Chocomenta!
Sinopse por @ Shimai-da23bitch e capa por lunax_kim da PurpleGalaxy_Project
Jimin brincava em seu quarto quando seus pais começaram a discutir, o casal não parava de gritar e o garoto já estava ficando incomodado. Ele fechou a porta do quarto com cuidado, e ligou a televisão, pondo alguma música aleatória apenas para abafar o som das vozes, inutilmente, pois a cada minuto sua mãe gritava mais e mais alto.
Alguns minutos mais tarde, que pareceram horas de tortura, Yoongi entrou no quarto do filho. Ele parecia cansado, triste, e irritado, ainda era possível ver algumas lágrimas em seus olhos.
— Filho, você confia em mim?
Aquelas palavras pegaram Jimin de surpresa. Confiança. Ele conhecia aquela palavra, não sabia exatamente o que significava, mas sabia que era importante, sabia que significava mais do que parecia. Só não entendia o motivo do seu pai lhe perguntar aquilo.
— Eu confio, papai.
— Ótimo! — Algumas lágrimas ameaçaram escorrer, mas Yoongi as limpou enquanto ia até o armário encontrar sapatos para o filho. — Nós vamos sair daqui, ta bom?
— Por que?
— Porque essa casa não nos pertence mais. — Finalmente ele achou o tênis e a meia, então foi ajudar Jimin. — Precisamos ir.
— Como assim? O que aconteceu com a casa? E a mamãe?
— Sua mãe não vai... Sua mãe tem outra família agora.
— Por isso precisamos ir? — Mesmo exausto, Yoongi ergueu o rosto e sorriu fraco para o filho.
— Exato. A partir de agora somos só nós dois, mas eu prometo que vou te proteger. Seremos nós dois, mas eu jamais vou te abandonar. — Ele deu um beijo na testa de Jimin, antes de levantar e pegar um casaco para o pequeno. — Vamos!
A mão estendida de Yoongi foi capturada pela mãozinha de seu filho, que sorriu tentando animar seu pai, odiava ver aquele olhar nele, mesmo que não entendesse direito. De certa forma aquilo doía no mais velho, não queria que Jimin se sentisse responsável por algo, mesmo que por lhe animar, mas era grato pela tentativa dele.
Eles pararam na porta, Yoongi procurando seu celular e as chaves do carro. O aparelho eletrônico foi facilmente encontrado, mas as chaves não estavam em lugar nenhum, logo a mãe de Jimin surgiu na porta da sala.
— Procurando algo? — Quando Yoongi lhe olhou, ela mostrou as chaves. — O carro me pertence, assim como essa casa. Não seja idiota, você sabe que quando cruzar essa porta vai perder tudo, simplesmente aceite e vai ficar tudo bem. — Yerin foi completamente ignorada, seu (ex) marido apenas se abaixou arrumar o casaco de Jimin, então se virou para a porta. — Min Yoongi! Eu não vou entregar nada a você!
— Eu não me ouvi pedir nada. — Ele sequer se virou para responder, apenas abriu a porta deixando o ar frio da noite entrar. — Pode ficar com tudo, casa, carro, o que for, nenhuma dessas coisas vai lhe dar caráter.
— Yoongi! Não ouse sair! Seu imbecil! Você vai me entregar tudo assim, simplesmente por um orgulho bobo?
— Não é orgulho bobo, eu só não quero ser enganado de novo. E o Jimin não merece viver em um campo de guerra.
Ignorando os gritos e xingamento de Yerin, Yoongi saiu fechando a porta, o frio os atingiu em cheio então ele olhou para o celular. Quase meia noite.
Ele não tinha dinheiro, não tinha amigos, não tinha família... tudo que tinha era Jimin.
Seu dinheiro ficou com a esposa, sobrando apenas seu cartão de crédito quase sem limite; sempre foi tão fechado que nunca criou vínculos de amizade; seus parentes moravam em outro país, e os da Yerin jamais o acolheriam.
Estava sozinho.
Sozinho, no frio da noite, com uma criança de 10 anos consigo.
O vento frio soprou lhe chamando para o agora, ele olhou no celular e encontrou uma pousada barata do outro lado da cidade... se conseguisse pegar um ônibus até lá...
Ele foi com Jimin até o ponto de ônibus, sentando ao seu lado e o abraçando, numa tentativa tola de evitar maior parte do frio.
— Pai... papai! — A voz de Jimin soou trêmula, fazendo Yoongi o olhar.
— Que foi?
— Pai, eu tô com frio.
"— Papai, eu tô com frio. — O pequeno Yoongi tremia, vestindo apenas alguns trapos que seu pai conseguiu no lixo. — Papai! Tá frio! Eu não sinto meus dedos...
O choro do garotinho fez o homem olhar pra ele, hesitante, ele tirou o casaco que vestia e entregou ao filho, fazendo de tudo para enrolar o melhor possível no corpo magro.
— Melhor? — Ele fez um carinho nos fios do garoto, recebendo um sorriso em resposta.
— Melhor.
Yoongi abraçou seu pai, e assim dormiram. O garotinho foi acordado na manhã seguinte pelo som da ambulância. Ele viu aquelas pessoas levando seu pai, e um outro carro chegando para o levar ao orfanato."
— Pai? Pai?! Ta tudo bem? — Jimin começou a chacoalhar o braço de seu pai desesperado, quando Yoongi notou ele sorriu fraco.
— Desculpe, meu anjo. Papai está aqui, nada vai me tirar de você.
Yoongi abriu o próprio casaco e puxou o filho para um abraço, o cobrindo com o casaco sem tirar, dividindo a peça de roupa com Jimin. Eles tinham apenas um ao outro, ele não podia perder Jimin, mas Jimin também não podia lhe perder.
Praguejando contra o ônibus, Yoongi abraçou o filho mais forte, tentando o aquecer. Em sua mente, as memórias de seu pai vinham lhe assombrar, ele não podia deixar aquilo acontecer.
Ele não podia morrer e deixar Jimin sozinho.
Foi quando aquele carro parou em sua frente.
...
Enquanto dirigia, com Baby Shark ligado no rádio, e duas crianças cantando alto no banco de trás, em plenas onze horas da noite, Hoseok se perguntava onde havia errado. Era isso que sua ex esposa se referia quando disse que ele mimava demais os garotos?
"— Vê se cresce, Hoseok! Você é mais infantil que o Tae e o Jungkook juntos! — Chae pegou as malas e desceu as escadinhas para fora de casa. — E o pior, age como se eles fossem o centro do universo! Você não tem tempo pra mim, não tem tempo pra você, porque você faz absolutamente tudo que eles pedirem! Por isso você é um inútil! Por isso não consegue um emprego de verdade! Porque se eles baterem o mindinho na creche você sai correndo atender.
Sem olhar pra trás, a mulher pôs as malas no carro e bateu o porta malas, indo para o banco do motorista.
— Se algum dia você agir como uma pessoa de verdade, sabe onde me procurar.
Então ela deu partida e saiu, cantando pneus, deixando Hoseok com uma criança de 6 e uma de 5 pra cuidar sozinho."
— Pai! Pai! Pai! — A voz de Jungkook se elevou em meio a música, fazendo Hoseok balançar a cabeça, na tentativa de tirar esses pensamentos ruins, e sorrir para ele.
— Que foi campeão?
— A gente pode só comprar um pote de sorvete e ir pra casa?
— Festa do sorvete! — Taehyung ergueu os braços e gritou, fazendo os três rirem.
— Tá bom, tá bom. Festa do sorvete. — O sorriso de Hoseok ficou enorme, principalmente ao ver os filhos comemorando e sorrindo.
Ele podia ter se separado por Chae achar que ele dava atenção em excesso para eles, mas ele jamais trocaria isso, se tivesse que escolher entre o presente e o passado, antes deles nascerem, ele não hesitaria em escolher mil vezes o presente.
Para sua sorte, os garotos haviam preferido ir logo para casa, estava tarde e mesmo que fosse sexta ele odiava ficar fora até tão tarde. Na verdade, já deveriam estar dormindo, mas eles insistiram que queriam sorvete, ele pensou em negar, mas então uma coisa passou em sua cabeça.
Não era pelo sorvete, pois eles sabiam que todo sábado iam passear no parque e ganhavam sorvete, era pelo tempo juntos. E certamente, havia algo que eles queriam contar. Então, lá estava eles indo atrás de sorvete.
Em um bairro afastado, finalmente ele achou um mercadinho que atendia até aquele horário, os meninos não enrolaram muito, logo pegando o sorvete de chocomenta, e para passar no caixa também não demorou, estava tudo indo tão bem.
Bem até de mais.
Enquanto voltavam para casa, os dois garotos brigavam para ver quem montaria o sorvete antes, quando Hoseok avistou um homem parado no ponto de ônibus com um garotinho, foi ai que Taehyung gritou.
— Jimin! Pai, aquele é o Jimin! Pai, para o carro!
Hoseok olhou para o ponto, que já havia passado, então olhou pelo retrovisor para o filho.
— Você conhece ele?
— Sim, a gente estuda juntos, pai, volta lá! Ele precisa de ajuda!
— Por que diz isso?
— Ele precisa da gente! Pai!
Acostumado com a excentricidade do filho, Hoseok ignorou, seria firme dessa vez. Mas algo em seu peito apertou, então ele sentiu um aperto real em seu braço.
— Pai! VOLTA LÁ!
Taehyung havia retirado o cinto e se posto entre os dois bancos da frente, com o susto Hoseok perdeu o controle do carro, invadindo a outra pista, que por sorte estava vazia. Com o coração acelerado, ele parou o carro no estacionamento mais próximo.
Com os olhos arregalados, Hoseok segurou firme no volante, sua respiração estava acelerada e ele sentia seu coração a mil. Lentamente, ele virou a cabeça em direção ao filho, pronto para lhe dar um sermão, mas quando seus olhos encontraram os de Taehyung algo de estranho aconteceu, havia uma determinação estranha no garoto, e ele parecia sério. Sério demais para alguém daquela idade.
— Volta lá, pai.
— Taehyung, eu podia ter batido o carro.
— Volta lá agora!
— Olha como fala comigo. Eu sou seu pai!
— Eu pedi pra voltar!
— Eu não vou voltar! É quase meia noite! Eu sou seu pai! Uma vez na vida me escuta!
O olhar assustado de Taehyung quebrou o coração de Hoseok, os olhos do garotinho se encheram de lágrimas e ele se encolheu, sentando ao lado de Jungkook que o abraçou.
"— Você tem que me escutar! Eu sou seu pai! — O mais velho atirou um copo na direção se Hoseok, que felizmente se abaixou a tempo. — Seu inútil! Nunca vai dar orgulho pra mim e sua mãe?! Você é um erro, Hoseok!"
— Me... me desculpe. — Hoseok sentiu as lágrimas vindo, ele encolheu os ombros e pôs a testa contra o volante. — Por favor, me desculpe Taetae. Eu não queria gritar... eu... eu... Só me perdoa.
— Tudo bem, papai.
O sorriso fraco de Taehyung fez Hoseok sorrir em resposta, olhando para os dois lados da pista ele deu a volta, indo em direção ao ponto. Quando parou o carro, o homem ainda estava lá.
Taehyung foi o primeiro a descer, ele se desvencilhou de Jungkook e pulou do carro, sendo seguido por seu irmão, e então Hoseok.
— Jimin! — Ao ouvir a voz de Taehyung, Jimin ergueu a cabeça, sorrindo ao ver o amigo. — Por que ta aqui fora?
— Papai disse que não temos mais casa.
Mesmo com a cabeça baixa, foi possível ver o rubor nascendo no rosto de Yoongi, ele apertou mais o filho e resmungou algo sobre ele não precisar contar.
— Boa noite, com licença. — Hoseok ajeitou o casaco, se aproximando. — Eu sou Jung Hoseok, pai do Taehyung e do Jungkook, eu estava passando e o Tae viu vocês, ele disse que conhecia o Jimin. Vocês precisam de algo?
— Sou o Yoongi. Min Yoongi. Não se preocupe, está tudo bem.
— Mas, pai... — Jimin olhou pra cima e então para o amigo. — A gente não tem mais casa, nem carro, nem dinheiro, ficou tudo com a mamãe e a outra família dela.
— Jimin! — Yoongi tentou o repreender, mas o garotinho já tinha se levantado.
— Pai... eles podem ajudar, o Taetae tem uma casa, ele pode emprestar pra gente.
— Jimin! Não diga besteiras. Já está tarde, seu amigo precisa ir pra casa dormir.
— Vocês também. — A voz de Hoseok chamou atenção de Yoongi. — Querem carona? Minha casa não é muito grande, mas cabe mais dois.
— Eu sequer te conheço, e não quero incomodar.
— Por favor, eu insisto. Qualquer amigo do Taetae é boa pessoa, além do mais, eu estou com crianças, e você também, nenhum bandido vai sair com uma criança por ai. Anda, tá frio.
Yoongi pensou um pouco, ele olhou para Jimin, que já se encolhia de frio de novo, e suspirou. Não havia muitas opções, e se ele dizia que estava tudo bem...
— Obrigado, Jung. Amanhã mesmo eu vou achar algum lugar pra gente.
O sorriso de Hoseok mexeu com algo dentro de Yoongi, o rapaz sorriu de volta, ficando feliz de ver seu filho feliz, e de não precisar dormir na rua de novo.
Não precisou dizer duas vezes para Taehyung puxar Jimin para o banco de trás, o deixando entre os irmãos. Yoongi então foi para o banco do carona. Quando Hoseok deu partida, o som de Baby Shark voltou, fazendo ele rir sem graça e baixar a música.
— Você vai amar nossa casa, senhor Min. — Jungkook balançou os pézinhos enquanto falava. — Vai ter festa do sorvete.
— Festa do sorvete? — Yoongi ergueu uma sobrancelha, olhando para Hoseok.
— Os meninos queriam sorvete, ai a gente saiu comprar. — Ele encolheu os ombros, mas quando ouviu a risada de Yoongi acabou relaxando.
— Festa do sorvete meia noite no frio que está? Você é uma figura rara, Hoseok.
E de alguma forma, aquilo soou como um elogio para ele.
...
Os três garotos pulavam de um lado para o outro enquanto Hoseok lavava a louça, ele havia emprestado roupas para Jimin e agora ele estava mais aquecido.
— Isso vai dar uma baita gripe neles. — Hoseok soltou um gritinho de susto ao ter Yoongi ao seu lado, fazendo o rapaz rir. — Me desculpe, não queria assustar você.
— Tudo bem. Eu só não esperava.
— Quer ajuda?
— Não precisa, já estou terminando.
— Sabe... — Ignorando Hoseok, Yoongi tomou a esponja da mão dele e começou a lavar a louça restante. — Minha noite estava uma droga, mas vocês me animaram, e você deu um teto pra gente passar a noite. Eu não sei como agradecer.
— Não se preocupe. — Vendo que não conseguiria a esponja de volta, Hoseok começou a guardar a louça seca. — Mas afinal, o que aconteceu?
— A mãe do Jimin me traiu, na verdade ela andava tendo uma vida dupla, saindo com o chefe dela, que sequer sabia que ela era casada, só pra ganhar coisas como jóias e jantares caros. Ela mentiu pra mim que tava cuidando da tia doente.
— Eu sinto muito. Mas e ai? Qual seu plano?
— Como assim?
— Vai pra algum parente?
— Não, não tenho como, meus pais moram na Flórida.
— Uau! — Por pouco um prato não foi ao chão, mas Hoseok o segurou a tempo.
— Eu não tenho nada nem ninguém, só o Jimin.
— Espera... você tirou uma criança de casa, sem ter pra onde ir, no meio da noite?
— Eu estava desesperado, ok? A mãe dele não liga pra ele, ele só tem a mim. Ela deixou claro que ou eu aceitava tudo isso ou ela me expulsaria de casa.
— E você preferiu encurtar o trabalho dela.
— O Jimin precisa de uma família de verdade.
— Tudo bem. — Hoseok pôs a mão no ombro de Yoongi, e sorriu para ele. — Não estou te julgando, nem irei. Eu sei o que é querer apenas que seus filhos tenham um lar e uma família. Eu me separei por causa disso.
— O que?
— Minha esposa me largou por causa deles, ela disse que eu dava atenção demais, eu deveria escolher ou eles ou ela.
— Que egoísta!
— A escolha foi fácil.
— Parece que somos dois fudidos que não sabem escolher esposas. — A risada de Yoongi preencheu a cozinha, fazendo Hoseok rir consigo.
— Parece que sim.
Naquela noite, Hoseok dormiu no chão do quarto dos filhos, deixando a cama de casal de seu quarto para Yoongi com Jimin. Mas nenhum dos adultos conseguiu adormecer fácil.
Yoongi estava com a mente a mil, pensando em como faria para conseguir um lugar para ficar, e um emprego, já que enquanto morava com Yerin ela trabalhava e ele cuidava da casa. Já Hoseok, estava pensando o motivo de tudo aquilo. Afinal, se não fosse seus filhos pedirem sorvete, se ele não tivesse tomado aquele rumo... parando para pensar, havia outras lojas de conveniência onde ele poderia comprar... então, qual o motivo de ter ido para lá? Seria o destino pondo Yoongi e Jimin em sua vida?
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