[☀️] - i'm not usually like this




Uma semana.

Sete dias.

Cento e sessenta e oito horas.

E nada.

Ele não me ligou, e apesar de ter me lamentado muito quando sai do apartamento dele naquele dia, eu esperei um telefonema, ou uma mensagem.

Fiquei sim muito frustrado, admito, será que foi tão ruim ao ponto dele sumir? Achei que tivesse sido divertido...

Tá, tá, eu sei que deveria estar aliviado por ter poupado aquele esquema ridículo de enganar ele para "conseguir informações", o que aliás me causou muitos problemas, já que eu ainda não tinha absolutamente nada além de ideias para o meu novo projeto, só uma leve percepção do que seria, porém ainda confiava em ter algum contato direto e profissional com ele, já que a inspiração veio dele e ele me pareceu saber demais sobre o assunto.

Havia alguma coisa me incomodado tanto, como se algo ainda não estivesse resolvido, eu sei que deveria agradecer por ter saído tudo bem, mas porque eu sinto que não está?

— Você concorda, Jungkook? — a voz de Namjoon pairou e eu pude pela primeira vez ouvir algo além dos meus pensamentos.

— O quê? Concordo, claro.— falei movendo meus braços por um instante querendo despertar.

Ele ri abertamente: — Eu tinha perguntado se eu tava bem gostoso hoje, mas tudo bem, obrigado por achar isso.

— Por que você me perguntaria se está gostoso? — franzi o cenho.

— Pra ver se você está prestando atenção, e advinha? Não está!

— Sinto muito, nem sei no que estava pensando direito — cocei a garganta e suspirei em seguida, tinha algo muito errado comigo.

— O que houve com você? Tinha maconha no seu brownie? Você parece tão... Sei lá, em outro mundo.

— Também não sei o que há comigo, ando pensando demais, até em coisas bobas.

— É, dois dias atrás quando saímos para beber uma menina flertou com você e você ficou tão "hm".

— O que seria tão "hm"?

— Não sei, quem fica assim é você, não eu.— deu de ombros — Solta a rima, meu parceiro, me diz o que tanto atormenta essa sua cabeça?

Ignorei a linguagem que ele usava pra me provocar e tentei elaborar uma resposta para aquilo, mas o que saiu foi: — Sei lá, eu... Eu realmente não sei.

— Hm, eu posso fazer pequenos chutes? — sugeriu arrumando a posição na cadeira.

— Claro, faz aí.— dei de ombros e comecei a olhar o teto.

— Preocupado sobre trabalho? — neguei com a cabeça, o que era surpreendente pois meu prazo era curto pra quem não tinha nada — É aquele papo de casamento arranjado? — neguei de novo, nem lembrava disso — Já faz muito tempo que você não transa? — eu não neguei, porque realmente fazia, mas nem tinha passado aquilo na cabeça — Como é o nome mesmo...? Jimin?

Só de ouvir o nome me arrepiei foi todo.

— Opa, na mosca! — ele ri provavelmente capturando uma expressão minha.— Então diga senhor heterossexual com auto teor de testosterona, o que está afligindo? É saudades? Desejo? Arrependimento?

— Arrependimento do que? Eu deveria estar feliz de sair disso antes de algo acontecer.

— Sei lá, você que tá arrependido de ter dado a ele um encontro de bosta e nem ter dado uns beijo naqueles lábios bonitinhos dele.

Minha imaginação voou para quando nos despedimos e eu beijei sua bochecha, lembrei do cheiro doce que ele tinha já pela manhã, até mesmo o de seus cabelos que ele ajeitava a cada dois segundos. Meu cérebro reproduziu o momento para uma paralela onde eu beijava ele, e céus, eu não conseguia afastar esse pensamento de que eu tinha a faca e o queijo na mão e preferi passar fome.

Percebi que essa aproximação não mexeu só com a minha integridade profissional, mas com meu ser. Meu Deus, eu estava me imaginando com um homem, o que primeiramente não me chocava em níveis tão desesperadores quando eu pensava, meus poucos amigos são gays, e eu nunca tive nenhum tipo de preconceito, mas também nunca senti atração por homens e...

Eu estou sentindo agora? Essa sensação de saudade de sair com ele igual aquela noite, e refazer de uma maneira melhorada tudo e depois dar nele um beijo.. Meu Deus, é sim, é atração.

Espera, preciso de uns segundos.

Estou descobrindo minha parcela gay. Preciso dramatizar esse momento.

— O que? Não, não. Só...— repensei tudo que meu cérebro produziu em alguns poucos segundos, era muita informação, eu não sabia se realmente sentia isso, talvez meu cérebro culpado esteja formulando isso, pode ser.. Né? — Não sei, só achei que ele fosse me ligar. Homem ou não, fora é um fora.

— E traição é traição, romance é romance, amor é amor e um lance é um lance.— falou com a voz seria e soltou uma risadinha em seguida — É o pente, o o pente, o pente! — ri histericamente de si mesmo.— Aí Jungkook, tem medo do glitter?

— Não, não tenho e você sabe disso, só não acho que esteja saindo do armário por um cara que eu acabei de conhecer.

— Gay você não é, porque tenho certeza que não transou com mulheres pra ser aceito...— pareceu pensar sobre mim, era verdade, gostava bastante de mulheres, apesar de nem lembrar o que é sair com uma — Hm, podemos rotular você como desbravador dos vales.

— Por que está dizendo isso? Eu nem gosto dele de maneira romântica, pelo menos eu acho que não. Só o vi umas duas vezes na vida e... Isso é impossível, sério.

— Eu precisei de cinco minutos pra descobrir que o Jin era o amor da minha vida, não sei do que você tá falando.— deu de ombros.— Amor a primeira vista, who?

— Não é assim, além do mais, vamos supor que eu tenha um pequeno crush curioso nele, o que você acha que eu deveria fazer?

— Crush curioso? — questionou — Jungkook o mais incubado.

— Na verdade acho que isso é uma grande confusão, talvez seja só culpa, e você tem que admitir que nos conhecemos de maneira diferente, acho que é normal ficar com isso na cabeça.

— Com os lábios e a bunda dele também, claro.— disse e soltou um riso que eu fiz questão de ignorar.

— Aliás, você conhece ele bem né? Seu namorado sabe que você fica olhando a bunda dos outros?

— Sabe sim, na verdade tem vezes que ele passa e fala "nossa, que menino bonito, amor" — deu de ombros e eu comecei a questionar o tipo de casal eles eram — Jin não se abala, até porque ele é o worldwide handsome.

Tentei voltar ao assunto: — Como eu disse, daqui a pouco eu esqueço, acho que estou não estou acostumado a sair do padrão assim...— movi minha postura.

Com certeza deve ser só isso.


[...]


Estou começando a ficar preocupado com a ideia de não ser só isso.

Agora que se passou mais sete dias e eu continuo do mesmo jeito perdido e pensativo de sempre, imaginando o que teria acontecido se eu tivesse beijado ele naquele dia.

Bom, pensando bem, seria uma péssima ideia, porque Jimin claramente não me quer, e esse chá de sumiço que ele deu comprova isso.

Estou ficando preocupado com a possibilidade daquele homem ter me cativado mais do que o usual, não nego que ele é realmente apaixonante, mas será que só aquelas poucas horas que ficamos juntos pudera realmente desencadear algo em mim?

Olhei a janela de vidro enorme atrás de mim, o céu estava cinza em vários tons diferente, chovia e as ruas faziam filas de carro.

O que será que ele está fazendo agora? Ou melhor, será que ele tem compromisso pra depois? Quem sabe ele já está saindo com um outro alguém... É uma possibilidade.

— Hm, essa chuvinha vai ficar por vários dias — a voz de Namjoon me desperta, como a de outros todos os dias em que me perdi na minha própria mente.

— O que vai fazer essa noite? — queria alguma distração, talvez boliche com amigos seja uma solução, não é?

— Bom, com esse frio, e meu relacionamento indo a mil maravilhas... Com certeza filme romântico, e muita comida.

Franzi o cenho, Namjoon e Seokjin eram claramente o casal mais clichê do universo.

— E você?

— Não sei — dei de ombros — Mini-golfe? — perguntei alto, para ter sua opinião.

Kim faz uma careta: — Eca, nessa chuva? Prefiro dormir agarradinho.

— Vou dormir agarrado a que? — perguntei mal humorado já cansado do meu amigo espalhar a felicidade de seu relacionamento na minha cara — A pilha de almofada, só se for.

— Se tivesse me escutado a uma semana atrás poderia estar com o loirinho fofinho, mas não, quis negar as origens místicas do vale, vai ficar sozinho.— deu de ombros.

— Você é mesmo um ótimo amigo.— ironizei.

— A culpa não é minha se você gosta dele e não correu atrás, né more?! — mais um dar de ombros, dessa vez rindo.— Enfim, você tinha o número dele esse tempo todo, se ele não ligou, você deveria ter feito.

Relaxei minha postura sentindo como se tivesse me deixado sem argumento, e deixou.

— Depois de fazer ele dormir no sofá da própria casa deduzi que ele deveria cogitar num segundo encontro ou não.

— Ou você poderia ligar e tirar suas próprias conclusões, né? — deu de ombros usando aquela voz sugestiva que mais parecia um "você é burro demais, isso tá óbvio".

— Ok, eu vou ligar.— eu não tinha muito o que perder mesmo, e talvez isso fosse bom para confirmar meus pensamentos.

Talvez eu ligue.

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