IX
Fazia tanto tempo que Adam não fornecia um jantar oficial, que achava que nada estava certo, e sua hospitalidade não estava sendo a melhor de todas. Estava tentando, mas não conseguia de forma alguma achar que tinha êxito em sua cordialidade.
— Adam? — Edric aproximou-se sorrateiramente. — Como está?
— Edric, fico feliz que tenha vindo. Sua família vem?
— Não sei, Adam. — respondeu com sinceridade.
— Entendo. É algo simples, sem muita cerimônia.
— É melhor que seja assim, não seria bom para você, nesse momento, fazer algo muito grandioso. Tenho uma leve certeza de que a aristocracia escocesa vai procurar problemas quanto a isso, mas podemos reverter a situação.
— Convidei apenas a família do meu melhor amigo e a família da minha falecida mulher.
— Está na hora... — George e Charlotte chegaram no salão rindo. — Malditos ingleses, sempre pontuais. — murmurou para Adam. — Gosto deles, transmitem felicidade. Sua sogra não está gostando nada em tê-los aqui, não é mesmo?
— Não.
— Gostaria que eles ficassem mais tempo. — deu uma risada sarcástica.
— Edric!
— Não sou hipócrita. — deu de ombros e saiu de perto dele.
Quando olhou em direção as escadarias, uma pessoa em especial chamou sua atenção. Era a irmã da rainha, Scarlett. Ela estava tão linda naquele belo vestido branco, como um belo anjo.
Sorriu, fazia muito tempo que não notava a beleza de alguma mulher.
— Majestade. — George ofereceu sua mão para cumprimentá-lo. — É uma bela noite. Tenho certeza de que nossa festa será bastante animada.
— Espero que sim. — beijou a mão de Charlotte. — Está belíssima, Majestade.
— Obrigada. — ficou ruborizada.
Scarlett fez uma reverência, pegou sua mão e beijou.
— Está estonteante, Srta. Harrison.
— Obrigada, Majestade. — levantou-se com um pequeno sorriso no rosto.
Adam sentiu um formigamento na mão, mas ignorou aquela sensação. Fez um sinal para a orquestra começar a tocar alguma música, estava com uma grande vontade de dançar uma quadrilha. Não iria esperar ninguém chegar, se quisessem ir, chegariam no horário certo.
— Me concederia a honra desta dança? — ofereceu a mão para Scarlett.
Sua reação foi de surpresa, mas fez um gesto positivo com a cabeça e ofereceu sua mão para ele.
Lembrou-se como adorava dançar, principalmente quadrilhas. Apesar de ter apenas quatro pessoas dançando, estava sendo divertido trocar de pares, elevar Scarlett ou Charlotte no ar, fazer todos os movimentos com a mão.
— Vossa Majestade se importaria caso eu passeasse com seu filho? — Scarlett perguntou de repente.
Adam estreitou os olhos.
— Meu filho? Por quê?
— Conheci ele hoje mais cedo, muito simpático! Arthur seria uma ótima companhia para Edward.
— Gosta de crianças?
— Amo. — sorriu. — Alegram bastante a minha vida.
— Posso fazer uma pergunta inadequada?
— Pode.
— Por que não se casou?
Percebeu que ela respirou fundo, não deveria ter perguntado aquilo. Arrependeu-se.
— Debutei por alguns anos, recebi algumas propostas. Porém, não achei aquilo que eu procurava. É bastante difícil para mim que isso tenha acontecido, jamais esperei que eu fosse acabar solteirona. Reconheço que não sou tão velha, mas também não sou tão nova como antes.
— Ainda acredito que possa achar alguém para ser seu par.
— Acredita? — ela riu para ele. — Nem eu acredito mais que isso possa acontecer. Vossa Majestade está sendo otimista comigo. Ou, espero eu, que não esteja com pena de mim. Particularmente, eu ficaria muito ofendida. Mas, creio eu, que não está com pena de mim.
— Não estou.
— Ótimo, Majestade. — arqueou a sobrancelha. — Tenho a permissão de sair com seu filho amanhã?
— Sim.
— Perfeito!
— Posso ir acompanhá-la com as crianças.
— Oh, seria ótimo. Gostaria de conhecer toda a propriedade. Dizem que possui uma beleza extraordinária.
— Toda Escócia possui uma beleza extraordinária.
— Conheço pouco, apesar de ter vindo várias vezes.
— Sério?
— Sim. Meu pai tinha um irmão que morava aqui.
— Não conheci o Sr. Harrison. Seu pai é o duque de Cambridge, lembro-me um pouco dele. Minha família visitava muito pouco a Inglaterra, devido as desavenças do passado, a briga da minha mãe com o pai de George. Nosso povo é meio preconceituoso ainda com os ingleses, mesmo que isso tenha mudado relativamente com a chegada da minha mãe. Ainda é preciso fazer algumas coisas para mudar a visão dos escoceses sobre os ingleses.
— O passado deveria ficar no passado, digo em termos considerados ruins. Talvez se apenas lembrássemos dos momentos bons, e jogássemos os maus momentos fora, muitas coisas seriam diferentes. — separaram-se por alguns momentos, e voltaram novamente. — Eu resolvi sair de Londres por um tempo, precisava refletir um pouco sobre minha vida. Porque, Vossa Majestade sabe, as fofocas são sempre presentes, e isso estava me matando aos poucos. A sociedade londrina consegue abalar seu psicológico muito bem.
— Ouvi falar sobre as temporadas em Londres.
— São terríveis, às vezes. Mas tenho boas lembranças, guardo elas com muito carinho.
— Gostaria de ir em um baile desses.
— A próxima temporada está próxima, deveria retribuir a visita ao seu primo. Poderei lhe ensinar diversas coisas sobre um baile londrino. Tenho certeza de que não vai se arrepender.
— Adoraria fazer isso. Faz muito tempo que não faço nada divertido em minha vida. Desde que perdi minha esposa, as coisas mudaram. Na verdade, estou tentando me reerguer agora.
— As notícias que chegavam em Londres sobre Vossa Majestade, não eram as melhores. Uma grande preocupação surgiu sobre os ingleses quando desconfiaram que sua sogra estava em seu lugar.
Adam ficou surpreso com aquela fala de Scarlett. Por que os ingleses ficariam incomodados com Lexie em seu lugar? Não fazia sentido em sua mente aquilo, mas depois procuraria saber através de George, em uma conversa descontraída, amigável.
— Não sabia disso? — Scarlett tomou sua atenção novamente.
— Não.
— Não conheço os motivos para tal medo e desconfiança dos ingleses sobre sua sogra, mas eles não gostam nada dela.
Mais uma vez o nome de sua sogra era soado de maneira ruim. Aquilo não poderia ser apenas uma implicância, tinha muita coisa que ele não sabia. Estava cada vez mais inclinado para descobrir as coisas que sua sogra andava fazendo longe de sua vista. Contudo, precisava fazer toda sua investigação em completo silêncio, sem que ela desconfiasse. Tinha certeza de que Edric o ajudaria nessa questão. Mas, por enquanto, aproveitaria o resto da noite sem pensar muito nesse assunto.
A orquestra parou, e todos fizeram um cumprimento no final da dança.
— Adorei dançar com a senhorita. — Adam sorriu para Scarlett.
— O sentimento é mútuo, Majestade. — respondeu.
— Posso acompanhá-la até a sala de jantar? — ofereceu o braço.
— Sim. — colocou seu braço entrelaçado ao dele.
Adam estava animado, sua noite estava ficando cada vez mais agradável.
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