37| Capítulo Trinta e Sete
Eu e David faríamos a prova em blocos diferentes, então segui sozinha procurando minha sala, ainda bem que tinham pessoas para nos instruir, ajudar a chegar no local. A sala era enorme e intimidante, escolhi um lugar na frente, e aguardei até o momento que as provas começassem, enquanto esperava, tentei controlar minhas emoções, focando na respiração como David havia me dito, e tentava pensar positivo lembrando das palavras de Itan. Eu tinha que me manter focada e aproveitar o tempo disposto para resolver as questões, eu iria conseguir.
A sala estava praticamente cheia, quando o aplicador de prova avisou que elas já iriam começar, só estávamos esperando o sinal sonoro. Quando ele soou, o aplicador nos deu às primeiras instruções de completar os dados, e como funcionaria tudo. Logo após ele começou fazer a chamada dos nomes, quando todos estavam com as provas, permitiu que começassemos.
Havia uma contagem de tempo no quadro, para termos uma noção de quanto faltava para a prova terminar. Eu concluí a prova faltando cinco minutos para ela terminar, estava passando minha redação a limpo.
Sai da sala, aliviada, pensei que não iria conseguir. Meu coração saltitava no peito, segui para fora da universidade indo até onde nosso ônibus estava estacionado, quando entrei David já estava lá e me acenou para sentar com ele.
- Eai, pensei que você não fosse sair mais - ele diz.
- Faz tempo que terminou? - indago.
- Terminei faltando meia hora para acabar - ele diz.
- Eu pensei que não fosse conseguir, a redação me tomou tempo - digo.
- E as questões?
- As de exatas estavam bem difíceis, algumas tive que chutar - confesso.
- Isso é normal, mas tomara que a gente vá bem - concordo com ele, relaxando no banco, estava exausta e faminta.
- Me passa algum lanche aí para comer - peço suplicante.
- É pra já - David diz abrindo a pequena bolsa que havíamos trazido.
Quando cheguei em casa fui bombardeada de perguntas sobre o vestibular. Eu estava cansada, queria tomar banho e descansar, mas relatei brevemente para meus pais como havia sido.
- Quando sai os resultados? - meu pai pergunta.
- O gabarito não oficial em três dias, os resultados finais uma semana depois - digo para eles.
Subi para meu quarto em busca de um banho relaxante que tanto precisava, sentia uma alívio tão grande por ter feito a prova, agora era só aguardar os resultados. Tinha que conter a ansiedade.
Após breves minutos no banho, sai enrolada na toalha e busquei por uma roupa confortável. Liguei meu celular que tinha desligado para realizar a prova, logo já vi uma mensagem de Itan perguntando como tinha sido, falei que tinha dado tudo certo e agora era só esperar a nota sair.
Desci para jantar e depois pretendia descansar meu corpo, depois das horas de resistência que tive que aguentar, minha cabeça latejava um pouco, precisava de uma boa noite de sono.
Durante a tarde de domingo recebi uma mensagem de Itan para sairmos, fiquei surpresa com seu convite, mas bastante empolgada. Ele falou para nos encontramos no cinema da cidade.
Eu havia chegado primeiro, mas não demorou para Itan escostar sua moto em frente ao cinema. Ele pulou dela e caminhou até mim.
- Linda como sempre - ele me elogiou.
- E você nada mal como sempre - sorri para ele.
- Não precisa esconder, sei que você me acha irresistível - me contenho para não gargalhar.
- Então, o que vamos ver?
- Gosta de aventura? - ele pergunta e eu assinto.
Caminhamos até a fila para compramos os ingressos.
- E como vão as coisas com seu pai? Você nunca mais tocou no assunto... - pergunto para Itan que tinha as mãos nos bolsos.
- Tecnicamente foi por isso que quis sair, as coisas estão tensas - ele solta o ar.
- O que aconteceu? - quis saber.
- Ontem meu pai levou a mulher que ele estava saindo para eu conhecer em um jantar, mas na verdade ele tinha intenção de dizer que vai ser pai de novo - seu rosto era impassível.
- O quê? Sério? - indago surpresa ao saber daquilo. - E como você está com tudo isso?
Itan balança a cabeça, parecendo não estar a vontade pra falar daquilo.
- Tentando assimilar - ele simplismemte diz.
- Se precisar conversar sabe que pode falar comigo, não é? - olho para ele.
Ele me olha e sorri.
- Tá bom, depois a gente conversa sobre isso, agora vamos aproveitar o momento - sua mão toca a minha e sinto como se ondas elétricas atravessassem elas.
Itan comprou pipoca e refrigerante para nós e fomos assistir ao filme, apesar que eu não estava tão interessada em qual filme veríamos e sim a companhia de Itan.
Sentamos um ao lado do outro no meio das fileiras de poltronas, quando o filme começou me vi várias vezes olhando para Itan, as reações dele eram adoráveis, eu não sabia se prestava a atenção nele ou no filme. Depois de um tempo ele pareceu notar meus olhares e olhava sorrindo também.
Quando saímos do cinema já era tardezinha.
- Quer andar um pouco? - Itan propõe e eu aceito.
Caminhávamos pela praça central, poucas pessoas transitavam por lá.
- Quando eu era pequeno, ouvi meu pai dizer que nunca queria ter sido pai - Itan começa a falar. - Antes disso eu até tentava chamar a atenção dele, queria sua companhia, mas depois que ouvi isso me senti como um fardo.
Fico perplexa com a revelação dele.
- Ele nunca soube que eu tinha ouvido isso, mas ontem contei para ele - Itan fala olhando para baixo.
- E o que ele disse?
- Eu sai antes que ele dissesse alguma coisa, fui para casa do James.
Era notável o quanto Itan ainda estava ressentido com aquilo.
- Você acha que ele ainda tem esse mesmo pensamento? - o pergunto.
- Eu não sei, ele parecia feliz com o novo filho, mas senti que ele estava sendo hipócrita - ele revela.
- Sua mãe sabia que você tinha ouvido? - indago.
- Não, eu guardei para mim, fingi não me importar, mas a verdade é que eu tenho ressentimentos.
- Sabe Itan as pessoas mudam, o que seu pai disse foi bem cruel, eu não o conheço direito, mas acredito que ele não seja o mesmo cara de anos atrás. Deveria dar uma chance para vocês conversarem - falo para Itan tentando incentivar uma reconciliação.
- Eu não sei, desde que a mamãe se foi nos tornamos ainda mais distantes e acabou virando rotina - ele diz. - Eu não sei o que ele iria dizer, mas acho que nada vai me fazer mudar de ideia de sair de lá.
- Entendo! - digo a ele, não querendo forçar nada.
Itan olha para mim mudando de expressão.
- Obrigado mais uma vez por me ouvir, Sarah - ele diz.
- Sempre ouvirei - digo com um sorriso amistoso.
- Mas agora, vamos deixar esse assunto de lado, e aproveitar o resto da noite - ele pega minha mão entrelaçando nossos dedos.
Itan me faz subir em um pequeno muro para que eu pudesse andar nele enquanto segurava minha mão esquerda me ajudando a manter o equilíbrio enquanto andava.
- Eu vou cair - digo entre os risos.
- Vou estar aqui para te pegar, não se preocupe - olho para ele que sorri mostrando as covinhas.
Quando chego ao final do muro me viro para ele segurando suas duas mãos.
- Pula! - ele pede. Mas me contenho com receio. - Não vou deixar você cair, prometo.
Respiro fundo confiando em suas palavras.
- Está bem - inclino meu corpo para frente deixando ele deslizar no ar, Itan me agarra entre os braços fortemente, sorrio, sentindo as células do meu corpo agitadas. Olho em seus olhos, ele me gira no ar, nossos sorrisos são ardentes, Itan me põe no chão, mas ainda estávamos agarrados um ao outro, seus lábios se encostam nos meus em um beijo suave, cheio de carinho, me entrego ao momento. Seu cheiro de colônia amandeirada, o gosto de hortelã da sua boca, seu toque firme em minha cintura, tudo isso instigava meus sentidos, me faziam suplicar por mais e mais. Itan era inegavelmente viciante.
...
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