VII

Amanheceu fazendo sol em Edimburgo, para a alegria de Adam que havia prometido para Arthur um dia com todos reunidos. Passou a madrugada juntamente com seu amigo e secretário, Edric, organizando os detalhes finais da recepção de George na Escócia. Não estava cansado, muito pelo contrário, estava ainda mais animado.

Quando chegou em seu quarto, as crianças ainda dormiam. Beijou a cabeça de cada um, fazendo-os acordar. Harold esfregou os olhos, enquanto Alethia lutava para manter os olhos abertos.

— Bom dia. — sorriu e afagou a bochecha de Alethia. — Teremos um belo dia hoje, está um belo sol lá fora.

— Sol? — aquelas palavras animaram Harold subitamente.

— Sim, sol.

— Vamos passear? — Alethia bocejou.

— Sim, nós vamos. Antes, tomaremos banho e vamos ter nosso desjejum juntamente com a avó de vocês.

— Não estou com fome, papai. — Harold deu um largo sorriso.

Adam deu uma gargalhada.

— Está sim.

— Não, não estou.

— Vou chamar os empregados para levá-los. Vamos nos ver na mesa para comer.

— Está bem. — Alethia se levantou da cama e tocou a companhia dos empregados.

Os empregados chegaram alguns minutos depois, levando os gêmeos para os quartos deles. Adam pediu para uma empregada preparar seu banho, enquanto isso, deitou-se na cama para descansar um pouco; com um pequeno cochilo conseguia recuperar as forças de uma noite perdida. Aos poucos conseguiria retomar sua vida ao lado dos seus filhos sem Catherine.

— Adam! — sua sogra entrou no quarto.

— Sim, Lexie?

— O seu secretário veio me confrontar hoje mais cedo. Eu não aceito isso!

— Não vou entrar na briga de vocês.

— Não estou pedindo para entrar na briga da nossa família, apenas para pedir que ele me respeite.

— Mesmo que eu pedisse, ele não acataria minhas ordens.

— Então...

— Não vou mandá-lo embora por mero capricho seu. — levantou-se da cama. — É adulta, sabe muito bem se defender sem a minha ajuda.

— Não seja mal-agradecido comigo, Adam.

— Não estou sendo, digo apenas a verdade.

Lexie saiu do quarto pisando forte. Ela sempre fazia aquilo quando era contrariada ou não conseguia o que queria. Começou a lembrar do que Edric havia falado, não esqueceu de forma alguma, passaria a observá-la com mais atenção depois daquela atitude.

— Majestade, seu banho está pronto.

— Obrigado.

A empregada fez uma reverência e saiu do quarto.

Adam se dirigiu até o banheiro, despiu-se e entrou na banheira. A água estava morna, fazendo seus músculos relaxarem. Afundou a cabeça na água, ficando alguns minutos, até sentir que precisava de ar.

Saiu da banheira, enxugou-se com uma toalha e seguiu para seu quarto de vestir. Escolheu uma roupa confortável, pretendia andar com as crianças por toda propriedade até se cansarem. Passou a mão pelos cabelos e saiu do quarto assobiando até chegar na sala de jantar.

Seus filhos, Alethia e Harold, estavam sentados conversando, sua sogra parecia aborrecida, mas faltava Arthur naquela mesa. Chamou uma empregada que estava próxima, sussurrou para que trouxesse Arthur em sua presença; ela assentiu e saiu correndo para atender ao seu pedido.

— Como é bom realizar essa refeição com vocês.

— Papai, quando nós vamos?

— Quando terminar de comer, Alethia. — respondeu Lexie.

A menina calou-se imediatamente, olhando para o pai e depois para a mesa.

— Vamos comer? — sua sogra perguntou.

— Falta uma pessoa. — Adam sorriu.

— Quem?

Arthur rompeu pela porta correndo até seu pai. Adam o pegou no colo, bagunçou o cabelo do menino e beijou sua bochecha corada. Observou os olhares curiosos dos filhos mais velhos, e como Lexie estava assustada com aquele comportamento dele.

— Dormiu bem?

— Desde que o senhor foi me colocar para dormir, muito bem. — um sorriso brotou no rosto da criança.

— Ótimo. Vamos passear por fora do palácio hoje, como eu havia prometido a você.

— Sério? — seus olhos brilharam de excitação.

— Promessas são dívidas, costumo pagá-las. Agora, sente-se ao lado de Alethia para comermos.

Arthur desceu do seu colo para se sentar ao lado da irmã. Alethia o ajudou a sentar e beijou o rosto do irmão. Adam adorou presenciar o carinho entre irmãos e serviu-se com chá.

— O que está acontecendo por aqui? — Lexie tamborilou os dedos na mesa.

— Estou retomando a minha vida. Isso inclui a minha coroa de volta.

— Está querendo dizer...

— Sua regência acabou.

— Não acredito que esteja apto para assumir tudo novamente, Adam. Simplesmente não pode ter acordado bem, como se nada tivesse acontecido durante esses anos.

— Acho que perdi tempo demais, Lexie. Preciso recuperá-lo.

— Faça o que achar melhor.

— Ficarei grato com seu apoio, como fez até hoje.

— Claro que terá meu apoio.

— Ótimo.

— Vai assumir quando?

— Depois da visita dos ingleses.

— Não suporto ingleses.

— Prefiro que não diga essas palavras na frente das crianças, muito menos na frente dos ingleses. São boas pessoas, de qualquer forma.

— Eles estão vindo aqui para nos vigiar, sabe muito bem disso. Ingleses tem uma péssima mania de se intrometer em assuntos que não lhe interessam.

— Assuntos passados.

— Não são tão passados assim, Adam.

— George é meu primo, Lexie.

— Não importa, não deixa de ser um inglês.

— Caso não se lembre, minha mãe era inglesa. — encarou a duquesa. — Esse assunto está se tornando chato e inconveniente.

— Tudo que venha de mim hoje, está se tornando chato e inconveniente.

— Pelo amor de Deus. — revirou os olhos.

— Papai está revirando os olhos! — Harold apontou para o pai e riu com um bigode de leite na boca.

— Acho que podemos ir. — Adam se levantou. — Tenha um bom dia, Lexie.

A duquesa apenas olhou feio para ele e bebeu o chá que estava em sua xícara. As crianças beijaram a avó no rosto, deram as mãos e ficaram ao lado do pai. Harold puxou a manga da blusa do pai.

— É verdade que não podemos confiar nos ingleses?

— Mentira, devemos confiar neles. São da nossa família, e devemos amar nossa família acima de tudo, porque ela nos fortalece.

— Está bem papai.

Adam não gostaria que as crianças tivessem ouvido aquela conversa, porque não desejava que eles desenvolvessem preconceito sobre nenhum país, pois era errado. Ficaria atento a educação deles, principalmente sobre as coisas que Lexie dizia para eles.

♔♔♔♔

Depois do passeio com seus filhos, eles ficaram cada vez mais próximos. Adam estava amando tê-los por perto, vendo seus sorrisos inesperados, a alegria de descobrirem algo novo, os abraços constantes, os olhos brilhando de excitação, tudo aquilo bastava para ter um dia feliz.

Quando chegou o dia da chegada da corte inglesa, eles estavam eufóricos para receber os visitantes de outro país. Se arrumaram elegantemente, não paravam de perguntar quando eles chegariam, e ficaram ainda mais felizes quando souberam da existência de Edward. Iriam recepcioná-los na porta do palácio ao som das gaitas de fole, típicas da Escócia.

Adam ficou no meio, ao seu lado direito estavam Harold, Alethia e Arthur. Ao seu lado esquerdo estava Lexie, bastante carrancuda. Decidiu não dizer nada a ela, preferia manter a paz naquele momento para que seu primo com sua família não percebesse um clima estranho.

Os portões foram abertos, as carruagens começaram a se aproximar. Adam começou a ficar ansioso para rever George e conhecer sua nova prima, Charlotte. Antes não fazia questão daquela visita, mas agora estava feliz por tê-los ali.

Quando abriram a porta da carruagem, George desceu e ofereceu sua mão para Charlotte descer. Ela tinha um sorriso encantador, assim como um olhar apaixonado dirigido ao seu primo, desejou um olhar como aquele intimamente. Na outra carruagem, desceu uma bela mulher, com cabelo loiro escuro trançado e uma bela tiara. Parecia com Charlotte, devia ser a irmã dela. Ela pegou um menino dentro da carruagem e beijou sua bochecha.

As gaitas começaram a ser tocadas, George e Charlotte se aproximaram deles com belos sorrisos. Adam abraçou o primo com força, que retribuiu da mesma forma.

— Bem-vindos! — Adam soltou George.

— Obrigado.

— Essa é a famosa rainha Charlotte?

— Oh, sou famosa? — Charlotte ficou ruborizada.

— Bastante. — beijou a mão dela.

Observou que a irmã dela se aproximava com a criança.

— Majestade. — a mulher fez uma reverência.

— Essa é minha cunhada, Scarlett Harrison, e meu filho, Edward.

Adam pegou a mão dela e beijou.

— Uma honra conhecê-la, Srta. Harrison.

— A honra é minha, Majestade.

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