Satisfação Revê-la

Eu achava que estivesse mesmo sozinha, mas ao ouvir um barulho vindo do lado esquerdo do palco, me dei conta de que havia mais alguém ali.

Quando a tal pessoa se revelou falando com alguém pelo celular, franzi o cenho ao reconhece-lo.

"Ok...vejo você mais tarde na reunião. Tchau!"

Disse ele desligando a ligação em seguida. Por um momento pensei que ele não tivesse me visto mas estava enganada...o rapaz de aproximadamente vinte e quatro anos se aproximou de onde eu estava e me olhou com atenção.

-Oi moça, está tudo bem?

Perguntou aparentimente educado. Muito diferente de quando o vi pela primeira vez.

Eu o olhei com uma sombrace-la erguida, mania essa que aprendi com Alan Rickman.

-Ei..._o jovem me reconheceu _-Eu conheço você! É aquela garota que trombou comigo no corredor à oito anos atrás.

-E você é o mal-educado que nem se quer me pediu desculpas aquele dia.

Ele sorriu segurando um lado de sua cintura e depois veio corajosamente se sentar ao meu lado.

-Tem razão. Me desculpe por isso. _ele me olhou com simpatia _-Eu sou Joseph Quinn. Mas pode me chamar Joseph. _apertamos nossas mãos.

-Eu sou Sophia Burton.

-Eu sei. Filha de Tim Burton. O senhor Rickman me falou de você quando fizemos a peça aqui naquele ano. Eu sinto muito não ter tido tempo de lhe pedir desculpas...eu estava atrasado para o ensaio e não via nada a minha frente. Espero que eu não tenha te machucado.

-Não! Você não me machucou. Eu estava estressada naquele dia também e acabei descontando em você. Então me desculpe por isso. Mas, o que faz aqui? pensei que eu estivesse sozinha.

-Ah, bem...este é um ótimo lugar para refletir. Tenho passado muito tempo no trabalho, então decidi vir pra cá e esfriar um pouco a cabeça. E você, por que está aqui? Quando te vi me pareceu tão abatida.

-Eu não quero falar sobre isso.

-Ham... É...sabe? às vezes é bom falar com um estranho. Embora eu não seja tão estranho assim.

Eu pensei e por fim acabei falando

-Estou me sentindo péssima.

-Tem um motivo?_ele perguntou pensativo mais ainda olhando pra mim

-Decepcionei meu melhor amigo.

-Nossa! Eu nem sei o que dizer agora. Sinto muito.

-Tudo bem..._sorri sem ânimo

-Mas porque você acha que o decepcionou? O que exatamente aconteceu? se não for incômodo perguntar.

-Cometi um ato inesperado quando ele estava desabafando comigo e isso acabou colocando em risco nossa amizade _suspirei_-Eu o beijei.

Joseph abriu a boca em um perfeito 'O'

-Você o beijou...isso é loucura.

Revirei os olhos e me levantei

-É sério? E você acha que não sei disso?

-Ei, calma!_ele se levantou e segurou delicadamente meu pulso _-Desculpa! eu não queria te chatear, é só que aconteceu algo semelhante comigo. Também beijei uma amiga e acabei a afastando de mim então entendo o que você está sentindo agora. Mais seja lá quem for seu amigo, acredito que ele não sente raiva de você por isso. Você se arrepende, não é?

Respirei fundo e me sentei novamente, Quinn sentou ao meu lado.

-Eu não sei! Sinceramente eu acho que estou em cima do muro. Porque..._desviei do olhar do rapaz_- Porque eu me apaixonei como uma boba por ele mesmo sabendo que era proibido.

-Entendi. É uma situação muito delicada. _ele se virou encostando sua costa na poltrona e cruzou os braços. _-Posso te fazer companhia aqui? _virou a cabeça para me olhar esperando minha resposta.

-Fique se quiser.

Ele sorriu e olhou para o palco eu fiz o mesmo.

-Esse lugar é demais, não é? _perguntou e encostei minha cabeça no encosto da poltrona.

-É! Eu vinha muito aqui quando mais nova. Geralmente quando o Alan estava aqui.

-Ele era ótimo. Foi um dos meus instrutores no teatro. _Quinn me olhou e eu para ele_- Trabalhar com ele foi uma grande experiência. Eu aprendi muito.

-Também aprendi muito com ele.

Confessei com tristeza pois lembrar que ele não voltaria ainda doia.

-Eu estive no velório embora tivesse sido privado. Fui um dos poucos conhecidos que pôde participar da despedida. Ele estava em paz.

Aquela afirmação me fez chorar, lembranças do Alan falando com sua voz grave neste auditório estava presente em minha memória. E quando gargalhava por algum motivo aparentemente bobo, era o momento mais sensacional para se apreciar.

-Ele era bom com conselhos.

Quinn falou de repente e eu limpei as lágrimas.

-Ver...verdade! Ele era mesmo _O rapaz me olhou_-Alan sempre me deu ótimos conselhos.

-À mim também. Principalmente para o trabalho.

Eu assenti

-Então, o que acha que ele diria se estivesse aqui e tivesse encontrado você nessa situação?

-É uma boa pergunta. _sorri_-Acho que diria pra seguir em frente, porque errar é humano e o tempo ajudaria a resolver as coisas.

-Também acho que ele diria isso. O senhor Rickman era muito confiante e sábio. Ele transmitia isso à nós.

-Sim!

-Olha...eu precisarei ir embora daqui alguns minutos_o rapaz olhou o relógio de pulso _-Mas eu gostaria de manter contato com você. Quer dizer, se você não quiser, eu vou entender...É...

-Tudo bem! _falei olhando para ele_-Eu não trouxe meu celular mas sei meu número de cor. Quer anota-lo?

Joseph sorriu e rapidamente pegou seu celular do bolso da calça e anotou meu número que ditei para ele.

-Está salvo. _voltou a guardar o celular. _-Te mando um oi no chat assim que possível. _ele se levantou e eu fiz o mesmo, juntos caminhamos para fora do auditório e do prédio em seguida. _-Foi uma satisfação revê-la, Srt. Burton. _educadamente ele me abraçou e beijou minha bochecha isso me deixou envergonhada

-Igualmente Sr. Quinn. E obrigado por escutar meus desabafos.

-Foi um prazer. Quer que eu te deixe em algum lugar? Está ficando escurecendo rápido. _eram quase sete horas.

-Nem percebi que as horas passaram tão rápido. Mas obrigado Joseph. Eu vou caminhar até em casa.

-Tem certeza? Não é perigoso?

-Não!_sorri_-além do mais, quero me preparar psicologicamente falando até chegar lá. Sei que meus pais me farão muitas perguntas.

Quinn assentiu com uma mão no bolso da calça.

-Sendo assim, tome cuidado. Lhe mandarei uma mensagem perguntando se chegou em segurança.

-Obrigado por se preocupar. _voltamos a nos abraçar e logo o vi indo em direção ao carro.

-Se cuida, Sophia. Tchau._eu assenti e acenei com um sorriso simpático.

-Tchau.

Joseph entrou em seu carro e depois dirigiu eu o fiquei observando se afastar e alguns minutos depois, comecei minha caminhada para casa. Eu havia ficado o dia todo fora sem dar notícias e provavelmente meus pais já estavam preocupados e Johnny, ele já devia ter viajado.

Uma hora depois, cheguei em casa e meus pais vieram pra mim furiosos.

-Onde esteve o dia todo, senhorita? Você sumiu e não nos comunicou em nenhum momento.

Mamãe fôra quem falou primeiro

-Eu estava precisando ficar sozinha.

-E resolveu nos deixar preocupados o dia todo?!

Meu pai cruzou os braços e eu suspirei

-Eu estou bem agora. Estou em casa e vocês não precisam mais ficar preocupados.

-Johnny esteve esperando para se despedir de você, mas se ficasse por mais tempo ele perderia o vôo para a França. _minha mãe disse enquanto me seguia para onde eu tinha colocado meu celular para carregar_-Filha, porque não voltou mais cedo para se despedir dele?

-Eu esqueci que ele iria embora hoje. _menti e minha mãe apenas me observou de braços cruzados. Afinal, ela me conhecia perfeitamente bem.

Tirei o celular do carregador e o liguei vendo duas notificações em meu celular. Uma mensagem era de Johnny e a outra do Joseph. Eu preferi responder o rapaz primeiro.

"Cheguei em casa bem. Não se preocupe "

-Filha?_minha mãe chamou e eu olhei para ela _-Houve algum problema entre você e Johnny ontem?

-Por que haveria algum problema?

Perguntei me fazendo de desentendida, quando na verdade estava me tremendo por dentro.

-Ele pareceu tenso o dia todo e preocupado com o seu sumiço. E você está agindo como se não importasse desde que saiu hoje pela manhã.

-Mãe...acho que a amizade que tinhamos, não será a mesma agora. É só isso que posso lhe dizer no momento.

Eu respondi e a deixei sozinha após beijar a bochecha dela e seguir para o segundo andar.

Meus irmãos estavam na sala com nosso pai, então eu os ignorei para evitar mais perguntas e subi as escadas. Segundos depois entrei em meu quarto, fechei a porta e me sentei na beirada da cama, voltei a ligar o celular e fui ao contato de Johnny vendo o que ele tinha enviado.

"Ei... espero que esteja bem. Eu estou me sentindo péssimo pelo o que nos ocorreu, mas preciso que não fique se culpando e que voltemos a ser bons amigos como sempre fomos. Eu te desejo o melhor, querida. E quero que conte comigo sempre que precisar como tem sido tantos anos.

Com amor, Johnny"

Lendo sua mensagem eu só sabia chorar. Afinal, nada seria como antes. Pelo menos, não para mim. Embora eu soubesse que meu amor por ele ainda continuaria existindo mas que 'jamais' seria recíproco.

-Adeus Johnny.

Sussurrei entre o choro e me deitei de costas na cama deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo meu rosto.

...


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top