela estremeceu quando Draco deu outro apertão em sua bunda.
O momento foi quebrado quando ouviram conversas do lado de fora. Hermione conseguiu ouvir perfeitamente quando comentaram que Harry e Rony estavam no castelo. Seus amigos irritantes provavelmente estavam ali por ela, procurando por ela. E ela estava escondida no armário de vassouras com Draco Malfoy.
— Eu tenho que ir — Ela murmurou
Ela lamentou quando Draco assentiu e afastou-se, recolhendo suas mãos faceiras, dando chance para ela abrir a porta.
Mas antes que ela conseguisse sair, ele a puxou uma última vez, dando-lhe outro beijo. Um mais calmo, controlado, um beijo de despedida.
— Ainda tendo um dia ruim? — Ele perguntou, malicioso
— Não mais — Ela respondeu, retribuindo o sorriso dele — Nos vemos por ai, Malfoy.
Hermione Granger estava tendo um bom dia.
Ela realmente estava em um bom dia.
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