APENAS DO MEU JEITO
Capítulo 11 – Apenas do meu jeito
É claro que eu passei a noite inteira acordado olhando Jimin dormir. Não é sempre que temos esse privilégio. Não depois de tudo o que aconteceu. E eu precisava ter certeza de que não havia morrido e não estava no céu, o que claramente também era uma opção viável, porque ele não me deixaria ir tão longe.
Tudo bem que ele não havia me deixado dar uma beijinho e eu havia notado todas as suas tentativas de fugas, mas ele havia me deixado ir tão longe, e eu havia dito tanta coisa e porra, era ele ali, era realmente ele.
E tudo bem que havia precisado da ajuda de um afrodisíaco pra isso, mas aquela merda só deixava ele com tesão, não mexia com a mente dele, não era como pinga que fazia ele perder a noção das coisas ou qualquer outra merda do tipo. Aquilo só havia sido um incentivo, não é? Só havia me dado um pouco de coragem.
Ele havia ficado tão mole nos meus braços, tão suscetível e por alguns minutos eu me tornei o "Jun" em sua boca doce e adorável e eu só gostaria de me afundar em seus lábios e ficar ali para sempre. Gostaria que ele soubesse que eu o amava, mas fiquei com medo de o assustar com toda a verdade, que parecia não querer ver de uma vez.
Mas tudo bem, porque ao mesmo um pouco, ele viu.
E o melhor de tudo, acredito que tenha gostado, porque ele devolveu e retribuiu cada pequeno toque e até mesmo afeto. Eu só preciso ir com calma. E agora, agarrado a ele, enquanto dormimos, ele está com a cabeça afundada no meio peito, como quando éramos menores, como se nunca tivéssemos nos afastado, dormindo com tranquilidade, como se pudesse me amar de verdade um dia.
Talvez meu sonho não seja tão impossível assim.
– Ai. O que é isso? – Ele perguntou ao escutar a campainha escandalosa do apartamento dele e se remexeu desconfortável, se enfiando mais no meu peito. – Desliga essa merda.
– Eu não sei o que é isso. – Eu resmunguei o apertando contra mim. Irritado por seja lá quem fosse. – Você tá esperando alguém?
– Deve ser o Jackson. – Resmungou abafado contra o meu peito. – Vai lá e diz que eu morri. – Eu ri, o abraçando mais, mas tive que levantar ao ver o quão insistente a pessoa na campainha estava, me arrastei até o lado de fora, indo até a porta e quando abri, quase soquei a cara do Taehyung ao ver que era ele.
– Eu sabia. Sabia que você tava aí. – Exclamou animado. – Quando eu não te encontrei na sua casa. Eu sabia que você tava enfiado na casa do Jimin. Você é tão previsível. – Resmungou entrando na casa. – Sabe, você tem sorte de eu estar com um bom humor do caralho, senão eu ia ficar puto pra cacete, mas a noite ontem foi ótima. Meu plano deu certo, Yoongi ficou duro e...
– Ué? Como exatamente isso rolou? – Eu questionei confuso, mas então minha mente raciocinou e eu percebi que aquele trairá duas caras deveria ter compactuado com Jimin. – Ah, me deixa adivinhar, você deu outra bebida batizada pra ele.
– Como assim outra? Não tinha outra, existia só uma. – Disse confuso, mas eu poderia jurar que era falso.
– Jimin tomou a bebida batizada.
– Não. Eu dei ela para Yoongi, acredite, eu posso comprovar isso. A gente dormiu junto ontem.
– Não. Jimin tomou ela, trouxe ele pra casa, porque estava passando mal. Foi uma situação complicada. Pensei que você tivesse dado pra ele. Ele tinha um plano ridículo de me dar, mas acabou tomando sem querer.
– Espera, então o Yoongi não tomou nada ontem? – Taehyung questionou um tanto perdido e confuso, como se não conseguisse entender algo, como se peças estivessem faltando em seu quebra cabeça. – Então o que diabos foi aquilo?
– Do que está falando?
– Que converseiro todo é esse aqui? – Jimin saiu do quarto, com uma carinha de sono adorável e um pouco de pasta de dente na bochecha, mostrando que havia escovado o dentes ainda dormindo. – Ah, oi Tae.
– Jimin, você trocou os copos ontem a noite? – Questionou de cara, fazendo Jimin arregalar os olhos, ficando um pouco mais desperto e gaguejar uma resposta.
– Troquei, mas... não era pra mim. Bom, era, mas não era. Era pro Jeon. Era pra ele sair do meu pé, mas era uma ideia estupida e deu errado. Eu não tava pensando direito. Achei que o Yoongi não merecia aquilo e eu fui egoísta, porque eu não deveria ter me metido nos seus planos, desculpa. Eu fui babaca e idiota, sinto muito. – Ele falava muito rápido e descontrolado e eu acredito que se Taehyung não tivesse o interrompido, ele não iria parar.
– Não. Jimin, você não está entendendo. – O Interrompeu um tanto histérico. – Ontem, Yoongi me procurou depois que eu levei a bebida pra ele. Ele flertou comigo e nós dormimos juntos. Eu achei que ele estava falando todas aquelas coisas sedutoras e tava sendo todo quente porque estava com tesão, mas ele não tomou a bebida certa.
– Não tomou. – Jimin murmurou concordando.
– Nós transamos novamente e falamos muitas coisas durante a noite, coisas que eu achei que eram só por conta do tesão, mas... talvez... Merda... talvez não fossem, não é...
– O que quer dizer? – Questionei ao ver Taehyung despencando sobre o sofá de Jimin e encarei o dono do apartamento, que parecia perdido com aquilo.
– Ele pediu para eu dizer algumas vezes que eu era dele, só dele. E eu achei que era algum tipo de fetiche, havia acontecido da última vez também, mas talvez não fosse, talvez fosse uma coisa que ele quisesse ouvir de mim, ou talvez eu esteja pensando demais.
– Ou talvez não, ne? – Jimin se meteu, se aproximando dele e se sentando ao seu lado, ganhando minha atenção. – O problema todo não surgiu porque ele não quis te ajudar a ficar com outro cara? – Questionou meio confuso, porque acho que no fundo ele também não entendeu muito bem o que rolou. – E porque ele também ficou com alguém.
– A Ally.
– Isso. A Ally. – Concordou. – Talvez vocês dois queiram exclusividade, queiram ser só um do outro pra valer.
– Acha mesmo isso? – Questionou com um tom perdido, segurando as mãos de Jimin enquanto o olhava nos olhos. – E se estivermos errados. E se eu for falar com ele e ele rir de mim. Yoongi não é do tipo que leva os outros a sério. Conseguir dormir com ele mais de uma vez já foi uma grande vitória, eu não quero forçar a barra.
– Bom, acho que você só vai saber se conversar com ele, ne? – Afirmei sem pensar duas vezes.
Observei Jimin me encarando com atenção, prestando atenção em cada palavra que eu dizia e pensei que ele iria rebater e discordar, dar outro ponto de vista, mas ele apenas concordou com a cabeça antes de murmurar.
– É. Acho que ele está certo. – Jimin sussurrou abaixando a cabeça. – Deveria falar com ele.
– Okay. Vou falar com Yoon. Botar as cartas da mesa e explicar que temos algo rolando.
– Deveria deixar a parte que quase drogou ele de fora da sua história, ela é meio assustadora. – Brinquei.
– Eu acho um charme. – Jimin devolveu a brincadeira, me olhando de canto, me provocando, já que quase havia feito o mesmo comigo.
– Tá. Vou deixar vocês dois sozinhos agora, mas volto mais tarde para saber o que rolou. Porque com certeza vou querer saber o que rolou. – Disse com um tom indecente. – Vocês dois, sozinhos, de pau duro. Isso só pode ser um filme pornô ruim dos anos 90. Eu quero muito ver. Me fala que você filmou? – Me perguntou e eu neguei, o fazendo choramingar. – O pior melhor amigo do mundo.
– O Jimin é meu melhor amigo. – Eu respondi, fazendo Jimin soltar um risadinha contida com a provocação, o que era um puta avanço, porque antes ele negaria até a morte aquela afirmação.
– Block duas vezes. Não fale comigo nunca mais por hoje. – Reclamou se levantando. – Ele não pode ser seu melhora amigo. Pessoas normais não querem foder com os melhores amigos. – Eu o encarei em repressão e vi ele arregalar os olhos, como se tivesse notado o que tinha dito apenas naquele momento. – Puta merda. Foi mal. Caralho. Eu ferrei com tudo. Nossa Jão. – Ele se virou para Jimin, que havia parado de sorrir e agora parecia sem expressão nenhuma. – Por favor, Jimin, esquece o que eu falei. Eu não quis dizer isso. Eu tava falando de outro Jimin, na verdade, de outro melhor amigo. Não era você, nem...
– Você tá fodendo ainda mais, Taehyung. Só vai embora. – Eu neguei com a cabeça.
– Me desculpa mesmo. – Ele pediu enquanto me acompanhava até a porta. – Foi sem querer. Eu não percebi. – Ele continuava se desculpando e eu conseguia ver o arrependimento que ele tava sentindo enquanto ia andando, o remorso estava o matando.
– Ta tudo bem, Tae. Eu vou dar um jeito. – Sussurrei. – Não se preocupe com isso. – O acalmei. – Vou conversar com Jimin. Acho que já estava na hora dele saber de qualquer forma.
– Sinto muito mesmo. – Pediu uma última vez antes de ir e respirando fundo, eu fechei a porta e me preparei para o que estava por vir.
Apesar de estar naquela a muito tempo, eu nunca havia pensado em como iria me declarar para ele, sempre pensei que um dia, Jimin viria até mim e iria dizer que me amava também, mas com toda certeza que não esperava que o boca aberta do meu amigo fizesse todo o trabalho, não que tivesse muito o que fazer, já havíamos andado um longo percurso na noite anterior e eu acho que tinha dado várias dicas para Jimin.
Mas dada a cara paralisada dele no meio da sala, acho que ele ainda era o menino lentinho que eu conheci aos 3 anos de idade.
– Cara engraçado esse meu amigo né? – Questionei desconversando. – Ele inventa cada uma. – Brinquei. – Doidinho da cabeça. Melhor nem leva muito em consideração o que ele fala. – Jimin ofegou, levantando o olhar para se prender nos meus e eu me derreti ao ver que ele procurava por certeza. – Jimin...
– O que ele falou...?
– Jimin... O Tae....
– Não... Jeon, ele disse que você... que nós... – Ele parecia um tanto perdido no jogo de palavras.
– O que ele disse é complicado. – Eu fui sincero. Me sentando no sofá ao seu lado, onde Taehyung estava anteriormente. – Porque vai mudar a forma como você me vê, vai fuder nossa relação novamente e eu não quero te afastar de novo, não agora que estamos voltando a nós falar. Porra, ela já é frágil pra caralho e eu não quero que ela acabe, Ji. – Eu sentia minha voz embargando, a um passo de chorar. – Eu prefiro estar do seu lado, de alguma forma, de qualquer forma, do que não estar de nenhuma. Porque você é importante demais pra mim. Então por favor, vamos esquecer o que ele disse e apenas continuar. Vamos voltar a ser amigos e eu prometo que me mantenho na linha, que faço as coisas do seu jeito.
– Do meu jeito? – Perguntou com a voz baixa, me olhando por cima dos cílios, se aproximando minimamente. – E como são as coisas do meu jeito, Jeon?
– Há – Ri sem Humor pela forma como ele me chamou. – Eu não sei. Acho que são, a um braço de distância, talvez.
– Está falando sério? – Questionou em um sussurro, me assustando quando senti seus dedos tocando meu rosto de leve para guiar meu olhar para o seu. – Porque estive louco para lhe mostrar como que eu queria as coisas.
– Do que está falando?
– Que agora as coisas serão apenas do meu jeito.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top