v i n t e e o i t o

O cheiro de vômito embrulhou meu estômago.

Apesar de estar acostumada com as noitadas que Samantha vivia participando e com os porres noturnos no meio da semana, nunca imaginei que chegaria ao ponto de segurar o seu cabelo para que ela vomitasse toda a bebida ingerida em um vaso sanitário de uma boate qualquer.

Eu devia imaginar que um convite vindo da Alexia, terminaria dessa forma. Só de me lembrar do que aconteceu naquele closet em sua casa, era motivo o suficiente para recusar, mas como sempre me deixo levar pelos apelos da minha melhor amiga, acabei aqui nessa situação.

— Ele é um miserável. — Resmungou limpando a boca com o antebraço, me deixando ainda mais enjoada com a situação. — Eu sou uma mulher livre, tenho o direito de ser feliz, mesmo que seja com um estranho em uma boate.

Segurei firme seu cabelo, o suor estava impregnado em seus fios cacheados os grudando em seu pescoço, aumentando ainda mais o seu desconforto. Nesse estado, tudo o que a minha amiga precisa é estar confortável, para jogar para fora tudo o que a está fazendo mal, mesmo que de uma forma nojenta.

Os seus saltos estavam jogados perto da porta do banheiro, junto com algumas gargantilhas e pulseiras de prata que ornamentavam o modelito da noite. Sam como sempre estava linda, chamando a atenção de todos por onde passava, não é atoa que logo arrumou companhia para a sua noite.

Liam também havia vindo conosco. Estávamos todos juntos quando recebemos o convite, por educação não consegui deixá-lo de fora do programa, além disso precisava de alguém com a cabeça no lugar para conversar, já que Sam provavelmente beberia algumas doses a mais até o final da noite.

— Foi ele que escolheu acabar com tudo. — Explicou entre soluços, seu rosto estava uma mistura de suor e lágrimas. — Me deixou sozinha quando mais precisei dele, agora que estou bem comigo mesma, não preciso do seu arrependimento.

Sempre desconfiei que tinha acontecido algo romântico entre meu irmão e minha melhor amiga, porém nunca imaginei que teria sido algo tão sério. John acabou com qualquer sentimento que poderia haver no coração de Sam, a quebrando para qualquer outra oportunidade de relacionamento.

Por respeito a nossa amizade e para não prejudicar ainda mais minha relação com o meu irmão, preferi não me meter nesse assunto e nem saber como tudo aconteceu, mas depois de toda a confusão dessa noite, preciso saber da verdade.

John se descontrolou quando viu a loira aos beijos com outro homem, acabou partindo para cima dele sem se importar com as pessoas ao redor ou com o prejuízo que estava causando ao estabelecimento. Garrafas de bebidas e copos de vidro se estilhaçaram no chão, conforme os dois rapazes se tornaram um emaranhado no chão, alardeando o ambiente que por si só já era barulhento e caótico.

Sam se manteve inabalável e orgulhosa por um bom tempo, mas quando todos desviaram o olhar para o meu irmão sendo arrastado porta a fora, a angústia acumulada dentro do seu peito se libertou de uma vez só.

— É melhor irmos para casa, quando chegarmos vou te dar um remédio ótimo que vai te ajudar com os enjoos. — Falei massageando seus ombros, tentando de alguma forma lhe passar consolo, odeio ver minha amiga assim destruída. — John não merece que você termine a noite agarrada a uma garrafa de tequila em um banheiro nojento, aliás nenhum homem merece.

— Você tem razão. — Sam murmurou em concordância. — Ele não merece nada de mim, além do meu desprezo.

Passo a passo conseguimos sair do banheiro da boate, onde todos festejam normalmente como se nada de estranho tivesse acontecido minutos antes, até mesmo toda a bagunça havia sido limpa e organizada.

— Não se assuste, esse tipo de problema sempre acontece. — Alexia informou apoiada em uma parede, com os braços cruzados sobre o peito, parecendo bastante entediada. — A festa não pode parar por causa de uma discussão entre bêbados, não é mesmo?

— Pensei que tivesse ido embora. — Informei irritada, afinal a mesma não ajudou a apaziguar nada, somente observou calada a nossa amiga beber todas como se não houvesse amanhã. — Nem sei porque reclamo, afinal não é a primeira vez que você não se importa em ajudá-la.

Alexia deu de ombros.

— Não faço o tipo que fala conselhos sensatos ou que prepara chazinhos com ervas naturais para curar ressaca, esse é o seu papel. — Alexia retrucou com o seu típico tom arrogante. — Se ela quer beber, que beba. Não vejo motivo para me meter em um assunto que não é da minha conta.

— E qual é o seu papel? — Indaguei perdendo a paciência.

— Sou aquela que paga a conta.

Alexia sacudiu na frente do meu rosto, uma nota fiscal extensa de gastos que continha muito mais do que alguns copos de bebida. Os vários zeros a frente do número iam muito além da minha conta bancária, precisaria vender um rim para pagar tudo isso.

— Isso aqui é o preço do chilique de ciúmes do seu irmão. — Explicou notando o meu olhar assustado. — Pelo menos, agora aprendi a nunca mais chamá-lo para esse tipo de lugar de gente civilizada.

Aquele valor vai muito além do meu salário e dos meus pais juntos, levaríamos alguns meses para conseguir pagar tudo. Não sabia se era pior dever para a boate ou para a demônia da Alexia.

— Nem pense em recusar e se fazer de orgulhosa. — Alexia me interrompeu, como se lê-se meus pensamentos. — Não leve isso como uma humilhação ou como um empréstimo provisório, e sim como um pagamento.

— Pagamento? — Repeti com o cenho franzido.

— Nunca devia ter te levado para o meu quarto naquele dia, foi uma idiotice da minha parte. Considere isso como o meu pedido de desculpas e uma reparação pelo seu constrangimento. — Alexia explicou calmamente, como se não tivesse falando de dinheiro e sim de uma pequena lembrancinha. — Agora vai logo, não acho que acho que o seu moreno gato vai esperar muito tempo lá fora.

Antes mesmo que pudesse agradecer, Alexia sumiu em meio à multidão, me deixando apenas uma nota fiscal nas mãos e com uma gratidão imensa.

Liam se comportou como um verdadeiro cavalheiro, mesmo quando Samantha vomitou todo o assoalho do seu carro novo, deixando tudo com um mal cheiro horrível fazendo com que abríssemos todas as janelas, ele não se incomodou e me ajudou a limpa-la.

Quando finalmente chegamos em casa, Sam estava apegada demais para tomar um banho descente, com a ajuda do meu amigo, a colocamos deitada em sua cama e apenas tiramos os saltos para que ficasse mais confortável.

— Espero que ela fiquei melhor. — Liam comentou quando o levei em direção a porta de saída. — Nunca a tinha visto desse jeito. Beber é algo normal para ela, mas dessa vez o coração dela estava partido.

Não podia discordar, apesar de todas as negativas e farpas trocadas, minha amiga ainda era apaixonada pelo meu irmão.

— Samantha vai ficar bem, vou fazer o possível para ajudá-la. — Afirmei puxando as mangas do meu casaco fortemente. — Ela sempre me apoiou quando precisei, agora chegou minha vez de retribuir.

Um silêncio desconfortável preencheu o ambiente, somente com o som dos carros e com os barulhos dos vizinhos de fundo. Liam parecia estar inquieto, como se quisesse me dizer alguma coisa, mas não estivesse encontrando as palavras certas.

— Não queria que a noite tivesse terminado desse jeito. — Comentou desviando o olhar, parecendo estar envergonhado. — Tinha planejado te contar uma coisa importante, quando estivéssemos sozinhos.

— Importante? — Perguntei um pouco confusa, por mais que eu negasse ou tentasse evitar uma desilusão amorosa, Liam realmente parecia estar interessado em mim.

Ele é um homem bonito e muito interessante, se eu pudesse escolher por quem me apaixonar o escolheria sem pestanejar, porém infelizmente o nosso coração não vem com um controle remoto ou com um manual de instruções.

— Bom, pelo menos para mim era importante. — Explicou mudando o peso do corpo para o outro pé, incomodado com o rumo da conversa. — Não se preocupe com isso, podemos falar disso em outro dia menos agitado. Se guardo isso há tampo tempo, posso esperar mais um pouco.

Não soube o que responder.

— Hoje á tarde enviei uma cópia do meu novo livro para o seu Kindle. — Liam falou sem se importar com o meu silêncio. — Quando terminar de ler, me manda uma mensagem do que achou da história. Você sabe que não publico nada sem o seu selo de aprovação.

Abri um sorriso com a sua fala.

— Não se preocupe, eu amo tudo o que você escreve. — Não menti em minhas palavras, Liam possuía um dom nato para escrever histórias emocionantes, sempre que leio um novo manuscrito acabo com uma caixa de lenço nas mãos.

— Boa noite, Adela.

— Boa noite, Liam.

Olá, amados leitores! Peço desculpas pela demora para atualizar - pela milésima vez - pois não sei se estou vivendo para o Enem ou se o Enem está vivendo dentro de mim. 

Muito obrigada pelos comentários e por estarem dando uma chance a essa história.

Se vocês gostaram, por favor deixe uma estrelinha para ajudar no crescimento da história.

Até o próximo capítulo!

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