03| Capítulo três - Itan
"A possibilidade de me expressar por meio da arte é o que me mantém vivo. Ela é o ar que preenche meus pulmões. É tudo que eu tenho para eu não me sentir só. Com ela sou astronauta desbravando um universo".
Minha mãe costumava falar para mim aproveitar intensamente cada momento. Mas eu se quer queria estar aqui agora, desde que ela se foi tem sido um martírio ter que aguentar meu pai e seu irmão Sebastian enaltecendo Derek, meu primo, a todo instante, enquanto eu me sinto um fracasso para a família cada vez mais. Meu primo é dois anos mais velho que eu, e tem seu ego inflado, só porque faz advocacia como seu pai e o meu, nós sempre brigávamos quando criança, pois ele sempre queria ser melhor em tudo. Eu não o suporto, ao contrário do seu irmão, Cristian, ele tem apenas oito anos, e não é igual em nada ao seu irmão mais velho, ele é legal e divertido. Meu pai me convocou para vir junto com ele, no jantar de aniversário de Sebastian, e cá estávamos nós, todos reunidos na mesa de jantar.
A comida de Sabrina a mulher do meu tio, estava muito saborosa, e era uma das coisas que eu poderia realmente aproveitar.
— E o seu relacionamento Derek como está? — meu pai pergunta para meu primo de repente.
— Infelizmente não deu certo — Derek simplesmente diz. Eu conhecia de vista a então namorada de Derek, eu sempre a via nos corredores do colégio Paradise, ela gostava de usar uma camiseta branca escrito I'm sunflower e tênis all star igualmente branco nos pés. Ela era um rosto conhecido. Me lembro quando ela começou a trabalhar na lanchonete que eu e meus amigos costumávamos a ir. Seu nome era Sarah, Sarah com h, havia visto bordado na sua camiseta de uniforme da lanchonete. Era um nome bonito.
Derek pareceu não querer revelar o porquê do termino e meu pai não quis insistir no assunto.
— Sinto muito! — meu pai responde.
Provavelmente a garota descobriu o quanto Derek era egocêntrico e resolveu cair fora.
— E você Itan vai fazer o vestibular esse ano? — Sebastian pergunta, por um momento eu pensei que ele iria me perguntar quando iria arrumar uma namorada. E quanto a isso eu não estava nenhum pouco preocupado, só queria aproveitar o momento sem me deixar prender.
— Eu não... — começo a falar para meu tio, mas meu pai me interrompe.
— É claro que ele vai, só está decidindo para qual faculdade, não é Itan? — meu pai indaga como com os olhos voltados para mim, uma mensagem por trás deles dizia para mim concordar.
— Claro! — sussurro, voltando a olhar para a comida.
— Ei, Itan — meu primo Christian me chama, ele estava sentado ao meu lado. — Bora jogar uma partida depois de corrida no vídeo game? — eu assinto para ele sorrindo.
— Primeiro você vai comer todo seu jantar, Chris — sua mãe fala suave.
— Ele vai comer sim, né Christian?! — pisco para ele. — Sua comida está uma delícia, Sabrina! — a elogio.
— Obrigada, Itan! — ela sorri para mim.
Hoje era quarta-feira e eu tinha me esquecido completamente da prova de Linguagem, e meu querido amigo James só foi me lembrar quando nos vimos no colégio.
— Droga, mano, eu vou ter que dar um jeito de colar nessa prova, senão vou tirar um zero bem redondo — digo pensando que essa era minha única opção.
— Você quer se arriscar? — James indaga. — Dá última vez que a professora Michelle viu você espiando minha prova ela quase te mandou para detenção.
— Ela não vai me pegar — falo não muito convicto. O sinal então bate, eu e James nos levantamos da mesa que estávamos sentados no grande salão do refeitório indo para nossa sala.
A primeira aula do dia seria educação física, e iríamos até o campo jogar bola, eu gostava, mas James era completamente fissurado por esportes, ele era competitivo e dava tudo de si quando entrava em um jogo.
— Chuta mais forte a porcaria da bola — James fala para mim quando o goleiro do outro time pega com facilidade a bola que havia chutado.
Reviro os olhos para meu amigo e mostro meu dedo do meio. Corro de volta para o meio do campo enquanto o goleiro se preparava para jogar novamente a bola.
Estava focado em ter a posse de bola novamente e quando finalmente consegui, James ficou me gritando para tocar para ele. Com raiva chutei a bola para ele que atravessou o ar saindo pela linha lateral, quase acertando a mesa do professor, mas não era ele que estava lá. Rapidamente corri para pegar a bola de volta. Estranhei Sarah sentada ali, assistindo a nossa aula.
— Tudo bem? — perguntei a ela, já que a mesma parecia assustada por quase ter sido atingida pela bola.
Ela demora um instante para me responder, fico olhando—a a espera de uma resposta, quando sua cabeça apenas balança positivamente.
— Quase te acertei, foi mal mesmo — digo me desculpando antes de ir a onde a bola tinha parado.
Continuamos jogando e quando tornei olhar para a mesa do professor, Sarah já não estava mais lá, o lugar onde estava minutos atrás tinha um professor de olhar astuto em nosso jogo.
Hoje não era meu dia de sorte, Michelle não me perdoou por ter me pego colando, eu estava confiante que se ela me visse iria deixar para lá. Mas pelo visto para ela tinha sido a gota d'água. Eu não devia ter colocado o caderno aberto debaixo da carteira, eu nem devia ter tentado olhar o caderno, ele nem tinha as respostas que precisava. Ao ser pego tirei um belíssimo zero e fui mandado para detenção.
A última vez que tinha vindo parar na detenção foi quando acabei acordando tarde e cheguei atrasado justo na aula do professor Horácio, eu podia ter esperando a aula terminar, mas tinha trabalhado para entregar e ele não iria receber depois.
Eu não estava nem um pouco preocupado em ir até a sala da detenção, passei no banheiro, fui tomar água e segui para lá a passos calmos. Quando adentrei a sala tive uma pequena surpresa após meus olhos vagarem pelo local. Sarah também estava ali, por alguma razão. De todos os lugares que pudesse imaginar vê-la a sala da detenção seria o último. Ela parecia ser uma menina calma, do que tipo que não infringe nenhuma lei, que passa suas noites estudando e tenta manter uma média perfeita no colégio, eu poderia estar a julgando cedo demais, mas algo captou minha curiosidade em vê-la ali, um pouco mais cedo já havia estranhado sua aparição repentina na nossa aula de educação física, que certamente eu tinha lhe causado uma má impressão com o episódio da bola.
Eu decidi me sentar ao lado dela naquela enorme sala, ela lia um livro ou ao menos fingia ler, pelo canto do olho pude notar que ela me observava desenhar, eu precisava passar o tempo de alguma forma, um lápis e papel me ajudavam muito nisso. Virei meu rosto para olhá-la, envergonhada ela retornou a atenção para o livro em suas mãos. Movido pela curiosidade decidi falar com ela.
— O quê uma garota como você faz aqui? — a perguntei baixo esperando por sua resposta. A menina de cabelos castanhos em cascata me olhou com uma expressão confusa.
— Uma garota como eu? — ela indaga, sua testa formando um vinco de confusão.
— É, toda certinha, o quê fez para vir parar na detenção? — pergunto ainda curioso. Não conseguia pensar em alguma coisa grave que ela pudesse ter feito.
— As pessoas são muito mais do quê os olhos podem ver, Itan — ela sussurra para mim, parecendo temer que nossa bibliotecária Cristine ouvisse.
Fico surpreso com a frase, que parecia até ensaiada, e após medir suas palavras, digo com sinceridade:
— Profundo, gostei — e lhe solto um sorriso de canto.
Sarah revira os olhos para mim, e eu me seguro para não esboçar uma risada. A menina de rosto angelical ainda não tinha me respondido o que havia feito para vir parar aqui.
— Mas então o quê a trouxe aqui? — insisti.
— Eu cheguei atrasada nas aulas de biologia e você? — ela pergunta para mim também.
Me remexo na cadeira antes de responder, me sentia um idiota em ter que revelar.
— Fui pego colando na prova de Linguagem — desvio o olhar um pouco envergonhado por ter quer admitir minha pequena infração.
— Linguagem? — ela indaga.— As provas sempre são fácies.
— Diga por você — a frase sai da minha boca em automático, eu a olho uma última vez antes de voltar minha atenção para o meu desenho. Agora sim estava me sentindo um idiota completo.
Mas para minha surpresa ouço ela dizer algo para mim.
— Você desenha bem — eu não esperava por esse elogio, mas ele tinha me agradado bastante, eu ficava feliz quando alguém notava o que eu realmente gostava de fazer. Em agradecimento lhe lancei um pequeno sorriso e sussurrei um obrigado. Ela também sorriu, e eu por um instante fiquei encantado.
Porém o encanto se quebrou quando Cristine anunciou que estávamos liberados, eu odiava vir parar na detenção por coisas bobas, mas ao ter Sarah aqui, os minutos passaram depressa e foi bem divertido.
Os alunos vão saindo da sala, guardo meu material e vejo a garota do meu lado se levantar, jogo a mochila nas costas e caminho pela fila de carteiras logo atrás dela. Ela deposita o livro que estava em mãos de volta na pilha e se despede de Cristine, e eu faço o mesmo.
Saímos juntos da sala da detenção, Sarah parecia um pouco nervosa em me ter ao seu lado, mas sabia que ela tentava não esboçar isso.
— Então, Sarah, desculpa por mais cedo quase te acertar com a bola na educação física — falo ao seu lado a lembro do incidente de mais cedo.
— Ah! — ela exclama. — Tudo bem, a bola não gosta muito de mim mesmo — ela ri e eu a acompanho.
Ela era admirável, e de perto era ainda mais linda, tinha um sorriso encantador e me fazia querer conhecer mais dela. Por isso tive a brilhante ideia de a convidar para minha festa que ia fazer final de semana, iria aproveitar que meu pai iria viajar a trabalho e ter a casa só para mim. Eu gostava de ir a festas, espairecer, fugir mesmo que por pouco tempo da realidade as vezes sufocante. Mas eu nunca havia visto Sarah em qualquer festa que fora, mas essa seria minha festa então poderia convidá-la e com um pouco de sorte talvez ela fosse.
E para minha surpresa e satisfação Sarah aceitou.
...
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