XX
Quando Scarlett e Phoebe chegaram na Escócia, tiveram que resolver tantas coisas, que não sabia se Phoebe conseguiria resolver tudo sozinha, sem algum suporte de alguém que a amasse. Mas, sua irmã mais velha era mais forte do que ela imaginava, o que fazia sua admiração crescer ainda mais.
Frederick foi enterrado próximo aos pais, no mausoléu que havia sido construído após a morte do pai dele. Não compareceram muitas pessoas, pois ele não era muito querido pela região. Henry parecia abalado ao lado da sua esposa, Phoebe ficou conversando com ele por horas, enquanto Scarlett apenas andava pela região.
Seu chapéu queria sair da sua cabeça a todo momento, o vento estava bastante forte. Possivelmente começaria a chover em breve, e não gostaria de ficar molhada, pois o risco de ficar resfriada seria grande. Abraçou o próprio corpo, andando até sua irmã.
— Podemos voltar para casa? Está vindo uma grande tempestade.
— O céu está limpo, Srta. Harrison. — respondeu a esposa de Henry.
— Eu sei quando vai chover, Sra. Brown. — respondeu aborrecida, desejando dar língua para a mulher em sua frente.
— Por acaso é Deus para saber quando vai chover?
— Não, apenas não sou burra como a senhora. — levantou a saia do vestido. — Com licença.
Scarlett começou a caminhar de volta para casa.
— Scarlett! — chamou Phoebe.
Fez um gesto com a mão para ela permanecer onde estava, não queria ouvir sermão da irmã.
— Scarlett. — ouviu a voz ofegante da irmã. — Você me salvou.
— Salvei? — parou de andar, para Phoebe se recompor.
— Ela era insuportável, meu bom Deus. Henry é uma boa pessoa, merecia uma esposa melhor. — suspirou. — Não sou ninguém para julgar, porém, ela é realmente insuportável.
— Lamento por ele. Além de insuportável, burra.
— Ela ainda não sabe como funciona as coisas aqui em Edimburgo, Scarlett. Mas, não nego, amei você ter chamado ela de burra.
Scarlett olhou para ela confusa.
— Está realmente falando sério?
— Sim, estou. — revirou os olhos. — Não sou correta o tempo inteiro.
— Não é o que parece. — voltaram a andar de volta para a casa.
— Muitas coisas não são como parecem, não é mesmo?
— Sim.
— Pensei em reformar a casa, tenho certeza de que papai não vai se opor. Também preciso achar um novo mordomo, fazer com que essa casa fique o mais confortável possível para minha volta com as crianças.
— Por que não fica em Londres conosco? Nossa casa em Cambridgeshire vive sozinha. Acho que seria bem melhor do que você ficar aqui com as crianças, de certo modo, estará sozinha, sabe disso.
— Aqui se tornou meu lar, Scarlett.
— Já sei onde essa conversa vai parar.
— Lar é o lugar em que seu coração se sente melhor.
— Sabia que a frase da mamãe entraria nessa conversa.
— Condiz com o que estamos falando.
— Eu sei, mas seria mais interessante passar o seu luto com sua família.
— Minha irmã, tenho que aprender a lidar com esses problemas sozinha. Fico imensamente agradecida por ter minha família sempre me apoiando, no entanto, não posso ser a criança que sempre corre para o pai quando alguma coisa desanda.
— Por isso escondeu tudo de nós?
Phoebe respirou fundo.
— Não, por vergonha. Sabe disso, não quero lembrar disso agora, por favor.
Bufou irritada, ela sempre conseguia desviar o assunto com destreza.
Permaneceram em silêncio por alguns minutos, até que Phoebe resolveu quebrá-lo.
— Você comunicou a Sua Majestade que estava vindo para as terras dele?
— Sim, mandei uma carta. — subiram as escadas que dava acesso a varanda da casa.
— Engraçado, fala tão friamente sobre tudo isso.
— Ah, apenas não sei como eu realmente me sinto em relação a tudo isso.
— Por que não abre seu coração para o amor entrar?
— Porque talvez ele não exista, Phoebe. Pode ser apenas um desejo mútuo entre nós dois.
— Como pode saber?
— Apenas sinto.
— Suas conclusões estão sendo muito precipitadas, minha irmã.
— Ah, acho que estou certa.
— O problema é a coroa dele?
— Sim, é um dos problemas. Fora a vida dele muito conturbada. Sinceramente, nem sei como eu aceitei ficar com ele. Na verdade, sei, o momento não me deixou pensar com muita clareza. Porque, minha irmã, o beijo dele é muito bom.
— Está sendo realmente sincera com si mesma, Scarlett?
Começou a chover, fazendo um sentimento de satisfação nascer em Scarlett por ter razão sobre o clima. Como desejava debochar a Sra. Brown naquele momento, mas não podia, infelizmente.
Sentou-se em uma cadeira, olhando a paisagem, sentindo o cheiro de terra molhada.
— Se eu tivesse ao menos alguma certeza de que tudo ficaria bem, que algum dia poderíamos ficar realmente juntos...
— Casamento?
— Sim, Phoebe. Sempre sonhei em me casar, ter a minha família, meus filhos. Ter alguém para compartilhar todos os momentos do meu dia, alguém para amar, ficar junto até o último dia da minha vida. — respirou fundo. — Esse sonho parece tão longe, mas, Adam faz com que eu acredite que não está tão longe. Fico me perguntando se eu sou o empecilho para que isso aconteça. Posso estar deixando as coisas mais complicadas, eu sei, mas é como eu me sinto.
— Na verdade, eu enxergo apenas medo. Não tenha minha irmã, não deixe esse medo dominá-la. Temos apenas uma vida para viver, não a desperdice por esse medo bobo de se apaixonar. Permita-se, ame. — ajoelhou-se ao lado dela e pegou sua mão. — Creio que vocês poderiam ser felizes.
— Phoebe...
— Pense com carinho em tudo o que conversamos, Scarlett. — levantou-se. — Sra. Evans deve estar preparando um chá para nós.
— Não quero tomar chá.
— O que quer? Conhaque?
— Talvez.
— Não seja ridícula, Scarlett.
As duas irmãs começaram a rir.
— Vou entrar, vai ficar aqui?
— Sim.
— Seus pensamentos vão ser uma boa companhia.
— Com certeza vão. — suspirou.
♔♔♔♔
Adam,
O marido da minha irmã faleceu em Edimburgo. Eu não podia deixar de acompanhá-la até lá, não podia deixá-la sozinha. E, achei que deveria dar alguma satisfação para você.
Não sei quanto tempo permanecerei em Edimburgo, acho que devo demorar algum tempo, tudo depende da minha irmã. Caso volte para a Escócia antes, podemos nos ver por aqui. Ou, ao contrário, posso voltar para a Inglaterra mais cedo.
Fique em paz,
Scarlett.
A carta de Scarlett estava em cima da sua mesa aberta, depois dele ter lido algumas vezes, apenas para gravar a caligrafia dela. Ela tinha sido bastante rápida em suas palavras. Não sabia se ela tinha escrito com pressa, ou apenas por falta de sentimentos por ele.
Adam se sentia tão inseguro em relação a tudo. Estava apaixonado, tinha certeza disso. Scarlett estava em todos os seus sonhos, presente em seus pensamentos. Mas ela o deixava pisando em ovos, sem saber o que fazer exatamente.
Passou a mão pelo cabelo completamente frustrado.
— Majestade, o senhor está com algum problema hoje?
Edric se sentou de frente para ele.
— Talvez.
— Nota-se. Seu primo não vai poder ir mais a Windsor, surgiram alguns problemas.
— Oh, para melhorar o dia.
— Quanta rabugice.
— Não me aborreça, Edric.
— Scarlett Harrison mais uma vez.
— Como uma pessoa é capaz de deixar as coisas tão complicadas?
— Deixando. — deu de ombros. — Mulheres normalmente possuem esse talento especial.
Adam revirou os olhos.
— Acho que você deve esclarecer as coisas com ela, Adam. Ela é uma moça solteira, deve ter seus sonhos. Deve estar achando que quer brincar com ela. As coisas vão continuar assim se não forem sinceros um com o outro. Colocar todas as cartas na mesa, assim, creio eu, tudo vai ficar claro.
— Acha mesmo?
— Sim, eu acho.
— Farei isso assim que for possível, mas ela escapa como água em meus dedos.
— Ótimo, assim eu não te vejo carrancudo.
Adam deu uma risada, refletindo nas palavras do seu amigo.
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