t r i n t a e o i t o . p a r t e d o i s
O estádio estava completamente lotado. Apesar de nem todos os alunos do campus apreciarem o nosso esporte regularmente, o espírito esportivo que cerca a rivalidade entre dois times rivais sempre atrai um bom número de expectadores para as arquibancadas do estádio da universidade.
As batidas descompassadas do meu coração indicavam o nível alto de adrenalina que o meu corpo se encontrava no momento. O grito da nossa torcida invadia o vestiário se confundido com a voz rouca e persistente do treinador repassando as estratégias que vamos usar em campo para driblar o time rival em campo.
Minha mente estava turva, como se estivesse completamente nublada, não consegui prestar atenção nem na metade do conteúdo que ele estava falando. Esse jogo seria definitivo para a carreira profissional para muitos de nós.
Não podemos perder.
Eu não posso perder.
— E aí? Satanás veio nos prestigiar hoje? — Liam perguntou batendo levemente em meu ombro, atraindo minha atenção para longe dos meus pensamentos conflituosos,
Em meio há momentos tensos como esse que eu agradeço ter um amigo como ele, extremamente sarcástico, para me animar.
— Ele me disse que sairia do submundo para atormentar algumas almas, provavelmente para recarregar sua energia negativa — Expliquei percebendo que um dos jogadores fez o sinal da cruz ao ouvir a nossa conversa nem um pouco ortodoxa.
— E eu pensando que ele tinha algo melhor para fazer hoje do que atormentar pobres almas inocentes — Liam resmungou se recontando na porta do armário de metal — Não foca na presença dele, Ethan. Pensa que naquela arquibancada vai estar a sua garota torcendo por você.
Adela.
Pela primeira vez ela estaria assistindo um jogo do time torcendo, mesmo que internamente, pela a minha vitória. Mesmo que, pelas circunstâncias do nosso relacionamento, ela não possa usar uma camisa com o meu número ou assumir para a universidade inteira que estamos juntos gritando o meu nome, somente a sua presença naquele estádio me deixava feliz, principalmente depois da crise de ansiedade que Adela sofreu alguns dias atrás, confinando-se dentro do quarto sem ao menos sair para comer alguma coisa.
— Você tem razão, não vou focar na única presença que me desagrada no meio de tantas pessoas que estão torcendo por nós, ele que se dane — Afirmei me sentindo bem mais motivado para entrar em campo — Adela está naquela arquibancada esperando o meu melhor, não vou decepcioná-la.
— Pronto, agora finalmente estou conversando com o capitão do nosso time — James comemorou sarcasticamente —Bom, agora que você parou de ser mais dramático que novela mexicana, vou pegar o meu equipamento antes que o treinador me esfole vivo.
James saiu da mesma maneira chegou, tão rápido que nem tive tempo de agradecer a sua ajuda nem um pouco convencional.
O sinal que marca a nossa entrada em campo tocou anunciando o fim do preparo técnico dos times. Conferi se os meus equipamentos de segurança estavam bem instalados e abri o armário de alumínio para guardar o meu celular, mas antes de fechar a porta chegou uma notificação, uma mensagem de Adela.
Era uma foto dela no estádio, mas o que chamou a minha atenção não foi o sorriso lindo que ela estava dando em direção a câmera do celular, mas sim a camisa vermelha com o meu nome estampado que ela estava vestindo.
Para você ter a certeza que é o meu campeão.
Sem saber o que dizer apenas sorri que nem um idiota olhando para a foto, me sentindo o homem mais sortudo do mundo por estar namorando uma mulher incrível que nem Adela, nem nos meus melhores sonhos imaginava algo tão bonito para alguém tão sem fé como eu.
O estádio esportivo da faculdade estava lotado, Samantha e eu tivemos dificuldade em encontrar um lugar com uma boa visão para acompanhar o jogo no meio da multidão, mas com sorte encontramos dois assentos vazios na parte mais alta da arquibancada. Como eu não sabia quase nada da partida Sam se dividia em me explicar as regras e em me encarar como se eu tivesse criado um terceiro olho no meio da testa.
— Eu ainda acho que o seu irmão vai morrer de infarto — Sam observou sorridente o nome de Ethan estampando em minha camiseta — Ainda estou incerta com isso, seu irmão pode não reagir muito bem.
Samantha estava apreensiva com a reação de John ao meu relacionamento com Ethan, depois que tive minha primeira desilusão amorosa quando adolescente ele ficou bastante protetor em relação a mim me mantendo afastada das más companhias e zelando para que eu não me machucasse de novo. Não posso julgar o meu irmão caso ele não aceite tão facilmente, Ethan não possui um bom histórico com as mulheres da faculdade.
— Foi o único modo que encontrei de falar a verdade sem causar uma enorme confusão, estamos cansados de nos encontrarmos às escondidas como dois criminosos — Expliquei para minha amiga me sentindo bem mais confiante em minha atitude — A minha ficha caiu quando notei que não poderia apoiar o meu namorado no momento mais importante da vida dele. É legal o sentimento de adrenalina que um romance proibido causa, mas nós dois queremos mais do que isso.
Minha amiga envolveu o meu ombro com o seu braço sinalizando o seu apoio.
— É aquele lance com o pai dele, não é? — Samantha perguntou enquanto observava os jogadores do time rival entrando em campo — Ele realmente vai assistir o jogo? Isso é muito bizarro.
Apesar de não saber o real estado da relação de pai e filho que inferniza a vida de Ethan, acabei contando o básico para que ela me entendesse e me ajudasse a conseguir uma camiseta personalizada de última hora, como sempre ela tendo ótimos contatos.
— Sim, não entendo como um pai pode gostar tanto de torturar a mente do filho, ele enche os ombros de Ethan com tantas responsabilidades que eu tenho medo de que em algum momento ele não resista de carregar o mundo nas costas.
Sam abriu a boca para me responder, mas foi interrompida com os gritos estridentes e ecoantes das pessoas ao nosso redor. Com um sorriso no rosto observei quando o time da nossa faculdade entrou e liderando a equipe com um sorriso radiante estava a razão dos meus próprios sorrisos ultimamente.
Nossos olhos se encontraram e pelo brilho em seu olhar percebi que independente de como essa noite termine valeu a pena o esforço para vê-lo confiante novamente em quadra, mesmo com a possibilidade angustiante da presença do seu pior pesadelo.
Sim, valeu muito a pena.
É isso, estou de volta.
A escrita novamente se instalou no meu coração de novo apesar dos problemas que passei. Assim como Adela se sente em relação a Ethan, eu sinto o mesmo com os meus livros, essa história vale a pena ser contada.
Obrigada por tudo e até a próxima ( juro que não vai ser daqui vinte anos kkkkkk)
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