30| Capítulo Trinta

Bebericava um pouco do vinho branco que Itan havia trazido e aberto com o abridor. O garoto ao meu lado já tinha guardado o resto das comidas que não havíamos dado conta de comer, com sua taça azul em mãos ele também degustava do vinho, enquanto olhávamos ao longe a cidade na qual morávamos.

— Quer ficar para ver as estrelas? — Itan me indaga ao ver que a noite caia, analisei sua pergunta, eu queria permanecer ali, era um lugar calmo, com vista linda, e observar as estrelas me parecia o jeito perfeito para fechar o pequinique. Assenti para o garoto ao meu lado que sorri satisfeito.

— Trouxe uma luminária caso a gente decidisse ficar mais, vou lá bucar no carro, aproveito e já deixo a cesta lá — Itan diz se levantando. — Quer mais vinho?

Eu nego com a cabeça e lhe alcanço a taça.

— Já volto — vejo ele se afastar, olho para meu celular que oscilava o sinal, mas pude ver uma mensagem de David perguntando como estava o encontro, não iria respondê-lo agora, então apenas guardei o celular novamente no bolso e esperei Itan retornar.

Logo ele apareceu novamente com uma luminária em mãos, ela era estilo um pote de vidro, era decorada com estrelinhas pretas ao seu redor, sua cor era em degrade de azul e ciano, ele a colocou ao meu lado em cima da grama próximo a toalha, Itan novamente se sentou se reclinando um pouco para trás apoiado nos cotovelos.

— Essa luminária é sua? — indago a ele.

— Sim, quando ficar mais escuro vou acendê-la, ela emite uma cor azulada, você vai ver — Itan me sorri de canto.

— Eu adoro azul!

— Sério? É minha cor favorita — mais uma vez seu sorriso aparece e eu sorrio de volta.

— Aquele dia na sua festa vi também que tem um projetor de estrelas no seu quarto — falo lembrando do dia.

— Sim, eu implorei para minha mãe comprar para mim. Eu gosto bastante das estrelas — Itan suspira olhando para cima, algumas pequenas estrelas começavam aparecer no céu.

Passado alguns instantes Itan acende sua luminária, e uma luz azulada preenche o espaço entre nós.

— Que linda! — exclamei. Itan sorriu e voltou para sua posição. Me reclinei assim como ele também para melhor observar o céu.

— Sabia que a estrela mais brilhante é a Sirius — ele me olha, eu assinto sorrindo.

A noite entrava a dentro e as estrelas iam se tornando mais visíveis, deixando o céu todo bordado, Itan acabou deitando de bruços na toalha e eu já estava quase fazendo isso, meus braços já estavam ficando doloridos de estarem na mesma posição.

— Aquela é a constelação de Órion — Itan torna a falar das estrelas.

— Perto das três marias? — indago o olhando de relance.

— Na verdade elas fazem parte da constelação, cada uma tem um nome, que agora não me recordo para falar — Itan faz uma careta por não se lembrar do nome das estrelas. Sorrio do seu jeito. Mas ele continua falando das outras estrelas que formavam a constelação de Órion, e por fim começa a me contar que o nome da constelação é advindo do personagem da mitologia grega Órion. Eu o ouvia atentamente, ele falava suavemente sobre aquelas curiosidades, e eu estava admirada em vê-lo empolgado falando de algo.

Quando me dei por conta estava deitada de lado observando ele falar. Itan para de falar para me olhar também, graças a luz azulada podia vislumbrar sua face, ele sorri para mim e volta a encarar o céu.

— O universo é tão grandioso, e de pensar que somos apenas poeira de estrelas, tão insignificantes para ele — Itan fala como se estivesse fazendo uma reflexão existencial.

— Não acho que somos insignificantes, somos apenas pequenos se comparados com o universo, mas não é porque somos pequenos que não temos valor, nenhum significado... — falo para ele tentando soar otimista.

O rosto de Itan se vira em minha direção ele me analisa por segundos.

— Te admiro sabia, Sarah — ele fala em um sussurro.

— Também te admiro, Itan — sussurro de volta, meus olhos presos aos seus.

Ele solta um sorriso singelo e volta seu olhar para o céu novamente.

— Queria poder congelar esse momento! — ele solta um suspiro. Eu também queria. — Minha mãe sempre mandou eu aproveitar cada momento intensamente, viver o agora.

Absorvo suas palavras.

— As vezes eu acho que eu esqueço de viver o presente, fico tão focada no futuro, nas coisas que vão acontecer, que quero que aconteçam e acabo sentindo que não estou aproveitando como deveria o agora, e que depois será tarde — confesso a ele.

— Mas você pode mudar isso, basta querer — ele se vira novamente para mim, ficando de lado igual eu. Seus olhos negros brilhavam através da luz da luminária. — Você quer? — ele sussurra, seu rosto estava algumas palmos do meu. Eu já não sabia sobre o que Itan estava me perguntando. Nossos olhos um no outro, estavam fazendo meu coração aumentar o ritmo no peito, minha respiração ficando descompassada. Ele ainda me olhava esperando uma resposta da minha parte.

— Sim — acabei sussurrando para ele, um pequeno sorriso apareceu em seus lábios, os meus estavam entreabertos e pareciam secar, sentia a necessidade de passar a língua por eles, percebi Itan se aproximando cautelosamente, observando minhas reações. Passei a língua por meus lábios, seus olhos indo diretamente para minha boca, seu rosto já estava perigosamente perto do meu, podia sentir sua respiração se juntando com a minha, meu coração parecia que ia sair pela boca a qualquer momento.

Itan ergueu sua mão até minha bochecha fazendo um carinho ali, ele parecia sondar minhas reações. Meu corpo rapidamente reagiu ao seu toque, senti um calor se instalar em minhas bochechas, eu parecia ter perdido o fôlego por um instante. Sua mão estava quente e sua carícia era delicada, subi minha mão esquerda até a sua, tocando nossas mãos como no dia da roda gigante. Itan aproximou calmamente seu rosto do meu, e eu apenas fechei os olhos, me permitindo desfrutar do momento como havia dito que queria. Senti seus lábios macios tocarem os meus, meu coração saltitou no peito, e uma explosão de sentimentos aconteceu dentro de mim, apertei de leve sua mão, que escorregou até minha nuca, tocando de leve meus cabelos soltos, de início o beijo foi calmo, mas Itan o intensificou, parecia que ele tinha a necessidade de ter seus lábios presos aos meus. Sua língua explorava a minha boca enquanto a minha fazia o mesmo, e a sensação era muito prazerosa. Itan separou nossas bocas por um instante e sorriu largo para mim, eu também não conseguia esconder o sorriso, ele estava ofegante e eu também. Mais uma vez ele selou nossos lábios, começando novamente com um toque calmo, sua mão desceu até minha cintura onde apertou de leve, acabei me deitando para apreciar melhor seus toques, eu tocava seu cabelo macio enquanto ele me beijava, e era muito bom, seus beijos fizeram uma trilha até o meu pescoço, e senti meu corpo todo se arrepiar, meu peito subia e descia. O trouxe para mais perto de mim, abraçando seu corpo sobre o meu, ele se ergueu para me olhar mais uma vez, seu sorriso era tão largo que fazia meu coração derreter, ele se aproximava mais uma vez para me beijar, quando sinto algo vibrar no meu bolso, era meu celular, alguém estava ligando. Itan se afasta ao perceber, me sento e retiro o celular do bolso. Era minha mãe.

— Alô — digo a ela.

— Cadê você? Seu pai já está pedindo para você voltar para casa — mamãe fala de uma vez.

— Eu já vou, tá? — digo a ela, olhando para Itan que estava sentado ao meu lado olhando para sua luminária.

— Ok, não demore — mamãe responde encerrando a ligação.

— Tenho que ir — digo a Itan guardando o celular no bolso. O garoto ao meu lado assenti já se levantando pegando sua luminária. Recolho a toalha do chão e ando ao lado dele até o carro, guardamos as coisas e nos sentamos no banco para voltar a cidade.

Itan coloca em uma estação qualquer no baixo enquanto fazíamos o caminho pelo qual tinhamos vindo.

A ligação da minha mãe tinha estragado o momento, mas de qualquer forma ele foi intenso, ainda sentia meu corpo quente, e era como se os efeitos dos toques de Itan ainda não tivessem se dissipado, podia sentir o gosto doce do seu beijo, sua mão na minha nuca e cintura, e seus beijos suaves em meu pescoço, só de lembrar disso meu corpo novamente se arrepiou, o olhei de relance que estava focado na estrada, os faróis iluminando o caminho.

Não demorou muito para que chegássemos a Paradise de volta, Itan dirigia até a minha casa. Quando o carro parou olhei para ele.

— Obrigada pela noite, eu amei tudo — digo para ele em um sorriso. Ele me sorri de volta. Me inclino para beijá-lo na bochecha, mas Itan vira o rosto unindo nossos lábios mais uma vez, me afasto dele que sorri brincalhão. Faço menção de abrir a porta para sair.

— Ei — ele me chama e pega sua luminária  que estava no chão do banco de trás. — É pra você! — Itan me estende.

— Mas... — vacilo por um instante em pegá -la.

— Quero que fique com ela, é um presente — ele me pisca.

— Obrigada! — pego a luminária e sorrio largo para ele. Abro a porta do carro e me despeço com um aceno. Itan sorri mais uma vez para mim antes de arrancar com o carro. Fico lá parada vendo ele fazer a volta com a luminária em mãos.

Ele buzina para mim e dirige até sumir na esquina. Estava sorrindo feito uma idiota por tudo que tinha acontecido.

— Sarah — ouço papai gritar da porta de entrada. — Vai ficar plantada aí? — me viro e sigo pelo caminho que levava até em casa. Eu me sentia tão radiante, e Itan era a razão por me sentir assim novamente.

...

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