Capítulo 5
Ainda contínuo embasbacada no local com a sua súbita afirmação. Quem é esse homem? Quem ele pensa ser para vir com esse jogo para cima de mim? Posso ser uma romântica incontrolável, viciada em comédias românticas, porém... nem por isso sou besta. Sério! Devo estar em algum programa de TV sobre pegadinhas.
— Se você não sair da minha frente vou gritar — ameacei.
Suspirou, pude perceber pelo ar gelado que saiu de sua boca.
— Tudo bem, mas... se quiser seus pertences de volta é melhor conversamos. — Aderiu ao golpe baixo.
Fiz uma careta, travando uma batalha interna, em se matava ele ou eu. Viu Rosa isso que dá aceitar a proposta de um cara estranho em plena nevasca. Uma dica para as mulheres apaixonadas, não diga sim, em uma tempestade de neve. Praga! Meu celular está com ele e todos os meus outros pertences, que não é grande coisa. Vendo a minha demora ele continuou a falar.
— Aproveitando essa oportunidade, que tal jantarmos? — ofereceu parecendo amistoso.
— Não vou jantar com um homem ao qual não sei nem o nome. — Aproveitei a oportunidade para conhecê-lo. Não me juguem, sou uma pessoa perfeitamente normal.
Sei, pareço burra, mas sou é muito da esperta. Jamais sairia com uma pessoa sem saber o nome dela. — Claro, você pode até saber o nome, mas não sabe nada sobre o indivíduo. — Meu subconsciente tentou me alertar, mas não dei ouvidos.
— Não seja por isso... — Deu uma pausa para me apresentar.
— Rosa Vermelha — Respondi sem muito interesse.
— Esse é um ótimo conto de fadas — falou esbanjando um sorriso galante —, meu nome é Mark Ortega. — Continuou com uma fisionomia tranquila, porém sorrindo.
Tentei ao máximo não demonstrar surpresa por ele conhecer a história dos irmãos Grimm ao qual originou o meu nome. Quase ninguém conhece esse conto, mas como sou uma pessoa instruída sobre contos de fadas não poderia deixar de saber.
Enquanto ele me encara, minha barriga ronca em protesto, trazendo a completa vergonha ao meu rosto.
— Vejo que não sou o único com fome, vamos. — Pegou minha mão sem reservas, me levando ao restaurante mais próximo.
Já no restaurante acomodamo-nos em um canto reservado, onde poderíamos ter uma conversa sem interrupções. O local é bem arejado e iluminado pelas lâmpadas de led, harmonizando o ambiente com uma decoração ambiental.
— Vamos logo ao ponto — digo por fim, pois, estou pouco à vontade neste estabelecimento.
— Vejo que gosta de ser direta, então, preciso que fique casada comigo até a meia-noite. — Retomou a mesma frase da noite anterior.
— Disso já sei, na verdade, quero entender esse termo? — Olhei diretamente para ele.
— Isso não vem ao caso, apenas quero que cumpra com a sua palavra. — Voltou a falar palavras sem nexo.
— Olhe, como posso ficar casada com você até determinada hora se nem ao menos nos conhecemos? Ainda pior, nunca fomos casados — falei calmamente, para que não existissem dúvidas.
Nesse momento se tivesse uma pedra teria arrumado na minha cara, pois não é possível que uma pessoa em sã consciência dê atenção a um patife desse.
— Isso não cabe ao seu entendimento no momento, apenas preciso que diga um sim verdadeiro. Preciso desse favor — disse como se tivesse um mistério nos olhos, aparentando algo desconhecido, como se a minha afirmação alterasse algo na atmosfera da terra ou na sua vida.
Desisto, é impossível falar com ele, por que não responde logo essa pergunta? Cansei desse mistério sem cabimento, quando estou prestes a levantar, ele faz mais uma petição.
— Por favor, você é minha única escolha. — Seus olhos nunca transbordaram tanta emoção quanto agora, em vez da costumeira ironia e soberba, neste momento ele se encontra com um ar suplicante e, temeroso? Como se temesse pela própria vida, ou pior.
Não, não! Rosa, você não pode ser tão fraca, apenas por um cintilar de emoção, essa palavra não pode sair da sua boca.
— Apenas responda, por que eu?
Encarei os seus olhos mel, enquanto aguardava uma resposta precisa, ao menos digna do meu sim. Afinal, sou doida o suficiente para aceitar uma proposta de casamento com um estranho em plana nevasca?
— A pergunta deveria ser, como não ser você?
Nesse momento não consigo decifrar ou explicar as minhas atuais emoções. Sempre sonhei ouvi da minha família que eu era mais que suficiente, importante para algo, sabe? Não precisaria ser outra pessoa, apenas eu. Mas nunca escutei a metade disso, porém vem um estranho e fala o que sempre quis ouvir, sempre almejei escultar.
Por que não pode ser eu? Sim, essa é a pergunta. — Não me contive em euforia, nesse momento já pude sentir bailarinas dançando em círculos na minha cabeça, trazendo em mim um sentimento completamente novo. Sim, como não pode ser eu? Sou importante, alguém precisa de mim. Por que não ajudar? Afinal, casar-se com um completo estranho não faz mal a ninguém, sim? — Esse é o destino de pessoas sem autoconfiança e baixa autoestima, terminam aceitando tudo que lhe oferecem, sem questionar qual a necessidade disso para a sua vida. Como você não percebeu que ele já identificou o seu problema e usou isso contra você? Dado que, é fácil enganar qualquer pessoa fraca mentalmente dizendo: como não ser você? — Como em mim possui uma voz da razão, esta tentou me alertar, mas algo do além soprou no meu ouvido: faça pelo menos uma vez na sua vida algo sem pensar nas consequências. Assim, optei pelo certo.
Não deu tempo de contestar a minha mente turvada, pois, em segundos, proferi a temida afirmação.
— Aceito — falei ainda embriagada.
Nem em toda a minha vida pude contemplar um sorriso tão majestoso direcionado a minha pessoa, digno do filho de Afrodite. Realmente o jegue resolveu fazer morada em mim e trouxe o seu par romântico para viverem juntos sambando na minha face. Olhe Rosa, esse rosto bonito não te arrancará da órbita. Essa íris dourada não te encantará, acima de tudo, esses lábios carnudos não te encheram de um desejo avassalador.
— Obrigado, agora temos que acertar os termos do contrato. — Cortou todo o clima que estava jorrando a minha volta.
Ahhhhh! Será que esse indivíduo não sabe ser romântico nem em um pedido de casamento. — Não foi um pedido de matrimônio. — Foi sim mente perturbada, você que não vislumbrou a emoção do momento. Comecei a conversar com meu subconsciente, como sempre fiz.
Olhei-o com um rosto transformado em uma careta, enquanto este sorri em divertimento com a minha situação.
— Espere, guarde esses papeis. Se é para ser um pedido de casamento tem que ser bem-feito. Cadê o véu e a grinalda, a chuva de arroz, os pombos, o buquê? Não posso ficar sem um buquê!!! E a música? Sempre sonhei entrar na igreja com aquele som e depois irmos para a pista de dança, onde você faria uma declaração apaixonada, depois cantaria para mim e eu acharia fofo mesmo sua voz sendo extremamente feia. E por último colocaríamos uma música eletrônica, de preferência bem animada, onde eu dançaria bem mal e você por me amar dançaria pior ainda para não me ver passar vergonha sozinha. Esse sim seria o casamento dos sonhos, não essa coisa chocha aqui, cadê a emoção? O amor é tão lindo e ele precisa ser expresso. — Sorrir ao imaginar cada sena, mas a minha alegria foi minada em poucos segundo ao olhar para Mark com uma careta de espanto como se estivesse assistindo a um filme de horror.
— De qual terra você veio? — Soou como se estivesse a ver um fantasma. — Você é maior de idade? — O seu olhar agora transparece serias dúvidas.
— Que ofensa. — Endureci o semblante, mas este logo mudou ao perceber que a sua frase poderia ser um elogio. — Ah... obrigada, porém já estou na casa dos 30, infelizmente. Todo mundo também fala que pareço mais jovem do que sou. — Sorrir encantada.
— Auu...— O seu semblante tornou-se neutro e nessa hora desejei estar em seus pensamentos para poder desvendá-los.
Acredito que ele ficou sem palavras após a minha afirmação, mas logo voltou ao assunto principal da conversa sem nenhuma hesitação.
— Então... — Pegou um papel colocando na minha frente, após tirá-lo de sua mochila de couro preto pouco tempo atrás, com uma caneta em forma de rosa para assinar. — Esses são os termos, vou ditá-lo, sem interrupções — afirmou na última frase.
— Como um contrato se não somos casados e onde está o juiz de paz? Além da minha festa... — Perguntei sem paciência, porcaria de coração mole.
— Não seja apressada, na verdade, esse é o casamento, só basta você assinar e estaremos casados. Cuidarei pessoalmente de todos os detalhes legais, no caso da festa creio que você terá muitas na vida. — disse por fim.
— Como assim? Nunca vi algo parecido em toda a minha vida, isso não é permitido em lei — perguntei atônita sendo acrescentada por outras indagações. — Sei, terei muitas festas de casamento quando nos divorciamos. — Encarei o seu semblante ainda apático.
— Claro, quando nos divorciarmos. — A sua fala soou misteriosa como se tivesse mais palavra nas entrelinhas ao qual ele não queria demonstrar. — Não discuta, apenas assine, quem sabe um dia você entenderá. — Terminou com mais de uma das suas frases enigmáticas.
Franzi as sobrancelhas e formei um bico o encarando.
— Que carinha mais fofinha. — Esticou os braços apertando a minha bochecha.
— Solta, vamos logo. — Bati na sua mão.
— Esqueceu um detalhe, não sei quais são os termos do contrato — afirmei sendo encarada por ele.
— Isso não é um problema. — Sinalizou para uma frase bem destacada no papel.
"Não faça perguntas." — pronto, esse é o único termo e o mais estranho que já vi.
— Como um termo de contrato de casamento pode ser isso? Essas coisas não existem. — Passei a mão no rosto em um gesto angustiante.
— Como você leu, apenas, não faça perguntas.
Suspirei em frustração, já cansada desse drama e mistério, o que poderia ter escondido atrás desse plano?
Assinei o papel mesmo contragosto, visualizando um futuro catastrófico que terei pela frente. Tudo devido à minha burrice, e dá indesejada palavra "aceito" no meu vocabulário.
— Pronto, satisfeito. — Cruzei os braços abaixo dos seios.
Mark apenas sorriu e recolheu o papel, tendo uma enigmática expressão em seu rosto.
Pouco tempo depois a comida finalmente chegou, promovendo um alívio ao meu estômago angustiado. Enquanto comemos pude reparar mais traços do seu rosto sério, sua mandíbula quadrada está travada, aparentando uma luta interior dentro de si, em simultâneo, me preocupando, porque este começa a suar frio, sendo notado pela minha vista as gotas de suor descendo pelo seu rosto.
— Você está bem? — perguntei colocando a mão na sua fechada sobre a mesa.
— Estou — falou em um sussurro com seus olhos claros me encarando.
Dei um aperto leve e soltei a sua mão, ainda estranhando aquele fato.
Comemos em um completo silêncio, ao fim, ele pagou a conta e saímos do local. Não me ofereci para dividirmos as despesas, porque não tenho dinheiro para pagar uma caneta imagina um jantar, ainda mais em um lugar de luxo.
— Então, tchau. — Tentei sair o mais rápido possível, mas sem sucesso.
— Ei! — falou pegando a minha mão — Não vou apressar as coisas, mas amanhã preciso que me encontre no prédio Ramone Chink, sei que começa o turno às nove, por isso pode ser antes do seu expediente. — Saiu sem ao menos dizer um adeus, de longe pude vê-lo andar sossegado.
Espera, retrocede, o que acabou de acontecer aqui? Deixe-me confirmar se entendi, como ele sabe o meu expediente? Buguei geral. Ainda mais, esse idiota sabe onde eu trabalho, droga! — Agora imagine se ele é um psicopata, depois não diga que não avisei quando for esquartejada. — Silêncio intrometida, poxa! Preciso pensar no que fazer.
Com esses pensamentos a mil, caminhei aérea em direção ao hotel. Tendo o pressentimento que os acontecimentos depois da minha chegada nesta cidade, não poderão piorar.
🚫 AVISO🚫
"Olá genteeee, espero que tenham gostado desse capítulo. Como não estou vendo muitos comentários... Não vou fazer nada, mas preciso saber a opinião de vocês. E não esqueçam, se tiverem alguma dúvida ou erro ortográfico podem comentar no privado ou na mensagem de texto mesmo. Tchau..... Até a próxima e não esqueçam de votar."
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