Capítulo 43
Deveria ter aprendido desde cedo que segredos podem se tornar dolorosos, ainda mais quando estes estão totalmente ligados a você. Pena que nunca entendi o quanto um segredo pode matar uma pessoa, até ser a próxima vítima.
Estranhamente reconheço a voz de Alda, ainda petrificada ouço toda a conserva.
— Então, qual seria a pauta? — A voz de Mark soou esganiçada e incrédula como se não estivesse levando com seriedade a afirmação anterior de Alda.
— Sei que você me pediu para encaminhá-la para essa vaga, e por uma coincidência ela terminou sendo sua secretária. Algo que não deveria acontecer, pois Rosa deveria ser novamente a assistente de Colin seu primo na biblioteca e lá você daria continuidade ao plano interrompido. Mas pelo visto Rosa fez mais uma de suas trapalhadas e nada saiu como o planejado.
Nesse momento, senti como se a minha visão estivesse clareada e a venda que até o momento estava tampando os meus olhos fora desatada. Não compreendo o porquê Alda e Mark tentaram arrumar um emprego para mim, sem me contar, ainda mais por não conhecer Mark antes de trabalhar aqui. Questões e mais questões que não consigo compreender.
Contudo, enquanto tenho pensamentos a mil, uma lembrança esquecida atravessa minha mente, testificando que essa história é mais esquisita do que imaginei.
— Ainda não sei o seu nome. — Me virei para ele.
— Colin Mitt, senhorita Rosa. — Sorriu.
Dessa forma consegui me lembrar dos olhos azuis de Colin, que ao mesmo tempo parecia tão diferente do tom dourado de Mark. Com o pulsar das palavras de Alda, fora como se o meu coração recebesse a primeira rachadura.
— É claro que ela tinha que fazer merda. Não seria Rosa se não defecasse sobre os próprios passos. — O tom de Alda foi divertido, mesmo assim não pude evitar a pontada de angústia em meu peito.
Nunca a vi falando assim, é como se não a reconhecesse, isso traz sentimentos estranhos dentro de mim, mesmo assim continuo escutando sem proferir uma palavra. Ao menos essa inteligência tenho que ter na vida, pois dada as circunstâncias, segundo as palavras de Alda, tenho grandes chances de defecar sobre os meus passos. Ou seja, fazendo uma merda em cada ação minha.
— Mesmo assim você insistiu que ela seria a escolhida quando a viu naquele shopping, estava na cara a quantidade de problema que ela causaria. — Sua voz soou costumeiramente seria.
Apesar da minha amizade com Alda, senti como se estacas fossem punhaladas no meu coração, para deter uma besta em Ascensão. Como se eu fosse o monstro horrendo que precisasse ser detido, como eles afirmam. Me esforcei para conter as lágrimas que teimam em cair.
— Como se já não fosse o suficiente você teve a brilhante ideia de se casar com ela. — Pelo tom de Alda é nítido a sua fúria contida.
—Não tive escolha, meu pai e tio não me deram opções. Não tinha uma namorada, então tive que arranjar uma às pressas. E como você me aconselhou que tinha que encontrar uma mulher tão carente, para aceitar se casar com um completo estranho. Essa moça pareceu tão vulnerável que foi fácil convencê-la em plena nevasca, para deixar a história ainda mais interessante. Ela enlouqueceria se descobrisse que brincamos com a vida dela dessa forma. — Mesmo após essa enxurrada de indagações, ele mantém o tom de voz monótono, como se nada tivesse o afetando.
Brincar? O que pode ser pior do que eles já me contaram, como se fosse possível imaginar algo horrendo cometido pelas pessoas que me importo. Brincaram... brincaram com os meus sentimentos, como se eu não fosse nada. — Tento me manter firme, enquanto lágrimas insistem cair do meu rosto, mesmo assim me mantenho firme.
— Olhe, aguentei quando você me propôs a ideia de encontramos uma mulher para ser a sua esposa legítima aos olhos da lei, para que assim você pudesse herdar a herança do seu pai, já que a sua irmã foi deserdada por engravidar na adolescência, outro acontecimento desastroso da sua família maluca. Que não admite mãe solteira, algo bem ultrapassado, diga-se a verdade. E isso de certa forma te ajudaria a se vingar pelo que o seu tio fez você e sua irmã passar. Como a cláusula do testamento sugere que você deveria ser maior de 21 anos e sua irmã também, estando definitivamente casados, dessa forma os dois herdariam a herança. Porém, nós conhecemos o senhor Ortega Mitt e conseguir essa fortuna não seria trabalho fácil. Mesmo assim, você passou por cima de todos os princípios regidos pela lei e ética, não sei como não matou ninguém nesse processo. Casou-se com Rosa, tentou construir uma família cuidando dela e do sobrinho órfão. Dessa forma, você se tornou o homem perfeito que em breve seria muito rico e finalmente tiraria a mão do seu tio de todo o dinheiro do seu pai. Mas algo não aconteceu como o planejado, o acidente de Rosa. Precisava agir rápido, antes que seu tio descobrisse que você estava prestes a ser viúvo, ainda mais quando ele checasse as informações e descobrisse que tudo não passou de uma mentira, que estavam casados apenas no papel. Porém, Rosa continuou bem viva, mas em coma. No entanto, ela teve que morrer legalmente, pelo menos de uma forma que desse para enganar a todos. O senhor conseguiu, não deixou escapar na mídia, mas todos que a conheciam sabiam que ela estava morta. Como conseguiu esse fato não sei e nem pretendo descobrir. Magicamente, você ficou viúvo, Rosa não existia mais, já que graças a sua ajuda ela foi dada como morta no acidente de carro. Graças a família desequilibrada dela, você só precisou falar que não poderiam abrir o caixão, pois o corpo estava em estado lamentável. Dessa forma, a família da menina fez o velório com o caixão fechado, e seguiram com suas vidas, sem questionar, algo que o agradou muito. Como tudo na vida de Mark Ortega se resume a mentiras, conseguiu ludibriar o tio por um tempo com a ajuda do seu primo Colin. — Mark tentou interrompê-la, enquanto Alda confessava toda a história em desespero, mas ela não deixou e continuou. — E como você nunca está satisfeito, já que tinha conseguido a família que tanto queria para o testamento do seu pai, ao invés de deixar Rosa em paz. A vossa alteza resolveu se aproximar dela mais uma vez, para quê? Destruir o que sobrou do coração da menina ou enterrá-la verdadeiramente? De verdade Mark, não consigo entender, você consegue passar de mocinho a vilão em segundos, como se isso não fosse nada, apenas para conseguir o que deseja. As vezes penso que seria melhor para Rosa se ela ainda estivesse em coma ou ter realmente falecido no acidente. Então, o que você quer mais, por que não a deixa em paz? Ela precisa viver, longe do senhor príncipe encantado de preferência. — O seu tom exasperado é palpável, indicando a sua total insatisfação. Mesmo estando em seu estado anormal Alda manteve uma postura firme e prosseguiu. — Ok, está prestes a conseguir a sua tão sonhada fortuna, ajudou a sua irmã, se vingou do seu tio e agora só precisa fechar dois anos viúvo sem se casar novamente, para ter a posse total das empresas e seu tio ficar sem a fortuna que era do seu pai. Sem falar que você escondeu de Rosa que Oliver é o filho da irmã dela, ao qual ela tinha a incumbência de cuidar após a morte da irmã, mesmo as duas estando, de certa forma, brigadas na época.
Oliver, deveria cuidar de você, mas tiraram você de mim. Ainda mais, nem tive a chance de me despedir de você Camélia. Eu não sei o que dizer..., mas sinto que em todas as lembranças que tenho de você, é como se em cada segundo você tentasse se aproximar de mim, algo que nunca fomos quando você estava viva. Sinto muito, pelo meu egoísmo, por tudo.
Ainda extasiada contemplo o final da fala de Alda sem nenhum pensamento em mente, como se neste momento não me encontrasse, estivesse em uma órbita totalmente diferente da terra. Mark... Mark... quem é você? Porque não consigo me lembrar desses fatos. Lágrimas banham o meu rosto com força, mas as enxugo rapidamente, não posso dá-lo o deleite de me ver chorar. Após destruir tudo que me lembrava, não posso concedê-lo esse ar da graça. Então, para todos estou morta, morta. Ainda não consigo digerir por completo essa palavra, não compreendendo a emoção que me aflige, dói tanto em meu peito. Por isso minha família não veio ao meu encontro, para eles estou morta, ou será que sempre estive e não sabia? Porque se eles não tivessem a decência em procurar averiguar, isso não estaria acontecendo, enterraram um caixão vazio sem ao menos questionar. — Como eles não poderiam acreditar, quem falou foi o seu marido. — Isso não é desculpa, nunca será, ainda mais por ser um "casamento" recente, quem ama realmente não agiria assim. Se Camélia estivesse viva tudo seria diferente, creio. Tínhamos as nossas desavenças, mas em todas as minhas lembranças ela esteve comigo, até quando sai da minha cidade natal ela foi me procurar, sempre.
Sinceramente, como pude me casar com um desconhecido sem um motivo plausível? Como se existisse algo relevante que pudesse justificar o casamento com alguém que você não conhece sem ter nada em troca. Onde eu estava com a cabeça? Que tipo de pessoa eu era para aceitar algo tão mesquinho? Tenho em mente que essas perguntas já sei a resposta, apenas estou tentando fingir que não existem.
Ainda paralisada pelo que acabara de escutar, eles voltam a dialogar, soltando farpas como se estivessem em uma discussão. Nunca ouvi a voz de Alda tão enraivada como está agora, parece que ela não suporta mais essas mentiras, ou é apenas algo da minha imaginação tentando vê algum lado positivo nessa merda toda.
— Mas ajudei Rosa, cuidei do sobrinho dela, paguei todos os custos que ela teve no hospital e graças a mim mantive aquela família louca dela bem distante da pobrezinha. Para eles ela está morta e continuará por um longo tempo — disse como se estivesse aliviado.
— Isso é o mínimo que você poderia fazer, já que virou a vida da menina de cabeça para baixo. A única alternativa da sua parte foi contratar um bom advogado e conseguir a guarda da criança, dificultando a sua relação com toda a família de Rosa Vermelha. Fora cuidar da moça, já que foi por sua causa que ela sofreu o acidente. — Alda explodiu em raiva, como se fosse avançar em Mark a qualquer momento.
— Não diga isso, não fui eu que resolvi dirigir em uma tempestade, ainda mais em uma estrada deserta e escorregadia. — Manteve o tom de voz calmo, como se a conversa que estava acontecendo não o afetasse nenhum pouco.
— De quem era o carro?
— Ela não estaria viva se não fosse por mim, sem dúvida teria se matado por não conseguir a guarda do sobrinho, algo que com certeza o garoto não estaria na responsabilidade dela. E como acréscimo, morreria também de tristeza por ter uma vida infeliz. — Em toda a conversa o tom de voz de Mark foi calmo e contido, mas estranhamente ele soou alterado, porém se conteve no final da frase.
— Não o reconheço, não sei como você convenceu o filho do seu tio a participar desse plano contra o próprio pai. E nem quero saber, já estou farta desse jogo. Eu como sua melhor amiga te apoiei em tudo, pois senti pena de você, mas agora vejo que nada disso valeu a pena. Estamos afogados em mais sujeira do que posso suportar. Estou fora Mark, cansei. — Estranhamente um soluço foi transmitido, como se Alda estivesse chorando a algum tempo. Dado ao fato, que em quase dois anos de amizade isso nunca aconteceu, nem nas nossas brigas.
Antes que Alda se retirasse do escritório, me levantei ainda um pouco tonta, sem conseguir raciocinar tudo que escutei. Com os olhos fechados de tanto chorar, eles me encararam como se estivesse visto um fantasma. Ainda um pouco atrapalhada, derrubo o controle do ar-condicionado que estava na mesa. Encarando o rosto do homem que pensei que fosse o amor da minha vida e da mulher que dei o título de melhor amiga, mas que não passavam de cobras sanguessugas. Que fizeram feridas grotescas na minha alma, como se não tivessem compaixão.
— Mark. — Não consegui falar nada, contendo apenas o seu nome em meus lábios.
No primeiro momento o seu rosto empalideceu, sem sair um som de sua boca. Nem ao menos um pedido de desculpas ou um sinto muito. Me perdoe Rosa por transformar a sua vida em um inferno, por brincar com os seus sentimentos, transformando todo o seu ser em um jogo.
— Alguma vez você me amou? — Estranhamente depois de tudo que ouvi as únicas palavras que saíram dos meus lábios foram estas.
Não tendo uma resposta dele após alguns minutos, passei por Mark em direção a porta, encarando o rosto em pânico de Alda que muda permaneceu. Ao menos ela percebeu que não havia justificativa para o que eles fizeram.
— Espere. — Sentir as suas mãos agarrarem o meu braço depois que eu sair da sala.
— Alguma vez você me amou? — Perguntei novamente focando o meu olhar no seu.
— Aprendi a te amar. — Surrou.
— Não, você nem sabe o que é amor. Só sentiu pena de mim e aproveitou a oportunidade para destruir a minha vida, a estragando por completo, a deixando ainda mais em pedaços. — Senti novamente as lágrimas descerem pelo meu rosto, mas dessa vez não permaneci no lugar para saber o que aconteceria a seguir.
Entrei no elevador aos prantos, tudo que pensei ser real não passou de uma farsa, sou apenas uma folha manipulada ao vento. Todos que liberei a minha confiança me traíram com estacas no coração. Como se eu fosse algum tipo de monstro horrendo que necessitasse ser mutilado aos pedaços.
Logo em seguida, Mark entra depois de mim, sem deixar espaço para qualquer questionamento da minha parte ele começa a falar:
— O amor é o único capaz de mudar mentes e corações, mas também é o principal causador da discórdia e indecisão. Me desculpe, não consegui amar você a tempo de...
— A tempo de que? — Mesmo em meio a toda raiva que estou sentindo, me peguei dando ouvido as suas palavras, indagando para saber o complemento da frase.
— A tempo de cometer tanta besteira. Se eu tivesse te conhecido antes, ou se você tivesse me visto naquele shopping alguns anos atrás, acho que tudo poderia ser diferente... — Ele se aproximou, ficando a milímetros de distância.
Não poderia Mark, senti o pesar em pensar assim, mas você sempre esteve decidido em sua vingança, o seu olhar sempre esteve no dinheiro, não em mim. É difícil admitir, mas nunca fui uma opção para você. Quisera Deus, viver em um mundo onde você fosse diferente, onde o seu caráter não estivesse corrompido.
— Sentimentos podem ser mudados, mas não creio que você agiria diferente, depois de anos projetando algo que não era apenas para você. Não esqueça que ouvi que a sua irmã também era um dos motivos para o seu plano. — Sem perceber acabei falando, mesmo tendo uma grande fúria dentro de mim.
— Pode ter certeza que sim. — Sutilmente tocou seus dedos em minha bochecha, acariciando levemente. — E agora vejo que ficamos sós, é triste a despedida, o adeus parece um sopro ao vento onde não sabemos quando pode ser o fim. Mas guardarei você para sempre no meu coração, mesmo que você me esqueça e troque essa parte que ocupo aqui — apontou o dedo para o lado direito do meu coração —, por outro alguém.
A beleza das suas palavras foi instigante, de modo que não percebo o tempo passar ainda me encontrando enfeitiçada pelo seu olhar. Mesmo sem saber se contia verdades em suas ditas, ou se era apenas palavras jogadas ao vento para enganar um tola como eu. Não tive tempo de avaliá-lo, pois logo o elevador apitou informando que alguém havia pedido o andar no subsolo, fazendo-me cair na real que estávamos parados no mesmo andar com as portas fechadas, devido ao fato, de nenhum dos dois selecionar o andar desejado.
— Para sempre é muito tempo. — Disse o afastando com a mão.
— E para sempre muda as coisas, ou não? — Pela primeira vez hoje, o vejo sorrir. — A escolha deve ser sua. — Surrou me pegando de surpresa dando um suave beijo em minha testa antes da porta do elevador abrir.
Mesmo em meio a borbulhas e palpitações no peito. Onde me encontrava aérea e terrivelmente embriagada, pela dor e algo mais... Onde os meus olhos ardiam quando cogitava fechá-los, mesmo assim ainda pude escutar as suas últimas palavras, antes que eu corresse pelo subsolo em direção a saída.
— Queria que tudo fosse diferente.
Mesmo em meio a angústia, corri a passos apressados em direção a saída. Meu corpo, minha mente, ansiavam por descanso, paz. Longe de todas as loucuras de Mark ou da minha família. Do seu amor confessado anteriormente, algo que ainda tenho dúvidas. Ele me ama, isso deveria me deixar extasiada, animada, mas estou assustada. Pois não poderei permanecer com ele, não após tudo que descobrir. Não suportaria ficar com uma pessoa onde lembrasse que ele virou a minha vida de cabeça para baixo sem a minha permissão, ainda mais, terminando por me deixar na dúvida se foi para melhor ou pior. Pelo motivo de ter coisas que me agradam nesta vida e alguns detalhes que me agradam na outra, como o meu sobrinho, a minha amiga ginecologista doida. E alguma parte da minha família, mesmo eles sendo totalmente desajustados, são a minha família. Apesar de tudo, temos o mesmo sangue, a gente pode não se dar bem todos os dias, na verdade na maior parte eles fingem que não existo, mas ainda somos parentes. No entanto, isso não significa que devo aturá-los por completo sem dizer algumas verdades, agradá-los sem me colocar em primeiro lugar, e mais, às vezes é necessário manter a distância para ter um bom relacionamento. Hoje aprendi esta lição. Ainda tem Camélia, mesmo nas nossas brigas, ninguém faz ideia de todas as merdas que já enfrentamos. Principalmente a fúria da mamãe, isso já pode ser considerado o vencimento da segunda guerra mundial.
A sorte me abandonou, na verdade ela nunca foi a minha amiga, muito menos conhecida. Ela só passou pela minha vida para se rebelar, como uma adolescente rebelde, que os pais corrigem mesmo assim a filha teima em cair na desgraça.
Ainda completamente desnorteada saio do prédio, com olhares interrogatórios direcionados a minha pessoa. Pelas suas afirmações constato que devo estar horrível, em pleno sol do meio-dia, uma mulher caminha avoada como se fosse um espírito assombrado, não é uma visão comum para qualquer cidade.
Meu estado é tão deplorável que nem percebo que larguei a bolsa na empresa, por isso a única opção é caminhar a pé até em casa. Como um andarilho sem rumo, procurando abrigo para uma noite fria no deserto.
Com isso, a imagem das pessoas que são importantes para mim nessa nova fase aparece como um borrão em minha mente. Alda, mesmo após os seus feitos com suas intenções subjugadas, ela me ajudou muito, nisso tenho que ser grata. Não posso simplesmente olhar os defeitos como um todo, tenho que ver quanto essa pessoa foi boa na minha vida, mesmo com os seus defeitos, que são muitos. Nora, com as suas trapalhadas, que a cada dia arrancava de mim mais e mais sorrisos. Elas fizeram história na minha vida e para sempre serei grata. O pessoal do trabalho, meu emprego, o lugar onde moro. São tantos fatores que me fazem achar essa fase maravilhosa, que até por uns poucos segundos esqueço o que Mark fez.
Porém, algo que nunca vou esquecer é que Mark me tirou a oportunidade de ficar com Oliver, hoje lembro-me perfeitamente dele. após toda dor, parece que essa é a parte que mais me machuca. Pois não consegui cuidar dele como Camélia pediu. Perdão irmã, acho que o destino não foi legal comigo, porque colocou pessoas que me destruíram por completo em meu caminho. Como se as minhas decisões não importassem, como se os meus desejos fossem inúteis. Se um dia você puder me perdoar, ficarei grata.
— Sabia, você é uma tia muito esquisita? — disse Oliver me encarando estranho após me pegar pela décima vez relendo o livro da bela e a fera.
— Por que você insiste em me machucar, não liga para os meus sentimentos? — Murmurei indignada, após abraçar o livro sobre os meus seios.
— As pessoas estranhas são as mais legais — comentou e saiu, sem responder a minha pergunta. Assim, que a sua mãe o chamou.
Ainda bastante avoada, alguém me segura pelos braços me parando. Encaro o rosto da pessoa à minha frente, encontrando olhos preocupados de Nora. Não me seguro, e desato a chorar em seus braços, sem comentar nada sobre o acontecimento de minutos atrás.
Mesmo não sendo mais alta que eu, sinto como se o seu peito fosse uma almofada, onde eu poderia repousar a minha cabeça e chorar até virar a noite.
Corações são como almofadas, não importa se você use uma agulha ou uma tesoura para feri-lo, a dor será sempre devastadora.
— O que foi? — Ouvi o seu sussurro.
— Queria que tudo fosse diferente. — As mesmas palavras ditas por Mark ousaram sair da minha boca.
— Hei! Calma, cadê sua bolsa? — Me observou. — Tome esse dinheiro, pegue o metrô e vá para casa. Vou comprar algumas besteiras para comer enquanto conversamos. — Falando isso ela me entregou o dinheiro, acariciou o meu rosto enxugando as lágrimas e correu em disparada para algum mercado perto.
Em um suspiro frustrado, imaginando ter que chegar em casa, contar tudo a Nora, relembrando todos aqueles fatos grosseiros. Com o coração acelerado desejo com toda a minha alma, ao menos uma vez quero que tudo seja diferente. Quero voltar em uma época em que tudo era mais fácil, onde poderia seguir a minha vida sem saber que o pior estava para acontecer. Sentindo o pesar, caminho a passos lentos e no momento que atravesso a rua com o sinal fechado, em direção ao metrô, sinto algo colidir contra o meu corpo, me fazendo voar como se fosse um boneco inflável. Para cair esborrachada no chão, sentindo todo o meu corpo latejar. Escuto o barulho de pessoas pedindo socorro, buzinas e gente em pânico. Já com os olhos fechados adormeço para nunca mais acordar, suponho. Com a esperança que todo esse desastre que ocorreu na minha vida seja apenas um sonho.
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DESSE CAPÍTULO. AGORA É OFICIAL FALTAM APENAS DOIS CAPÍTULOS. ESTIVE MUITO OCUPADA ESSE TEMPO, POR ISSO A DEMORA. MAS JÁ, JÁ... TEMOS MAIS. PARA QUEM ESTÁ CONFUSO ESSE NÃO É O ENREDO PRINCIPAL DA TRAMA, O VERDADEIRO VEM NO PRÓXIMO CAPÍTULO, ATÉ...
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