47| Quarenta e Sete

Era sexta-feira, véspera do baile, a semana tinha passado com Itan trocando apenas meias palavras comigo, eu estava cansada das coisas estarem assim com a gente, então na hora de ir embora, segui o conselho de David tentando conversar com ele.

- Itan - chamei seu nome antes que subisse na moto para ir embora.

- Hum - ele murmurou, me olhando.

- Eu não queria que ficasse esse clima entre a gente - falo olhando para ele. Itan recosta na moto, cruzando os braços no peito para me ouvir falar. Mas na verdade eu queria que ele falasse algo, ao ver que não tinha mais nada a dizer ele abre a boca.

- Você iria gostar que eu tivesse chamado outra menina invés de você? - Itan indaga.

Suspiro, é claro que a resposta seria negativa.

- Não... Eu não queria fazer você se sentir trocado, eu gosto é de você, Itan - as palavras saem da minha boca.

Itan olha para o lado parecendo esconder qualquer emoção que minhas palavras tenham sortido.

- E mesmo assim aceitou ir com o Oliver, Olivia disse que ele gosta de você - seus olhos encontram os meus.

- O quê? Isso não é verdade - rebato.

- Por qual razão mais ele te chamaria?

- É complicado, Itan.

- Beleza. Era isso que você queria falar? - o que eu tinha dito foi a mesma coisa que nada, e eu não podia contar a real razão para Itan, ele provavelmente iria confrontar Olivia, botando tudo a perder, Oliver iria me odiar.

- Você vai ir com a Olivia, né?! - perguntei, imaginado que a mesma já tinha se jogado para cima dele.

Itan me olhou, passou a língua entre os lábios antes de falar.

- Eu vou ir com a Olivia por que ela insistiu que eu fosse com ela, e como sou bonzinho aceitei - ele diz dando ênfase na palavra bonzinho. - Mas eu só vou com ela, porque você não me esperou - Eu pude perceber um tom de ressentimento em sua voz, meu coração se quebrou.

- Desculpa - sussurrei para ele, não era assim que eu imaginava que nossa conversa terminaria.

Itan suspirou, meus olhos estavam presos ao chão eu era incapaz de encará-lo, mais uma vez ele se foi com sua moto pelas ruas.

Encarei o vestido que havia comprado com David, eu definitivamente não estava nenhum pouco animada para ir ao baile, Olivia tinha conseguido o que queria, não estava certa se queria ver Itan com ela.

Oliver disse que iria passar para me pegar para irmos ao baile amanhã. David iria mais cedo para organizar a quadra do colégio, iríamos no encontrar por lá.

Eu tinha prometido para Oliver que iria ajudá-lo, mas me perguntava se mesmo após o baile Olivia iria continuar ameaçando de contar seu segredo. Talvez quando o baile passasse eu poderia contar a verdade para Itan o porquê de não ter ido com ele.

Itan, eu tive que ir ao baile com o Oliver porque a Olivia estava ameaçando contar um segredo dele, e eu não podia te falar porque você precisava ir com ela

Bufo frustrada ao fingir que estava explicando para Itan as razões reais deu estar indo com Oliver. Me deitei sobre a cama de braços abertos.

Alguém bate a porta.

- Pode entrar.

- Oi, tudo bem? - mamãe franze o cenho ao me ver jogada na cama, ela vem até mim, obrigo o meu corpo a se levantar e me sento. Ela se acomoda próximo a mim.

- É, está sim - digo.

- Tem certeza? - ela insiste.

- É só que... - suspiro. - Itan e eu acabamos nos afastando.

- Ue, por quê?

- Desentendimentos - me limito a falar.

- Isso é normal, querida! Vocês se gostam tenho certeza que vão se entender - mamãe fala, entendendo que não queria me aprofundar no assunto.

Eu realmente esperava que sim, mas Olivia era um impasse.

- Fiz lasanha que você gosta, vim te chamar para comer - essa frase simplismente me alegra.

- E o papai?

- Ele está descansando, disse que não está com apetite - mamãe solta um sorriso forçado.

- E a quimioterapia como está sendo?

- Seu pai não está gostando muito, mas disse que vai continuar indo por nós - ela toca minha mão gentil e eu a aperto de volta.

Após o jantar subi para meu quarto, me distrai um pouco com minhas leituras. Depois olhei meu celular encontrando mensagens de David dizendo que Oliver estava muito mal por mim, e por Itan estar magoado com a gente, ele tinha desabafando com David. Ler essas mensagens me fez ficar ainda mais indignada com as atitudes de Olivia.
Eu queria fazer algo a respeito, mas estava de mãos atadas.

Oliver deveria estar angustiado, sentia pena dele, por estar passando por isso, e sua própria irmã ser a razão de sua aflição.

Meu coração estava aflito por tudo que estava me acontecendo, na verdade o que mais me preocupava eram as pessoas ao meu redor. Primeiro meu pai, que ainda continuava debilitado, então no dia de hoje, mais uma vez não abrimos a padaria, mamãe e eu ficamos em casa cuidando dele. Eu sabia que meu pai estava tentando ser forte, mesmo não sendo tão otimista, ele estava tentado reagir por mim e mamãe. Eu tinha fé que ele iria melhorasse, eu acreditava na medicina e na bondade divina, tinha que confiar que meu pai iria sair dessa. Eu tinha que me agarrar fortemente ao fio de esperança.

A outra razão que afligia meu coração, era ter Itan afastado de mim, em ver que ele não quer mais conversar comigo. Eu esperava que em breve ele entendesse meus motivos, e que eu não tinha o trocado. Eu só estava tentando ajudar Oliver. E apesar das consequências que geraram eu não me sentia arrependida em aceitar ir com Oliver. Ele era uma boa pessoa, e tudo que ele precisa é de apoio.

Quando estava perto do horário que Oliver e eu marcamos, fui me arrumar. O longo vestido azul, modéstia parte, tinha ficado incrível em mim, eu estava confortável e satisfeita em estar dentro dele. Olhei meu reflexo no espelho, e sorri.

Meu coração estava levemente ansioso, eu sabia que iria ver Itan no baile, e o fato de ficar afastada dele me fazia sentir ainda mais a necessidade de tê-lo perto de mim. Com Itan eu sentia tudo mais intenso. E sua ausência pesava em meu peito.

Desci as escadas, meus pais estavam na cozinha. Papai estava comendo calmamente uma sopa que mamãe fizera, e minha mãe ao seu lado incentivando que ele comesse tudo. Quando me viram parar próximo a batente da porta seus olhos se iluminaram.

- Querida, você está linda! - mamãe exclamou primeiro.

- Filha - papai fala com a voz em um sussurro, seus olhos brilhavam com algumas lágrimas se acumulando. - Você está uma perfeita princesa!

- Oh, pai! - vou até ele, o abraçando apertando com ele ainda sentado. Nos afastamos e ele me olha emocionado. Olho minha mãe e vou até ela também a abraçando. Meu coração se aqueceu ao ver o quanto eles me admiravam de todas as formas possíveis.

- Amo vocês! - digo os olhando, meu sorriso tremendo devido eu estar controlando as lágrimas saírem.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top