04| Capítulo Quatro
Eu tinha que compartilhar a novidade com David. Ao chegar na Darius corri ao seu encontro, passei pela porta da frente ao som do pequeno sino incluso nela e segui até o balcão principal onde David estava.
— E aí como foi na detenção? — ele me pergunta quando atravesso a porta do balcão da recepção.
— Melhor do que eu imaginei, acredita? — digo a ele, que me olha com o cenho franzido.
— Como assim, amiga? — David me estende um prato com um sanduíche apetitoso de presunto.
Minha boca saliva, e pego de imediato o prato de suas mãos.
— Eu conversei com o Itan Smith e ele me convidou para uma festa em sua casa — digo dando uma mordida no sanduíche.
David escrevia algo em um papel, para de repente ao ouvir o que disse e me olha com uma expressão de surpresa.
— Sério? — ele indaga com os olhos em mim.
Assinto veemente.
— Isso é... — David parece escolher uma palavra adequada — INCRÍVEL! — ele fala mais alto do que devia, atraindo olhares da lanchonete. Ele sorri sem jeito, e retorna a atenção à mim. — Me conta todos os detalhes da conversa, ok? — David me toca nos dois ombros e eu sorrio com seu gesto. — E você vai com certeza nessa festa, né? — ele se afasta e vai até a bancada continuar o que estava fazendo.
Dou de ombros, me aproximando dele para ver o que escrevia, era uma conta aparentemente complicada.
— Não sei se devo ir, não queria ir sozinha — o olho.
— Querida — David me olha nos olhos. — Você não pode perder uma oportunidade dessas.
Mordo mais um pedaço do sanduíche e o encaro.
Oportunidade?
— Ei, pode ir pra lá com isso, está derrubando migalhas nas minhas coisas — ele diz, pegando seu papel e o balançando no ar, para tirar o farelo que caiu em cima.
— Desculpe, amigo — digo me afastando.
Termino de comer o sanduíche em outro lugar, depois me junto com David na recepção já uniformizada, colocando meu inseparável boné com um hambúrguer estampado, a espera de novos clientes para atender. Na minha mente vagava a ideia de ir ou não na tal festa.
Meu celular apitou pela terceira vez no bolso da minha calça jeans anunciando que uma nova mensagem havia chegado. Eu não precisava olhar para saber quem era.
— Por quê você não bloqueia logo o Derek? — David me pergunta, olhando diretamente para mim.
Era uma boa opção, iria fazer isso mais tarde.
Derek era meu ex-namorado, namoramos por pouco tempo, não chegamos nem fazer dois mês juntos, ele já estava na faculdade, e no começo eu achei que poderíamos dar certo, mesmo com a distância que nos separava, porém comecei desconfiar de suas amizades, e David me convenceu a checar seu celular um dia desses quando nos encontramos, e acabei encontrando o que não devia, ele estava de conversa com uma garota da sua classe, revelei o que havia descoberto, brigamos e eu terminei tudo.
Porém, Derek insiste em uma nova chance, mas não sou capaz de confiar de novo nele.
Ele teve sua chance e despedaçou meu coração.
— Você ainda gosta dele? — David me lança a pergunta, enquanto eu ponderava ver suas mensagens ou não.
— Claro que não — digo. — Tudo não passou de uma ilusão. Tenho que seguir em frente.
— Me dá seu celular — David pede.
— O quê? Pra quê? — indago.
— Me dá — David estende a mão pedindo.
Olho para os lados, sem sinal do senhor Darius, peguei meu celular do bolso e estendi para David.
Ele sabia a senha então digitou-a e entrou na conversa de Derek, eu observava seus movimentos.
Oi, Sarah, é o Derek
Por favor, me responde
Sinto sua falta, me dê uma chance para fazer a coisa certa
Li suas mensagens, um aperto nasceu em meu peito, mas era de total decepção.
Você me traiu, estava saindo com outra pessoa nas minhas costas
Não teve coragem de terminar comigo, preferiu me magoar
Teve sua chance, me deixe em paz
Vejo o quê David digita.
— Você vai enviar isso? — pergunto para ele.
— Já enviei — olho para ele e depois para o celular. Ele havia enviado mesmo. Na sequência vejo-o bloqueando o contato.
— Toma — ele devolve o celular. — Viu? Simples!
Torço a boca, ele poderia ter bloqueado Derek no celular, mas ainda estava no processo de bloqueá-lo da minha mente.
Era perto das dezoito horas quando cheguei em casa, minha mãe já estava preparando o jantar, subi para o quarto tomar um banho, estava exausta.
Quando apareci na cozinha, meu pai já estava sentando a mesa.
— Oi, gente! — digo me sentando em uma cadeira.
— Como foi seu dia, querida? Por que não veio almoçar? — Catarina pergunta parecendo interessada na minha resposta.
— Verdade, algum problema? — meu pai pergunta olhando diretamente para mim.
— Na verdade sim — digo a eles. — Foi a terceira vez que cheguei atrasada nas aulas por conta do velho Corcel, tive que ficar na detenção — tinha certeza que eles iam entender, por isso disse a situação sem enrolação.
Olho para os dois esperando o que iam dizer.
Meu pai suspira.
— Sinto muito por isso, querida! — mamãe é a primeira a se pronunciar, enquanto limpava suas mãos em um pano de prato.
— Precisa de ajuda? — pergunto a ela.
— Se quiser fazer a salada — a mesma responde.
Enquanto isso meu pai parecia refletir.
— Se quiser podemos vendê-lo, vai compensar mais do que tentar pagar a manutenção dele — meu pai solta por fim.
— Mas não foi herança do vovô? — pergunto a ele.
— Tá tudo bem, as vezes temos que nos desfazer das coisas que não estão dando mais certo — meu pai diz, e a frase ronda em minha mente.
Concordo com ele por fim.
No dia seguinte acordei cedo para ir para aula, meu pai disse que daria um jeito em tudo, e o dinheiro que conseguisse eu poderia comprar uma moto que seria mais barato e prático, mas eu achei melhor que ele pegasse para pagar as dívidas da padaria. Eu não me importaria de voltar a ir para o colégio caminhando. De tanto insistir, ele acabou concordando. Eu tinha que colocar as necessidades dos outros acima das minhas. Era mais importante que ele pagasse as dívidas da padaria.
A caminhada até o colégio foi tranquila, o problema é que ele é longe a beça de casa, e para eu não voltar a chegar atrasada tenho que sair mais cedo do que o normal.
Mas eu faria de tudo para não entrar mais naquela sala chata que é a da detenção.
— Oi — disse para David quando me aproximei dos nossos armários, eles eram vizinhos.
— Olá, Sarahzinha — ele diz.
— Ei, não me chama assim, sabe que não gosto, aliás nem sou tão pequena — digo.
— Ah, você é sim! — David me diz contestando — Um anão de jardim ganha de você.
Por quê as pessoas foram inventar de fazer piadas da estatura dos outros? Mas não levo as palavras de David para o lado pessoal, sei que só está brincando.
— É brincadeira, amiga! Adoro te irritar.
— Uhum — murmuro cerrando os olhos para ele, e abro meu armário para pegar os livros que iria precisar hoje.
Não muito longe vejo Itan com alguns dos seus amigos, abrir seu armário também.
Ele estava vestindo nos pés uma bota preta de cano médio, uma calça jeans igualmente preta e uma blusa meia estação azul marinho, ele estava com a mochila de lado colocando alguns livros dentro do armário. Seus cabelos negros caiam sobre os olhos o qual retirava com um leve balançar de cabeça.
Um grupinho de meninas do primeiro ano cochichava olhando na mesma direção que eu.
— Quem você acha mais bonito do trio, o Itan, o Oliver ou o James? Sei que todas as meninas babam pelo Itan, mas ainda acho o Oliver mais lindo... — David começa falar, tirando minha atenção de lá.
Oliver e James faziam parte do grupinho que Itan andava, eles estudavam juntos, Oliver era irmão gêmeo de uma das garotas que andavam com eles, mas eles não tinham nada a ver um com o outro, eram bivitelinos. Oliver era um pouco mais alto que a irmã, seus fios eram platinados, mas naturalmente eram castanhos e ele sempre mantinha um sorriso sossegado no rosto, já Olivia tinha cabelos loiros ondulados, a pele um pouco mais clara que a do irmão e sempre mantinha o nariz empinado por onde passava.
— Acho que você tem que focar um pouquinho mais sua atenção nos estudos — desconverso, olhando para meu amigo. — Você não quer entrar para sua faculdade de moda ou designer?
— Eu consigo conciliar as coisas. Você que tem que se distrair um pouco, menina. O Itan é uma boa opção.
— O Itan não é uma opção — respondo a David, fechando meu armário com um baque. — Sem falar que ele não ia querer nada a comigo - murmuro reflexiva.
— Mas ele te chamou pra festa dele, se eu fosse você ia, e ficava bem doidona — Davis prende uma risada.
Olho para ele e balanço a cabeça em negativa.
— Você não existe David — me seguro também para não rir.
— Estou bem aqui do seu lado — não nos contemos e rimos juntos indo para nossa sala de aula.
...
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