XXII

Bastou Scarlett aparecer vestida em um belo vestido verde, com seu rosto iluminado por um enorme sorriso, para seu humor começar a melhorar. Mostraria a ela suas intenções, que não era brincar com ela ou seus sentimentos. Apesar de achar que naquele dia no baile de máscaras tinha deixado tudo muito claro. Porém, ela aparentava estar insegura sobre tudo aquilo, apesar de ter concordado em manter alguma coisa.

— Quando vai retornar para Londres?

— Isso depende de muitas coisas. — ela continuou olhando para frente.

— Sua irmã conseguiu resolver tudo?

— Sim! Pelo menos, quase tudo. — olhou para ele. — Phoebe está se reerguendo aos poucos.

Adam começou a pensar nas crianças, sabia que não era fácil dar uma notícia dessas. Podia se inventar várias coisas para aliviar a situação, mas não dava certo muitas vezes. Tirou o chapéu por alguns minutos, depois colocou na cabeça.

— Como ela contou para eles?

— Eles?

Depois ela abriu a boca e fechou.

— Não participei da conversa, nem perguntei nada.

— Por quê?

— Não vi necessidade em perguntar.

— As crianças estão aqui?

— Não, estão com meu pai.

— Gostaria muito que os meus filhos e os filhos da sua irmã fossem amigos.

— Isso seria fabuloso! Melanie e Robert são muito sós, precisam de mais crianças para brincar.

— Alethia, Harold e Arthur também não tem muitos amigos. Algumas vezes Lexie leva eles para sua casa, e como ela recebe muitos amigos nobres, sempre brincam com crianças diferentes. Harold gosta de arrumar brigas, não sei a quem ele puxou esse lado tão agressivo.

Scarlett abriu a boca para falar alguma coisa, mas parou assim que olhou nos olhos dele.

— Alguma coisa está incomodando você.

— Não nego a você, Adam. Quando eu cheguei aqui em Edimburgo, ouvi algumas coisas sobre o passado de algumas pessoas... — ela mordeu o lábio.

— Prossiga.

— Sobre sua falecida esposa.

Respirou fundo.

— Diga-me o que disseram a você.

— Não sei como continuar essa conversa. — olhou para ele mais uma vez, estava com uma expressão assustada.

Adam tinha noção do que possivelmente tinham dito para Scarlett, mas queria ouvir dos lábios dela. Seria mais fácil conversar sobre aqueles boatos se ela falasse, porém, ela tinha medo, era notável. Parou o cavalo, e pediu para os guardas ficarem para trás.

— Vamos caminhar?

— Não iriamos...

— Mudança de planos. — deu um sorriso forçado e ofereceu a mão para ela.

— Certo. — Scarlett aceitou sua mão e desceu do cavalo.

— Vou esclarecer as coisas para você.

— Quais coisas?

— Catherine, o amante dela, e as crianças.

O rosto dela empalideceu imediatamente.

— Eu sei sobre tudo, Scarlett. As pessoas acham que sou idiota. — deu uma risada sarcástica. — Talvez eu tenha sido muitas vezes, mas não para isso. — ofereceu o braço para ela, que aceitou receosa. — Catherine nunca me amou verdadeiramente, ela aprendeu a gostar de mim. Pobre de mim, nunca tive o amor dela. Jimmy ganhou toda paixão e devoção dela. Pode estar se perguntando o motivo do meu casamento com ela, vou lhe responder. — respirou fundo. — Pena e uma paixão avassaladora.

— Pena?

— Sim, pena.

— Jamais pensei que fosse também por pena.

— Pensou que eu tinha sido enganado? Não, nunca fui. Mas a minha paixão por ela continuava, mesmo depois de tudo. Catherine grávida de outro homem, que tinha fugido para a Irlanda para não assumir as consequências, foi uma época turbulenta. Lexie não imagina que eu saiba essa história, deve me achar um parvo. Os gêmeos não são meus filhos, mas eu os assumi como meus. Amo eles verdadeiramente como se fossem meus.

— Por que culpou seu filho pela morte de Catherine?

Sentiu seu corpo tremer um pouco, porque nunca tinha sido questionado sobre esse assunto de maneira tão direta. E quando pensava no que tinha feito durante todos aqueles anos, sentia-se um completo idiota. Poderia procurar razões para justificar suas ações, mas todas elas se tornavam tolas quando eram ditas em voz alta.

— Não sei dizer a você, Scarlett. Eu estava completamente louco, sem saber o que fazer. Porque quando conseguimos ficar bem, ela se foi. Foi um golpe muito forte, muito mesmo.

— Arthur pagou um preço muito alto.

— Se soubesse o quão eu me arrependo. — uma lágrima começou a descer por seu rosto. — Ainda mais que ele é o meu verdadeiro herdeiro, meu legitimo filho. Eu jamais deveria ter me afastado durante esses anos, perdi tantas coisas. — respirou fundo. — Posso não recuperar esses anos, mas não deixarei faltar nada a ele futuramente.

— Harold vai assumir o trono?

— Não.

— Como? Assumiu ele como seu filho.

— Não possui o sangue Crawford, mesmo que eu tenha assumido a paternidade dele. Fiz um documento para colocar Arthur no trono.

— Isso pode gerar uma briga entre eles futuramente, não?

— Conversarei com eles no momento certo.

— Estou impressionada. Por um momento pensei que fossem apenas boatos.

— Mas também pensou que fosse verdade.

— O ser humano é capaz fazer coisa inimagináveis. Não duvido de mais nada que possa vir a acontecer nesse mundo.

— Está certa. — respirou fundo.

— Está se sentindo aliviado?

— Apenas meu secretário sabe sobre tudo isso, o único que tem certeza.

— Agora eu também sei de tudo.

— Eu confio em você.

— Confia? — seus olhos ficaram brilhantes.

— Sim. — parou de andar e ficou de frente para ela. — E como confio. Pensei tanto em você nesses últimas dias, nunca fui muito de enrolar sobre meus sentimentos, vou ser bem claro: estou apaixonado por você. Não existe outra palavra para o que eu sinto por você, Scar. — colocou a mão no rosto dela. — Esses olhos, essa boca, esse toque, essa pele, tudo em você, é tão perfeito para mim. Por Deus, estou realmente estou apaixonado por você. Peço, melhor dizendo, imploro, fique comigo. Seja a minha mulher, deixe-me amá-la como nunca foi amada antes. Eu me rendo a você, Scarlett. Estou em suas mãos, meu amor.

— Adam... — Scarlett começou a chorar. — Isso é muito mais do que eu poderia imaginar. Muito mais mágico que nos contos de fadas. Não sei se sou a mulher certa para você, mas vou tentar ser no mínimo perfeita. — colocou a mão no rosto dele, afagando a bochecha devagar. — Quero curar suas feridas, preencher seus dias de amor e felicidade, cuidar dos seus filhos como se fossem meus. Não quero muito coisa, apenas viver em paz ao seu lado. Se assim deseja, eu aceito ficar com você.

Adam puxou do seu bolso um anel solitário, com uma pequena esmeralda.

— Scarlett Harrison, — ajoelhou-se diante dela. — você me daria a honra de ser minha mulher?

Scarlett afirmou com a cabeça, chorando ainda mais.

— Sim, eu aceito.

Adam colocou o anel no dedo de Scarlett e levantou-se.

— Essa é a hora que posso beijar a noiva?

— Acho que sim. — deu um sorriso.

Adam depositou a mão no pescoço dela e desceu suavemente por suas costas.

— Como é bom tocar em você.

— Como é bom ser tocada por você.

Começou a beijá-la assim que ela concluiu a frase, como queria fazer desde o momento em que pensou pedi-la em casamento. Agora faltava apenas comunicar ao pai dela, ao Parlamento, seus filhos e seu secretário. Lexie seria uma consequência, não se importava mais com as opiniões dela. Por enquanto, aproveitaria aquele momento único com a mulher que amava.

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