25| Capítulo Vinte e Cinco

Meu coração batia ainda descompassado no peito devido a instantes atrás, o rosto de Itan tão próximo ao meu, nossas bocas quase se tocando, a roda gigante parando, e tudo desmanchando.

Caminhávamos um ao lado do outro sem falar nada, ainda estava tentando assimilar o que tinha acontecido.

— Ainda tenho fichas para os jogos, quer tentar? — pergunto para Itan para cortar nosso silêncio. Ele assente ao meu lado. — Em qual quer ir?

— Que tal o das argolas? — era o jogo que sua mãe cuidava, assenti e fomos até a barraca a qual tinha um professor da escola municipal da nossa cidade.

Entregamos as fichas para o senhor que dá três argolas para cada, tínhamos que acertar nos pinos coloridos que estavam dispostos em cima de uma mesa logo a nossa frente. Coloquei minhas argolas em cima do balcão enquanto esperava Itan tentar acertar.

Ele se concentrava para atacar as argolas que quando arremessadas quase acertavam os pinos.

Itan bufa frustrado ao meu lado, ao perder todas suas chances.

— Eu pensei que você era preciso na mira — zombo de Itan lembrando do que ele falou em sua festa sobre o jogo do beer pong.

— Eu disse aquilo para te impressionar, mas a verdade é que não sou tão bom assim na mira.

— Deixa que eu te ensino então — falo me posicionando para arremessar a primeira argola, Itan me olhava ao meu lado. Eu estava confiante que iria acertar, mas seu olhar me desconcentrava. Arremessei a primeira que nem passou perto de acertar. Itan soltou um risinho debochado ao meu lado.

— Para de me olhar, você está me desconcentrando! — olho para ele fingindo uma expressão de brava. Itan se mexe para sair do lugar e passa logo atrás de mim, sinto sua respiração próximo a minha orelha.

— O que foi? Não aguenta pressão? — um arrepio me sobe a espinha. Ouço uma risada abafada vindo dele, viro o rosto em sua direção, encontrando seu olhar. Seus olhos negros pareciam brilhar, ele me olha em desafio com um sorriso de canto.

Me viro de volta para frente e respiro fundo, relaxando, pego a argola em mãos e miro no pino. Arremesso a argola que viaja no ar para atingir em cheio o pino que queria. Vibro ao acertar, olho para Itan com um sorriso vitorioso no rosto. Ele olha admirado para argola no pino depois para mim.

— Pode escolher seu prêmio da primeiro prateleira — o moço anuncia para mim. Olho para onde ele apontava, era onde ficava os prêmios menores, como chaveiros, pequenos carinhos e bonecas e alguns jogos de tabuleiro. Nada de pelúcias fofinhas. Observo tudo até ver algo que me chama a atenção.

— Eu quero aquele — aponto e o rapaz pega o prêmio para mim.

— O que escolheu? — Itan diz ao meu lado. Ergo o dedo e deixo a mostra o chaveiro suspenso, era de um astronauta prateado.

— Pra você — estendo para ele. Itan vacila por um instante em pegar.

— Sério? — sua expressão esboçava surpresa.

Assinto sorrindo para ele estendendo minha mão ainda mais próximo de si, ele pega o chaveiro e o olha na palma da mão.

— Obrigado, Sarah — ele fala meio sem jeito.

— Você tem mais uma chance — o homem fala me fazendo lembrar de jogar a última argola. Enquanto isso ouço um garotinho resmungar frustrado para mãe que queria ter ganhado uma pelúcia de cachorro.

O moço que cuidava da barraca observava a cena nenhum pouco compadecido, por um instante lembrei da mãe de Itan, ali como nos outros anos, torcendo para que acertássemos, sempre sorrindo, sempre radiante, ela era tão boa com crianças, tinha certeza que todos a admiravam.

Vi a mãe se distanciar com o filho, e suspirando profundamente acertei o pino com meu último arremesso.

Eu e Itan corremos atrás do garotinho para entregar o prêmio que tinha ganhado com a última argola, quando ele viu o cachorro, seus olhos se encheram de alegria, sua mãe agradeceu muito, e ele me abraçou as pernas, sorri ao ver o tamanho da sua felicidade.

— Ele ficou bem feliz — Itan sorri ao meu lado quando nos afastamos do menino agora com a pelúcia de cachorro.

— É — sorrio, ao ver que fiz alguém sorrir assim com a mãe de Itan fazia, era gratificante, um sorriso genuíno capaz de aquecer qualquer coração.

— Eu e David sempre competíamos nesses jogos do parque, tinha vezes que chegávamos a treinar antes de vir — compartilho com Itan me lembrando do quanto eu ficava ansiosa para vir ao festival com David.

— Vocês são dois doidos! — ele fala sem maldade, seu lábio querendo se repuxar para cima.

— Ei, não fala assim — bato no seu ombro com o meu.

— Sua mãe era bem legal nos dava chance a mais e brindes — falo para ele que sorri olhando para baixo.

— Ela sempre foi gentil e adorava crianças — Itan me fala orgulhoso da mãe.

Depois de um breve instante Itan tornou a falar.

— Sabe o que eu acho?

— O quê?

— Você se daria bem no beer pong, tem uma boa mira — ele diz ao meu lado enquanto caminhávamos por entre as pessoas no parque. — Formaríamos um bela dupla.

— Eu acertaria os copos e você beberia quando fosse preciso — aponto o dedo para ele que ri ao meu lado.

As risadas das pessoas estavam altas, crianças e adultos jogando os mais variados jogos e esperando por sua vez na fila de um brinquedo, o cheiro de algodão doce e cachorro quente as vezes se misturavam, estar aqui era tão nostálgico, as luzes vermelhas, azuis e amarelas deixavam tudo mais divertido e cheio de vida. Eu sentia que todos que estavam aqui, estavam aproveitando o momento e construindo memórias que ficariam marcadas em suas mentes. Olhei para o Itan e tive certeza disso, esse festival estava sendo um tanto diferente dos meus outros, mas era um diferente bom, ao lado de Itan.

Continuamos andando pelo parque lindamente iluminado, até pararmos em frente a uma barraca que vendia maças do amor.

— Quero comprar alguma coisa para você, gosta de maçã do amor?

— Não precisa.

— Faço questão. Você gosta? — assinto para ele, que vai até o vendedor, vejo ele voltar com uma maçã açucarada, ele me estende o palito e pego com cuidado de sua mão para não cair. Dou uma mordida, estava muito boa.

— Quer? — estendo para ele, passando a língua pelos lábios que tinham se lambuzado. Ele morde um pedaço, mordo mais um, olhamos um para o outro enquanto mastigávamos, corto nosso contato para morder mais um pedaço.

— Muito gostosa — ouço Itan falar, olho para ele. — A maçã.

Me seguro para não rir. Estava sendo muito legal passar esse momento ao lado de Itan, eu me sentia a vontade e ele também parecia, tinha certeza que David ia me pedir um relato completo como tinha sido depois que ele saiu, e tinha ainda mais certeza que iria surtar ao saber do nosso quase beijo.

Agora estava esperando Itan sair do banheiro, tinha terminado de comer minha maçã do amor, que realmente estava deliciosa.

Olhava para as estrelas brilhantes no céu, que nem percebi ele se aproximar, a pessoa que eu menos queria ver.

Derek.

— Sarah — sua voz que não ouvia a tempos preenche meus ouvidos.

— Derek — falo seu nome com um pouco de repulsa.

— Que bom te ver aqui, você nunca mais respondeu minhas mensagens, queria tanto falar contigo — ele declara, mas eu não estava interessada nem um pouco em falar com ele.

— Desculpa, mas agora não posso — digo simplismente.

— Eu vim para o festival municipal, esperava tanto te encontrar, as coisas entre a gente ficaram meio pendentes — ele fala se aproximando de mim.

— Não, não ficou nada pendente para mim — digo.

— Eu fui na sua casa falar contigo depois que brigamos, mas sua mãe mandou eu ir embora, pois seu pai estava muito bravo comigo, eu não queria ter decepcionado vocês assim...

— Mas decepcionou — falo com rancor na voz.

— Sei que já faz um tempo desde que tudo aconteceu, mas eu ainda penso em você, eu sei que vacilei Sarah, mas estou arrependido — sua expressão de tristeza não me convence, mesmo que ele estivesse verdadeiramente arrependido eu jamais voltaria sentir o que senti por ele. — Por favor, me perdoa?

— Mesmo que eu te perdoasse as coisas jamais voltariam a ser como antes — digo me afastando dele.

— Sarah... — balanço a cabeça em negativa para ele, não queria ouvir mais nada.

Itan então sai do banheiro e olha para nós dois.

...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top