XXIV
Mesmo que estivessem apaixonados, completamente ansiosos para se casarem, resolveram dar tempo ao tempo, porque muitas coisas precisam ser organizadas, principalmente a popularidade de Adam com a população. Scarlett aceitou tudo de maneira calma e compreensiva. Sabia dos problemas antigos entre ingleses e escoceses, e apesar de algumas coisas terem melhorado, algumas pessoas não aceitavam muito bem os ingleses.
Então se passaram sete meses, o que para ela foi uma eternidade. Eles se viam com pouca frequência, Adam tinha começado uma grande caminhada para reconquistar seu povo depois de tanto tempo afastado deles. Ele estava conseguido ter êxito, e já tinha anunciado seu casamento com ela. A cerimônia havia sido marcada para agosto, mas com a prevista chegada do seu sobrinho, adiaram a data para setembro.
Charlotte deu à luz para mais um menino, dando o nome de Daniel. Ao contrário de Edward que era a mistura dos pais, o bebê era a cópia de George. Scarlett ficava empenhada em cuidar dos detalhes do seu casamento, mas não resistia em fazer visitas diárias a sua irmã. Gostava de estar na presença dos sobrinhos.
Quando chegou no palácio, foi recebida pela dama de companhia de Charlotte, que a levou imediatamente para os aposentos do bebê. Ao chegar no quarto, sua irmã estava com o filho nos braços ninando distraidamente. Seus cabelos estavam bagunçados, assim como seu rosto estava bastante cansado.
Charlotte era diferente das outras rainhas, gostava de cuidar dos filhos, mesmo que isso fosse bastante errado diante dos olhares da sociedade. Mas, Scarlett não conseguia enxergar problema algum naquilo, era o amor mais lindo do mundo.
— Minha amada irmã. — andou até ela. — Vejo que não dormiu tão bem essa noite.
— Quase nada. — suspirou.
— O que George diz sobre isso?
— Que eu não deveria me preocupar tanto, pois tenho várias babás a minha disposição, mas eu não acho certo. Tenho ajuda delas, pois preciso dormir algumas horas, fora isso, quero aproveitar o máximo possível Daniel.
— Posso segurá-lo? — retirou as luvas, colocando em cima de uma mesa, assim como sua bolsa.
— Oh, claro.
Charlotte colocou Daniel em seus braços com cuidado e deu um pequeno sorriso para Scarlett.
— Como vão as coisas para o seu casamento?
— Malmente posso escolher alguma coisa, é um absurdo.
— É assim mesmo, realeza é um pouco estressante.
— Um pouco? — riu com deboche. — Está sendo modesta.
— É isso, ou nos matamos. — Charlotte deu uma risada.
— Muito engraçada você. — revirou os olhos. — Estou feliz, minha irmã. Isso me deixa tão leve como uma pluma.
— Graças ao bom Deus. A propósito, recebeu o convite da duquesa Bailey?
— Oh, sim, recebi na manhã de ontem. Confesso que não estou entendendo nem um pouco esse convite. Ela me odeia, segundo Adam me disse. Por causa das crianças que ele ainda mantém com ela, se não fosse isso, a duquesa nem pisaria mais os pés naquele palácio.
— A data é próxima ao seu casamento.
— Sim.
— Vou aceitar o convite, chegaremos antes em Edimburgo mesmo. Querendo ou não, ela é muito popular na Escócia. O clã dela e do marido é bastante fluente por toda região. Seria interessante sua confirmação também.
— Odeio quando fala comigo dessa forma. — resmungou.
— Qual forma?
— Como rainha.
— Quero o seu bem.
— Eu sei, está coberta de razão, mas é difícil ir em um lugar no qual a anfitriã não gosta de mim.
— Estarei com você.
— Ao menos isso. Sinceramente, se você não fosse, eu não pisaria os meus pés no palácio dela.
— Sabe se Phoebe foi convidada?
— Não, provavelmente não foi.
— Por quê? — perguntou indignada.
— Phoebe se isolou do mundo, praticamente.
— Tenho que concordar, mas as cartas atuais dela estão diferentes. — Charlotte colocou a mão no queixo. — Alguma coisa está acontecendo com ela.
— No sentido bom ou ruim? — Scarlett colocou o bebê no berço.
— Bom.
— Acha que ela encontrou alguém?
— Lembro-me dela ter mencionado um visconde chamado John Parker diversas vezes. Eu podia não estar diante dela, mas imaginava a empolgação com que falava sobre esse homem.
— Portanto que ele não seja um lobo disfarçado de ovelha como Frederick, estará tudo maravilhoso. — Scarlett se sentou em uma poltrona. — Basta de sofrimento para ela.
— Basta. — Charlotte deu um sorriso cansado.
— Charlotte, soube que a mãe da Jasmine morreu?
A irmã mais nova arregalou os olhos.
— Não posso acreditar! — colocou as mãos no rosto. — Como ela está?
— Péssima. Jane a acompanhou até Cambridgeshire.
O rosto de Charlotte empalideceu de repente.
— Margareth...
Então Scarlett lembrou-se da filha bastarda do rei William. Ela morava com avó, agora ela estava morta, certamente moraria com Jasmine. Um silêncio desconfortável brotou no lugar.
— Vai ser difícil caso descubram. — Scarlett disse depois de um tempo.
— Tenho medo do que possa acontecer quando George descobrir. Escondi isso durante todo esse tempo, não é um segredo meu, pertence a outra pessoa. Por isso não me sinto tão culpada. Mas eu também penso na dor que a rainha sentirá ao descobrir da filha bastarda do rei. Margareth tem a mesma idade de Millie, pode imaginar a confusão que isso vai causar? — respirou fundo. — Minha cunhada é muito sensível, recentemente o príncipe Alejandro andou evitando mandar cartas, foi lastimável o estado dela. Soube que William não era muito próximo a ela, não dava atenção alguma. Melhor dizendo, ele não queria que Millie existisse, apenas George.
— Lembre-me de nunca colocar o nome do meu filho de William. — brincou.
— George me contou que é o nome do bisavô dele.
— Conheço a história do meu país, Charlotte.
— George em homenagem a uma paixão da rainha Elizabeth.
— Uma paixão antiga dela? Interessante.
— Ele me disse que lembra muito pouco dela, mas o pouco já basta para matar um pouco da saudade.
— É a mesma coisa com mamãe, a gente se apega aos mínimos detalhes para tentar não esquecer de nada. Sabe, Charlotte, você é a única que se parece inteiramente com ela. Os olhos são idênticos, olhar para você é como ter a mamãe por perto. Isso é tão bom. — deu um pequeno sorriso ao lembrar-se da mãe. — Deus foi muito justo quando nos trouxe você, minha irmã. — segurou a mão de Charlotte com força, com algumas lágrimas beirando os olhos. — Eu amo você, jamais esqueça isso.
— Eu também amo você, Scar. — Charlotte abraçou Scarlett fortemente.
Scarlett amava aqueles momentos de carinho com as irmãs, eram preciosos como joias. E como partiria para a Escócia em breve, precisava aproveitar o máximo da companhia da irmã, pois as visitas poderiam se tornar raras, mesmo habitando em uma mesma ilha.
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