40| Quarenta
Meus pais estavam comigo no quarto para ver o resultado do vestibular, iria acessar o site da faculdade para poder visualizá-lo, só estávamos esperando dar o horário, mexia impacientemente em meus dedos estralando-os.
Respirei fundo quando tinha dado o horário e podia entrar, tivemos que esperar um instante a página atualizar e quando finalmente pude ver o resultado meu coração saltitou no peito.
Li as palavras a minha frente
Parabéns pela aprovação
Também tava escrito que eu tinha conseguido ficar na sétima colocação, ganhando cinquenta porcento de desconto da bolsa. Olhei para meus pais que se abraçavam emocionados, os dois vieram até mim, e me abraçaram apertado.
— Parabéns, filha, eu sabia que ia conseguir — meu pai foi o primeiro a falar.
— Minha querida, estou tão orgulhosa de você! — mamãe diz.
— Mas eu não consegui a bolsa integral — falo para eles. — Ainda vou ter que arcar com bastante custo.
— Vamos dar um jeito, você tem dinheiro guardado, e eu e seu pai também vamos te ajudar, você vai fazer o exame Nacional, não é? — assinto. — Pode tentar entrar por um programa, enfim você passou e vai estudar na UFV sim — mamãe fala sorrindo.
Para mim ainda não tinha caido a ficha, eu estava tão insegura e agora ver que eu tinha conseguido parecia um sonho.
Sorrio tão largo de felicidade.
O som do celular tocando nos chama a atenção.
— Conseguiu? — David fala do outro lado da linha.
— Sim e você?
— Também — demos gritinhos de alegria.
— Quer vir aqui comemorar? Dona Tabatá fez bolo de cenoura — olho para meus pais que ouviam nossa conversa, eles assentiram.
— Em dez minutos estou aí!
Disse para meus pais que voltava logo antes de pegar minha motoneta e dirigir até a casa de David, quando ele abriu a porta nos abraçamos apertado.
— Nós vamos estudar na UFV — ele grita.
Rio.
— Sabe que entrar é mais fácil, né? — digo a ele. — Vamos ter que nos dedicar bastante.
— É, tem razão — ele fala. — Conseguiu integral?
— Cinquenta porcento — digo. — Fiquei na sétima colocação.
— Oi, querida! — a mãe de David fala da cozinha vindo até nós, ela me abraça apertado.
— Parabéns, vocês merecem!
Ela se afasta de mim com um sorriso.
— Obrigada! — digo feliz e ela nos chama para a cozinha.
— Ainda vou continuar tentando — digo para David. — Logo será o exame Nacional, posso tentar uma bolsa por algum programa.
— Você vai conseguir, eu sei que vai! — sorrimos e nos servimos de bolo.
Enquanto dirigia para casa algo me chamou atenção no trajeto enquanto passava pela casa de Itan. Diminui a velocidade até parar minha moto, tirei o capacete deixando ele no braço da moto.
Itan estava sentado no telhado da sua casa ao lado de uma janela do segundo andar. Acenei para ele que certamente tinha me visto parar ali em frente, ele acena de volta.
Me aproximo do cercado da sua casa.
— O que está fazendo aí seu doido? Pensei que tivesse medo de altura? — grito para ele.
— O quê? — ele grita de volta.
Reprimo um riso.
Ele faz sinal para mim esperar e o vejo entrar de volta pela janela.
Logo a porta da frente se abre. Ele vem até mim com suas mãos no bolso da calça moletom escura, como sempre uma camiseta totalmente preta cobria seu tronco, chinelo slide com tiras brancas em seus pés. Seu cabelo todo desgrenhado, mas era charmoso.
— Quer entrar? — ele propõe quando chega perto de mim.
Eu tinha dito que voltaria logo para meus pais, mas estava tentada a aceitar o convite de Itan.
— Tá bom — digo passando pelo portão e caminhando com ele até a porta da frente.
— Seu pai está?
— Sim, trancado no seu escritório — ele simplesmente diz.
— Pensei que tivesse medo de altura o que estava fazendo no telhado? — rio.
— E tenho, mas é como te disse só dá pra superar um medo se enfrentá-lo de frente — ele sorri. — Lá é gostoso de ficar, quer subir lá?
Assinto para ele.
Enquanto subiamos pela escada que levava até o andar de cima observei mais uma vez os quadros dispostos nas paredes, eles eram fascinantes.
— Minha mãe que pintou — Itan de repente exclama quando me vê observar.
— Sua mãe? — indago encantada ao descobrir essa informação.
— Sim, ela costumava pintar telas quando era solteira, ela me contou. Acho que esse meu lado meio artístico veio dela — vejo um pequeno sorriso surgir no canto de seus lábios.
— Os quadros são lindos! — exclamo. Principamemte aquele com o casal no campo sob as estrelas, de repente lembrei de mim e Itan no alto da colina observando os pequenos pontos luminosos que faziam companhia para a lua.
Adentramos seu quarto, nada de estrelas brilhantes projetadas no teto, Itan entrou na frente e eu logo atrás, seu quarto era bem organizado, não havia roupas espalhadas pelos cantos, nem sinal de restos de comida de quando ele mandava fotos. Sua cama a direita estava bem arrumada e parecia muito aconchegante, os lençóis e fronha era de um tom azul marinho em constraste com as paredes de seu quarto que eram azuis quase pretas, na mesa de cabeceira seu projetor descansava desligado ao lado de fones de ouvidos preto. Do outro lado do quarto havia uma escrivaninha com uma luminária e alguns itens de desenhos espalhados por ela. Tinha algumas miniaturas de super heróis e carros. Caminhei até lá para melhor observar, Itan veio atrás de mim.
— Você estava desenhando? — olho para o desenho de grafite inacabado, eram duas mãos quase se tocando, uma pequena estrela estava entre os dedos indicadores entendidos.
— Depois que terminei de te desenhar, comecei esse — ele fala ao lado com os braços prostrados para trás.
— É incrível! — falo admirada.
— Obrigado! — ele sorri. — Guardo cada um que faço na minha pasta — ele aponta com a cabeça para uma pasta preta no canto da escrivaninha. — Desde pequeno gosto de desenhar, é uma maneira que encontrei para me expressar, mas não sou muito fã de pintar — ele coça a nuca. Olho para ele e sorrio.
— Posso ver? — me refiro a pasta. Ele permite com um aceno de cabeça.
Pego sua pasta em mãos e começo admirar seus desenhos, dava para perceber a evolução conforme ia passando as páginas, cada vez mais eles iam se tornando mais realistas e impressionantes.
Me supreendo com a figura que tomava forma, quando virei mais uma das páginas.
— Espera, essa sou eu? — Itan se prostra atrás de mim.
— Eu tentei te desenhar uma vez, tinha começado a trabalhar na Darius, você ficava lá as vezes parada no balcão com a mão no queixo, absorta em algum pensamento, parecia posar e eu tentei reproduzir após guardar sua imagem na mente — olho para ele supresa ao saber daquilo. — Na época eu nem sabia que você namorava o Derek — ele diz saindo de perto de mim indo até a janela.
Coloco sua pasta no lugar e caminho até ele.
— Foi bom você ter entrado na minha vida — digo a ele. Itan me olha, seus olhos negros brilhavam, um sorriso logo surge em sua boca.
— Não me arrependo nenhum pouco de ter colado na prova da Michelle e ter ido parar na detenção no mesmo dia que você — ele ri. — Foi importante para a gente se aproximar.
— Tem razão! — sorrio lembrando do fato, se não fosse pelos problemas no velho corsel, eu jamais teria ido parar naquela sala também, o destino parecia ter traçado nossos caminhos naquele dia.
Nossos olhares se encontram e o sorriso brincava em nossos lábios, Itan havia se tornado importante para mim e eu o admirava como nunca pensei que pudesse. Eu não pretendia tirar as armaduras do meu coração tão cedo, mas ele me desarmou completamente, e mesmo se eu quissesse, não podia mudar o que eu sentia, já estava envolvida por aqueles lindos olhos negros, e sorriso sossegado, eu estava rendida pelo dono deles, estava rendida por Itan Smith.
...
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