Epílogo

O sol atingiu o rosto de Adam lentamente, como em todas as manhãs acontecia. Scarlett não gostava de fechar as cortinas quando o céu estava limpo para enxergar as estrelas. Cada dia era surpreendente ao lado dela, sempre era uma nova descoberta. Estava tão feliz, e se sentia tão agraciado, que jamais conseguiria agradecê-la por tudo aquilo que havia feito em sua vida. A sensação de ser amado era diferente, era revigorante. Não havia um dia somente em que não agradecesse a Deus por ter colocado aquela mulher em sua vida.

Sentiu a mão dela subir pelo seu pescoço devagar, como fazia em todas as manhãs, o que sempre lhe causava um enorme sorriso nos lábios. Queria aquilo todas as manhãs. Era completamente apaixonado por ela.

— Acho que nunca vou conseguir acordar mais cedo que você. — disse ainda sonolenta. — Ando muito cansada ultimamente.

— Não se preocupe, descanse o máximo que precisar. — beijou a bochecha dela.

— Não é adequado.

— Tantas coisas não são adequadas.

— Eu sonhei com elas novamente. — disse depois de um tempo.

— Como foi?

Desde o julgamento de Lexie e Jane, sua mulher vinha tendo pesadelos constantes, principalmente pelo o que havia acontecido com elas. Jane acabou sendo assassinada a mando da família do primeiro marido, e Lexie foi sentenciada a morte, não só pela tentativa de matar Scarlett, mas pelos milhares de crimes que havia praticado, que acabaram sendo descobertos através dos empregados; inclusive o corpo do amante de Catherine. Lexie foi enforcada, a pior morte que poderia se oferecer a alguém.

— Sempre são os rostos delas ensanguentados. — agarrou-se a ele. — Sinto-me tão assustada com essas coisas.

— Não se sinta assim. — passou a mão pelas costas dela. — Apenas ficou impressionada com o rumo que as coisas levaram. O tempo vai ajudá-la a superar tudo isso. Não tenha pressa, tudo em seu devido lugar.

— Sempre tento absorver suas palavras, mas parece tudo em vão.

— Não pode se estressar tanto, Scarlett.

— Eu sei, mas acaba sendo inevitável.

Adam a beijou.

— Tenho medo dessa criança nascer estressada.

— Adam!

— Dizem que as crianças nascem com os comportamentos da mãe durante a gravidez.

— É pura mentira. — fez um beicinho, o que fez ele rir.

— Está bem, meu amor, é mentira. — começou a fazer cócegas na barriga dela.

Scarlett começou a rir com a brincadeira, e depois puxou o pescoço dele.

— Não acha que devemos sair dessa cama, Majestade?

— Talvez sim, talvez não, não estou muito disposto a sair.

— Acho que eu também não.

— Então não pergunte novamente. — começou a beijar o pescoço dela devagar, sentindo a pele de Scarlett se arrepiar.

— Não sei... — arquejou. — Sempre tem alguma coisa para fazer.

— Não hoje. — voltou a beijar a boca dela novamente. — Acho que podemos sumir por algumas horas.

— Será? Toda vez que diz isso, surge milhões de imprevistos.

— A não ser que as crianças venham.

— Arthur é bem mais provável.

— Ele ama você como uma mãe.

Scarlett assumiu um olhar amoroso.

— Ele perguntou para mim ontem se poderia me chamar de mãe, achei tão carinhoso da parte dele. Claramente permiti que assim ele me chamasse, já que se sentia confortável para tal coisa.

— Depois da morte de Lexie ele ficou muito carente.

— Alethia e Harold também. Quando eles crescerem entenderão tudo, assim eu espero. — suspirou. — Estou com fome. — levantou-se e encostou-se na cabeceira da cama. — Muita fome.

Adam deu uma pequena gargalhada e tocou a campainha dos empregados; em poucos instantes chegarem duas empregadas. Pediu para que trouxessem um desjejum farto, pois Scarlett estava comendo loucamente.

— Nunca pensei que eu fosse comer tanto.

— Nunca vi uma grávida comendo tanto.

— Nem eu. — deu de ombros.

Adam a puxou para mais perto, tirando uma mecha que caia sobre o olho dela. Passou a mão pelo rosto delicadamente, olhando mais uma vez cada detalhe, como sempre fazia todos os dias. Porque gostava de ter a imagem dela em todos os instantes da sua vida.

— Adam, muitas vezes fico me perguntando o que sempre acha de novidade em meu rosto. É sempre a mesma coisa, quando eu estiver ficando mais velha, notará diferenças melhores.

Beijou a ponta do nariz dela rindo.

— Deixe-me olhá-la em paz, Scar.

— Eu deixo. — revirou os olhos.

— Fica reclamando.

— Estou apenas dizendo a realidade.

Quando o quarto foi invadido por Arthur, e sua babá vindo logo atrás.

— Bom dia! — disse a criança com um sorriso enorme.

— Majestades. — a mulher fez uma reverência. — Perdoem-me, ele foi mais rápido que eu.

— Não há problemas, Srta. Jones. Pode se retirar. — Scarlett deu um sorriso. — Venha cá, meu bem.

Arthur correu em direção a cama e com a ajuda dela, subiu na cama. Scarlett beijou a face corada dele, para depois abraçá-lo.

— Eu disse para você não fazer essas coisas com a Srta. Jones. — repreendeu. — Sabe que isso poderia complicar para ela?

— Não. — abaixou a cabeça.

— Compreendo que queira vir em nosso quarto nos visitar, mas as coisas não funcionam dessa forma. E se nós estivéssemos em alguma reunião importante? — olhou para Adam com um olhar significativo, o que fez ambos corarem. — Não repita mais isso, Arthur.

— Sim, mamãe.

— Promete?

— Prometo.

— Ótimo, cumprimente seu pai.

Arthur beijou o rosto de Scarlett rapidamente e se jogou nos braços dele.

— Oh, Arthur, parece muito feliz.

— Estou, papai.

— Que permaneça assim sempre. — bagunçou o cabelo dele.

— Preciso ir.

— Sua aula de espanhol? — Scarlett olhou para Arthur.

— Sim.

— Não se atrase! — colocou Arthur no chão.

— Não me atrasarei!

O menino saiu correndo do quarto, assim como chegou. Adam e Scarlett começaram a rir.

— Preciso ensinar a pontualidade para ele.

— Santo Deus, está falando sério?

— Sério.

— O que eu faço com você?

— Apenas me amar, beijar, me dar comida, continuar proporcionando esses dias de felicidade. Fico satisfeita com essas coisas.

— Oh, meu Deus. — começou a rir e beijá-la.

Ali estava Adam com a mulher que amava em seus braços, rindo como nunca havia sorrido antes. Tinha seus filhos que tanto amava, e esperava por mais um. Mal podia esperar para conhecer seu novo filho, saber com quem ele se pareceria. Tinha uma leve certeza que seria parecido com a mãe. Porém, isso não importava, apenas que viesse com saúde.

— Eu a amo tanto, Scarlett. — desceu a mão por seu rosto delicadamente. — Como é possível?

Ela sorriu, parecia fascinada com aquelas palavras.

— Eu também o amo, Adam. — beijou-lhe os lábios docemente. — E, todos os dias que acordo, também percebo que esse sentimento aumenta cada vez mais. Se existe algum paraíso na terra, estou vivendo nele.

Adam a puxou para mais um beijo.

Sim, aquilo era um paraíso na terra, pensou.

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