34| Capítulo Trinta e Quatro - Itan

O dia do pequenique saiu melhor do que eu pensei, queria fazer algo diferente para agradar Sarah, Sônia me ajudou com a decisão do que fazer. Sarah tinha me ajudado tanto ultimamente, nos estudos, no emprego e a superar meu medo de altura, e era muito grato a ela. O que eu sentia por Sarah era diferente de qualquer sentimento que já tinha experimentado, eu sentia a necessidade de estar ao seu lado, e quando isso acontecia meu coração dançava no peito. Aquele dia sob as estrelas quando demos nosso primeiro beijo me marcou, foi como se tivesse realizado um grande sonho. Foi como se tivesse encontrado o que nem sabia que estava procurando.

Naquela mesma noite fiquei revivendo nosso momento juntos quando estava deitado em minha cama. Eu sabia que ela e Derek tinham tido um romance, mas eu não me importava com isso, e ela também não parecia se importar, ao contrário dele que pareceu não gostar nenhum pouco quando nos viu no festival municipal. Antes eu não entendia a razão do término deles, mas Sarah me contara e isso me só me fazia ter mais aversão por meu primo. Sarah não merecia ter o coração partido por um babaca como ele.

Eu contei a James tudo que estava me acontecendo até então, dos meus sentimentos por Sarah, meu amigo me apoiava e estava contente por me ver feliz.
Eu perguntei a James se eu podia convidar Sarah e David para a festa fantasia que ele estava planejando e ele concordou de imediato, sua festa serveria para fazer um marketing para a loja de roupas de sua mãe que agora estava vendendo fantasias, por isso ela seria temática. Fui junto com ele e comprei apenas uma máscara de motoqueiro fantasma, ela era terrível, mas não queria ir todo caracterizado, apenas a máscara já servia. James queria se fantasiar de zumbi, ele adora filmes asiáticos do gênero.

No dia marcado fui mais cedo a casa de James para ajudá-lo nos preparativos, quando cheguei lá Oliver irmão da Olivia já estava além de outros garotos da nossa turma. Logo anoiteceu e mais pessoas começaram a chegar, todas com diferentes fantasias, algumas bizarras, outras criativas. Mas para falar a verdade aquilo deixava a atmosfera mais divertida.

Durante a festa vi Olivia e Alice, a loira estava fantasiada de diabinha e Alice estava de fada, as cumprimentei com um gesto de cabeça e me posicionei para assistir as partidas de beer pong. Sarah ainda não tinha chegado e eu estava ansioso para vê-la, ela e David dariam um jeito de vir.

Quando ela finalmente apareceu, me senti mais relaxado. Ela estava linda com fantasia de anjo, um vestido branco liso rodado, asas felpudas nas costas e uma tiara com uma auréola na cabeça. David estava bem caracterizado como vampiro. Os convidei para jogar beer pong, fiz dupla com Sarah, contra Oliver e David, foi acirrado mas conseguimos vencer, a noite estava sendo muito boa, até ele aparecer.

Derek, meu adorável primo.

Eu tinha ido ao banheiro e quando voltei a cozinha Sarah não estava mais a onde eu a deixei, Oliver me disse que ela tinha saído para fora com um cara, mas que logo voltava. Estranhei e não iria ficar ali esperando. Fui em direção a saída e quando sai já fui surpreendido por Derek vindo em minha direção.

— Você me roubou ela, sempre soube que você queria o que era meu — Derek grita, ele se movimenta rápido chegando ainda mais próximo de mim. Abro a boca para revidar suas palavras, mas sou surpreendido por um soco em meu rosto. Cabaleio para trás, sentindo a região atingida arder.

— Seu desgraçado! — falo para ele incrédulo, não acredito que esse doente me bateu.

— Você acha que pode ser igual a mim? Você nunca será, seu fracassado — Derek cospe as palavras para mim, tudo que eu menos queria era ser igual a ele, mas ele sempre achou que o mundo girava ao redor dele.

O peguei pela gola da camiseta, Derek merecia uma lição, uma daquelas que ele se lembraria pelo resto da vida. Ele não ia me bater e sair ileso.

— Itan — ouço a voz de Sarah, me viro em sua direção, vendo ela se aproximar de nós dois.

Depois disso, as coisas acontecem rápido de mais e tudo que vejo são borrões, Derek se desvenciliou de mim, me jogando no chão. Com a adrenalina correndo nas veias acerto um soco em cheio no rosto de Derek, ele é puxado para longe de mim. Ouço Sarah gritando com Derek, meu corpo doia pela queda.

Segundos depois Sarah aparece ao meu lado.

— Você está bem? — ela pergunta parecendo extremamente preocupada.

— Vou ficar — falo me arrumando para levantar.

— O que aconteceu aqui? — James aparece correndo, parando próximo a nós. — Cara, você apanhou?!

Subi com James para o seu quarto, enquanto Sarah foi buscar uma compressa. Me deitei na cama, tentando relaxar meu corpo, a cama de James era incrível, então não demorou para que isso acontecesse.

— Trouxe a compressa — Sarah aparece com um uma compressa aparentemente improvisada.

James nos deixa sozinho no quarto.

Sarah se senta na borda da cama. E me estende o pano.

— Me sinto mal por Derek ter batido em você por minha causa — ela fala parecendo sem jeito.

— Tudo bem, a gente sempre teve uma richa, fazia muito tempo que queria dar um soco nele mesmo — digo para reconfortá-la. E no fim não era mentira, minha vontade de socar a cara de Derek era de longa data e hoje tive a oportunidade, mesmo que eu tenha saído machucado também. Valeu a pena.

Sarah se dispôs a segurar a compressa no meu lugar e eu deixei. Comecei a brincar com uma mexa do seu cabelo, ele era tão macio.

— Uma vez, quando éramos pequenos, Derek e eu brigamos, ele me empurrou quando eu estava de costas eu cai e quebrei o dente da frente — decido compartilhar com Sarah uma memória da infância, ela me olha parecendo não acreditar. — Um pedaço desse dente não é de verdade — toco o dente a mostrando. Lembro que chorei muito, pensei que iria ficar banguela, porquê já tinha perdido todos os dentes de leite. Mas minha mãe me acalmou e me levou no dentista.

— Nem dá para perceber — Sarah sorri para mim. — Vocês nunca se derem bem então?

— Nunca fomos fãs um do outro, para Derek tudo era competição, conforme fui ficando mais velho decidi ignorar suas provocações, e fomos nos afastando, mas pelo visto agora ele está com ciúmes de você comigo — falo ainda brincando com seu cabelo, quando era criança eu tentava superar Derek, queria provar para ele, que eu também era bom nas coisas, mas com o tempo percebi que ao fazer isso só dava mais corda para ele me incomodar. Uma vez minha mãe mandou eu parar com as brigas com Derek, que quando ele me provocasse era para ignorar, que eu era especial e único, que jamais deveria me comparar. Minha mãe era minha heroína.

Noto Sarah ficar queita por um instante, ela parecia absorta em pensamentos. Eu gostava genuinamente de Sarah, pelo simples modo de ser dela, eu a admirava pela sua bondade, inteligência e empatia.
Antes ela era só uma menina bonita que via no colégio e lanchonete, na qual eu olhava com inspiração, antes mesmo deu saber que ela viria a ser namorada do meu primo, e agora ela tinha se tornado presente em minha vida e extremamente importante. Eu nunca me imaginei estar apaixonado, nem se quer me preocupei com isso, mas eu sinto em meu peito que o que sinto por Sarah é intenso e real. E não trocaria isso por nada.

— Você está parecendo um anjo — falo para Sarah em um sussurro. — Tão delicada e preocupada em cuidar de mim — sorrio ao dizer isso.

Eu queria beijá-la, sentir seus lábios macios de novo nos meus. Um desejo por contato foi nascendo dentro de mim, meu coração saltitava no peito, já não sentia tanta dor no olho esquerdo, então quis retirar a compressa, a qual Sarah põe em cima da mesa de cabeceira. Me remexo na cama me sentando encostado nos travesseiros.

— Aquele dia no pequenique foi muito bom te beijar — digo a Sarah a fim de acionar a lembrança daquele dia, ela pareceu ficar um nervosa evitando contato visual, mas com meus dedos em seu queixo trouxe seus olhos cor de âmbar para os meus, transmitindo confiança. Não pude deixar de olhar para sua boca corada, Sarah pareceu perceber minhas intenções e eu sentia que compartilhamos da mesma, aproximei nossos lábios, e algo se acendeu dentro de mim, a suavidade do toque me fazia querer desfrutar ainda mais do beijo, levei minhas mãos a sua cintura e me deixei mergulhar. Suas mãos se enroscaram em meu pescoço, e senti calafrios percorrem meu corpo. Era prazeroso. Intensifiquei o beijo, aproveitando o máximo do momento, éramos só eu e Sarah, o mundo parecia ter parado de girar. Era como se tivéssemos congelado no tempo e só o agora importasse.

Mas tudo se quebrou com o toque do celular de Sarah nos interrompendo mais uma vez, tudo que é bom dura pouco. Mas definitivamente eu não queira aplicar esse ditado a nós, iríamos durar, o que sentiamos era recíproco, e eu não iria desistir de Sarah.

Depois que Sarah foi embora eu fiquei mais um pouco na festa de James para enfim ir para casa, conversei ainda com meu amigo explicando toda a confusão que aconteceu na frente da sua casa. Quando cheguei em casa tudo estava silencioso, meu pai certamente estava dormindo, ou então estaria na casa de Kiara, a mulher que ele estava saindo, fui para meu quarto, antes de me deitar, fui tomar um banho, olhei o estado do meu rosto no espelho, um leve roxo estava ao redor do meu olho esquerdo, um pouco inchado. Em poucos dias sumiria. Se meu pai me questionasse diria que tinha entrado em uma briga, sem muitos detalhes, mas algo me dizia que ele sequer ia se importar.

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