𝟬𝟭𝟳. NOITE SANGRENTA, PARTE UM

Atenção por favor, as luzes irão se apagar em 30 minutos. Jogadores por favor, voltem para suas camas e se preparem para dormir.

APÓS A BRIGA NO DORMITÓRIO e depois,
no banheiro, que acarretou cinco mortes ─ três do lado do círculo e duas do lado do xis, os nervos no ambiente estavam à flor da pele. Provações do lado do círculo e defesa do lado do xis... tudo que o líder e seus patrocinadores queriam está acontecendo: divisão na pequena sociedade dos jogos e confusão proveniente da divisão daqueles que queriam ir para casa e dos outros que pensavam no dinheiro em primeiro lugar. Com o placar de 48 x 47, com uma pequena vantagem para o lado do xis e os círculos os acusando de provocar a briga no banheiro, com certeza, aquela noite seria especial.

─ Quando as luzes apagarem, o grupo deles vai atacar a gente, porque assim o prêmio sobe e eles ganham a votação amanhã. ─ Gi-hun, o único que já havia jogado os jogos, dava as dicas para os outros. Eles formaram uma roda entre as camas e se juntaram para bolar um plano.

─ E o que a gente faz? ─ Perguntou Dae-ho.

─ Nós vamos atacar primeiro. Quando a luz apagar, a gente ataca e pega eles de surpresas. ─ Disse In-ho, achando que esse seria o melhor plano para o grupo deles. Claro, bem conveniente da parte dele falar isso. ─ Tem mais mulheres e idosos do nosso lado, a gente vai ter que agir!

─ A gente não pode fazer isso. ─ Retrucou o Seong.

─ Você mesmo disse que tínhamos que sair desse lugar... Só fazendo isso conseguimos escapar!

─ Mas eu disse pra gente trabalhar em equipe, não pra sair matando uns aos outros. ─ Gihun nunca concordaria em fazer o que o líder ou os observadores queriam. ─ É isso que eles querem Os desgraçados ficam assistindo o jogo! Se a gente for lutar contra alguém, só pode ser contra eles!

Essa era a ideia dele, Junyu, Junho e Taemin desde o começo quando toparam ajudar o homem a destruir o jogo. Pelo visto, esse era o momento de iniciar o plano que eles estavam desenvolver desde o começo.

─ Onde é que eles estão? ─ Perguntou Jungbae.

─ Lá em cima. ─ Respondeu Hwang Junho. De todos, ele é o que mais sabia sobre as outras salas, após se infiltrar como um guarda dois anos atrás. ─ A sala fica lá em cima... é onde eles controlam o jogo.

─ Você também já jogou? ─ Junhee perguntou, surpresa.

─ Não, eu era policial na época, então me infiltrei pra procurar meu irmão.

─ Vocês estão vendo... eu tenho o melhor irmão do mundo! ─ Hwang Inho apoiou o braço no ombro esquerdo de Junho e sorriu para o mias novos. ─ E cunhada também... ela veio até aqui me procurar.

─ Vamos lutar com? Eles estão armados. ─ Indagou Taemin. ─ Vão nos matar antes que esse garfo alcance o pescoço deles.

─ Vamos roubar as armas dos mascarados. ─ Falou Gihun.

─ É perigoso demais. Mesmo que a gente roube algumas, eu tenho certeza que eles estão em número maior. ─ In-ho soltou uma risada sarcástica, levantando essa ideia como se fosse um absurdo.

─ Você tem muitas certezas. ─ Cho Junyu se pronunciou na roda, encarando In-ho. ─ Só quem tem certeza, é quem viveu.

─ A gente venceria? ─ Perguntou Hyunju.

─ Vamos aramar uma emboscada. ─ Junyu deu dois passos para frente, com os braços cruzados na altura dos seios. ─ Eles não vão imaginar esse ataque. Não temos muitas chances de sair daqui... principalmente se os idiotas do outro lado nos atacarem.

─ De noite, quando a briga começar, vai ser a nossa chance! Quando as luzes acabarem, vão pra baixo dos beliches sem fazer barulho. ─ Seong Gihun já tinha basicamente um plano pronto, então só precisavam colocar me prática. ─ A gente não pode deixar os desgraçados dos círculos saberem onde a gente está. Temos que ficar escondidos, sem fazer barulho e esperar a luta acabar! Não podemos nos envolver na briga de jeito nenhum.

─ Os círculos vão ficar com a vantagem grande. ─ Jungbae falou.

─ Eu sei, só que se a gente também entrar nessa briga e alguém aqui ficar machucado ou morrer, a nossa missão vai fracassar.

─ A ideia aqui é... Se sacrificar por um bem maior, Gihun? ─ Inho questionou o amigo com uma expressão confusa.

Por mais que Hwang In-ho não fosse a pessoa mais correta para citar esse detalhe no meio da conversa, ele tinha razão. Era cruel pensar que alguns precisariam se sacrificar para que outros ficassem vivos e tentassem derrotar o jogo. Eles não tinham nenhuma garantia de que daria certo. E outra... a vida de ninguém ali valia mais do que a de outras pessoas. Mesmo que alguns fossem mais fortes e outros lutassem, enquanto a maioria não conseguisse fazer o mesmo, não quer dizer que eles podiam se sacrificar. A ideia era exatamente salvar os mais frágeis, não o contrário.

─ Se a gente perder essa chance, o sacrifício vai ser ainda maior. ─ Gihun não parecia nenhum um pouco aquele mesmo Gihun da última vez que jogou. Ele não estava nenhum pouco sentimental. ─ Mesmo que seja um sacrifício, a gente precisa acabar com esse jogo agora!

─ Se é assim, eu luto com vocês, Gihun. ─ Disse In-ho, concordando.

─ A briga não vai durar muito. Eles não vão querer que muitos jogadores fiquem machucados ou morram. ─ Ele sabia que os guardas só esperariam a briga e a confusão se instalar, ter algumas mortes e entrariam fingindo que não queriam que isso acontecesse. ─ Então quando eles entrarem, fingimos de mortos e pegamos as armas.

─ Nós deveríamos salvar os mais fracos, não colocá-los no fogo. Então vai ser o seguinte... ─ Junyu entendia muito bem de estratégia e, apesar de saber que sacrifícios às vezes precisavam ser feitos, não seria ela a deixar outras pessoas morrerem por ela. ─ Vocês podem fazer o que quiser, mas eu vou lutar.

─ Eu também. ─ Concordou Ko Taemin, se levantando e ficando ao lado dela. ─ Eu não queria matar ninguém, mas não posso deixar que eles façam isso com a gente.

─ Penso o mesmo que eles. ─ Claro, Hwang Junho também concordou. Ele estava sempre com aquela síndrome de herói dentro dele e não conseguiria deixar sua esposa se arriscar sozinha. ─ Somos treinados, então temos mais chances.

─ Por isso vocês deveriam se esconder! ─ Gihun desaprovação totalmente a ideia de expôr seus principais combatentes.

─ Não vai rolar. ─ Respondeu Junyu, batendo o pé firme no chão e encarando Gihun de frente. Ela gostava muito dele e tinha criado um vínculo com o antigo melhor amigo do seu pai, mas nunca deixaria de salvar as pessoas e se esconderia como uma covarde. ─ Preciso de voluntários... sei que é difícil, mas vamos arriscar nossas vidas de qualquer jeito se continuarmos aqui.

Cho Junyu sempre aprendeu que obrigar as pessoas a fazer algo absurdo nunca era uma boa opção ─ mesmo em uma situação difícil como aquela. A ideia de ter alguém te jogando para os leões, era a mesma sensação de ser traído e ser descartado. Qualquer pessoa se sentiria um lixo ao escutar que alguns se esconderiam porque não podiam se arriscar, enquanto outros, basicamente serviriam de isca porque eram inúteis. Até mesmo para aqueles que quisessem buscar por uma chance de viver e ter forças para lutar, sentiriam-se fracos demais e se entregariam de vez para seus inimigos. A questão de fazer o outro se sentir útil e capaz de mudar algo muda totalmente a mente de alguém, o fazendo lutar pelo que acredita, mesmo que isso custe sua vida.

─ Eu... eu quero ajudar. ─ Um dos jogadores, que sequer foi cogitado para se esconder, levantou a mão. ─ Minha filha não sentiria orgulho de mim se eu não tentasse ajudar.

─ Eu também. ─ Outro falou. ─ Se eles podem lutar, também podemos!

Por mais que estivessem morrendo de medo, outros jogadores foram levantando as mãos ao se sentirem confiantes.

─ Ótimo! ─ Junyu bateu duas palmas e olhou Lara o relógio. ─ Temos 25 minutos... é o suficiente pra ensinar algumas técnicas fáceis pra vocês. ─ Junnie, Jun e Tae sabiam técnicas fáceis de aprender e que ajudariam para aquele momento. Além do mais, muitos deles haviam ido para o exército e tiveram aulas de combate. ─ Isso não quer dizer que vão viver, mas podemos ter uma chance maior de sobreviver.

A pedido de Cho Junyu, Ko Taemin e Hwang Junho foram com o pequeno grupo até uma parte que não dava para os jogadores que votaram no círculo, observarem. Kim Junhee puxou a nova melhor amiga pelo braço até uma cama vazia longe dos outros e sentou-se, trazendo ela consigo. As duas encararam-se em silêncio durante alguns segundos, esperando que a outra começasse o assunto. A Cho sabia muito bem do que a Kim queria saber ─ e percebendo que ela seria mais uma pessoa em sua vida, preocupada o suficiente com ela para fazer perguntas de tanta preocupação.

─ Eu sei, eu vou contar. ─ Junyu respondeu a perguntar que Junhee queria lhe fazer, mas esperou que a própria Cho criasse consciência do assunto. ─ Você não sabe o quanto eu quero contar a ele, mas eu conheço o Jun-ho e ele vai acabar se arriscando por mim. ─ Isso seria a primeira coisa que ele faria se soubesse da suposta gravidez. Além de claro, tentar impedir que Junyu fizesse qualquer coisa. ─ Eu não  posso perder o Junho e se ele não focar no plano, nós vamos acabar ficando aqui.

─ E se algo acontecer, Junyu? ─ Junhee tinha medo só de pensar. ─ Você está se arriscando... deveria ficar comigo! As pessoas iriam entender.

─ Não vai acontecer... eu prometo. ─ Ela não podia prometer e possivelmente estava sendo muito imprudente em seu primeiro mês de gravidez. ─ É só essa noite e nós vamos embora.

─ Fica comigo, por favor!

─ Eu também estou com medo, Jun-hee, mas eu não posso deixar as pessoas morrerem em vão. ─ Junyu tinha uma péssima mania, ou boa se depender do caso, de sempre querer salvar e ajudar os outros, e deixar sua segurança para depois. Mas ela não poderia fazer isso para sempre... além do mais, estava grávida. ─ Eu não vou me arriscar tanto, eu prometo... mas preciso ficar pra ajudar.

─ Vocês três são muito teimosos! ─ Referiu-se a ela, o marido e Taemin.

Junyu realmente não queria se arriscar do jeito que Junhee estava pensando... por mais que parecesse, mas ela queria ficar de apoio. Sabia que seria sangrento e deixar aqueles selvagens matar outras pessoas por dinheiro estava fora de cogitação. Apesar de terem opiniões diferentes e Kim Junhee continuar insistindo, acabou que a mais nova cedeu e disse para ela ter cuidado. Pedindo para que ela ficasse perto de Junho ou de Taemin só para ter uma segurança ─ já que os dois com certeza a defenderia. A Cho prometeu para si mesma que, após aquela noite, assim que conseguissem as armas, contaria.

Os minutos passaram, até que todos organizaram o resto do plano que queriam organizar e foram se deitar em suas camas. O cronômetro no telão gigante marcava naquele momento um minuto. Faltava apenas um minuto para o início da noite. Os segundos foram passando e as luzes se apagando, causando uma tensão ainda maior. Quando o cronômetro parou e as luzes apagaram-se de vez, o silêncio tomou conta do local.

─ Eles estão se aproximando. ─ Junyu sussurrou para o marido, que estava do lado dela no colchão. De tanto fazer treinamentos em campo e ter experiências que precisava de uma boa audição, ela acabou desenvolvendo sensibilidade.

─ Fica perto de mim, entendeu? ─ Junho basicamente ordenou, sem tirar os olhos da escuridão. Não estava tão escuro que não desse para ver nada, então conseguiria ver alguma sombra. ─ Isso não é um pedido.

Era como se ele estivesse adivinhando.

─ E você também. ─ Retrucou a mulher, segurando firmemente o garfo na mão direita. ─ O Gi-hun disse que temos de cinco minutos há dez minutos. Conseguimos aguentar...

Um vento frio adentrou o corredor do lado deles do dormitório. Junyu e Junho viram duas sombras vindo de lados opostos, cada um para um lado, na direção deles. Quando os dois homens se aproximaram o suficiente, Junyu chutou o homem bem no meio do estômago e Junho pulou da cama antes que o outro o furasse com o utensílio. A gritaria e o terror começou no dormitório quando os jogadores que votaram no círculo atacaram os que votaram no xis. As luzes piscavam e apagavam, para dá uma certa iluminada no ambiente, ao mesmo tempo que não o deixava tão exposto.

Como foram ensinados pelos militares e pelo ex policial, os jogadores se defenderam e atacaram o jeito que podia ─ mesmo que não fosse na intenção de matar ninguém, ao menos, conseguiriam ferir o outro lado e sobreviver.

Junyu se esquivou do homem quando ele tentou avançar na direção dela, e se agachou na hora certa, dando uma garfada na perna do homem. Ele andou para trás, dando um grito de dor, e sem conseguir enxergar nada, recebeu um chute na lateral do ouvido, o fazendo bater a cabeça na barra de metal da cama e cair no chão desmaiado. Junho lutava do outro lado com o mesmo homem, um bem mais forte, mas dava conta dele ─ tanto que conseguiu espanta-lo para longe quando ameaçou ir para cima dele com o garfo. Taemin também não estava muito longe dele e assim como os dois, não corria perigo naquele momento, devido suas grande habilidades.

A Cho pulou por dentro do beliche e chutou uma mulher  do outro lado, quando a mesma tentou atacar um dos jogadores por trás. A jogadora que votou no círculo caiu no chão e se levantou rapidamente, tentando avançar nos dois, mas foi impedida ao levar ser morta por um outro jogador do lado do xis que, revoltado por ter sido ferido no braço pela mesma, devolveu muito pior.

Antes que Cho Junyu pudesse ir ajudar outra pessoa, uma mão foi no seu cabelo e a puxou para fora dos beliches, a arrastando por uns dois metros antes que a mesma conseguisse se separar da agressão. Ao olhar para a pessoa entre as luzes piscando, Junnie deu de cara com Choi Su-bong, Thanos, seu antigo inimigo no tempo de colégio e agora, o cara que vivia enchendo seu saco nos jogos porque jurava estar apaixonado. Ao lado dele estava Nam-gyu, seu cachorro de quintal, com uma expressão feliz e assombrosa. Os dois claramente estavam drogados.

─ Gatinha, não acredito que estamos de lados diferentes! ─ Thanos falou como se realmente estivesse triste, mas Junyu nunca acreditaria em suas palavras. ─ Eu tentei muito trazer você pra junto de mim, mas você não quis...

─ Por favor, não vai me dizer que você realmente resolveu se apaixonar por mim assim do nada... ─ Junyu arrumou sua postura, segurando o objeto afiado na mão. ─ Se drogou tanto que esqueceu o que você  me fez passar? Não seja ridículo.

─ Hm... não! ─ O homem sorriu ironicamente. ─ Mas você não viu? Eu mudei de ideia! Eu queria te ajudar, Junyu.

─ Mas eu não quero sua ajuda. ─ Retrucou.

─ Então eu vou ter que te matar... ─ Thanos fez uma expressão triste, limpando o sangue das costas das mãos. ─ Se eu não posso ficar com você, ninguém mais pode... ─ Ele fingiu enxugar as lágrimas e encarou a mulher. ─ Acho que é aqui que a nossa história termina.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top