Capítulo 1

— Então, já decidiu onde vai ficar? — Entre assuntos animados e rodadas de cerveja, Temari chegou ao assunto que estava movendo as rédeas da minha vida ultimamente. Balancei a cabeça em afirmação, lembrando-me de relance que ainda não tinha dito para elas onde ficaria. Nas duas semanas anteriores, ainda escolhia entre as várias opções, a melhor acomodação. 

— Eles são super simpáticos. Mas vai ser por pouco tempo. Gosto de ter o meu próprio espaço. — Apesar de ter uma boa quantia que me salvava do desespero em outro país, não era como se eu tivesse grana o suficiente para alugar algum apart, considerando que parte do dinheiro resolveria as primeiras pendências da faculdade. Por isso, procurei uma host family, que me garantiria comida e hospedagem por um preço mais em conta. Além disso, a casa ficava relativamente próxima da faculdade, sendo uma mão na roda em relação ao trânsito - que ainda era desconhecido para mim assim como tudo naquele país. -

— Tem certeza que procurou direito? A gente não quer que a nossa amiga seja o sacrifício de algum ritual medonho. — Estreitei os olhos, olhando para Tenten que já havia ingerido metade da garrafa que tinha nas mãos. As bochechas da morena estavam completamente rubras, e eu só conseguia pensar em quem de nós a levaria para casa.

— Tenten! — Advertiu Hinata, assumindo uma face de preocupação ao pensar na amiga desovada em algum rio britânico. — Não fala besteira!

— Shh.. Shh! — Com tapinhas nas costas de todas as presentes, Ino ergueu a voz e o olhar em uma direção específica. Voltando-se a mim, a loira exibia um sorriso de lado, enigmático até então. — Parem de discutir sobre quem ou o que será desovado e prestem atenção na outra mesa. Tem um gostoso que não tira os olhos da Sakura.

Não tive tempo para expressar indignação ao notar que Ino excluiu o assunto anterior tão rapidamente, mas acreditava que em algum ponto daquele coração gelado, ela se preocupava comigo. Ino não demonstrava seus sentimentos, como uma criança demonstraria que um doce não agradou. Quando recebi o e-mail de admissão da University of Hughes e ponderei sobre a minha ida para um lugar totalmente desconhecido, Ino foi a primeira a me encorajar. Não são todos os amigos que dizem que te buscaria a qualquer momento, caso algo não me agradasse. - Isso não queria dizer que ela me buscaria caso recebesse uma mensagem minha no meio da noite, surtando por que não aguentaria mais uma rotina desgastante no outro dia. Nesse caso, ela só entraria no modo “levanta a cabeça, princesa, se não a coroa cai” e ficaria comigo por 2 horas recitando uma thread de 50 melhores discursos motivacionais. - Gosto de acreditar que nossas almas estão interligadas. Então, a qualquer sinal de perigo, ela estaria lá para mim. Esse é o “eu te amo” daquela loira gelada que eu tanto amo.

Entre assobios e gritinhos, além de comentários acerca da beleza do homem, tive que piscar os olhos por pelo menos duas vezes antes de estar por dentro do assunto. Direcionando o olhar, fixei as pupilas na tal mesa que era o objeto de suspiros das garotas. 3 homens, além de uma garota ruiva, estavam sentados de modo despretensioso, e caso eu estivesse prestando atenção no assunto desde o começo, saberia qual deles estava me encarando.
— Qual deles? — Perguntei, desistindo das minhas habilidades de dedução.

— O de jaqueta preta e carinha de amor da sua vida. Um gato, não é? — Ino cutucava o meu antebraço, com uma expressão de quem havia ganhado na loteria. Ah, pronto. A loira achou sua diversão da noite.

Pelo o que conhecia daquele projeto de Barbie, ela estava contendo todos os seus sentidos de cupido. Foi ela que deu uma forcinha para todos os casais do nosso grupo, exceto por Temari, que arrumou ela própria o romance com Shikamaru. Se bem que Ino já havia comentado algo com o garoto sobre as investidas da loira rebelde, mas não fale para uma pessoa que gosta de ter o controle sobre cada aspecto de sua vida, que seu relacionamento teve o empurrão de outra pessoa para que ele pudesse acontecer.
Em contrapartida, Ino precisou de uma declaração no pátio do colégio e dois buquês de flores para perceber que Sai estava rendido por ela. Desde então, os dois são inseparáveis. Ela é a própria “fofoca?” e ele é o próprio “quero”.

Observei a mesa que estava à frente. Naquele momento, os desconhecidos conversavam entre si, parecendo bem animados. Em um determinado momento, que eu estava utilizando para avaliar o cara de jaqueta preta, nossos olhares se encontraram. Droga.
Tentei desviar o mais rápido possível para que parecesse que eu estava olhando para um outro ponto que não fosse o rosto dele. Sabe aquele momento que você é pega fazendo o que não devia? Era o que eu estava passando no momento. Tudo bem que ele estava me encarando primeiro, mas não foi pego fazendo isso. E o pior, minha expressão no momento denunciava o que eu estava fazendo. Se eu estivesse no twitter, seria idêntico àquelas threads de avaliação.

A partir daquele momento, dividi as minhas ações entre interagir com as meninas, e desviar o olhar até a mesa seguinte. O homem sorria e bebia, parecendo casual enquanto fazia isso, mas idêntico a um modelo de capa de revista. Eu estava tomando cuidado entre uma olhada e outra, reparando em cada parte de sua figura como quem monta um quebra cabeça. Percebi em uma das olhadas, que ele possuía covinhas nas duas bochechas. A covinha da bochecha direita só aparecia quando o seu sorriso se tornava mais forte, daquele de doer todos os músculos da face. Em outra olhada, reparei no pomo de Adão que subia e descia à medida que ele bebia. E, na última olhada, quando por fim encarei seus lábios, nossos olhares novamente se encontraram. O dele, de uma cor tão sombria quanto uma obsidiana.

— Até quando você vai ficar nesse jogo de “olhando o gato por 5 segundos?” — Antes que eu pudesse me esconder em um buraco, a voz de Ino se sobressaiu em todos as mensagens de “socorro, socorro” que o meu cérebro enviava para todas as partes do meu corpo, evitando que tudo entrasse em uma combustão sufocante.

— Quê? Não, nada a ver. — Bebi um longo gole da cerveja que já esquentava na mesa, por isso, a bebida desceu como um pedregulho na minha garganta. Fazendo uma careta, limpei uma gotícula de suor que incomodava em minha testa. Por mais que o ambiente estivesse aquecido, certamente não era de um jeito que fizessem os clientes suarem tão qual um pão no forno. Então, o motivo do meu suadouro só poderia ser..
Não, impossível. Eu não era nenhuma garotinha que ficava impressionada com olhares sobre a minha pessoa, na maioria das vezes era só alguém admirando a cor exótica do meu cabelo, ou me julgando doida por isso. E desde que eu terminei meu relacionamento há 11 meses, não me encontro disponível para o amor - nem mesmo com as tentativas de Ino. - Flertar com alguém em um bar, faltando apenas 3 dias para vivenciar uma realidade totalmente diferente à qual estou acostumada, definitivamente não fazia meu tipo.

— Sei, sei. — Ino tamborilou a garrafa já vazia, com um sorrisinho como quem dizia “você vai ver o meu próximo passo.” Antes que eu pudesse ter certeza se queria mesmo ver ou não, a loira se levantou, me puxando no processo. Como uma mãe que segura a sua criança para que ela não se perca, Ino me levou até a parte reservada para aqueles que já estavam bêbados o bastante para passar vergonha. Com um microfone em mãos, Ino me olhava com um sorriso travesso, não precisando completar sua linha de raciocínio.

— Sem chance. Não vou cantar. — Fui enfática na minha decisão. O bar estava relativamente cheio, e tudo bem que metade daquelas pessoas não se dariam ao trabalho de olhar a louca que estava cantando no karaokê. O que me impedia era justamente o fato que, uma única pessoa de todo aquele acervo, poderia notar e eu não precisava de mais um check na lista mental de “por quê eu acho aquela garota de cabelo rosa doida”, daquele homem.
Porém, estamos falando de Ino. Ela não precisava falar nada e não disse, apenas o seu olhar penetrante fez com que eu assumisse o microfone, sob a condição que a escolha da música fosse minha. Me xinguei mentalmente por não estar bêbada o suficiente para esquecer daquela vergonha, mas já que aquilo poderia entrar para a lista de assuntos que usaríamos para rir meses depois, resolvi fazer daquela noite memorável.

Enquanto esperava as primeiras notas do instrumental tocarem, tentei não olhar para Ino, que parecia incrédula. Qualquer que fosse o seu plano para que eu parecesse sexy cantando naquele microfone, foi por água abaixo quando das minhas cordas vocais saíram às primeiras estrofes da segunda música de abertura de “Meu amigo Cão”, um desenho animado que foi o meu objeto de fixação por 3 semanas após o término. Quando tudo na sua vida se resume a chorar e achar que nada mais faz sentido, ter alguém para dizer que vai ficar tudo bem é a base da superação - mesmo que seja um personagem canino de desenho animado. -
Imersa na falta de vergonha, cantei o refrão como se a minha vida dependesse disso. Não me atrevi a olhar se minha cantoria era o foco de celulares ou das conversas, nem se a metade do bar me consideraria louca ou bêbada, ou as duas coisas juntas. Quando a música terminou e eu finalmente pude respirar fundo, me virei para Ino a fim de perguntar se ela estava satisfeita. A pergunta morreu na minha boca antes mesmo de ganhar vida em meu âmago.

— Eu não achei que fosse ouvir a abertura de “Meu amigo Cão” em uma sexta-feira à noite, às.. — Dirigindo seu olhar para o relógio, o desconhecido continuou. — 00:30h. Foi uma grata surpresa.

Pisquei os olhos, incrédula por vários motivos. Olhei de Ino, que estava com uma cara de “não fale comigo, foi você quem arranjou isso”, para o homem, cuja expressão denunciava a espera de uma resposta. Por que raios Ino não me avisou da presença daquele homem, atrás de mim? Quando ele chegou? Já estávamos há tanto tempo no bar? Se o relógio já passa de 00h, ele não deveria dizer “uma noite de sábado?” Será que ele é daqueles que só considera a virada de data quando acorda? Por que eu estou pensando em tudo isso agora?

— Ah, desculpa. — Me tirando das minhas perguntas sem resposta, o homem levava a mão à nuca, abrindo um sorriso sem graça. Minha expressão devia denunciar o meu choque, por isso, erguendo a mão que outrora estava na cabeça, continuou. — Sou Sasuke Uchiha.

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Eai, corações, o que acharam do primeiro capítulo? Nosso Sasuke chegou para movimentar esses últimos dias da Sakura no Japão! O que vocês acham que vai acontecer agora? Ps: A Ino foi a craque do jogo nesse capítulo kkkkkkkkkk.


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