09| Capítulo Nove
Acordei na manhã de sábado e fui para o banheiro me lembrando dos eventos da noite anterior, algumas coisas foram boas como meu breve momento ao lado de Itan e eu ajudando Alice e outros nem tanto como o sujeito embriagado esbarrando em mim e os olhares pouco amigáveis de Olivia.
Foi uma experiência diferente e havia dado um gás a minha vidinha pacata, porém o que mais me marcou ontem foi o pequeno momento de Itan comigo no jardim da sua mãe, ele poderia estar um pouco alterado pelo álcool e não se lembraria da maior parte das coisas que fez, mas aquele momento clichê ficaria gravado em minha memória.
Mas eu teria cautela com relação aos meus sentimentos, não queria me deixar magoar mais uma vez. Eu não sabia qual era a dele com a Olivia, e não sabia se queria realmente descobrir.
Eu tinha que manter meus pensamentos focados nos estudos, meu futuro, meu sonho, dependia disso, não podia me deixar sair dos eixos novamente.
Após me arrumar devidamente, desci para o andar de baixo até a cozinha, mamãe já fazia o café, me juntei a ela para ajeitar a mesa.
Com um belo sorriso no rosto mamãe já me cumprimentou, hoje eu iria com meus pais ajudá-los na padaria, como sempre fazia aos sábados.
Não demorou muito para papai também aparecer e podermos tomar café juntos.
Foi na padaria Doces Sonhos, que acabei conhecendo Derek, ele ia todas as manhã de sábado para comprar um copo de café expresso e um pão de queijo, eu já sabia seu pedido de cor. Eu o atendia e ele era sempre gentil, já sorria ao entrar logo que me via, e eu fui me encantando por aquele sorriso que eu mal sabia que futuramente seria fatal. Um dia desses, em meio a uma conversa nossa na padaria, Derek me chamou para sair, e eu é claro aceitei, a essas alturas eu já gostava dele em segredo, seu jeito simpático, sorriso largo, cabelos castanhos estranhamente alinhados e olhar intenso, me conquistaram e eu sabia que estava perdida. Era a primeira vez que estava apaixonada.
Derek me chamou para ver um filme no cinema, escolhemos juntos um de aventura, ele comprou pipoca e refrigerantes para nós e depois me levou até em casa em segurança. Eu esperava um beijo naquele dia, mas não saiu, mas estava satisfeita com a tarde que havia passado ao lado dele.
Nos encontramos mais duas vezes, e o beijo veio em um dia que estávamos passeando pela praça central durante a noite, estava um pouco frio e Derek me acolheu com os braços, bem próximos selamos nossos lábios em um primeiro beijo. Logo depois disso, Derek me pediu em namoro e eu cheia de alegria aceitei. Era o meio do ano, Derek era um ano mais velho do que eu e já estava na faculdade de direito, as férias já estavam acabando, fiquei triste por um momento em tê-lo longe de mim, mas acreditava que tudo iria dar certo.
Não deu.
Eu me sentia importante e ele prometeu que mesmo com a distância nos separando, ainda existiria um nós. Mas o ruim das promessas é que elas podem ser quebradas e junto a elas, nosso coração. Já faz um tempo, mas meu coração ainda tem as marcas, foi frustrante achar que era especial e no fim saber que estava sendo enganada. Mas eu prometi a mim mesma que não iria deixar isso me abalar e interferir no meu futuro. Eu era dona do meu destino, apesar de achar que ele tinha intenção de bagunçar minhas ideias com a repentina aproximação de Itan em minha vida, o mesmo garoto que coincidentemente era primo de Derek, meu ex.
Eu já estava acostumada a atender as pessoas, foi bom trabalhar ajudando na padaria dos meus pais, assim tive uma maior experiência quando comecei na Darius, David já trabalhava lá a pouco tempo e me indicou para o senhor Darius, estávamos empolgados com a ideia de trabalharmos juntos. E quando eu entrei lá, festejamos de alegria.
David e eu gostamos de estar juntos, a presença um do outro é reconfortante, nos sentimos livres para sermos nós mesmos, sem sermos julgados.
Tudo o que eu mais queria era que nós dois conseguíssemos passar no vestibular da UFV, seria um sonho entrarmos na mesma faculdade, por isso estudávamos juntos, para um ir incentivando o outro. Eu sabia que não seria uma tarefa fácil, mas estava disposta a lutar pelo que eu desejava.
O final de semana estava seguindo como todos os outros, depois que fechamos a padaria e fomos para casa, meu pai pediu pizza, nos reuniamos na sala para ver algo juntos e aproveitavamos a companhia um do outro.
Mamãe quis saber mais detalhes da festa, de quem era, se David tinha ido também, se eu havia me divertido. Eu contei a ela que fora Itan que me convidara, disse como começamos a conversar na detenção e em como ele havia sido legal em me chamar para sua festa, incrivelmente mamãe sabia de quem eu estava falando, ela havia conhecido a mãe dele. Contei que David só foi me levar, e que eu havia me divertido, ajudado Alice e pegado carona para casa. Não quis citar o incidente com o sujeito na escada e nem o momento de Itan e eu no jardim, achei que fosse surgir ainda mais perguntas e eu só queria encerrar o assunto. Sabia que papai além de prestar atenção na televisão escutava o que estávamos cochichando. Sabia o quanto ele era desconfiado, papai foi o que mais ficou com raiva quando eu contei o que havia acontecido quando terminei com Derek, ele queria ir lá na casa dele, dar uns bons sermões, mas eu o impedi. Sei que ele se importa comigo e tem medo de alguém me fazer novamente chorar. Mamãe também se preocupa, ela sentiu muito por mim e esteve ao meu lado me ajudando superar. Ela dizia o quanto eu era especial e quem havia perdido era Derek, e que no momento certo eu iria encontrar alguém que me amasse como eu realmente merecia.
Eu me sentia grata por ter meus pais ao meu lado, eles sempre me apoiaram muito em minhas decisões, eu queria o melhor para eles e iria ajudá-los no que precisassem.
No domingo, acordei com minha mãe em meu quarto já abrindo as cortinas, os primeiros raios de sol entraram me fazendo despertar. Resmunguei em protesto.
— Acorda, filha, já amanheceu — mamãe cantarola.
— Fecha a cortina, mãe, é domingo — falo debaixo das cobertas com os olhos ainda fechados.
— Levanta, querida, seu pai tem uma novidade para contar, quer você lá embaixo — ela diz.
— Novidade? — indago com a voz ainda meu grogue.
— É, e você só vai descobrir se levantar.
Retiro as cobertas e remexo em meus olhos até se acostumarem com a luz. Mamãe me olhava com um sorriso no rosto, seu cabelo castanho estava preso em um coque solto, e ela já estava de avental, se aproximou de mim e depositou um beijo em minha testa.
— Bom dia, minha pequena! — ela diz.
— Eu não sou pequena — retruco fingindo estar ofendida.
Mamãe gargalha seguindo para porta do quarto.
Me levanto a contragosto seguindo para o banheiro.
— Bom dia! — digo quando entro na cozinha. Mamãe e papai conversavam animadamente, eu admirava a relação deles, eles se davam tão bem como bons e velhos amigos. Além da paixão a cumplicidade prevalecia entre eles.
— Bom dia, girassol — papai diz para mim. Eu sorrio largamente para ele, me sentando ao seu lado na mesa.
— Mamãe disse que você tinha algo para me contar — falo cheia de curiosidade.
Ele olha de relance para mamãe que sorria e por sobre a mesa me estende um envelope.
Sem entender, franzo o cenho.
— O que é isso? — indago.
— Eu conversei com um amigo meu, e ele conhecia um colecionador de carros, eu vendi o velho Corcel para ele e rendeu uma boa grana, vamos poder quitar nossas dívidas por enquanto e eu queria que você comprasse uma moto para não precisar voltar a ir quase todos os dias de a pé para o colégio... — ele volta o olhar para mamãe que concorda com a cabeça.
Eu não podia acreditar.
— Isso é sério? — pergunto já com um sorriso despontando dos meus lábios. Papai afirma com a cabeça e eu me levanto para lhe dar um abraço em agradecimento. — Obrigada, obrigada, pai! — sorria feliz.
Papai sorri bobo quando nos separamos.
Mamãe se junta conosco na mesa e papai conta como foi a venda, disse que contou ao dono dos problemas do Corcel mas que o mesmo não viu empecilho e pagaria os concertos e ficaria com o carro.
Os dois estavam extremamente felizes ainda poderiam trabalhar na padaria agora que as dívidas seriam quitadas, meu pai era o que mais irradiava alegria, a padaria outrora também pertencia a meu avô, meu pai cresceu entre os pães e bolos e levou mamãe ao seu mundo assim que a conheceu. Mamãe também adorava trabalhar na padaria Doce Sonhos, ela havia descobrindo um amor pela confeitaria graças a meu pai, os dois juntos formavam um bela dupla, que eu não me cansava de admirar.
...
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