Capítulo 11.1



POV
Uchiha Sasuke

As palavras de Sakura ainda ecoavam em meus ouvidos, e mesmo quando o seu carro deixava nada mais que uma nuvem de poeira pela rua, sua recusa em estar ao meu lado me feria tão profundamente, como facas em meu coração.
Chutei um pedaço de grama, vendo a mistura de verde e marrom rolar até o meio-fio. Eu a compreendia. Sabia que ela não podia arriscar o começo de sua vida em outro país por um desconhecido, mas eu queria acreditar que sim. Queria que a nossa vida fosse como num filme, que não existem incertezas e decepções. Me sentia um idiota por ter dito que iria atrás dela em qualquer lugar, e só agora pensei no quanto aquelas palavras devia ter machucado-a. Sakura batalhou muito para conseguir estar na faculdade que queria, e batalharia muito mais para se manter. Certamente soava como um capricho para ela, ver que eu estava tão disposto a ir para um lugar que não conhecia, sem pensar em todas as implicações que isso me traria.

Voltei para dentro de casa alguns minutos depois de encarar a rua vazia, em uma esperança tola de que ela voltasse. Bati a porta com um pequeno estrondo, e cruzei o corredor, ignorando a aparição de Izumi na porta da cozinha. Entrei no meu quarto, parecendo tão vazio depois de ter estado com Sakura naquela cama. O roupão que ela usava na noite anterior estava perfeitamente dobrado, em cima da mesinha. Não precisei pegar a peça nas mãos para sentir o cheiro floral que provinha dela, me fazendo ter a imagem da garota perfeitamente na minha mente, seus olhos de esmeralda e seus cabelos cor de cerejeira. Suspirei, pegando a guitarra, e meu caderno de anotações. Arrisquei algumas notas, com os dedos melancólicos refletindo no som.

Passei a tarde me entretendo com pequenas coisas, que de nada serviam para afastar os meus pensamentos. Izumi entrava no meu quarto uma vez ou outra, na esperança de me tirar daquela onda de escuridão que vazava pelas frestas da porta. Sem sucesso, a namorada do meu irmão me deixava sozinho com os meus pensamentos, a maioria deles endereçados a uma garota que deveria estar a poucas horas de desaparecer para sempre da minha vida.

Enquanto eu arriscava uma melodia na guitarra, Itachi me interrompia no momento em que coloquei todo o meu coração no verso que dizia “Soube que você era garota dos meus sonhos no momento que te vi, baby, fique comigo apenas por um instante, vamos esquecer que todo o resto existe, somos nós e apenas nós.”

— Você parece inspirado. — Itachi tamborilava na porta, vendo o meu estado decadente. — Izumi me disse que você não parece bem.

— Eu estou bem.

Itachi abriu um sorrisinho irônico, olhando ao redor. Os copos de macarrão instantâneo e as latinhas de refrigerante falavam por si.

— Eu vou ficar, okay? — Suspirei, deixando a guitarra de lado. — Só preciso de um tempo.

— Meu irmão desiste das coisas tão fácil assim? — Itachi indagou, em um tom perfurante que acertava áreas enfraquecidas do meu peito. — Se ela é a garota dos seus sonhos, não pode deixar que ela vá sem que vocês se vejam uma última vez.

Algo na minha mente estalou assim que Itachi se calou. Imediatamente, saltei da cama, recorrendo a máquina fotográfica e os materiais de revelação. Ainda não tínhamos nos despedido.

— A última fase! — Exclamei, parecendo óbvio. — Ainda não terminamos. Itachi, você é um gênio.

— Bom, seja lá o que for essa empolgação repentina, espero que dê certo. — Itachi suspirou, dando as costas para mim em seguida, que no momento me encontrava em um ritmo frenético. Enquanto revelava a silhueta de Sakura em cada foto que tirei no dia anterior, me atrevi a stalkea-la à procura daquela amiga loira. Não havíamos trocado contato além do Line, mas procurar pessoas era a coisa mais fácil nesse mundo digital.
Não foi difícil achar o perfil de Ino. Abri a primeira sugestão, agradecendo mentalmente aos deuses por ser a Ino que eu estava procurando. Não tive tempo de olhar o seu perfil, rapidamente digitando uma mensagem no direct e torcendo para que ela fosse o tipo de pessoa que abrisse mensagens de desconhecidos. Minutos depois da primeira mensagem, enquanto eu admirava as fotos já reveladas, meu celular emitiu o som característico de mensagem, me fazendo quase derrubá-lo no processo.
Ino me passou as informações tão facilmente, que queria abraçá-la por isso. Antes ela se certificou de que eu não fosse algum maníaco, e pude entender por que a Sakura era amiga dela. Tinha poucas horas até o vôo, por isso, terminei de revelar o restante das fotos, abrindo um sorriso bobo a cada vez que eu colocava o retrato no varal de fotos. Tudo em Sakura era admirável. Seu sorriso na segunda foto me fazia desejar vê-lo diariamente. Sua distração no momento em que a fotografei com as gatinhas, certamente ela nem tinha a ciência de que estava sendo fotografada, e era isso que fazia a foto ser tão linda. Seu corpo coberto pelo roupão e sua expressão sedutora, céus, como eu queria ver mais faces daquela garota. Eu a queria por inteiro.

Gastei as últimas horas colocando todo o meu coração em uma carta que acompanharia as fotos reveladas. Suspirava a cada momento que rabiscava o papel, criando uma pilha de bolinhas na lixeira ao lado da mesinha. Cocei a nuca, pensando no quanto era difícil colocar todo aquele turbilhão de sentimentos em palavras. Apesar de se parecer com uma composição, a carta tinha endereço certo, além de levar consigo todo o meu coração.

Querida Sakura,
Há algo que não te contei sobre os meus pais. Certamente era algo que eu contaria um dia, quando estivéssemos sentados na grama do Yoyogi Park, despreocupados com qualquer coisa além de nossa própria companhia. Consigo imaginar você vestida com aquele vestido de morangos, iluminada pela luz do sol brilhante, e pareceria loucura pensar que você é real. Estou divagando, eu sei.
Meus pais se conheceram naquele parque. Minha mãe adorava contar o quão concentrada ela estava em seu livro, quando um homem se sentou ao seu lado, e passou a falar sobre o céu. Ela dizia rindo que naquele dia, o céu estava nublado e sem graça, mas aquele homem falava de uma forma tão apaixonada, que a obrigava a prestar atenção. Quando se deu conta, estavam conversando como se fossem conhecidos há anos.
Foi uma relação feliz, por bastante tempo. Até chegarem os desentendimentos, que viravam brigas. Meu pai voltava tarde da noite em casa, raramente sóbrio. Minha mãe tentava disfarçar as lágrimas enquanto fazia a nossa janta, mesmo que nossos olhares assustados tentassem dizer que entendíamos o que estava acontecendo.
Não dava para dizer que uma relação que começou com uma conversa descontraída sobre o céu nublado terminaria exatamente como o céu daquele dia, coberto de nuvens que impossibilitavam a saída dos raios solares. Meu pai e minha mãe não pensaram que não teriam controle do tempo que regia a relação deles. Talvez, no íntimo, eles tivessem desejado por dias intermináveis de sol. Mas não foi o que aconteceu.
Hoje eu penso que os meus pais tiveram o tempo deles. E aceitaram viver o presente, independente de qualquer que fosse o fim. Todos entram em uma relação torcendo para que aquela impiedosa nuvem nunca apareça. Mas quem pode controlar o tempo?
Quando nossos olhares se encontraram, entendi por quê meu pai disse que se sentar ao lado da minha mãe, e conversar com ela mesmo sem saber se seria correspondido, foi como se ele tivesse perdido o controle do próprio corpo. Você é cativante, Sakura. Eu não me canso de olhar para você. Seus olhos parecem duas esmeraldas cintilantes. A visão que eu tenho dos seus cabelos cor de algodão doce revoltosos contra o vento são como um presente dos próprios deuses. Gosto do seu sorriso contido quando está envergonhada. Ou de quando a sua risada sai mais alta do que esperava, e você cobre o seu rosto na tentativa de que não te vejam. Amei passear pelas pintinhas do seu corpo. Vou sentir saudades do quão fácil suas mãos se adaptam à temperatura das minhas. É tolice desejar que a minha existência seja marcante para alguém. Você, com o seu sonho de alçar voos, conseguiu ficar marcada no meu coração e mente. Eu queria ser egoísta e reescrever o tempo. Queria que tivéssemos mais dias solares. Mas sei que está ocupada no caminho para se tornar a melhor médica do mundo (E eu tenho certeza que será, afinal, é você.)
Você é realmente como o céu, Sakura. Gosto de pensar que mesmo longe, estou com uma parte de você a cada vez que olhar para a imensidão azul. Você está refletida em mim assim como o céu está refletido nas águas calmas e cristalinas do mar. Se eu pudesse ser egoísta mais uma vez, gostaria de pedir ao tempo e ao destino, que fizessem com que você pousasse mais uma vez ao alcance dos meus olhos.

Com amor, 
Sasuke."

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Eu tô em prantos!! Sério, depois dessa carta do Sasuke eu corria direto pra igreja pq esse homem é tudo!! Sakura mulher, aproveita!

Brincadeiras a parte, queria avisar pra vcs que o próximo capítulo é o último! Sim gente, tá acabando..
O quê vocês acham que vai acontecer? Será que vamos terminar chorando ou sorrindo? Isso só acompanhando o final dessa história que já deixando saudade! Até a próxima, um xêro sz

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