Capítulo 10

Quando cheguei à churrascaria, Naruto e Hinata acenavam para mim, do lado de fora do estabelecimento. Alcançando-os, abri os braços para abraçar o loiro, sendo retribuída com um afagar em meus cabelos.

— Encontro de garotas. Eu sei, eu sei. — Ele levantava os braços em rendição, assim que Ino chegava, fuzilando-o com o olhar. — Só vim para entregar isso a Sakura.

Abrindo a minha mão, Naruto colocou um pequeno objeto redondo no centro dela. Ao ver o que era, enchi as bochechas de ar, o encarando.

— Eu sabia que eu não tinha perdido! — Disparei, apontando para ele. — E você disse que não sabia onde estava o meu tazo raro do pac-man.

— Talvez eu estivesse esperando o melhor momento para entregar. — Naruto assobiava, descarado o bastante para proferir aquelas palavras. — Tipo esse em que estou prestes a me separar da minha melhor amiga. Não acha que eu mereço ser desculpado não?

Estalei os lábios, estreitando os olhos para ele. Naruto era dramático e cínico na mesma medida, e só porque eu sentiria falta desse jeito dele, amoleci. O loiro me abraçou de lado, me levantando junto no processo.

— Só te perdoo se você prometer não derrubar o Boruto na primeira vez que segurá-lo. Não quero que a Hinata me ligue no meio da noite dizendo que como pai você é um ótimo estudante de Direito.

Caindo na risada, Naruto fez questão de bagunçar o meu cabelo, rindo ainda mais quando o xinguei. — O mesmo vale pra você, baixinha. Não vai inventar de se perder no primeiro dia que estiver longe de mim. — Abri os lábios para protestar, afinal aquilo só havia acontecido uma vez e por causa do meu cochilo no metrô. Naruto era a primeira pessoa que estava na minha lista de contatos, por isso ele sempre me atormentava com essa história. — Acho que eu já aluguei vocês mais do que o suficiente. Boa sorte em Londres, chata. Vê se vem visitar a gente antes do primeiro ano de vida do Boruto.

Assenti, apertando o tazo em minha mão. Naruto era a melhor pessoa desse mundo e eu sabia que seria um ótimo pai. Não pude deixar de reprimir algumas lágrimas quando pensei naquele garoto idiota do colegial, as sucessivas broncas, e comparar com o adulto que acenava para mim, me desejando sorte. Naruto ainda era um idiota, isso era um fato imutável. Mas querendo ou não, a maturidade da vida adulta chega para todos nós. Nunca diria isso em voz alta, mas sentirei falta daquelas piadas horrorosas de tio do pavê.

Entramos no estabelecimento, pegando uma mesa que permitia a vista para o lado de fora. Depois de fazermos o nosso pedido, as meninas se entreolharam, em um código que só elas entendiam.

— Bom, eu vou ser a primeira. — Hinata tomou a frente, me entregando uma caixa média. — Eu espero que goste.

Assenti, desfazendo o laço e em seguida retirei a tampa, revelando o conteúdo. Dentro da caixa, havia um ursinho adorável de olhos caramelo e pelo marrom. Passei a mão pelo bichinho de pelúcia, constatando sua maciez. Era como uma versão compacta do Toddy.

— Eu amei! — Abri um sorriso que cobria todo o meu rosto. — Com certeza ele vai dormir junto comigo.

Hinata sorriu, parecendo aliviada com a minha empolgação. Pigarreando, Tenten ergueu uma das mãos, evidenciando uma sacola com uma fita vermelha, impedindo que fosse possível ver o conteúdo.

— Eu também tenho algo. E é melhor do que esse urso, vai por mim. — Tenten balançou as mãos, indicando que eu abrisse, ignorando a expressão ofendida de Hinata. Arqueando as sobrancelhas, retirei a fita e abri a sacola. Ao ver o conteúdo, minhas sobrancelhas formaram uma única linha.

— Eu adorei, mas.. Eu não tenho como levar um vinho na minha mala.

— É por isso que você vai beber antes de viajar. — Tenten me olhava como se aquela solução fosse a mais fácil do mundo. Pelo rótulo, o vinho deveria ter custado mais do que eu conseguiria imaginar. Não faria desfeita, mas não aprovava a ideia de viajar sem a totalidade das minhas faculdades mentais.

— Então, vamos tomar todas juntas. — Ofereci, pondo-o em cima da mesa. — Menos a Hinata. Esqueci que agora você só toma suco.

— Mas eu comprei só.. Ah, tanto faz. — Enquanto Hinata suspirava derrotada, Tenten inflava as bochechas, sendo a primeira a se servir com o vinho. Não duvidava que em 5 minutos ela esqueceria que havia me dado de presente.

— As bonitas já acabaram? — Temari resmungou, empurrando uma sacola na minha direção. — O meu não é sem noção como o da Tenten, então pode ficar tranquila.

Devolvendo o dedo do meio que Tenten havia lhe dado, Temari voltou a me encarar, esperando que eu abrisse. Coloquei a sacola em meu colo, tirando duas peças de roupa de dentro.

— Mentira? — Exclamei, trocando a sacola pelas peças em meu colo. — É da nova coleção?

Temari assentiu, sorrindo. Aquelas roupas ainda nem estavam na pré-venda da sua nova coleção, e eu já era sortuda por ter duas delas. — Eu amei muito amiga, obrigada. Essa saia vai ficar perfeita com as blusas que eu comprei pra levar.

Por último, Ino empurrou uma caixinha até que estivesse no meu campo de visão. A loira não me olhava quando eu abri e me deparei com alguns papéis, presilhas e um colar da amizade.
Peguei um dos papéis, lendo a cartinha que nunca chegou em minhas mãos. Houve um tempo que Ino e eu estávamos brigadas, alguns meses que para nós foram como uma eternidade. Aquela cartinha era uma das nossas tentativas de aproximação, mas como ambas éramos orgulhosas, coube à Hinata nos juntar novamente.

— Amiga.. — Comecei, guardando a cartinha. — Eu nunca soube que você tinha ciúmes de mim.

— Não era bem ciúme. — Ino rebateu, fazendo biquinho. — Era só que você passava mais tempo com a Hinata do que comigo. Vocês sempre tinham alguma brincadeira que eu não podia participar.

Suspirei, balançando a cabeça em negação. Nessa época, Hinata era muito tímida. Eu a encontrava no banheiro sempre que íamos almoçar. Então, a nossa aproximação começou primeiro, e eu levei tempo para introduzi-la ao meu círculo de amigas. Talvez Ino tenha pensado todo esse tempo que eu estava colocando ela de lado.

— Claro que não. Você era a minha melhor amiga. — Juntando os presentes, continuei. — Eu amei cada um dos presentes que..

— Até o vinho da Tenten? — Temari ironizou. 

— Até o vinho da Tenten. — Afirmei, rindo. — Obrigada por existirem e serem essas amigas que eu tanto amo. — Abri um sorriso, que mesmo com a intenção, não chegou aos meus olhos. Isso porque estranhamente os meus pensamentos não estavam naquela mesa.

— Agora que acabou a sessão presentes, pode falar. — Colocando uma das mãos em meu ombro, Ino prosseguiu. — Estamos aqui pra te ouvir.

— Hm? — Ergui o olhar, sobressaltada.

— Nada de “hm”. — Temari balançou a cabeça em negação. — A gente percebeu que você tá toda borocoxô desde que chegou. Tem algo a ver com o bonitão do bar?

Suspirei tanto pelo uso do codinome, tanto pelas lembranças que preenchiam a minha mente. Olhando para elas, podia ver que estavam se corroendo para saber de detalhes, mas por perceberem que as coisas não tinham terminado do jeito que elas pensavam, decidiram não perguntar até que fosse adequado. Eu tinha as melhores amigas do mundo inteiro.

— Não. — A mentira saiu tão escancarada, que não me atrevi a continuá-la diante de quatro olhares fuzilantes. — Tem. Ele é um fofo, nosso dia foi incrível, beija bem e tem pegada, mas não é algo que eu pretendo continuar.

— E..? — Tenten perguntou depois de um gole. As outras me olhavam como se eu estivesse jogando fora um bilhete premiado.

— Eu vou embora?

— E..? — Ela insistiu, me fazendo pensar que beber metade da garrafa havia afetado a audição dela.

— Nós vamos estar longe um do outro..??

— Ai amiga, sinceramente.. — Temari interrompeu, cruzando os braços. — Eu acho que conseguiria lidar com a distância caso o Shika fosse para outro país. Não é como antigamente que as pessoas se comunicavam por cartas, hoje em dia tem outros meios.

— A diferença é que vocês já se conhecem suficientemente bem para decidirem como vão lidar com isso. — Retruquei, apontando para ela. Enquanto a gente conversava, Hinata havia colocado toda a carne que estava na grelha em seu prato. Ela disse que estava no seu direito de grávida, e que ninguém ali gostaria que o Boruto nascesse com cara de carne. — Eu só o conheço a dois dias.

— Mais um ponto positivo. — Tenten dizia enquanto mordia um pedaço de carne que havia pegado no prato da Hinata, fazendo a morena choramingar. — Se ele for chato, você nem precisa se desgastar com a chatice do término presencial.

Arqueei as sobrancelhas, vendo que Tenten voltava a comer a carne como se a sua vida dependesse daquilo. Ino, que estava calada até então, levantou um dedo, parecendo óbvio o que ia dizer.

— Espera espera.. Ninguém escutou que a Sakura disse que ele beija bem e tem pegada? Você só respondeu a minha mensagem hoje, o que significa que.. — Ino abria um sorriso travesso, tal qual uma detetive desvendando um enigma. — Você passou a noite com ele, sua safadinha!

Coloquei um pouco de carne no meu prato, ignorando os olhares curiosos que queimavam as minhas bochechas. Eu estava com quatro garotas extremamente ativas sexualmente, enquanto eu estava meio aposentada nesse quesito.

— Talvez. — Comecei, levando um pedaço de carne à boca. O comentário tal qual o anúncio de um gol pelo locutor da rádio. — Vocês são muito fofoqueiras, sabiam?

Nem um pouco ofendidas com o adjetivo, elas se debruçaram sobre a mesa, esquecendo até mesmo de tirarem a carne da grelha. Tudo o que importava no momento era saber detalhes da minha noite com o bonitão do bar.

— Ele é maravilhoso em todos os sentidos. — Comecei, sendo respondida com gritinhos. — E não, eu não vou contar os detalhes pra vocês, mas posso dizer que ele elevou o meu nível de sexo bom em 500%.

Ino se abanava, enquanto Temari assobiava e Hinata estava vermelha de vergonha, mesmo que fosse de consenso da mesa que ela era a pessoa que menos tinha motivos para estar envergonhada. Tenten me olhava como se eu fosse uma alienígena.

— E você ainda quer dispensar um homão desses? Ai Sakura, você é tão burrinha..

Ergui a sobrancelha, indicando nas pálpebras estremecidas que aquelas palavras me atingiram como estilhaços. Tenten não havia falado por mal, mas o fato de que eu realmente estava o dispensando, quando esfregado na minha cara, fazia eu me sentir como uma idiota. Suspirei, tomando um gole de vinho, colocando na minha cabeça que para ele também foi apenas uma noite, ignorando todas as palavras e atos que gritavam em minha mente, provando o contrário.

— Eu esqueci! — Vasculhei a minha bolsa, pegando um embrulho. Felizmente, no desespero de procurar outro assunto, minha mente me alertou para o presentinho que eu estava esquecendo de entregar. — Eu também tenho uma coisa.

Hinata abriu o embrulho, ficando com os olhos marejados quando pegou nas mãos a touquinha e as meias amarelas tão pequenininhas que cabiam na palma da mão.

— Como eu não vou estar aqui quando essa fofura nascer, resolvi adiantar o meu presente. — Abri um sorriso vendo o quanto Hinata havia ficado emocionada. Limpando as lágrimas, ela assentiu, sorrindo.

— Ele vai adorar o presente da tia Sakura. Não é, Boruto? — A morena alisava a própria barriga, parecendo concentrada no que fazia.

— Quero videochamadas toda semana para ele se acostumar com a minha voz. Não vou deixar que essas chatas tirem o meu posto de melhor tia. — Brinquei, mostrando a língua.

— Eu que vou ser a melhor tia. — Ino interveio. — Vou subornar ele com desenho animado.

— Vocês todas são as melhores madrinhas que o Boruto poderia ter. — Hinata abria um sorriso terno, sufocando a nossa disputa. — E você sabe como o Naruto é. Ele vai te encher de fotos e vídeos.

Assenti, imaginando que eu certamente acordaria às 3h da manhã com dez mensagens do Naruto mostrando algo que o Boruto havia feito. Precisava me preparar mentalmente para isso.

— Se a Hina deixar, eu faço uma vídeo-chamada quando ele estiver nascendo. — Tenten abriu os braços, mais uma vez com idéias que só faziam sentido na sua cabeça. Hinata riu, balançando a cabeça em negação.

— Não duvido que esse seja o trabalho do Naruto. 

— Isso se ele não desmaiar antes. — Completei.

Passamos o resto do horário de almoço conversando sobre trivialidades, atualizando fofocas e disputando os últimos pedaços de carne. Depois da sobremesa, cada uma de nós se separou, menos Ino, que me ajudaria a fazer os últimos ajustes na mala. Prometemos nos juntar novamente no aeroporto, onde faríamos uma despedida repleta de lágrimas e lenços de papel encharcados.

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Oioi minhas cerejinhas!! Temos ai o almoço de despedida das meninas, confesso que fiquei emocionada com os presentes e o clima de saudade que essa fic está deixando..
Mas ainda vem emoções fortes por aí! Não percam o próximo capítulo, espero todos vocês sz

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