APENAS UMA DANÇA

COMENTEM BASTANTE

Capítulo 3 — Apenas uma Dança

Jimin On

Que o Jeon era um desgraçado, eu já sabia e isso não era nem uma novidade, mas depois dele fuçar onde não devia, roubar me sucrilhos e secar todo o leite da minha geladeira, ele me fez vestir uma roupa desconfortável, desligar minha televisão e ir para um lugar barulhento e cheio de gente bêbada e perturbada.

E eu realmente não sei qual o problema de todo mundo com a minha série, mas supernatural tem fuck 15 temporadas que não serão assistidas sozinhas se esse bando de pela saco não me deixar em paz.

Quando ele estacionou o pérola negra, que era o nome super brega do carro dele, em frente a uma casa movimentada e com música alta, eu quase chorei, juro pra vocês, a vontade era grande. Deixar de ver o gostoso do Dean Winchester, pra ver um monte de idiota bebendo até cair na grama de um desconhecido, não era nem de longe o meu tipo de diversão.

Sem falar que a última festa que eu havia ido, vulgo ontem, havia sido um grande fiasco e eu ainda não havia me recuperado. Eu não era um cara de festa, não mesmo. Jackson raramente conseguia me arrastar com ele para esse tipo de tortura medieval. Eu era o tipo de cara que topava ir à taverna de jogos de tabuleiro e campos de laser tag, mas também não curtia ir para academia, ou quando me chamavam para subir uma montanha, ou dar uma volta no parque.

Porra, eu sou o que? Um cachorro para você me levar dar uma voltinha?

Enfim, eu topava qualquer coisa relacionada a comida, mas nem tudo relacionado a convívio social, então sempre perguntava quem ia estar lá, porque dependendo quem fosse, eu não ia.

Ele me olhou de lado enquanto tirava o cinto e eu já sabia que ele ia falar algo como: "Se divirta, não seja você mesmo e estrague tudo" ou algo bem babaca e bem típico dele.

— Se precisar de alguma coisa, me chame, ta bom? — Okay, isso foi bem surpreendente, mais alguém está surpreso e com uma leve dor de cabeça?

— Você tá me tirando do meu habitat natural e me jogando no seu. Então é, eu preciso de alguma coisa, preciso que não saia do meu lado, o que acha? — Questionei irônico, enquanto tentava fechar um dos botões que ele havia aberto exageradamente, mas ele tirou minha mão da minha camisa e estalou a língua no céu da boca.

— Tá bonito, não estrague tudo. — Resmungou emburrado. — Eu vou estar do seu lado. Só estou dizendo, que caso você resolva dar uma volta sozinho e precisar de mim, eu vou estar aqui embaixo, na área do bar com o Taehy.

— Aquele seu amigo do nariz grande e as canelas finas? — Questionei confuso de qual dos amigos estranhos, ele tava falando, mas o demônio apenas gargalhou de uma forma descontrolada, batendo a mão no volante e convulsionando, era até bonitinho de se ver.

— Meu Deus. Esse mesmo. Canela... Canela fina. É, esse é o Taehyung. — Resmungou recuperando o fôlego. — Te dou cinco pratas se falar isso na cara dele.

— E correr o risco de levar um socão? Cinco pratas não vai consertar o meu nariz depois. — Rebati cruzando os braços. — Escuta, se fosse pra ficar no carro com você, a gente podia ter ficado em casa, vendo minha série. Vamos fazer uma hora aqui e depois você me leva pra casa, e não esquece que amanhã a gente tem que descansar, porque segunda tem faculdade e eu não vou estar morto por conta dessa palhaçada toda.

— Sim, senhor Nerd de bolso.

— Mano, desce do carro pra eu te mostrar o asfalto de perto. — Murmurei, tirando o cinto e abrindo a porta e ele riu, debochando da minha ameaça e, também descendo do carro.

A cada passo que dávamos, maior era o meu desgosto pela sociedade de uma forma geral. Como era possível uma pessoa estar desmaiada, completamente largada na grama de um possível desconhecido, às nove horas da noite de um sábado, sem camisa com um pênis pintado em batom vermelho na barriga? Essa pessoa não tem família, ou amigos, ou, sei lá, noção? Os divertidamente tiraram férias? Porque assim, se sou eu, meu nojinho me pega na voadora se eu faço um trem desse.

Jeon abriu a porta como se fosse a casa dele e eu julguei, mas não falei nada. Entrei na frente, como ele me indicou e fui me enfiando no meio do povo tentando tomar espaço, porque eu posso ser baixinho, mas sou espaçoso e meio claustrofóbico, então eu empurro mesmo.

Não demorou muito para enxergar a garça alta e das canela fina, que tava perto do bar, então eu fui empurrando o povo estilo futebol americano, para abrir espaço até lá e senti o dedo do Jeon se enganchar no passador do cinto da minha calça. – Eu julguei ser ele, mesmo sem olhar, porque ninguém iria querer ver sangue nesse carpete e se alguém faz isso assim, no gratuitão e se enrosca em mim como se minha bunda fosse o rabo de um cometa, mas não ia vê nem de onde veio a cotovelada na nuca.

Eu ia mostrar tudo o que eu aprendi na minha única aula experimental de karatê.

— Porra. Finalmente. Demoraram pra caralho, hein. — Escutei a garça e dei uma risadinha tímida, porque assim, de pertinho e se não olhasse para as perninhas fina, ele era um pitel.

Era aquele ditado, né: Jogava a bandeira em cima e sentava por amor à pátria.

— Eu não sabia que tinha um encontro marcado com você, Taehyung. — Jungkook reclamou. — Eu, Hein. Vai cuidar das tuas coisas.

— Ixi, filho. Eu vou mesmo que você não me da futuro. — Disse debochado. — Falando nisso, é um prazer te rever, Jimin. Senti saudades do seu sorriso.

— Obrigado. — Falei alto pelo som. Eu procurei alguma coisa pra elogiar nele e apesar do sorriso dele ser bonito de um jeito esquisito ao mesmo tempo, eu não queria soar repetitivo, então optei pela segunda coisa mais atrativa nele naquele momento, que com certeza não era o nariz pontudo dele. — Os seus olhos são lindos. — Disse focando minha visão nele, mas Jeon começou a gargalhar e deu um tapinha nas minhas costas e apontou para o amigo.

— É claro que são. São lentes. — Debochou.

— Não ligue pra ele, Jimin. Está com ciúme da nossa relação. — Ele me consolou ao ver a minha possível cara de pânico ao ver o fora que eu tinha dado, ao elogiar a única coisa no menino garça que não era real.

— Tudo bem. Me desculpe. — Disse ainda constrangido como o inferno e olhando pra Jeon como se a culpa fosse dele, o que eu julgava que era, já que o amigo era dele e ele poderia ter deixado passar que eram lentes de contato, mas preferiu jogar aquilo no fogo só pra me foder.

— Onde tá todo mundo? — O demônio questionou me ignorando e o menino garça deu de ombros.

— E eu lá sou babá de alguém? Deve estar cada um em um canto. Jin deve tá ajudando Hoseok a bater o recorde da casa no Poker Beer. Namjoon e Yoongi devem ter ido reabastecer o estoque de bebida e eu fiquei aqui para esperar a princesa da noite que sempre se atrasa e enfia o celular na bunda.

— Calado, súdito insolente. Ousa falar assim com a sua rainha? — Jeon retrucou sério para o amigo e eu quis rir, porque eu tinha que admitir que mesmo sendo um idiota, havia sido levemente engraçado.

Observando aqueles dois era fácil notar que eles pareciam acostumados e confortáveis no meio de toda aquela gente, música alta, cheiro forte e confusão hormonal, no meu ponto de vista, era claro que dois demônios iriam estar acostumados com o inferno, mas ainda era surpreendente, porque eu sempre achei que aquilo era um mito e que na verdade o jovem fingia gostar de festa pra se enturmar, mas que todo mundo odiava as escondidas, percebi que não.

Eu me encostei na parede do canto, observei eles conversarem sobre uma tal de Ally e Yoongi, o amigo deles, e a festa de ontem. Jeon parecia bravo e convencia Taehyung a se vingar de Yoongi por algum motivo e eu apenas conclui que a tal da Ally deveria ser importante no final das contas.

Jeon me encarou, ainda bravo pela conversa anterior, mas sua expressão aliviou ao ver que eu os encarava, ele suspirou e se aproximou um pouco, me deixando incomodado por estar com tão pouco espaço entre eu, ele e a parede naquele momento. Eu não sabia que era claustrofóbico, mas talvez seja uma opção, não é?

— Algum problema? — Ele perguntou próximo do meu ouvido e eu arrepiei ao sentir o hálito quente contra o meu pescoço e talvez fossem todas as bebidas batizadas que Taehyung estava me servindo até agora, que já estavam mexendo com o meu sistema cognitivo.

— Não. Eu só não gosto muito de festa.

— Quer dançar? — Ele perguntou estendendo a mão, sugestivo e ainda próximo demais.

— Com você? — Questionei rindo fraco, mas baixo, envergonhado e talvez até um pouco acanhado por me sentir afetado pela aproximação e por me sentir sendo observado.

— Bom, pode dançar comigo primeiro e se outra pessoa te chamar, pode mudar de parceiro. É uma festa, não um baile dos anos 70. Não tem que ficar comigo a noite toda. É só uma dança. — Disse dando de ombros e eu suspirei, abrindo e fechando a boca, porque ele tava certo, era só uma dança e eu estava sendo bobo. Não tinha nada de errado.

Coloquei minha mão, que estava um pouco trêmula e suada sobre a sua e ele se afastou um pouco surpreso ao notar que eu havia mesmo aceitado sua proposta. Jeon me guiou até o meio da pista de dança improvisada. Que era a sala de estar de um desconhecido, que havia arrastado os sofás para as paredes na intenção de abrir espaço, removido o tapete e a mesinha de centro, apagado as luzes centrais e ligado um refletor piscante e uma caixa de som.

Algumas pessoas que já haviam desistido da vida e não ligavam mais para passar vergonha em público estavam ali, dançando sem se importar com o resto do mundo e eu estava prestes a me tornar uma delas, o que era empolgante e levemente constrangedor. Ele me virou de frente pra ele e a música Money da Lisa estava tocando a um tempo e ele começou a dançar de forma engraçada para tentar me fazer perder a vergonha.

Ele segurou nas minhas mãos e tentou me guiar em alguns passos desajeitados, como se eu fosse uma criança aprendendo a andar e eu dei risada, porque Jeon era um idiota na maioria do tempo e essa era uma parte dele, que me doía admitir, mas eu gostava.

Ele me afastou para me rodopiar e logo me puxou para seus braços em um abraço como se estivéssemos dançando tango, mas a música mudou e logo estava tocando Dangerous Woman da Ariana Grande e o grito animado de todo mundo na sala era ensurdecedor.

Eu ainda estava de costas pra ele, sentindo a respiração dele no meu pescoço e seus braços se apertaram mais envolta do meu quadril. As luzes da sala, que antes piscavam em azul e vermelho, ficaram só no vermelho e eu entendi que era para criar um clima quente para a música, mas aquilo somado a bebida, calor e barulho, só me deixou zonzo.

Minha cabeça caiu em seu ombro, pesada demais e eu sentia minha respiração lenta, difícil de ir até o final. Ele me segurou pela cintura, me sustentando e eu levei um dos braços até o seu pescoço, buscando apoio, porque eu estava me sentindo mole de repente, como se o mundo realmente estivesse se perdendo e ele fosse o único eixo que me restasse.

Senti seu nariz passando pela minha pele e o arrepio foi instantâneo, minha cabeça se virou um pouco pra ele, como se estranhasse a situação esquisita em que estávamos e assim que o olhar dele se encontrou com o meu, eu notei que não era uma impressão e nem fruto da minha imaginação, nós estávamos em uma posição estranha e confusa e eu deveria estar enlouquecendo, porque era o Jeon ali.

— Jimin? Tá tudo bem? — Ele questionou alto por conta da música, enquanto tentava me puxar pelo braço, me fazer virar para que eu ficasse de frente para ele, mas eu desviei, me mantendo de costas, tentando regular a respiração e colocar minha mente no lugar.

Nós não havíamos tido um momento, não mesmo.

— Tá. Eu só quero ir pra casa. Agora. 


| Espero que tenham gostado | 

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