27| Capítulo Vinte e Sete - Itan

Para mim era reconfortante ficar um tempo ao lado de Sarah, eu me sentia a vontade, e ao conversar com ela em cima da lanchonete Darius, me senti mais leve e motivado. Ela tinha me sugerido um emprego para trabalhar lá, e parecia ser uma boa ideia, além do mais poderia ficar mais tempo em sua presença, o que para mim seria adorável. Então, quando ela me avisou que senhor Darius estava mesmo contratando já tratei de levar meu currículo para lá, levei um esboço de um desenho que estava fazendo dela, eu pretendia presentéa-la, ela ficou curiosa quando me viu desenhando enquanto esperava meu pedido ficar pronto, mas não podia mostrá-la sem antes terminar.

Passaram-se alguns dias até que em um sábado recebi a ligação do senhor Darius me chamando para trabalhar, fiquei super empolgado com a ideia e já tratei de avisar a Sarah, ela ficou feliz por mim. Esse emprego seria importante, teria um dinheiro só para mim, sem depender do meu pai. Estava radiante. Contei a novidade também primeiramente para Sônia que ficou muito orgulhosa de mim.

Na segunda levei o desenho de Sarah acabado e coloquei no seu armário para quando ela abrisse ter a surpresa. Eu estava ansioso para meu primeiro dia de trabalho, quando estava pronto para sair meu pai perguntou a onde eu iria, usei a deixa para contá-lo que agora estava empregado, ele pareceu supreso e satisfeito, me deu um simples parabéns e eu sai rumo a lanchonete Darius. Foi um bom promeiro dia, James inclusive pediu delivery e ficou bem contente por eu estar trabalhando.

Eu tinha gostado da minha função e facilmente me adaptei. Eu me sentia bem em estar fazendo algo que ocupasse meu tempo e que me ajudaria em meu futuro. Eu ainda pretendia conseguir um lugar só para mim.

Todos os anos eu ia com minha mãe até o festival municipal ajudá-la a arrumar sua barraca, ela adorava aquilo, estar em meio as crianças e se divertir com elas, por isso ela era voluntária para cuidar da barraca do jogo de argolas. Esse seria seu sexto festival ajudando com as barracas se ainda estivesse conosco, eu não pretendia ir ao festival, mas Sarah havia me convidado, a princípio não dei uma resposta definitiva, mas depois pensando a respeito decidi ir, minha mãe iria gostar de me ver lá.

Me arrumei para ir, depois do festival passaria na casa de James para jogarmos baralho, cheguei primeiro que Sarah e seu amigo David, tive que ficar aguardando.

Olhei meu celular, tinha uma mensagem de Olivia qurerendo me ver, mas eu sabia suas intenções, e eu não queria ficar enganando seus sentimentos, apenas disse que não iria dar e guardei meu celular.

Um gol vermelho estacionou em uma vaga não muito longe da onde eu estava, Sarah e David desceram do carro com as camisetas combinando, sorri ao ver aquilo. Best Friends tinha gravado nelas.

Entramos no festival, e estava tudo correndo muito bem. Os dois eram bastante divertidos e me garantiram boas risadas. Comemos juntos, fomos nos brinquedos, tiramos fotos, eu não me lembrava a última vez que tinha me divertido tanto.

Depois de muita diversão David e Sarah foram ao banheiro, aproveitei para comprar algodão doce para a gente, me lembrei de quando minha mãe me trouxe nos primeiros festivais, eu adorava comer, falava que estava comendo as nuvens. Eu com certeza tinha mais lembranças com ela do que com meu pai.

Sarah foi a que saiu primeiro.

— Comprei pra gente! — sorri largo para ela mostrando os algodões.

— Obrigada! David vai adorar — Sarah fala, e vemos David saindo do banheiro com uma feição não muito boa.

— Só acho que aquele cachorro quente com o monte de ketchup não me fez bem — ele fala em uma careta passando a mão na barriga. — Acho que já vou embora.

— Sério? Tudo bem então — Sarah vai ao seu lado.

— Não, não, você pode ficar, ainda tá cedo — David diz.

— Mas como vou voltar para casa se vim de carona com você? — Sarah pergunta para David.

Ao notar que David não falou nada resolvi me pronunciar.

— Eu te levo, Sarah — digo com veemência.

— Isso aí — David entrega seus ingressos para Sarah. — Aproveite.

— Um desses era para mim? — David pergunta próximo a mim. Assinto. — Obrigado! — o garoto pega o algodão passando por mim.

Franzo o cenho.

— Ele não tava com dor de barriga? — Olho para trás vendo David se afastar cada vez mais.

— Ele gosta tanto de algodão doce que nem com dor de barriga é capaz de rejeitar — Sarah fala e eu a olho desconfiado, ele não parecia estar realmente com dor de barriga, mas enfim eu não iria reclamar de ficar um tempo a sós com Sarah.

— Queria tanto ir na roda gigante — ouço Sarah falar quando nos aproximamos dela quando fomos jogar o palitos do algodão doce em uma lixeira.

— Ela parece bem grande, não é? — olho para a roda iluminada que girava em um velocidade não tão rápida. Um arrepio me sobe a espinha só de pensar em subir nela, eu tinha medo de altura isso era fato, e eu tentava superar, mas uma coisa era subir no telhado de casa e outra em uma roda gigantesca e ainda por cima em movimento.

— Você quer ir comigo? — ela me pergunta e eu olho para ela por um instante vacilante.

— An, vamos — falo em um fio de voz. Caminhamos até a fila, que estava formada por pares. Eu tentava mascarar meu nervosismo para Sarah não perceber.

— Tudo bem? — ela me pergunta e percebo que falhei miseravelmente em esconder que estava com medo.

Assinto sorrindo fraco. Estava mentindo descaradamente.

— Se você não quiser ir, não precisa.

— Você deve me achar um idiota — olho para Sarah de relance. Ela franze o cenho. — Eu tenho medo de altura, só fui uma vez na minha vida com minha mãe eu comecei a gritar e o rapaz teve que parar a roda para eu descer. Aquele dia que subimos na Darius, eu fiquei com medo, mas não quis demonstrar por isso demorei tanto para chegar lá em cima — confesso a Sarah. Decidi compartilhar meu medo com ela, pois sabia que ela não iria rir, e eu me senti seguro em lhe contar.

— Ei, não precisa ter vergonha, todos temos medos, eu por exemplo morro de medo de palhaços, nunca confiei neles com aquele nariz redondo vermelho e sorriso exageradamente grande, quando era pequena não ia em uma festa de aniversário se soubesse que tinha um.

Sorrio para Sarah ao ouvir seu medo sobre palhaços. Ela tinha razão todos temos medos.

— Podemos ir em outro brinquedo se quiser — mas eu não queria.

— Eu sei, mas estou tentando superar meu medo, e só enfrentando de frente que vou conseguir — falo determinado. Seríamos os próximos.

— Vou estar com você! — sinto o toque suave da mão de Sarah na minha. Olho para ela surpreso, mas retribuo o aperto. Sinto novamente um arrepio, mas dessa vez não era de medo, era como se uma pequena carga elétrica percorresse meu corpo após nosso contato, eu me sentia mais confiante.

— Irônico, não é? — falo ao lado de Sarah observando a pequena estrutura que nos cercava da cabine da roda gigante. — O menino que queria ser astronauta ter medo de altura? — eu havia lhe contado sobre meu desejo de criança no dia que subimos na Darius. Eu era tão ingênuo.

A roda gira, e eu seguro rápido na grade ao meu lado do banco, meu coração palpitava no peito, e não conseguia fazê-lo parar de bater rápido. Olho para baixo para ver a que altura estávamos do chão, ergo meus olhos fechados, sentindo uma leve vertigem.

— Ei, não olha para baixo — ouço Sarah falar ao meu lado em tom firme. Olho agora para ela tentando controlar a respiração.

— Vou ficar olhando para você então — assim, me esqueceria que estava em uma roda gigante, ficar olhando para ela me deixaria fascinado e entorpecido. Sarah toca mais uma vez minha mão agora por sobre o assento e sinto ondas de calor me invadirem.

A roda começa a girar sem parar, mantenho meus olhos grudados ao rosto de Sarah, entrelaço meus dedos aos dela, o vento chicoteava seu cabelo que dançava pelo ar, ela era linda e não me cansaria de ficar olhando-a, o frio da noite não me incomodava, ao contrário era reconfortante e ao ter Sarah ali comigo eu esqueci que tinha medo.

— Eu poderia ficar assim para sempre — a frase me escapa dos lábios . — Te admirando! — completo. Nossos rostos estavam virados um para o outro, Sarah era meiga, as vezes com um olhar cansado, mas hora ou outra um sorriso brincava em sua boca, e eu adorava quando isso acontecia, sabia o quanto ela era dedicada e podia notar que ela era preocupada com o próximo, ela estava aqui comigo, me ajudando a superar um medo, ela estava segurando minha mão, assim como minha mãe segurou quando eu comecei a gritar quando era pequeno para me acalmar, e Sarah assim como ela me trazia alento. Seus olhos cor de mel brilhavam sob as luzes da cabine, seu rosto ainda esboçava surpresa ao ouvir a minha frase dita a poucos segundos. Meus olhos recaem sobre a seus lábios, Sarah passava a língua por entre eles. Senti vontade de beijá-la, ali, pela primeira vez. Aproximo nossos rostos cautelosamente. Sarah não se afastou, ao contrário parecia ansiosa, ela parecia querer o beijo tanto quanto eu. Isso me motivou para avançar ainda mais.

Porém um solavanco me tira dos eixos, me assusto, automaticamente apertando firme a mão de Sarah, olho para os lados aflito, tentando raciocinar o que estava acontecendo. Mas era só a cabine que tinha parado de rodar. Suspirei aliviado, mas sai frustrado da cabine ao ter nosso momento interrompido.

Após sairmos da roda gigante, Sarah e eu fomos até o jogo que antigamente minha mãe administrava, me impressionei com as habilidades da garota que me acompanhava, mas fiquei ainda mais supreso quando elq me presenteou com um chaveiro de astronauta que ganhou no jogo e eu fiquei muito contente. Depois como não ganhei nada para ela a levei para comer maçã do amor.

A noite tinha tudo para terminar bem, porém foi arruinada quando fui ao banheiro e ao sair de lá encontrei Sarah e Derek em uma espécie de discussão, eu não esperava ver meu primo ali no festival e ao julgar pela sua feição ele também não, ainda mais com Sarah. Deixamos Derek para trás e tive que levar Sarah para casa, ela parecia abalada com a aparição repentina do meu primo, ele parecia querer reatar com ela, mas pelo que vi Sarah não estava disposta a deixar isso acontecer.

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