Capítulo Dois
Drake Timberg:
Continuamos a avançar pelo corredor, mantendo o olhar fixo no relógio, conscientes de que tínhamos aula no dia seguinte.
— Aqui! — Exclamei, virando à direita na direção de uma porta.
— O que há nessa porta? — Perguntou Nicky, curioso.
— É o banheiro presidencial! — Dawn respondeu, parando diante da porta. — Reservado apenas para os convidados mais ilustres. Eu já odiei o dono desta mansão!
— Vamos logo! — Eu disse, impaciente. Ambos assentiram e, assim que passamos pela porta do banheiro presidencial, notamos outra porta no final do corredor, feita de metal.
— Parece ser uma missão fácil, não é? — Comentou Nicky, com um sorriso confiante.
— Por que você disse isso? — Retrucou Dawn, no momento em que um gás começou a vazar das paredes.
— Desculpa! — Nicky se desculpou.
Tocamos nas laterais dos nossos óculos de visão noturna, dando dois toques, transformando-os em máscaras para nos protegermos do gás.
Três escotilhas se abriram na porta de metal à nossa frente, e três homens surgiram. Suspeitávamos que também houvesse inimigos atrás de nós.
— Mais da escória veio roubar do mestre! — Provocou um dos homens. — E ainda são adolescentes!
— Fiquem quietos! — Dawn ordenou. — Venham logo lutar!
Apesar de sua aparência, Dawn não tinha paciência para as palhaçadas dos inimigos e sempre cortava o papo.
— Não vou lutar contra uma garota! — Protestou um dos homens, e antes que pudéssemos piscar, vi o punho de Dawn se chocar com seu rosto.
O homem desabou inconsciente.
— Venham, seus covardes! — Desafiou Dawn.
Aproveitando a distração que Dawn e Nicky causavam aos inimigos, aproximei-me da porta de metal. Toquei no relógio e comecei a desbloquear a porta, que tinha uma senha digital em constante mudança.
Enquanto eu trabalhava na senha, ouvia os sons da luta dos meus amigos, com corpos caindo no chão.
— Como isso é possível? São apenas adolescentes! — Indagou a voz de um homem.
— Sim, somos! — Confirmou Dawn com determinação. — Mas somos os melhores!
O som de outro soco e o corpo de um dos capangas batendo na porta de metal antes de cair no chão.
— Bem, parece que os capangas não são mais o que costumavam ser! — Observou Dawn, um pouco surpresa. — Pelo menos, desta vez, foram rápidos!
Revirei os olhos enquanto finalmente conseguia desbloquear a senha. A porta se abriu.
— Depois de você, cavalheiros! — Brincou Nicky, deixando Dawn passar.
Eu me levantei e entrei no local, com Nicky fechando a porta atrás de nós. A missão estava apenas começando, e estávamos prontos para enfrentar o que quer que estivesse pela frente. Era assim que vivíamos, como adolescentes durante o dia e agentes secretos à noite, sempre no limite da adrenalina e da aventura.
**************
Esperava encontrar uma sala repleta de alta tecnologia, mas o que se desdobrou diante de nós foi uma vasta biblioteca que, em circunstâncias normais, teria me deixado entusiasmado. No entanto, estávamos em uma missão e não tínhamos tempo para admirar os livros empoeirados e estantes empilhadas.
— Se separem! — Ordenei aos meus companheiros. — Usem os relógios para rastrear a energia da joia!
Ambos assentiram e nos separamos. Eu segui pelo corredor, até que meu celular vibrou e meus óculos de visão noturna mostraram que era uma chamada de Mike Romero, o irmão mais velho de Nicky.
Meu coração disparou, pois Mike era o meu crush há anos, desde que o conheci na casa de Nicky quando ele voltou de um intercâmbio no exterior. O problema é que eu sempre soube que ele nunca olharia para alguém como eu, um garoto magricela, de óculos e nerd, enquanto Mike era como um deus grego.
Respirei fundo e atendi.
— E aí, Mike! — Tentei engrossar a voz, mas provavelmente soou estranho. — Qual é a boa?
Por favor, não me julguem!
— E aí, mano! — Mike respondeu. — Está com o meu irmão? Liguei para ele e ele não atende!
— Estamos juntos, ele está carregando alguma coisa, e Nicky está na cozinha preparando algo para comer. Eles chegaram tarde em casa, então mandaram avisar! — Respondi, inventando uma história rápida, como costumávamos fazer nessa vida dupla.
— Ótimo, liguei para ter certeza de que meu irmão não fez nenhuma besteira. Meus pais vão ficar no meu pé se eu não cuidar desse cabeção. — Mike explicou, e ouvi alguém chamando por ele ao fundo.
— Áudio ao fundo! — Sussurrei, tocando nos meus óculos. Mais uma vez, não me julguem. Eu tinha que me preocupar com Mike!
— Relaxa, minha princesinha! — Mike disse. — Só estou conferindo com o amigo do meu irmão para garantir que Nicky não aprontou nada!
— Por que você está ligando para o seu irmão? Deixa esse idiota! — Uma voz feminina falou. — Vamos nos divertir um pouco mais!
— Com ciúmes? — Mike perguntou, parecendo confuso.
— Do seu irmão? Nunca na vida! — A garota respondeu.
— Do Drake? — Mike questionou, ainda perplexo. — Não precisa se preocupar com ele. Ele é só um nerd que, por algum milagre, é amigo do meu irmão, junto com uma garota trans!
O coração me apertou ao ouvir Mike falar assim de Dawn e de Nicky.
— Que horror! — A garota exclamou. — Mas me conta mais sobre esse Drake!
— Drake não é nada de especial. Ele é baixinho, usa óculos, é desastrado e acho que gosta de mim! — Mike continuou. — Mas, claro, ele não tem a menor chance. Não faz o meu tipo e nem é uma garota!
— Ele não é nem bonito? — A menina perguntou.
— Nem um pouco... — Mike ia continuar falando algo, mas eu decidi encerrar a chamada, sentindo meu coração pesar.
Não tive muito tempo para lamentar as palavras de Mike sobre mim e meus amigos, pois um grito e o som de vidro quebrando ecoaram pelo corredor, chamando minha atenção.
— Veio do andar de cima! — Murmurei para mim mesmo, entrando em alerta máximo e correndo em direção ao som. — Botas, ativem-se!
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A utilização das botas anti-gravidade para se locomover rapidamente era uma estratégia eficaz. Desloquei-me na direção do grito que havia ouvido, chegando ao local para encontrar Dawn em pleno combate com um homem mascarado. Sua mão estava visivelmente vermelha devido ao conflito.
No chão, a joia repousava, emitindo uma luz verde intensa.
— Drake, pega isso! — Dawn gritou, e eu me aproximei rapidamente. No entanto, algo deu errado, e as botas falharam, fazendo-me cair desajeitadamente no chão.
Antes que pudesse recuperar o equilíbrio, Nicky me segurou e me encontrou nos braços, deslizando pelo chão comigo.
— Obrigado! — Eu disse, enquanto me levantava e me preparava para pegar a joia.
No entanto, um grito ecoou no ambiente, fazendo Dawn se afastar rapidamente do mascarado. Ele ergueu a mão, e a joia retornou magicamente para sua palma.
— Até mais, espiãozinho! — O mascarado debochou antes de pular pela janela e sair voando para o alto.
Dawn recuperou a compostura e saltou pela janela, determinada a não deixar o criminoso escapar.
— A moto está a caminho! — Dawn gritou enquanto, como um raio, deslizava pela cidade em direção à sua aeromoto.
— Vamos! — Eu disse a Nicky. — A aeromoto está chegando!
Pulei pela janela e, no mesmo instante, minha própria aeromoto apareceu, pronta para a ação. Nicky fez o mesmo, e juntos fomos atrás de nossa destemida amiga, cortando os céus noturnos em busca do criminoso fugitivo.
*************
Seguíamos o mascarado em alta velocidade, observando-o utilizar botas-foguete que o impulsionavam pelo céu noturno. Ele mantinha a joia firmemente em sua mão, e a luz emanava com uma intensidade crescente.
Dawn estava de pé na moto, esticando-se ao máximo para mirar com precisão em direção ao mascarado.
Quando ela finalmente ajustou sua mira, disparou com precisão cirúrgica. O tiro acertou a perna do mascarado, fazendo-o perder o equilíbrio.
Com agilidade surpreendente, ele se virou e rapidamente sacou uma arma de seu cinto.
— Desviem! — Gritei desesperadamente, mas nada aconteceu. O mascarado começou a cair abruptamente do céu.
Dawn reagiu instantaneamente, saltando da moto e agarrando a joia antes mesmo de tocar o solo. No entanto, antes que o mascarado atingisse o chão, ele explodiu em uma explosão espetacular.
— Que diabos foi isso? — Dawn exclamou, perplexa. — Ele simplesmente falhou!
— Há algo muito estranho acontecendo aqui! — Nicky acrescentou, enquanto Dawn retornava em nossa direção, segurando a joia que agora não brilhava mais intensamente. — Annabelle vai saber o que fazer com isso. Vamos voltar!
Concordamos e começamos a nos afastar do local, mas eu não conseguia deixar de ter um mau pressentimento. Algo naquele episódio estava claramente fora de lugar, e a sensação de inquietude continuava a me perseguir enquanto retornávamos à base da organização.
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