𝟬𝟬𝟱. CORAÇÕES ENTRELAÇADOS
AS IDEIAS DE CHO JUNYU E HWANG JUNHO costumavam convergir a maioria das vezes, sendo esse, um adjetivo atribuído a tudo aquilo que seguia o mesmo direcionamento. Seus pontos concorriam para um mesmo local, com os mesmo objetivos ou propósitos, mas... desde a última ideia de Junyu de trazer seu ex namorado Ko Taemin e alguns ex fuzileiros das forças especiais que ela conhecia, suas ideias se divergiram. Porque? Junho não queria ver novamente a cara de Taemin nem que ele estivesse pintado de ouro. Não confiaria nele nem se ele implorasse de joelhos depois de toda aquela palhaçada do dia anterior.
Refletindo suas propostas opostas, o casal caminhava pelas ruas de um cemitério famoso da cidade. O sol brilhava naquele fatídico dia do aniversário da morte de Oh Hyojeong, a esposa de Hwang Inho. Para prestar homenagem, como faziam todos os anos desde que o irmão mais velho sumiu, os dois foram para prestar suas condolências, falar um pouco espiritualmente com Hyojeong e levar rosas brancas. O silêncio proposital e um pouco desconfortável por causa da situação entre eles, dava espaço para o canto dos pássaros e a apreciação da manhã.
Por mais que não estivessem de acordo com a mesma coisa naquele momento, eles não deixaram de estar próximos um do outro. Suas mãos mantinham-se próximas, grudadas e entrelaçadas. A aliança dourada no dedo anelar da mão esquerda dos dois, com letras marcadas delicadamente, brilhava todas às vezes que entrava em contato com o sol. Junyu acariciava carinhosamente com o polegar as costas da mão dele, passando segurança. Junho olhava para ela de vez em quando, discretamente, apenas para checar se estava tudo bem. Ambos estavam muito bem arrumados. Ele com um terno preto, camisa social branca por dentro, com direito a gravata e sapato social, e ela com um vestido longo também de cor preta que havia ganhado de presente da própria Hyojeong.
Após subirem todo o morro, encontraram o túmulo da mulher. Apesar da senhora Park ter pedido para conferir se Hwang Inho estaria no local, já que era aniversário da morte de sua esposa e que talvez tenha deixado alguma flor, as únicas flores que tinham estavam secas, da última vez que Junho e Junyu foram visitar. O túmulo era cinza com pontinhos pretos. Pregado bem na frente haviam três fotos: uma da mulher sozinha, outra com Inho, e a última, no final, de toda a família, contando com Junyu e Sangwoo. Hyojeong não tinha mais sua família vida, pois seus pais haviam morrido, então os Hwang e os Cho eram os únicos que ela tinham como família.
─ Hyojeong, como você está? ─ Junyu falou, como se esperasse uma resposta. ─ Trouxemos flores... de novo. Parece meio repetitivo, mas eu juro que estamos escolhendo as melhores! ─ Ela riu, mais para si mesmo, do que por graças. ─ Sentimos sua falta... prometo que vou trazer o In-ho de volta... mesmo que seja difícil.
Junho olhou para a mulher instantaneamente, tentando entender seus sentimentos e o que aquelas palavras significavam. Ela estava com raiva? Ela queria ajudar o cunhado? Ela queria mata-lo? Pela primeira vez na vida Hwang Junho não sabia o que se passava na cabeça de Junyu e isso o deixava ansioso. A Cho olhou para ele e esperou que o mesmo continuasse, dando a entender que já havia terminado.
─ Bom... ─ Ele nem sabia o que falar... estava com vergonha por não ter conseguido fazer nada pelo irmão. ─ Eu também vou continuar fazendo o possível, como a Junyu, então... fique bem e tranquila.
Os dois abaixaram a cabeça, cumprimentando o túmulo, fazendo reverência e dizendo mentalmente palavras bonitas. Um minuto de silêncio foi o necessário para que as orações fossem feitas e os dois pudessem celebrar esse dia em paz. Junyu tocou uma última vez no túmulo de Hyojeong, passando a ponta dos dedos pelas fotos e sorrindo ao sentir saudades daqueles momentos. Ela sabia que nunca mais teria sua família completa e isso doía. Por sorte, Junho poderia completar esse pedaço arrancado do peito dela ─ assim como a mesma poderia fazer por ele.
Exausta, Junyu caminhou até alguns bancos de madeiras na frente dos túmulos. Ela sentou de frente para a vista, admirando aquela vista por um momento e fechando os olhos por alguns segundos, apenas para sentir a brisa e o ar puro acalmar um pouco sua amargura. Junho fez o mesmo, relaxando por um mísero tempinho, sentindo sua mão direita ser agarrada pela mão esquerda da esposa. Ao abrir os olhos simultaneamente, eles olharam um para o outro, sorrindo como conforto ─ era a primeira vez em tantos dias que eles tinham um momento de tanta tranquilidade.
─ Sei que estou te pedindo para aceitar algo que você não tem obrigação nenhuma e sei que te incomoda, mas... precisamos dele. ─ Junyu falou com sinceridade. Ela sabia que era difícil aceitar isso, levando em conta a pequena discussão anterior. ─ Como eu posso te dizer isso... eu sei que ele parece insuportável e sim, às vezes ele é, mas... eu confio nele.
─ Confia? ─ Questionou, Junho. ─ Você confia mesmo nele?
─ Sim. ─ Ele confirmou. ─ Ele tem o que poucas pessoas tem... caráter. ─ Escutar aquilo era realmente surpreendente, porque não era todo mundo que recebia esse tipo de elogio de Cho Junyu. ─ Ele é uma pessoa leal e correta. Eu confio nele.
─ Nossa... ─ Junho olhou para a mão dos dois, com um pouco de ciúmes. Escutar Junyu falar de outro homem, principalmente de se ex, com tanta satisfação, o deixava com ciúmes. ─ Você realmente gosta dele, não é?
─ Junho, por favor, eu te amo! ─ Disse Junyu, sabendo que ele estava falando aquilo por ciúmes. ─ Você é o amor da minha vida... já te disse isso quantas vezes? ─ Não dava para contar, foram muitas. ─ Você sabe que eu não faria isso se não estivéssemos precisando de gente. E... você sabe que eu não confio em todo mundo. Nunca traria alguém em quem não confio.
─ E os ex fuzileiros das forças especiais? ─ Contestou, sabendo que ela não confiava totalmente neles.
─ Eles trabalhavam comigo antes de serem demitidos por corrupção... fariam qualquer coisa por dinheiro. ─ Sabendo como reagia todo tipo de vigarista, ladrão ou qualquer um que quisesse dinheiro, ela sabia como eles eram leais. ─ Eles são leais ao dinheiro e ao chefe... e ele confiam em mim.
─ Porque? ─ Ele arqueou a sobrancelha. Junyu já havia contado sobre os tais membros da corporação que haviam sido exonerados por corrupção.
─ Porque eu estou dando a oportunidade deles trabalharem novamente e agora, sem precisar de regras ou limites. ─ Respondeu, encarando o marido. Junyu sabia como ministrar essa situação. ─ Estou pagando eles e dando um propósito. Não interessa se eles forem amigos, se um trair o grupo, sabe que vai ter que pagar.
Apesar da polícia ter suas regras entre eles, Junho não precisava lidar com essas coisas que Junyu precisava ─ nem mesmo quando fez seu serviço obrigatório. O exército ou as forças especiais era muito mais agressiva e combativa, treinada para combate, sobrevivência e operações em ambientes hostis. Além de claro, a lealdade.
─ Vocês levam isso a sério mesmo, não é? ─ Ele riu para quebrar o clima. Mesmo sabendo que não conseguia confiar em nenhum deles, se Junyu falava que eles seguiriam as ordens, ele confiava na palavra dela. ─ Tinha esquecido que você conhecia pessoas perigosas.
─ Prometo que isso vai ser até acabarmos com os desgraçados nos jogos. ─ Junyu aproximou-se mais do marido e entrelaçou os dois braços por dentro do braço direito. ─ E quando acabar, podemos voltar para nossas vidas.
─ Eu ainda não confio nele... ─ Resmungou o agora, ex guarda e ex policial, já que ele havia pedido um afastamento completo de um mês do cargo. Referiu-se a Ko Taemin. ─ E ele ainda é sem noção.
─ Não é como se fosse uma disputa.
─ Porque não? ─ Perguntou Junho.
─ Porque eu sou sua. ─ Junyu respondeu, pousando a cabeça no ombro do Hwang. ─ E sou sua esposa.
Junho soltou uma risada, sentindo-se muito mais confiante do que antes ─ ele amava escutar aquelas palavras. Tanto que todas as vezes que referiu-se a Junyu, falava em alto bom som "minha esposa", "minha mulher" ou "minha Junyu", dito como pronome possessivo pela palavra "minha" e pleo sentimento de ser casado com a mulher que ele mais ama nesse mundo.
─ Já notou que todas às vezes que viemos aqui um pouco tristes, saímos felizes? ─ Indagou o homem. Seus coração estava muito mais leve após aquela conversa, mesmo que ainda tivessem desconfianças em relação a Taemin.
─ É... a Hyojeong faz sempre um bom trabalho. ─ Respondeu Junyu, agradecendo mentalmente a sua amiga. Ela sentia que a mulher sempre ajudava os dois.
Depois de um jantar um pouco tenso com Park Malsoon, a mãe dos Hwang, os dois foram até a pousada Pink. A mãe de Junho ficou se culpando mais uma vez sobre o desaparecimento de In-ho, dizendo que era tudo culpa dela e que não pode ajudar quando a esposa dela ficou doente. In-ho era um bom policial na época, mas foi desonrado e demitido da corporação por ser acusado de corrupção.
Com a esposa grávida e doente, ele precisava de dinheiro para cobrir as despesas médicas. No entanto, nem sua própria família, ou a família Cho tinha dinheiro na época, então não conseguiam ajudar. Então, a verdade é que In-ho passou a aceitar ajuda de alguém que sabia de seu problema, mas a polícia achou que era suborno ─ e se era ou não, de acordo com o lado de Hwang Inho, ele nunca havia feito isso. De tanto aceitar ou pedir dinheiro emprestado por causa de sua mulher com cirrose, que precisava de um transplante fígado, ele acabou ficando endividado e, bom... recebeu o cartão com os símbolos e entrou para os jogos.
Oh Il-nam, o anfitrião, com certeza viu um potencial no jogador 132, no vigésimo oitavo jogo, em 2015. Ele estava desesperado e precisava salvar a mulher, então fez de tudo para ganhar! Quando ele ganhou e saiu, descobrindo que havia perdido a mulher e o filho, sua vida parou de fazer sentido. Então, aproveitando a oportunidade e a fraqueza do homem devastado, o dono do jogo fez uma proposta para o In-ho. O velho estava doente, com um tumor cerebral, então precisava de alguém para ficar no seu lugar e seguir com tudo aquilo. E, desiludido e com raiva do mundo, Hwang Inho aceitou.
Junho chegou a achar que Inho deveria estar com raiva da família, já que quando era mais novo doou o rim para ele, assim como a falta de ajuda no tratamento da esposa, mas Junyu disse que não. Ela não achava que In-ho estava com raiva deles, apenas de si mesmo por não impedir a morte da mulher e do filho. Inclusive, a Cho tem quase certeza absoluta que Inho deveria estar tentando afasta-lo de tudo, para que eles não achem o local e possam esquecer de tudo.
─ Senhorita forças especiais e senhor ex policial. ─ Wooseok os cumprimentou assim que chegaram na sala. ─ Então, estão prontos?
─ Claro. ─ Junyu concordou. ─ Quer me apresentar os seus?
─ Esses caras são todos ex fuzileiros! ─ O Choi aprontou para os homens encostados na parede. Junyu cumprimentou cada um deles educadamente, enquanto Junho apenas acenou com a cabeça. ─ Esses daqui eram da UDT. E os seus?
─ Senhores Kim, Song e Yoon. ─ Ela apresentou primeiramente os homens, do lado esquerdo e depois, as mulheres do lado direito. ─ E senhoras Kang e Kim B. ─ Apontou para as mesmas.
─ E eu, Ko Taemin, ao seu dispor. ─ O ex militar adentrou a sala vom uma mochila pendurada no ombro direito. Ele a jogou de lado e aproximou-se de Cho Junyu. ─ Não é, capitã Cho?
Junyu revirou os olhos, sorrindo de lado. Ele era sempre exibido, mas ela já estava acostumada. Ela concordou, balançando a cabeça positivamente.
─ Me disseram que vocês estão atrás de um jogo... eu adoro jogos. ─ Ele sorriu, parecendo o mais animado da sala. Mascava um chiclete sabor menta, despreocupado. ─ Quem vamos matar primeiro? O tal do líder?
─ Você não pode simplesmente achar que vamos sair atirando em todo mundo, existe um plano. ─ Junho retrucou, cruzando os braços. Só pela resposta, os demais sentiram a tensão entre os dois.
─ Qual é policial, você ainda está encanado com isso? ─ Disse debochando. De fato, Taemin não ligava nem um pouco para essa situação. Ele não deixaria de falar com Cho Junyu só porque o marido dela wueria. ─ Somos ex namorados... você não pode ficar bravo pra sempre. Isso é ser possessivo, sabia? ─ Brincou, apontando para ele como se fossem íntimos. ─ As mulheres não gostam de caras possessivos!
─ Vocês são ex namorados? ─ Wooseok, fofoqueiro e curioso, perguntou. Uma risadinha pode ser escutada saindo dos lábios dele.
─ O que eles são não é da conta de ninguém, vamos focar no plano. ─ Antes que Junyu abrisse a boca para gritar com eles, Gihun interveio. Ele olhou para a garota, dando um olhar de "deixa quieto". ─ Amanhã vocês vão ter que tomar muito cuidado... se descobrirem o que estamos fazendo, a coisa vai ficar feia!
─ Don't Worry! Vai dá tudo certo. ─ Wooseok falou, sorrindo de orelha a orelha. ─ Eu já separei a roupa que eu vou usar amanhã, eu vou me arrumar!
─ Eu vou com vocês também. ─ Junho se voluntariou.
─ Melhor não... você mostrou o rosto quando tava na ilha, alguém pode acabar te reconhecendo. ─ Gihun o barrou, dizendo algo que fazia total sentido, levando em conta que muitos viram seu rosto da última vez.
─ Então eu vou. ─ Ko levantou a mão, dando um passo à frente.
─ Não vai não. ─ Retrucou Hwang Junho.
─ Amor... ─ Junyu murmurou baixinho ao lado dele, que revirou os olhos, apertando ainda mais os braços contra o peitoral.
─ Eu não quero que vocês façam absolutamente nada antes de eu dar o sinal. ─ Continuou Seong Gihun. ─ Junho, se acontecer alguma coisa amanhã...
─ Porque iria acontecer alguma coisa? ─ Choi Wooseok indagou, despreocupado. Ele tinha certeza que daria tudo certo. ─ A gente colocou um rastreador no senhor. Mesmo se eles levarem, seja pra onde for, a gente vai correndo atrás. Não precisa ter medo, Don't Worry!
Quando todos se separaram, Taemin se juntou ao casal. Ele ofereceu o pacote de chiclete para eles, mas apenas Junyu aceitou. Junho continuava escorado na parece da sala, com uma cara de poucos amigos e encarando violentamente o ex militar. Ele não tinha medo dele. Não queria saber o que ele fez para sair do exército ou o que estava fazendo agora, só sabia que faria de tudo para ficar de olho nele.
─ Então vocês estão mesmo casados. ─ Taemin falou, para puxar conversa. Para ele ainda era meio inacreditável ver sua ex namorada casada com outro cara.
Hwang Junho levantou a mão esquerda e, com um sorriso debochado no rosto, mostrou a aliança para o Ko. Era impossível não ver jóia no dedo dos dois, porque claramente ela brilhava por estar sempre polida, parecendo nova.
─ Isso é bijuteria, não é? ─ Provocou, fingindo inocentemente perguntar.
Existia uma diferença entre joias, semi joia e bijuterias, de acordo com o material usado. As jóias são feitas com metais nobres, como ouro, prata, diamantes e etc, sendo mais duráveis, valiosas e hipoalergênicas. As semi joias são intermediárias, feitas com metais baratos, mas com banho de algum metal precioso. Enquanto as bijuterias são feitas com metais de qualidade inferior, como plástico, alumínio, vidro e adicionado uma camada de pintura dourada ou prateada, sendo mais baratas, durando menos tempo e contendo produtos que podem apresentar alergias. E bom, definitivamente, Junho gastou muito comprando uma jóia de verdade para passar o resto da vida no dedo dos dois.
─ Para de irritar meu marido ou quem vai bater em você sou eu! ─ Junyu socou o braço de Taemin, tirando uma risada do mesmo. ─ Você acha o que? Ele é incrível! Essa aliança foi super cara e ele ainda gravou nossos nomes! ─ Mesmo momento, até mesmo Junho sorriu ao ver Junnie defende-lo. Claro, o deixava feliz. ─ Ao que interessa, você está pronto?
─ Claro, vamos passar muito tempo juntos, não é? ─ Respondeu, fazendo parecer que seria muito divertido ficar entre os dois. Aparentemente Hwang Junho se irritava facilmente quando se tratava de mexer com Cho Junyu e ele com certeza adoraria brincar com isso enquanto estivesse ali.
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