Capítulo 9

Acordei com o gosto amargo da realidade salpicando em minha língua. Abraçada ao corpo de Sasuke, vi toda a noite anterior passar como um filme na minha cabeça, em um sonho distante.  Olhei ao redor de seu quarto, confidente do momento que passamos juntos, e em seguida reuni toda a força que precisava para me levantar. Meu corpo parecia feito de chumbo, e a camiseta, feita de espinhos à medida que deixava o meu corpo. Troquei-a por minhas roupas, evitando olhar para a figura masculina na cama. Vencida pela vontade, me atrevi a olhar.
Sasuke dormia profundamente. Seu corpo subia e descia de forma serena, acompanhando o ritmo de sua respiração. Alguns fios de cabelo estavam jogados à frente do rosto, naquele momento, desejei por breves segundos ter a oportunidade de presenciar aquela cena novamente. Balancei a cabeça em negação, me achando tonta por desejar aquilo.

Me sentia como a Cinderela, saindo fugida de seu quarto assim como a princesa fugiu do baile, antes que a carruagem virasse abóbora. Minutos antes de sair do cômodo, pedi um carro de aplicativo, que felizmente não demoraria muito para chegar. Eu estava prestes a alcançar o meu objetivo de chegar ao fim do corredor, quando uma aparição inesperada cruzou o meu caminho, me sobressaltando.

— Perdão! Eu te assustei? — Com a minha negativa, mesmo que por dentro o meu coração estivesse chacoalhando contra o meu peito, a desconhecida que aparentava ser apenas alguns anos mais velha que Sasuke continuou. — Eu sou a Izumi, cunhada do Sasuke. Ele já acordou?

Por 5 segundos, demorei para fazer a ligação entre o nome e a pessoa, nervosa o bastante para pensar em qualquer coisa que não fosse o ato de sair daquela casa. Izumi ainda me encarava, parada na minha frente, com um sorriso que soava como “e você, quem é?”

— Sou Sakura. — Me esforcei para pronunciar o meu nome com um tom que não soasse como um grunhido. Quando me preparava para negar a sua pergunta, ouvi um barulho na porta, e um bocejo que fez o meu coração idiota novamente acelerar.

— Então vocês já se conheceram. — Mesmo sem virar para trás, podia sentir o seu corpo atrás do meu. Sasuke se aproximou o bastante para beijar o topo da minha cabeça, se voltando para Izumi, continuando a falar. Não preciso dizer que eu precisava de ar naquele momento. — Izumi, o Akito já acordou?

A morena balançou a cabeça em negação, emitindo um suspiro preocupado. — Ele acordou mais cedo, mamou e dormiu de novo. Acordou um pouco enjoadinho.

— Ele está bem? — Sasuke encarava Izumi, com a face marcada pela apreensão. Naquele momento pensei no quanto Akito era sortudo por ter um tio que se preocupava tanto com ele, imaginando que Boruto também teria essa sorte, quando nascesse.

— Está sim. — Izumi sorriu, aliviando a expressão de Sasuke. — O Itachi já está lá com ele, monitorando. Deve ser apenas mais uma dessas viroses de inverno, esse tempo é tão difícil para as crianças..

Sasuke balançou a cabeça, concordando, o que me fez pensar que coisas como aquela eram recorrentes nos meses de frio. Não tenho muitas lembranças de momentos em que estive doente, mas certamente ocorreram, e minha mãe estava a postos para cuidar de mim. Pais cortam um dobrado com os primeiros anos da vida de uma criança, mas segundo a mamãe, todo o cuidado valia a pena. Deveria valer mesmo.

— Então você vê o Akito na próxima. — Sasuke chamou a minha atenção, colocando a mão em meu ombro. Não sei por quantos minutos fiquei fora do ar, mas certamente foi o suficiente para que percebessem o meu silêncio diante da conversa.

— Por quê você não fica para o café? — Izumi se dirigia a mim, sorrindo. Suas feições e voz eram tão delicadas que às vezes eu me sentia dialogando com um anjo. — Talvez ele acorde nesse meio tempo, o Akito tem o sono muito curto. Não duvido que ele já esteja pedindo para sair do berço antes de terminarmos.

Enquanto Sasuke se animava com a ideia, desviei o olhar dele para Izumi, assumindo uma expressão de desculpas. — Eu adoraria, e agradeço pelo convite, mas eu já combinei de tomar café com a minha mãe.

Izumi balançou a cabeça, não transparecendo chateação com a minha recusa. Juntando minhas mãos com as dela, abriu mais um daqueles sorrisos angelicais, fazendo parecer que tinha um sol atrás dela.

— Não tem problema. Outro dia, você vem com mais calma e a gente tira o dia pra conversar. — Alargando ainda mais o sorriso, mesmo quando achei que não podia, Izumi soltou a minha mão, se afastando. — Aposto que vou adorar conhecer a namorada do meu cunhado. E ah, já ia esquecendo. Eu achei a cor do seu cabelo muito bonita, combina com os seus olhos. — Acenando, a cunhada de Sasuke atravessava o corredor, levando com ela toda a aura solar do ambiente. Nesse quesito, ela se parecia muito com a Hinata.

— Tá vendo? Não é só eu que sei admirar a sua beleza. — Sasuke me cutucou de leve, em um tom brincalhão, me afastando dos meus pensamentos. — Quer que eu peça um carro pra você?

Balancei a cabeça em negação, tirando os olhos do corredor. Conhecer Izumi me fez pensar que ela parecia uma irmã mais velha para Sasuke, e mesmo sem conhecer o irmão dele, penso que a convivência dos três, junto com o bebê, deveria ser muito pacífica. Toda a casa exalava aquela ajuda mútua que senti na conversa anterior, e mesmo sendo algo inalcançável, desejei ficar e fazer parte daquele cotidiano.
Não tinha lembranças nítidas do meu pai. Quando ele faleceu, eu tinha 3 anos, e imagino que foi difícil para a mamãe viver o luto e cuidar de mim ao mesmo tempo. Não tenho reclamações da nossa convivência, a minha mãe é tudo para mim no mundo, mas por muitas vezes, me senti solitária. Entendi desde pequena que a minha mãe às vezes precisava se ausentar para cuidar de pessoas, e que ela não me amava menos por estar longe. Eu a admirava por isso, mas não significava que eu não sentia falta nos momentos em que ela não estava lá. Ino e as meninas me faziam companhia e eu as adorava, mas não estavam a todo momento. Hoje em dia, penso que fiquei tanto tempo no meu relacionamento anterior porque tive medo de ficar sozinha. É patético admitir isso porque eu sempre me fiz de forte, e tinha a plena certeza que a solidão não me assustava. Mas ao ver aquela cena familiar, ao escutar as histórias de Sasuke sobre a sua família, penso que eu queria ter algo assim. Meu coração sabia que ele era a pessoa certa para ter esses momentos, mas a minha mente cética julgava impossível, devido aos meus medos e certezas idiotas.

— Não precisa. — Respondi, em um tom perfurante. Podia sentir o olhar de Sasuke sobre mim, sua expressão confusa indicava a sua percepção de que algo estava errado. Com os olhos fixos na tela do celular, continuei. — Ele chega em quatro minutos.

— Eu te levo até a porta então. — Seu tom cauteloso me acompanhou até o lado de fora. Senti a brisa fria da manhã colidir contra o meu rosto, levando alguns fios de cabelo consigo. Olhei para o céu, coberto de nuvens carregadas, idênticas à névoa que encobria o meu coração. — Sakura, está tudo bem?

Não respondi. Sem tirar os olhos do céu, contemplava a escuridão que o cercava, contrariando o que se espera de um céu das 8h da manhã. Cruzei os braços, me aquecendo em meu próprio calor quando a brisa se tornou mais forte. Escutei os passos lentos de Sasuke atrás de mim, mas não me virei para encará-lo.

— Eu fiz algo errado? — Sua voz quase suplicante me fez estremecer. Apertei meus braços com mais força, dessa vez não sendo atribuído ao frio externo e mordi o interior do lábio, reunindo forças na minha garganta para responder.

— Não. — Comecei, com as palavras arranhando a minha garganta. — Você não fez nada errado. Esse é o problema.

Confuso, Sasuke tomou a minha frente, segurando os meus ombros. Não tive coragem de encará-lo, mas ele me olhava tão fixamente, que podia sentir a súplica de suas pupilas mesmo sem olhá-las de fato.

— Sakura, fale comigo. Eu achei que nós, ontem..

— Nós o que!? — Disparei, o cortando. Minhas bochechas estavam vermelhas pela pressão que eu fazia para não derramar as lágrimas que ameaçavam vazar de meus olhos. — O que aconteceu ontem foi um erro! Eu estou indo embora daqui a algumas horas e você vai estar aqui. Isso não tem como dar certo!

— Nós podemos dar um jeito. Sakura, me escuta, nós podemos dar um jeito! — Sasuke me impedia de avançar quando me livrei de suas mãos em meus ombros. Ele segurava a minha mão, entrelaçando os nossos dedos, sem impor força. — Olhe pra mim. Diga olhando nos meus olhos que ontem foi um erro.

Não podia. Dizer que aquilo não deveria ter acontecido era fácil justamente por não olhar em seus olhos. Se eu fizesse o que ele pedia, me perderia nas profundezas do seu olhar, e voltaria ao momento em que nossos corpos estavam enlaçados, quando nos tornamos um só.

— Do que você tem medo? — Ele continuou, fazendo uma força incrível em suas cordas vocais para que as palavras não perdessem o fôlego de serem ditas.

Balancei a cabeça, me negando a responder. Mantendo o olhar baixo, fitei o encaixe de nossas mãos e foi impossível não levar as memórias para o dia anterior. Quando éramos nós dois contra o mundo, e contra tudo o que queria nos afastar. Com a mão livre, Sasuke ergueu o meu queixo, e a imagem que ele viu, o meu rosto vermelho e os olhos marejados, pareciam facas cravadas em seu coração.

— Você não vai estar lá. — Comecei, pausando as palavras para que não saíssem tão embargadas. Ao notar o rosto dele, e ver que Sasuke parecia tão desesperado quanto eu, tive vontade de abraça-lo. Mas sabia que no momento em que nossos corpos estivessem tão próximos, e o meu nariz tão perto de seu cheiro, não conseguiria colocar um ponto final naquilo tudo. — Eu não consigo de outro jeito.

— Eu vou a qualquer lugar por você. — Sasuke respondeu, me fazendo arregalar os olhos pela genuinidade imposta em seus olhos, e nas suas palavras. — Eu iria a qualquer lugar com você desde que eu te vi naquele bar. No momento em que nosso olhar se cruzou, eu tive certeza de que era você que eu queria.

Balancei a cabeça em negação, me recusando a gravar aquelas palavras na mente. Ao mesmo tempo, flashes da primeira noite em que nos vimos me inundavam como um tsunami de lembranças, o momento em que Ino percebeu que ele me olhava, nossos olhares, o sorriso que ele me deu antes que eu fosse para o karaokê. Não era possível que ele imaginasse toda uma vida comigo desde aquele momento. Eu não queria acreditar.

Destino, sina? Eu não tinha certeza de que essas coisas existiam. Até conhecer você.”

Aquelas palavras martelavam à minha cabeça. Coisas como aquela só existiam nos filmes, mas estava acontecendo na minha frente. Todas as palavras que faziam a mocinha se derreter estavam sendo ditas para mim. O que eu deveria fazer? Nos filmes, a protagonista aceita o amor do bonitão e os dois se beijam apaixonadamente. Eles prometem que vão dar certo, mas o filme acaba em seguida. O que acontece depois? Os filmes só são filmes porque não tem continuação. Todos eles acabam com um final feliz, mas na vida real, as coisas continuam. Não tem como saber o que vai acontecer depois. Não tem como prometer que as juras de hoje serão as mesmas de amanhã. Não dá para esperar que tudo fique igual por um ano.

— Você mal me conhece. — Respondi enfática, afastando a mão dele do meu queixo. Pude ver na expressão de Sasuke, que as minhas palavras jogaram um balde de água fria em suas esperanças. Talvez pela minha demora na resposta, ele tenha esperado que eu tivesse cedido. Mas aquilo não era um filme de comédia romântica. — Não quero ser o motivo dos seus arrependimentos.

Sem dizer mais nada e o deixando para trás, caminhei em passos lentos até o carro, que havia acabado de chegar. Não olhei para trás até estar dentro do veículo, assim como Sasuke não me impediu de ir e nem foi atrás de mim. Talvez ele tenha percebido que já havia esgotado as suas tentativas. Confirmando o endereço, o carro deu a partida, e somente quando estávamos prestes a virar na outra rua, me atrevi a olhar para trás. Sasuke ainda estava no mesmo lugar, encarando o rastro que o carro havia deixado. Mesmo de longe, podia ver a aura vazia que o rodeava, e naquele momento, pensei em seus pais e em tudo o que ele havia me dito a respeito deles. Pensei no seu relacionamento anterior e a impossibilidade de continuá-lo, afetado pela separação dos pais. Ele se culpava por não ter dado a ela o que se esperava de um namoro, mas eu pude entender que ele estava quebrado o bastante para corresponder. Pensei que assim como eu, ele também deveria sentir falta de um seio familiar, por isso se mudou para a casa do irmão. Pensei em como ele ficaria agora que quebrei o seu coração.

Girei a maçaneta, deparando-me com minha mãe na sala, folheando um álbum de fotos. Ao escutar o barulho das chaves, ela levantou o olhar, abrindo um sorriso.

— Você não dormiu em casa? — Foi o que ela perguntou antes de notar o inchaço abaixo dos meus olhos, causados por todas as lágrimas que derramei dentro daquele carro, à ponto do motorista me oferecer lenços para limpar toda a bagunça que estava em meu rosto. — O que foi, querida? O que aconteceu?

Desabei em seu colo, afundando a cabeça em suas pernas. Minha mãe afagava os meus cabelos, o rosto imerso em preocupação de mãe. Qualquer coisa que se diferenciasse de um sorriso, deixava-a em estado de alerta.

— Passou, passou.. — Com cuidado, ela erguia o meu rosto, segurando-o com ambas as mãos. Sentir as mãos ásperas devido ao uso constante de luvas me trazia uma paz inexplicável. — Quer me contar o que houve?

Balancei a cabeça em afirmação, suspirando antes de começar a falar. Tsunade limpava as minhas lágrimas que caíam sem cessar, alisando o meu rosto.

— Conheci alguém incrível. — Comecei, fungando. — Alguém que derrubou todas as barreiras que me impediam de sentir o que eu estou sentindo agora. — Dei mais uma pausa, encarando as minhas mãos. — Mas isso não vai dar certo. Eu não posso atrelar a minha vida à alguém que eu conheço a dois dias.

Tsunade riu, entendendo toda a situação nas minhas palavras confusas. Mãe tinha esse sexto sentido de compreender tudo mesmo sem a gente falar com clareza.

— Filha.. Você fala como se vocês dois fossem casar amanhã. — Alisando o meu rosto, continuou. — A vida só é a vida porque a gente não sabe o que vai acontecer depois. Imagina que chato seria se todo mundo nascesse com um roteiro pronto?

— Mas..

— Eu sei que você está com medo de não dar certo. E sei dos seus motivos para pensar assim. Você é geniosa, e tem medo de mudança. — Juntando as mãos nas minhas, minha mãe exibia um sorriso compreensivo, típico daqueles acompanhados de conselho de mãe. — Mas e se der certo? Não tem como você saber se não se permitir à arriscar um pouquinho. As vezes, viver fora das regras é preciso, asim como desligar a mente para deixar o coração falar.

Assenti, admirada com a habilidade que a minha mãe tinha de dizer as palavras certas para criar um embate entre a minha mente e o meu coração. Apertei as mãos dela, querendo senti-la, sufocando a saudade que eu sentiria das nossas conversas, e da presença dela para me afagar.

— Quero que pense sobre isso, mas independente da sua escolha, sua mãe sempre estará aqui para te apoiar. — Tsunade abria as minhas mãos nas dela, usando a outra para alisar os meus dedos. — Para mim, você sempre será a minha menininha linda.

Abracei-a, e a intensidade do abraço a surpreendeu, fazendo-a retribuir em seguida. Funguei novamente, não querendo transparecer que eu estava morrendo de saudades dela antes mesmo de ir embora. Quando nos afastamos, limpei as lágrimas, apontando para os retratos.

— Estava vendo algumas fotos suas antes de você chegar. — Pegando um álbum, ela se recostou no sofá, abrindo-o. — Quer ver comigo?

Assenti, e passamos o resto da manhã olhando fotos e comendo nossas comidas favoritas de café da manhã. Em uma das fotos, eu estava vestida de árvore, e a lembrança da história me levou a risada gostosa de Sasuke, ouvindo atentamente a história de como passei um dia inteiro chorando até ser convencida de que ser árvore também era muito legal. Prendi os lábios passando para outra foto, mostrando eu e mamãe em um parque de diversões. Me lembro que meu brinquedo favorito era o cavalinho, alvo da próxima foto em que eu aparecia com os bracinhos para cima e sem um dos dentes da frente. Confesso que meu coração apertava de saudades a cada foto que eu via, aquele tipo de sensação que faz a gente querer voltar no tempo e silenciar todas as vezes em que desejamos crescer logo. Certamente, se a pequena versão de mim soubesse o quanto a minha vida estava complicada agora, ela teria aproveitado mais os momentos em que tudo o que passava por sua cabeça se resumia a brincar no parquinho e a chegar correndo em casa para assistir ao desenho favorito.

Quando a tarde chegou e a mamãe teve que voltar para o hospital, fiquei sem muitas opções. Ela não poderia me acompanhar até o aeroporto, então nossa despedida foi no café. Antes dela sair, fez todas aquelas coisas de mãe, me recomendou cuidado, que eu andasse sempre acompanhada, que não ficasse até tarde na rua, e que não esquecesse que ela existe e estava morrendo de preocupação com a filha longe ‐ isso queria dizer: dê um sinal de vida todos os dias! -. Depois disso, disse que me amava e me desejou sorte nessa nova etapa da minha vida. Conteve as lágrimas ao dizer que estava orgulhosa de mim, e contemos as lágrimas juntas quando ela lembrou de quando eu era apenas uma menininha que pedia para ela contar histórias antes de dormir. Disse também que onde quer que eu estivesse, ela estaria comigo. 

Limpei uma lágrima enquanto olhava para os portas retratos da mesinha. Fotos minhas, da mamãe e do papai. Pensava nele com muita frequência, apesar dos anos terem transformado a dor do luto, em saudade. Foi difícil crescer sem a presença dele na minha vida, e a parte mais triste de uma perda, é aquela que você se dá conta de que, por mais que queira, nunca terá a pessoa por perto. Eu me lembro de ficar animada com as histórias da mamãe, quando ela me contava sobre os meus primeiros meses de vida, e o quão nervoso o meu pai ficava quando ia cuidar de mim. Segundo ele, seu jeito era desajeitado demais, e ele temia que qualquer coisa acontecesse com a sua preciosa filhinha. Quando eu olhava para o lado, querendo ouvir a versão do meu pai, recebia um silêncio e a ausência dele, de uma forma brutal. Os momentos em que a realidade da morte nos atinge são os mais dolorosos.

Naquele momento, me perguntei se ele estava orgulhoso de mim. Quis saber como seria a nossa relação se aquele acidente não o tivesse levado antes que as minhas lembranças se tornassem mais nítidas. Que tipo de pai ele seria? Imaginei-o como o pai da Hinata, durão a primeira vista mas com um coração de manteiga. Ou como o pai da Ino, extremamente zeloso ao ponto de até sufocá-la um pouco. Queria saber qual seria a sua opinião quando eu trouxesse algum namoradinho em casa, assim como desejava que ele estivesse aqui para me aconselhar agora. Como eu sabia que tudo aquilo era impossível, e fantasiar só deixava a minha partida mais dolorosa, decidi me ater ao presente e ficar minimamente animada para o restante do dia.

— Te amo, papai. — Suspirei pesadamente, colocando a foto de volta ao lugar de origem, assim que ouvi um bip no celular, indicando que havia uma mensagem. Meu coração sobressaltou com a possibilidade da mensagem ser de Sasuke.

(11:58) Porquinha:

Tudo em cima para nosso almoço? Estou sedenta para os updates do seu date com o gostoso do bar.

Suspirei, deixando o celular na mesa após digitar um “sim”. Havia inúmeras mensagens de Ino desde ontem de tarde, quando respondi que estava com Sasuke. Conhecendo a loira, ela estava roendo as unhas para saber o que tinha acontecido.

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Como diz aquele ditado, depois da tempestade vem a bonança..
Aqui é o contrário kkkkkkkk
Depois de um capítulo super fofo que deixou a gente na expectativa da oficialização desse casal, vem esse balde de água fria pra jogar nossa vontade na lama...
Mas calma que nem tudo tá perdido! Continuem acompanhando os próximos capítulos para ver a reta final da história desse casal que a gente tanto ama. Espero vcs na próxima, um xêro!

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