A primavera chegou, e com ela veio a vontade de aceitar o convite do primo para visitar Londres. Estava ansioso para rever Scarlett, algumas vezes não dormia a noite pensando em como seria seu reencontro com ela. Não podia esperar nada demais, porém, esperava algo grandioso. Conhecia aquela sensação, fazia muito tempo que não a sentia, mas agora ela estava voltando com força. Muita força. E estava gostando bastante.

Estava se permitindo apaixonar-se novamente, o único medo que tinha era ser rejeitado por ela. Era uma possibilidade, mas preferia não pensar nela. Queria pensar positivo, assim as coisas poderiam dar certo. Ou não. Seria conforme Deus permitisse, e dentro dele, rezava para que permitisse.

Então, em um momento de loucura, pediu para Edric organizar tudo para Londres. Seu amigo deu um sorriso malicioso e acatou seu pedido rapidamente. Quando foi avisar a Lexie sobre sua decisão, ouviu diversos discursos contra sua ida para Londres, que ignorou completamente. Sua antiga sogra queria proibir a ida das crianças, mas ele foi completamente firme em sua decisão de levá-los.

Agora, estava no palácio de Buckingham, esperando George recebê-lo. Não seria da mesma forma que ele havia recebido os ingleses, seria algo mais frio. Não se importava, mas achava estranho, de qualquer forma. Seus filhos foram levados para se acomodar em seus quartos, e apenas Edric permaneceu ao seu lado.

George chegou com uma expressão preocupada, parecia aflito com alguma coisa.

— Adam, fico feliz que tenha aceitado meu convite. — estendeu a mão para ele.

— Agradeço sua hospitalidade, George. — apertou a mão estendida do primo. — Conhece meu secretário, Edric.

— Oh, sim, lembro-me dele em Edimburgo. — George apertou a mão dele também.

— Parece preocupado.

George deu um pequeno sorriso.

— Problemas com minha irmã, não se preocupe.

— Não posso ajudar realmente em nada?

— Gostaria que pudesse. — respirou fundo. — Mas é algo que nem mesmo eu tenho controle. Agradeço sua preocupação, no entanto, não está aqui para isso.

Adam assentiu, não resistindo em perguntar ao primo sobre Scarlett.

— Poderia me dizer se a irmã da rainha está aqui?

— A Srta. Harrison? — arqueou a sobrancelha, parecendo surpreso com a pergunta.

— Sim.

— Ela está na casa do pai. — George andou até uma mesa com bebidas. — Aceitam alguma coisa?

— Conhaque. — respondeu Adam.

— Nada. — Edric colocou os braços para trás.

— Como eu poderia chegar até ela?

— Falarei com meu secretário para arranjar alguém para levá-lo até lá, não se preocupe. Planejei irmos para Windsor dentro de três dias, o que me diz? — entregou um copo com conhaque para ele.

— Perfeito, podemos caçar. — bebeu uma grande quantidade do líquido, que desceu rasgando toda sua garganta.

— Sim, vai ser ótimo. — George parecia em outro lugar, pensando em alguma muito importante. — Adam, preciso me retirar, Alfred levará vocês para seus aposentos. Peço perdão por ter me encontrado em um momento como esse, sem dúvida alguma não é a melhor recepção que eu poderia lhe oferecer.

— Não se preocupe com isso, por favor.

— Por que problema com irmãos são tão difíceis? Uma discussão que não deveria ter sido levada tão a séria, mas acabou se tornando muito séria. — suspirou. — Nunca tinha brigado com minha irmã dessa forma antes.

— Irmãos sempre brigam, George.

Um homem entrou no escritório e falou alguma coisa no ouvido de George, que balançou a cabeça em um movimento positivo, e cochichou outra coisa no ouvido do homem que fez uma vênia e saiu.

— Pedi para Alfred pedir para alguém levá-lo até a propriedade do duque Harrison.

— Quando?

— Em poucos minutos, eu acredito. Alfred costuma ser muito rápido. Edric também irá?

— Não, permanecerei no palácio, Majestade.

— Bom, tenho que ir. Mandei preparem um belo jantar para recebê-lo hoje, espero que goste.

— Tenho certeza que sim.

George deu uma risada e colocou a mão sobre o ombro dele.

— A Srta. Harrison também virá.

Deu um pequeno sorriso, como se estivessem compactuando com alguma coisa.

Adam olhou para George desconfiado, pensando em sua última frase.

— Está bastante nítido seu afeto pela Srta. Harrison.

— Como? — virou-se para Edric.

— Achei que a frase de Sua Majestade tivesse sido bastante clara.

— Edric...

Um homem adentrou na sala e fez uma reverência.

— Majestade, um guarda o levará a residência do duque de Cambridge. Podemos ir?

— Sim.

Edric deu um sorriso maroto.

— Seja feliz em sua visita, Majestade.

♔♔♔♔

Scarlett estava com Phoebe cuidando das rosas no jardim. Seus sobrinhos brincavam por toda a propriedade, espalhando riso por todo o local. Quando seu pai estava em casa, brincava com eles por um longo período, o que ela gostava de ficar apreciando. Era bom estar em casa com a família quase completa, faltava apenas Charlotte e seu sobrinho.

— Acho que acabaremos rápido por aqui.

— Phoebe, tem milhares de roseiras, não sei se percebeu.

— Sim, eu percebi. Mas esse trabalho está me distraindo.

Estreitou os olhos para a irmã, lembrando da conversa que ouviu entre ela e a madrasta.

— Melhor do que ficar se lamentando para Jane.

— Scarlett, estava ouvindo nossa conversa atrás da porta? — perguntou com indignação.

— Ouvi sem querer.

— Mentirosa. — apontou o dedo para ela de forma acusatória.

— Quem se importa? — cortou uma rosa.

— Eu me importo! — disse ofendida.

— Essa Jane é traiçoeira, ainda vão me dar razão.

— Pare com essas coisas, Scarlett. Papai fica magoado com essa situação.

— Não me...

— Sei que se importa.

— Certo. — levantou-se. — Fique sozinha conversando com as roseiras.

— Scarlett, pare de ser infantil.

— Obrigue-me! — cruzou os braços.

— Nem Robert e Melanie agem dessa forma.

— Certo, vou entrar.

— Vamos terminar as roseiras, Scarlett.

— Chame Jane. — mostrou a língua.

Scarlett deu uma risada cínica e saiu caminhando em direção a porta da cozinha. Encontrou Jasmine conversando com uma empregada animadamente, nem percebeu a presença dela, para o alívio dela, queria ir direto para o seu quarto descansar.

— Srta. Harrison. — ouviu a voz do mordomo.

— Sim?

— Sua Majestade, Adam Crawford deseja vê-la.

— Adam está aqui? — lembrou-se que não poderia chamá-lo pelo primeiro nome na frente de outras pessoas. — Quero dizer, o rei.

— Sim, senhorita. Ele o espera na sala rosa em companhia da Sra. Harrison.

— Obrigada. — seu humor mudou completamente ao saber que ele estava em companhia dela.

Tinha completamente se esquecido que ele chegaria em Londres naquele dia, e que teria um jantar mais tarde em sua homenagem. Mas, jamais esperou receber uma visita dele, era no mínimo estranho; um estranho bom. Não estava em suas melhores condições, no entanto, não trocaria de roupa para vê-lo, demoraria demais.

Andou até a sala rosa tranquilamente. Abriu a porta, deparando-se com Adam tomando chá, completamente sério, ouvindo sua madrasta falar. Revirou os olhos, a voz de Jane a irritava profundamente.

— Oh, Srta. Harrison. — Adam pousou a xícara em cima da mesa.

— Majestade. — fez uma reverência.

— Querida, deixarei você com ele agora.

— Claro, a visita é para mim. — sorriu cinicamente, ao ver a careta no rosto da madrasta.

Jane saiu da sala, deixando a porta entreaberta.

Adam levantou-se da cadeira e a abraçou.

No primeiro momento, Scarlett não soube o que fazer, apenas permaneceu paralisada; não esperava tal atitude dele. Depois, para não ficar nada estranho, envolveu seus braços nele também.

— Fico muito feliz em revê-la.

— Igualmente. — afastou-se dele, ainda atordoada. — Fez uma boa viagem?

— Sim. — esperou ela se sentar, para depois fazer o mesmo.

— As crianças vieram?

— Sim, eles não podiam perder a oportunidade. — sorriu. — Arthur está ansioso para vê-la.

— Oh, ficarei feliz em vê-lo também.

— Diga-me, como está?

— Acho que estou bem.

— Acha? — arqueou a sobrancelha.

— Sim, acho. — colocou as mãos sobre o colo. — E, o senhor, como está?

— Muitíssimo bem.

— Fico feliz por isso.

Um silêncio constrangedor surgiu no local, quando Scarlett se lembrou do convite que havia feito para ele em Edimburgo.

— Lembra que falei sobre irmos a algum baile londrino quando viesse aqui?

— Sim.

— Recebi um convite ontem, para um baile de máscaras. Será amanhã, deseja ir?

— Um baile de máscaras, faz muito tempo que não vou em um.

— Então, essa é a oportunidade perfeita para ir. O que acha? — perguntou mais ansiosa do que esperava.

— Aceitarei seu convite.

— Ótimo!

Scarlett apertou a mão dele e deu um sorriso.

Seria um ótimo baile.