Não Deu Pra Evitar

Assim como prometido, Johnny me ligou. Não falamos muito sobre a sessão do Julgamento porque não era aconselhável pelos advogados, então falamos de coisas aleatórias como músicas, livros e até sobre as obras de arte dele.

Foi assim pelo resto das semanas que ainda faltavam para o fim do Julgamento. Eu sempre tentava ao máximo estar com Johnny mesmo que fosse através das redes sociais.

Na última semana estávamos ansiosos, Johnny não parecia muito confiante e isso me preocupou.
Quando fôra o último dia, o resultado do Júri foi lido e deram a Vitória para a única culpada da história.

Eu estava na casa da minha mãe quando a notícia com o resultado saiu. Fiquei revoltada com isso. Sentada no sofá da sala de estar fiquei olhando para o celular na espera de alguma ligação do Johnny. Se ele não ligasse eu tomaria a atitude.

Passaram-se alguns minutos e se tornaram horas, mais nada do Johnny ligar ou me mandar uma mensagem. Peguei meu celular e liguei para ele, mas estava dando ocupado.

Suspirei e assim que "joguei" meu celular no sofá, ouvi minha mãe falando com alguém enquanto andava em direção à sala.

"Sim, sim...é melhor você vir pra cá antes de sua viagem para a Espanha, Johnny"

Assim que minha mãe disse o nome dele, me virei para encara-la e me levantei rapidamente do sofá indo até ela que segurava o celular no ouvido.

"Sim. Você precisa de nós agora, minha casa estará sempre aberta pra te receber...claro, Tim virá hoje também. Nos contramos aqui. Até mais tarde meu amigo. Tchau"

Mamãe desligou a chamada e me olhou

-Você estava tentando entrar em contato com ele, não estava?

Minha mãe perguntou

-Sim! Ele está bem?

Mamãe suspirou

-Querida...ele está chateado. Johnny me disse que fôra impedido de abrir uma causa de Difamação, pois o tribunal de Londres recusou o pedido e ele terá que recorrer a sua inocência na Virgínia nos Estados Unidos.

-A senhora o convidou para vir aqui antes da viagem dele para a Espanha.

-Convidei. Ele passará a noite aqui para colocar as idéias no lugar acho que estará partindo pra França amanhã à tarde e de lá viajará para a Espanha.

-Entendi. Será bom para ele passar com a gente. Posso ficar aqui também? Pois quero estar ao lado dele.

-Querida, eu não pensaria o contrário. Você tem o seu quarto aqui, a casa também é sua e Tim virá em algumas horas. Quanto mais pessoas estiver com o Johnny neste momento, melhor.

Mamãe beijou minha bochecha.

-Obrigado mãe.

Ela sorriu e caminhou até a cozinha.

Logo após isso, meus irmãos vieram se juntar a mim após chegarem da escola. Ficamos na sala assistindo alguns filmes, mas eu definitivamente não estava prestando atenção, pois meus pensamentos estavam em Johnny.

Mais tarde, por volta das seis horas, meu pai chegou e ajudou minha mãe na cozinha. E eu estava em meu quarto descansando um pouco, mas acabei cochilando e só acordei assustada depois de um pesadelo, por volta das oito horas.
Me levantei com um pulo da cama, e fui me arrumar para o jantar, pois Johnny já devia estar lá em baixo.
Tomei um banho rápido, mais caprichado e escolhi um agasalho devido o frio em Londres, embora a casa fosse aquecida.

Assim que saí do quarto e cheguei no topo da escada, vi Johnny na sala sentado com minha família enquanto conversavam. Eu lentamente comecei a descer as escadas segurando no corrimão já que minhas pernas começaram a bambear devido as emoções que estavam me atingindo.

-Olha ela ali, Johnny. _ouvi minha mãe dizer e o ator se virou e sorriu quando me viu aproximar. Assim que rodiei o sofá, John se levantou e se aproximou de mim para me abraçar. No ato eu o apertei delicadamente em meus braços.

-Eu sinto muito, Johnny. Sinto muito mesmo!

-Tudo bem querida, hum...está tudo bem. _ele deixou um beijo acima de minha cabeça e continuamos abraçados por mais alguns segundos. Quando nos afastamos, sentamos um do lado do outro e voltamos à conversar com meus pais. Johnny estava fisicamente abatido, e me senti impotente ao querer tirar sua dor mas não ser possível.

Fôra um jantar agradável, mesmo depois do que tinha acontecido. Johnny estava tentando ao máximo parecer bem, embora seus olhos dissessem outra coisa.

Mais tarde naquela noite, meus pais e irmãos foram dormir em seus quartos eu os segui mesmo sabendo que Johnny não dormiria tão cedo. Então aqui estava eu, deitada na cama olhando para o teto branco enquanto pensava no homem sozinho lá embaixo. Eu estava brigando com munha consciência de ir até lá e fazer companhia a ele, mas ao mesmo tempo temia por não conseguir me controlar. Afinal, meus sentimentos por ele só aumentavam a cada dia.

Como eu tinha perdido o sono por ter dormido mais cedo, me levantei e comecei a andar de um lado ao outro no quarto decidindo se eu desceria ou permaneceria ali com minha consciência pesada por deixar um amigo sozinho em um momento ruim.

-Quer saber...foda-se. _ abri minha porta e saí pelo corredor, cheguei a escada e assim que comecei a descer, ouvi o som dos teclados do piano.
Johnny estava sentado no banco enquanto dedilhava as notas com maestria. Cheguei ao último degrau e me aproximei dele.

-Johnny..._encostei-me em seu ombro e o ator parou de tocar e virou a cabeça pra olhar para mim. _-Posso ficar aqui com você?

Ele sorriu e se arredou para me dar espaço no banco. Logo me sentei ao seu lado e ele voltou a dedilhar as teclas do piano. Eram notas que eu conhecia, então, corajosamente, coloquei meus dedos nas posições das casas e ajudei Johnny a tocar. Sorrimos de lábios esticados quando nos olhamos e depois de volta para as teclas. Johnny cruzou seu braço embaixo do meu para alcançar uma nota e eu o empurrei delicadamente com o ombro o fazendo sorrir quando ele fez o mesmo em mim. Assim que chegamos as últimas notas, paramos de tocar com nossas mãos bem próximas. Havia uma taça com vinho em cima do piano, estava quase vazia, Johnny pegou e tomou mais um pouco.

-Você ainda se lembra das notas._disse ele colocando a taça de volta sobre o piano e me olhou em seguida _-Estou surpreso.

-Claro que me lembro...você foi quem me ensinou a tocar em dois mil e nove. Eu não poderia esquecer.

Johnny sorriu ladino

-Eu não acordei você, acordei?_perguntou preocupado

-Não! não dá pra escutar barulhos lá de cima. Os quartos são projetados contra efeitos sonoros para não incomodar no descanso. Enfim, imaginei que estivesse acordado ainda e vim na intenção de lhe fazer companhia.

-Obrigado querida. _ele beijou minha testa e neste ato fechei os olhos mas os abri rapidamente colocando minha cabeça no ombro de Johnny.

-Sinto que por mais que esteja dizendo que está bem, você se sente abatido, Johnny. Eu não gosto de te ver assim, isso me deixa triste também.

-Não se preocupe, pequena. Ficarei bem.

-Você não tinha que sofrer tanto, John. Isso é tão injusto!

Johnny desviou o olhar e abaixou a cabeça, suspirou e disse com a voz abatida.

-Não entendo porque estou passando por isso. _Eu o olhei. Johnny estava com o olhar fixado no teclado do piano _-Toda essa merda só veio para destruir a minha vida e das pessoas que eu amo. _ele respirou fundo e continuou: _-E sabe o que mais me dói?...Saber que sou culpado por isso.

-Johnny, você não tem culpa de nada você...

-Não, Sophia! _ele olhou para mim _-eu sou culpado desde que me casei com a pessoa errada.

-Existe uma diferença, você não sabia que ela era agressiva Johnny, e que seria capaz de causar tanto sofrimento a você.

Ele desviou o olhar com seus olhos tristes e pensou antes de relatar sua dolorosa história.

-Quando a conheci tive uma impressão positiva sobre ela. No início do nosso relacionamento, foram as semanas e meses mais perfeitos da minha vida. Ela era carinhosa, gentil e me fazia sorrir. Quando estava com meus amigos ela tentava ao máximo dar atenção a todos e principalmente tratou bem os meus filhos.
Eu olhava pra ela e pensava: Eu não merecia tudo isso. Amber era uma mulher maravilhosa e boa demais pra mim.
Mas então o tempo passou e ela se transformou em uma pessoa completamente o oposto do que era. Tudo começou com pequenas discussões supostamente por ciúmes da parte dela, achei que não fosse nada demais, então nos casamos e as coisas pioraram. Ela ficou mais agressiva, começou a gritar e a jogar coisas em mim e sempre tentava me dominar ou escolher as coisas que eu podia fazer e as que não. Amber me dizia que eu nunca a enfrentava e ela ficava nervosa por conta disso e brigava comigo por fugir de uma discussão que eu sabia como acabaria. _ele balançou a cabeça recordando dos detalhes_-Ou ela me dava um soco, chutava a porta em minha cabeça ou até cuspia em meu rosto dizendo o quanto eu era um bebê chorão. E... e-eu sempre tentava evita-la. Teve algumas vezes que chegava a me esconder no banheiro ou em outras partes da casa para não ser atigindo por ela. Quando pensei que não podia ficar pior, veio a acusação que destruiu a mim, a minha família, amigos e também a minha carreira. E ela foi capaz de fazer isso sem nenhum remorso, e agora provou neste tribunal que era a vítima quando tudo não passava de uma mentira e manipulação tanto da mídia quanto do júri que fôra comprado para ficar ao lado dela...

Ele suspirou cansado e me olhou com seus olhos brilhando

...-Eu nunca te contei isso Sophia..._ele molhou os lábios com a língua e continuou _-Mais, cheguei a sofrer com abusos da minha mãe desde que meu pai saiu de casa...

Johnny coçou o nariz

...- No começo eu não entendia seus motivos de ter saído de repente, mais depois que comecei a sentir na pele o que ele estava passando com minha mãe, passei a entender. Ela descontava em mim por ele ter a deixado, quando ela era a única culpada pelos atos que o fez romper o casamento.
Alguns longos anos depois, voltei a passar pelo mesmo que o meu pai e no meu próprio casamento. Foi então que comecei a me questionar se eu merecia isso.

-Você não merecia Johnny. Nunca mereceu passar por tanta dor. _segurei sua mão e limpei uma lágrima que escorreu do olho esquerdo dele.

-Eu perdi muito, Sophia. _ele olhou para o chão _-Fui abusado, roubado, traído e julgado, perdi meu pai ao sair de casa, perdi minha mãe, o Jerry, perdi trabalhos e amigos, perdi a confiança das pessoas, perdi a ponta do meu dedo e principalmente a esperança no amor.

-Mais você não me perdeu. _falei pra ele que olhou em meus olhos mais uma vez e apertou os lábios para não chorar_-E ainda há pessoas no mundo que acreditam em você, Johnny. Pessoas que te amam e apoiam assim como eu. Você não está sozinho! essas pessoas são a grande maioria de que precisa para não desistir de lutar pela sua verdade. E eu estou do seu lado nisso. A verdade sempre vence quando é buscada com dignidade.

Johnny abaixou a cabeça, mais segurei suas bochechas e levantei sua cabeça para que voltasse a olhar pra mim.

-Por favor, não desista de lutar por ela. Você é inocente e não pode desistir agora.

Johnny encostou a testa em meu ombro enquanto eu tentava acalma-lo acariciando seus cabelos.

-Obrigado por me ouvir, querida. É muito importante pra mim ter você aqui.

-Johnny..._ele levantou a cabeça e me olhou eu o olhei com a mesma intensidade enquanto meu peito subia e descia freneticamente com batimentos descompassados. Eu sabia que não poderia evitar por mais tempo, então encostei em sua bochecha esquerda e olhei de seus olhos para os lábios. Johnny estava com o cenho franzido olhando para mim, sem esperar, rapidamente encostei meus lábios ao dele, pois já não aguentava mais reprimir e esconder estes sentimentos. Johnny ficou em choque com minha atitude. Ele não esperava que eu fosse beija-lo, mas para minha total surpresa, depois de alguns segundos dos meus lábios encostados nos dele, o ator passou a mover sua boca retribuindo o meu beijo. Aquilo encheu meu coração e acabamos aprofundando o beijo.

Continua...

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