Capítulo Dezoito
Drake Timberg:
Ninguém respondeu à minha inquietação, então virei de costas, afastando-me daquele grupo de pessoas e retornando ao meu caminho original. Meus pais, por sua vez, não me seguiram, e agradeci mentalmente por isso, pois precisava de tempo para digerir tudo o que estava acontecendo.
À medida que me aproximava da área de computação, os sons do corredor se dissipavam, e a tranquilidade era quebrada por um grito repentino.
— Um jornal! — Uma voz feminina e outra masculina exclamaram. — Este jornal contém informações vitais. Certifiquem-se de dar uma olhada, pois pode nos ajudar a rastrear a origem dos ataques na cidade.
Refletindo melhor, percebi que realmente precisávamos de informações enquanto os sistemas de computadores estavam inoperantes. Embora os jornais não fossem entregues diariamente nesta instalação, eram destinados a espiões, fornecendo um tipo diferente de conteúdo em comparação com os jornais para o público em geral.
Os jornais que os espiões liam eram simples listas de fatos, enquanto os destinados ao público continham todos os tipos de boatos e especulações. Mais da metade do jornal estava repleta de notícias e rumores falsos, mas de vez em quando, um rumor se provava verdadeiro. Portanto, valia a pena dar uma olhada, considerando que sabíamos como discernir a verdade da mentira no mundo da espionagem.
Ao entrar apressadamente na sala, deparei-me com pessoas amontoadas em várias fileiras, cada uma segurando um jornal. Lancei um olhar para os líderes da área, que me observavam com calma e alívio.
— Jessie, me passa um jornal, por favor. Vou ajudar na pesquisa, pois acredito que posso contribuir para a empresa. E, da próxima vez que receberem um jornal, certifiquem-se de me chamar, farei o possível para auxiliar. — Minha voz saiu rápida, e Jessie assentiu.
— Claro, Drake. — O outro líder concordou e entregou-me um exemplar. — Estamos felizes que você e os outros tenham conseguido sobreviver.
— Também estou. — Respondi, dirigindo-me à mesa que considerava minha desde que comecei a frequentar aquela sala.
Embora não conseguisse ler todos os detalhes, uma manchete em letras cursivas saltava aos olhos:
[Onde estão todas as pessoas desaparecidas?]
Assim que li o título, tudo começou a se encaixar. O artigo relatava rumores sobre tráfico de pessoas ocorrendo em todo o mundo, logo após uma série de apagões em cidades famosas. Atrocidades haviam acontecido em locais secretos e profundos de cassinos sofisticados. Tornar-se um traficante de escravos dentro do submundo da espionagem era um ato insensato e cruel.
O artigo descrevia cenas terríveis: pessoas sequestradas presas em porões de cassinos subterrâneos, incapazes de escapar das drogas alucinógenas. Mulheres eram vendidas como escravas sexuais, enquanto homens eram exportados para países estrangeiros para trabalharem até a morte. Era um pesadelo que se desenrolava, diretamente ligado aos ataques contra as agências.
— O caso do "Bicho-Papão"! — Alguém comentou do outro lado da sala. — Após os misteriosos apagões, várias pessoas desapareceram.
Olhei novamente para o jornal, tentando encontrar uma conexão, mas minha mente estava em branco. Apesar de ser jovem e um espião, eu não tinha interesse em assuntos tão sombrios. Eu sabia que tudo estava interligado, mas as peças do quebra-cabeça não se encaixavam claramente.
Com meu corpo pequeno e desprovido de equipamentos, eu me sentia impotente. Sabia que não podia ficar vagando pelo cassino, pois a segurança poderia me questionar a qualquer momento. Mesmo relutante, ergui-me e apontei para a notícia, chamando a atenção de todos para a conexão que eu acreditava ter encontrado.
As pessoas se reuniram ao meu redor, e eu mostrei a notícia, indicando as partes relevantes.
— Encontrei algo interessante. Aqui diz que o indivíduo que estava com a joia que nosso grupo recuperou ontem à noite irá realizar uma festa neste cassino hoje à noite, a partir das sete, como parte de um evento beneficente. — Dalcy, uma garota de cabelo verde, apontou. — Se ele estava com a joia, é possível que ele tenha informações valiosas.
— Exato, ele deve conhecer o valor da joia! — Jesse concordou. — Já pedimos à polícia que encontre esse item o mais rápido possível.
Assenti, e todos se aprofundaram na leitura do jornal. Se as respostas para os eventos daquela manhã estivessem neste cassino, isso poderia ser uma peça importante para desvendar o plano do inimigo.
Além desse caso, o jornal não continha muitas informações úteis, então o deixei de lado e avisei que iria até o armazém geral.
— Continuem trabalhando, em breve voltarei para ajudar mais. — Falei, saindo rapidamente da sala antes de ouvir qualquer resposta.
Dirigi-me apressadamente ao armazém geral, onde esperava encontrar pistas adicionais que pudessem nos levar ao inimigo e esclarecer o que estava acontecendo. O caminho até lá parecia mais longo do que nunca, e minha mente estava repleta de pensamentos sobre os eventos recentes.
Ao entrar no armazém, fui saudado pelo cheiro característico de papelão, produtos químicos e produtos armazenados. Estava escuro, iluminado apenas por luzes fracas, criando sombras misteriosas nas prateleiras repletas de caixas e equipamentos.
Procurei pelo espaço, vasculhando cada canto em busca de qualquer pista que pudesse revelar algo sobre o ataque à agência. Parecia que o lugar estava intocado desde a última vez que o visitei, o que tornava a busca ainda mais desafiadora.
Minutos se transformaram em horas enquanto eu examinava meticulosamente cada caixa, papel e documento. Era uma tarefa exaustiva, mas sabia que cada minuto dedicado à investigação poderia ser crucial para nossa missão.
Finalmente, encontrei algo que chamou minha atenção. Era um registro de atividades que parecia estar relacionado aos movimentos do inimigo. Os detalhes eram vagos, mas mencionavam locais específicos onde ocorreram os apagões e desaparecimentos.
****************
Virei um corredor sinuoso e desci uma série de lances de escada, finalmente chegando ao armazém que eu procurava. Assim que adentrei o espaço, uma sensação de abafamento me envolveu. O ambiente era estreito e congestionado devido às numerosas caixas empilhadas no chão, mas isso não me abalou.
Eu sabia que este armazém era usado principalmente para armazenar equipamentos obsoletos ou projetos que haviam sido abandonados por seus inventores. Enquanto me movia entre as caixas empoeiradas, duas vozes ecoaram nas sombras.
— Bem-vindo — exclamaram em uníssono, fazendo-me pular de susto. — Calma, Drake!
As figuras emergiram das sombras e imediatamente reconheci Nick e Dawn, que pareciam exaustos, mas ao mesmo tempo, curiosos. Rapidamente, compartilhei com eles o que tinha lido no jornal, explicando os casos de sequestros que ocorreram após os apagões em várias partes do mundo.
— Isso está realmente relacionado! — concordou Dawn, um sorriso de excitação tomando conta de seu rosto. — Que tal irmos a uma festa beneficente esta noite?
Nicky engasgou, olhando para nossa amiga como se ela tivesse enlouquecido ao sugerir tal ideia.
— Você se lembra de que não temos mais equipamentos que podem ser úteis? — disse Nicky. — Seria uma loucura fazer isso sem os equipamentos adequados.
— Mas só precisamos de roupas elegantes e algumas invenções improvisadas. — Dawn falou, colocando a mão no meu ombro e depois no de Nicky. — Vocês realmente querem ver a agência que cuidou de nós durante todo esse tempo ser destruída?
Enquanto observava o armazém, com seus objetos que variavam de bonecos forjados a itens enormes cujas finalidades eram desconhecidas, percebi que ali estava a chave para nossa solução. Sempre fui fascinado por essas coisas estranhas que me ajudavam a tomar decisões impulsivas.
Os objetos estavam cobertos de poeira, suas cores desbotadas pelo tempo. Uma estranha coleção de objetos antigos balançava suavemente com a brisa. Talvez todos achassem esses itens miseráveis, mas eu via seu potencial.
Esse pensamento me encheu de determinação, e olhei para Dawn.
— Ótimo, vamos sair esta noite! — ela declarou, seu olhar repleto de confiança. — Eu conheço alguém que pode nos ajudar a entrar no cassino.
Nicky e eu nos entreolhamos, e Dawn fez um gesto misterioso, indicando que era um segredo que logo seria revelado. Ela apenas nos pediu que saíssemos da instalação discretamente.
Fiz o possível para evitar conversas prolongadas com nossa família enquanto o momento da fuga se aproximava. Quando finalmente chegou a hora, corremos para uma passagem secreta que nos levaria à superfície, deixando-nos ser engolidos pela noite da cidade.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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