50| Capítulo Cinquenta

As coisas entre mim e Itan tinham voltado ao normal e eu não poderia estar mais feliz. Nos divertimos todos no baile ontem, Oliver parecia mais aliviado, mesmo que tivesse que enfrentar ainda seu pai, David passou o baile ao lado dele, os dois estavam fofos juntos. Itan me contou que James tinha ido com Alice, e eu achei isso super legal. Mas o que me deixava ainda mais contente, era poder vislumbrar de perto o sorriso de Itan, eu sentia tanta falta daquilo, da sua presença, do seu carinho.

Levantei radiante até descer para o andar de baixo e encontrar mamãe subindo um pouco apressada as escadas com um copo de água.

— Está tudo bem? — indago olhando preocupada para ela.

— Seu pai não acordou muito bem, estou levando um remédio para ele — mamãe fala perto de mim.

— O quê ele tem? — Vou atrás dela.

— Ele está com dores no estômago — mamãe fala em um suspiro.

Entro no quarto logo atrás dela e me sento na beirada da cama, papai parecia dormir, mas logo abre seus olhos, seu rosto estava abatido, ele estava bem mais magro do que dias atrás.

— Tome, querido! — minha mãe lhe entrega um comprimido e o copo de água.

— Obrigado! — mamãe se senta do outro lado.

Me sentia angustiada de ver meu pai assim, tão impotente. Queria poder fazer algo para ajudá-lo, mas o que estava ao meu alncance eu fiz, eu conveci ele a lutar contra essa doença e me sentia orgulhosa por ele. Mas mesmo assim eu temia que algo de ruim acontecesse, e eu não queria isso.

Sinto lágrimas se formarem em meus olhos. Uma mão toca a minha é a do meu pai. Ele me olha e força um sorriso, aquilo é tudo para mim desabar, me jogo em seus braços e sinto eles me rodearem. Aperto forte os olhos. Ele e minha mãe eram tudo para mim.

— Eu vou ficar bem, meu girassol — sua voz sussurra em meu ouvido. Me agarrei aquela frase.

Por fim, não abrimos a padaria hoje, mamãe quis ficar em casa cuidando do meu pai, a ajudei a preparar alguns bolos encomendados e mais tarde fui na casa de David visitá-lo, ele estava fazendo rascunhos de vestidos de baile, ele disse que ficou inspirado depois de ver tantos no baile de arrecadação. Ele me contou que ele e Oliver ainda estavam se falando, mas que as coisas não estavam muito boas após Oliver contar para o pai sobre sua orientação sexual, seus pais tinham brigado feio, sua mãe é claro ficou ao seu lado a todo instante, eu me sentia triste pelo pai de Ollie não aceitá-lo ser quem ele é.

— Mas como o Oliver está com tudo? — pergunto para meu amigo sentada em um dos pufes.

— Ele disse que não quer se importar com o que o pai pense, que ele já se cansou de se esconder — meu amigo diz de um outro pufe ao meu lado.

— E vocês como estão? — meu amigo me olha.

— Nós? — ele franze o cenho.

— Não se faça de desentendido, eu vi vocês dois juntinhos no baile, estavam tão fofos — sorrio.

— Ah, Sarah você sabe que sempre admirei o Oliver de longe, mas ainda estamos apenas conversando — David diz.

— Ele vai para a UFV também? — questiono.

— É, ele vai. Ele quer cursar química, acredita?

— Que legal! — sorrio. — Alice também vai, só que ela vai fazer psicologia, já vamos ter rostos conhecidos por lá.

— Uma pena que o Itan não queira fazer faculdade — David reflete. E por um instante me lembro desse detalhe, no próximo ano iria para a universidade, iria ficar longe de Itan, não tínhamos um relacionamento concreto e a exemplo do meu último não tinha dado certo a distância. Senti um leve aperto no peito.

— O quê foi, Sarah? — meu amigo me questiona me olhando.

— Nada — balanço a cabeça, não queria ter que pensar nisso agora, ainda faltava um tempo para o ano terminar, ainda teríamos nossa festa de formatura, muitos momentos para se viver, não devia me preocupar com algo que só iria acontecer no próximo ano. — E o Oliver falou alguma coisa da irmã dele? — pergunto, mudando de assunto.

— Ele disse que Olivia ficou só trancada no quarto, ela ficou brava por a mãe ter impedido ela de ir ao baile e a deixou sem qualquer tecnologia como castigo pelo que fez com ele — David diz. — Ela nem se quer pediu desculpas para o irmão, deve ter puxado o gênio do pai para ser tão desprezível.

Fiquei mais um pouco na casa de David antes de voltar para casa, ele me perguntou sobre meu pai e eu lhe disse que ele não estava nada bem, meu amigo disse que tudo daria certo e que qualquer coisa era para mim ligar para ele, eu concordei e enfim voltei para casa na minha motoneta.

Pelas ruas de Paradise, senti o frescor da noite enquanto dirigia. Eu tentava não deixar meus pensamentos irem para ideia de perder as pessoas que me eram importantes, eu sentia tanto medo de perder meu pai, a cada instante eu temia, vê-lo mal me deixava tão angustiada, e também não queria pensar na possibilidade de deixar Itan para trás quando fosse para faculdade. Mas minha mente era ansiosa demais, me fazendo sofrer antecipadamente, e a insegurança preenchia meus pensamentos com coisas negativas. Eu odiava isso.

Uma nova semana tinha se iniciado, a lanchonete estava relativamente cheia, esperava Frida terminar de preparar os novos pedidos para que eu pudesse levar para os clientes. David como sempre estava ao meu lado, limpando o balcão. Itan tinha saido fazer algumas entregas. Meus pensamentos estavam em casa, no meu pai, ele também não tinha amanhecido bem na manhã de domingo, estava preocupada com seu estado de saúde, mamãe não abriu a padaria mais uma vez, para poder ficar com ele. Ele estava de cama, sem muitas forças. Isso afligia tanto meu coração.

O som do sino da porta da lanchonete nos chama a atenção, vejo uma Olivia entrar rapidamente, ela caminha a passos firmes até a minha frente no balcão. Seu rosto estava sério, raiva transpareciam de seus olhos.

— Você arruinou minha noite perfeita, sua vadia, tudo que aconteceu foi por culpa sua — senti um golpe estalado em meu rosto. A mão de Olivia tinha acertado em cheio minha bochecha esquerda, sinto a região arder. Olho para ela incrédula, com a boca aberta.

— Você está louca? — vocifero. E quando me dou conta minha mão está no rosto de Olivia também. Ela me olha também incrédula com minha atitude. Acho que ela não esperava que eu revidasse. Mas já fazia um tempo que queria fazer isso também.

— Não acredito que você fez isso! — ela exclama.

— Eu que não acredito que você veio no meu local de trabalho para me agredir — rebato ofegante, olho em volta as pessoas nos olhavam assustadas.

Droga!

— Dá o fora daqui! — falo entre dentes. — Antes que eu ligue para polícia e te denuncie por agressão.

Olivia me olha nenhum um pouco afetada.

— Você acha que venceu? Você é uma ridícula, é uma questão de tempo para o Itan te largar, e eu vou fazer questão de rir na sua cara — ela diz com desdém.

— Se eu fosse você eu teria vergonha na cara de vir me falar isso, você acha que pode ter tudo o que quer? Usa seu irmão, maltrata sua amiga, não tem um pingo de empatia e vem me dizer que eu sou ridícula? Você é desprezível, Olivia! Eu tenho pena de você — falo firme, e pela primeira vez vejo o maxilar de Olivia tremer. Mas ela empina o queixo, fingindo não se abalar. Ela me olha uma última vez com os olhos faiscando e faz o mesmo caminho que fez para chegar até aqui.

— Amiga, o que acabou de rolar? — David me olha com seus olhos arregalados.

— Não sei, mas meu rosto está ardendo — resmungo, massageando minha bochecha.

— Que garota louca, você deveria ligar para um hospital psiquiátrico para interná-la — ouço meu amigo falar.

Alguns minutos depois Itan apareceu, David fez questão de contar tudo que tinha acontecido. Olivia tinha se revoltado comigo, sem razão alguma, tudo que aconteceu foram consequências de suas ações.

— Eu não acredito que ela foi capaz de fazer isso — Itan analisa meu rosto, como se procurasse qualquer marca, mas a vermelhidão provavelmente já teria passado. — Eu vou falar com ela...

— Não, Itan, deixa, ela só quer chamar atenção — digo, Olivia era mimada demais, achava que poderia ter tudo que quisesse, que o mundo girava ao redor dela. Ela era cruel, e nem ao menos se preocupava. Mas sabia que minhas verdades tinham a abalado antes dela sair, com um pouco de sorte, a consciência dela poderia pesar, e ela poderia repensar em toda maldade que provocou por só pensar em si mesma. — Eu já falei com ela, espero que de alguma forma ela possa se arrepender de tudo que fez.

— Ela passou totalmente dos limites — Itan bufa. 

— Mas a Sarah também não deixou barato, deu-lhe uma bofetada para a Olivia acordar para realidade — David falava empolgado perto da gente. Ele parecia retornar para o momento.

— Não sou a favor de violência, mas na hora nem pensei direito, só revidei — rio de nervoso.

— Você foi maravilhosa, amiga — David fala como se só a opinião dele importasse. Itan prende uma risada e depois ele se se aproxima ainda mais de mim. 

Suas duas mãos me tocam o rosto, uma em cada lado das bochechas. Seu toque é gentil, faz todo meu corpo relaxar. Ele me acaricia de leve a região onde suas mãos tocam, com o olhar preso no meu, por um instante me esqueci que estávamos no nosso local de trabalho, a qualquer momento o senhor Darius poderia entrar pela porta da frente e nos ver, mas eu afastei esse pensamento, apenas focando no olhar preocupado de Itan em meu rosto, toquei uma de suas mãos que ainda estavam na minha bochecha e sorri demonstrando que estava tudo bem, Itan também sorriu e rapidamente selou nossos lábios. Me arriscaria dizer que seu toque nunca deixaria de ser mágico.

...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top