Capítulo 30
Não costumo ser receosa, ou projetar planos mirabolantes, mas nesse momento estou cogitando a possibilidade em colocar Alda na parede e descobri o que ela está escondendo. Entretanto, tenho medo, elas são minhas melhores amigas e tenho a certeza de que jamais esconderiam algo de mim. É como se fosse um pecado desconfiar delas, porém, Nora pediu para perguntá-la, então não custa tentar?
Em meio a delírios mentais e conclusões precipitadas meu celular toca. Pego o objeto e encarro o nome da chamada estampado no aparelho: Mark Ortega.
— Sim? — Atendi torcendo para não ser nada comprometedor de sua parte.
— Sabia que tem uma pessoa morrendo de saudade de você? — Sua voz soou melodiosa.
— Sério, quem será? Bom, meu chefe não pode ser, todos sabem que ele me odeia — Comentei aparentando estar com uma imensa dúvida na voz.
Em meio é essa conversa esquisita uma risada gostosa soou do outro lado da linha, trazendo um calor ao meio peito.
— Imagino que você tenha assuntos a tratar, por isso aproveite o seu dia de folga e não esqueça da viagem — dito isto ele desligou a ligação sem nenhum comprimento amoroso, como esperado.
Suspiro — Até agora não consigo acreditar que Mark Ortega seja pai, ou um quase pai, já que ele não afirmou propriamente. É totalmente contraditório perante tudo que já ouvi na empresa sobre ele. Não entendo, ele aparenta ser uma pessoa seria comprometida com o trabalho e a família, não um bad boy mimado como todos o descrevem, estranho. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e desci as escadas apressadamente, já que o elevador desse prédio se assemelha a uma locomotiva em ignição. Algo que faço questão de frisar que neste apartamento não existe elevador pelo estado de decomposição dele.
Enquanto desço as escadas em dois e dois degraus, trombo com alguém fazendo-o cair com a bunda no chão, quase rolando escada abaixo.
Encaro a intrusa a minha frente, martilhando por ser logo ela, senhora Gertrude Johnson, o pivô dos meus pesadelos.
— Desculpe-me! — Tentei ajudá-la, mas essa rechaçou o meu agrado dando pequena batidinhas em minha mão estendida.
A olhei boquiaberta enquanto a vejo levantar-se com dificuldade, mas ainda assim, cheia de orgulho.
— Rosa Vermelha, quantas vezes tenho que falar? É terminantemente proibido correr nas escadas. — Afirmou me encarrando de maneira autoritária.
— Desculpe senhora, não foi minha intenção derrubá-la. — Tentei soar de forma ressentida, para ela poder perceber o meu pesar pela sua bunda supostamente dolorida.
— Criança... Irei marcar uma reunião esse sábado, conto com a sua presença. Você acredita que deixaram um cachorro de rua amarrado na entrada do prédio? Precisamos com urgência de câmeras — expressou aparentando indignação.
Droga! — Nessa hora tenho certeza de que meu semblante ficou pálido, ao encarrar a mulher branca, com seu cabelo branco e óculos certamente com um grau bem forte pela grossura da lente. A senhora mesmo tendo uma postura perfeita para a sua idade, ainda é denunciada aparentando ter mais de 60 anos.
— O que a senhora fez com ele? — Dei um passo à frente assustada com sua afirmação, sendo que supostamente sou essa pessoa que deixou um vira-lata amarrado na porta do prédio na intensão de alimenta-lo.
Aconteceu quando estava voltando para casa depois de uma caminhada, ao me deparar com uma cadelinha perdida na rua. Espero que o dono do animal a tenha encontrado, agora não com a minha ajuda já que a senhora rabugenta fez questão de atrapalhar.
— Desamarrei a corda e a tirei do prédio, era o mini... — Não ouvi o restante da frase, pois lembrei o motivo de não ter encontrado o animal no local na semana passada quando desci para alimentá-lo. Velha ogra!
Deixo a senhora falando com as paredes e me dirijo para a entrada do prédio, para enfim ter um momento de sossego apreciando a vista. As vezes imagino o quão detestável as pessoas podem ser, tentando a todo custa atrapalhar a vida dos outros, algo que a senhora Johnson faz com prazer e devoção.
Após alguns minutos, encosto-me no portão metálico e suspiro. Como a rua a qual moro é majoritariamente comercial fica até difícil não ser confundida com uma formiga, em uma multidão como está.
Escorrego pela grade de alguma casa enquanto vejo as pessoas passarem por mim e me encararem de forma estranha. Eles nem se dão ao luxo em pararem as suas vidas para, pelo menos, me conceder uma palavra de conforto vazio, claro se eu estivesse chorando. Sei que aparento ser uma maluca que fica na porta de casa sentada no chão, enquanto as pessoas passam apressadas para terminarem seus afazeres e eu fico aqui pensando na vida.
Mas são esses momentos que me encantam, são eles que me fazem sentir viva. É como se a vida toda fosse recriminada pelas minhas ações e agora tivesse a oportunidade de ser eu mesma, sei... é estranho e confuso, porém me sinto bem.
— Qual é o drama dessa vez Rosa? — ouço uma voz opaca acima de mim.
Encaro a mulher em suas roupas casuais, que traz um lindo contraste em sua madeixa ruiva, tornando-a um anjo, só na aparência mesmo. Tem hora que esqueço a verdadeira idade de Alda, pois com toda a certeza 34 anos não se encontra estampado no seu rosto angelical.
— Nada, estou apenas pensando, por acaso é pecado? — transbordo emoção em minhas palavras tentando esconder algo que está estampado em meu rosto.
— O quê? — Pareceu confusa, mas logo dissipou esse semblante. — Venha, conversamos em casa, as pessoas estão olhando.
Em um gesto contido, ela estendeu a mão e caminha a passos lentos comigo apoiada no seu braço direito. Pouco tempo depois estamos em casa, aguardo-a no sofá, enquanto Alda me estende um copo com algo e retira seu casaco sentando-se ao meu lado.
— Então? — perguntou com toda a sua paciência.
— Você já sentiu como se a sua vida fosse uma completa mentira e você estivesse sendo manipulada por várias pessoas? — Soltei de uma vez os meus sentimentos, tendo como consequência uma Alda completamente assustada.
— Como assim? — Moderou um pouco as suas palavras.
— Não sei explicar, é difícil, mas desde que vi Mark e a filha dele estou tendo esses pensamentos estranhos. Entende? — Mirei-a com precisão.
— Você viu a filha dele? — Soltou completamente surpresa.
Estranhei a sua reação, mas não dei ouvido ao sinal de alerta em minha mente e continuei a fala.
— Sim, qual é o problema? Não é como se ele estivesse escondendo a criança do mundo. — Um sorriso escapou dos meus lábios.
— Na verdade sim, só conheci a menina porque o encontrei de repente na rua — comentou sem dá importância. Sem esperar uma resposta minha, ela iniciou outro assunto. — Consegui driblar as investigações, como Nora não teve sucesso na sedução dela, você terá que ir ao cartório comigo — pronunciou me estendendo o documento.
Analisei o que está escrito, constatando, o meu não entendimento em toda extensão da escrita.
— Não entendi. — A encarrei enquanto está come uma maça retirada de sua bolsa.
— E não vai, são apenas algumas brechas na lei que te ajudará. Quando estiver livre me avise — disse já se dirigindo ao quarto.
— Tenho tempo hoje, pois no final de semana terei que viajar com meu chefe — falei em desamino.
Quando me levanto, coloco o papel no sofá e nesse meio tempo uma súbita lembrança me atinge.
Porcaria! Esqueci completamente das minhas mentiras, e agora?
Poxa, sabia que estava esquecendo algo. Como vou aprender sobre logística internacional e espanhol em dois dias? É o mesmo que ser enterrado vivo.
Entrei no quarto e me sentei na cama enquanto aguardava Alda se ajeitar.
Já estou imaginado a sena que me aguardará:
— Você deveria mentir melhor, agora qual será a sua prenda por ser uma garota tão má? — Ouço sua voz bem próximo aos meus ouvidos.
— Senhor... — Estou em chamas, pelas suas palavras enquanto acaricia minha cintura descendo para a minha colcha.
— Sim, seu senhor. Fale mais uma vez... — sussurrou apertando sua mão no local.
— Senh... — Soei contida pelos seus lábios em euforia.
Nesse mesmo instante minha imaginação fértil resolve dá uma pausa, enquanto Alda estala seus dedos na minha frente, para tentar tirar-me dos devaneios momentâneos com um Mark bem atraente. Ainda um pouco área, constato que os 50 tons não fizeram bem a minha existência.
— Sim, sou toda sua, senhor — comentei ainda em estase. — Poxa Rosa! Se controla você não pode abrir as pernas — A realidade cruel caio em minha mesa, fazendo-me voltar ao mundo real e recordar que não estou sozinha.
Pena que esse choque foi tarde demais, já que acabei proferindo as palavras certas na hora errada e, ainda em alto e bom-tom.
— O quê? — Alda me encarou, ainda um pouco assustada por minhas ações agora pouco.
— Esquece o que disse, por favor — pedi juntando as mãos.
Ela estreitou os olhos, mas aparentou não querer voltar ao assunto, pelo menos por agora.
— Um... por que não avisou antes? — perguntou retornando ao rumo da conversa.
— Como você nunca fica em casa, é um pouco difícil. — Soltei a frase e logo me arrependi.
— Qual é o seu problema hoje Rosa? — É fogo encubado, — alguma engraçadinha que não preciso citar o nome respondeu. — Olhe, sei que está sendo difícil segui uma rotina, mas se seus hormônios estiverem tão fora de controle, posso arrumar alguém para esvaziá-los assim como fez Nora. — Seu tom de voz transpareceu estresse e um suave divertimento disfarçado, algo bem incomum para Alda.
— Não fale isso, nem brincando. — Saio do quarto às pressas, mas a tempo de ouvir a sua última frase:
— Parece que nem uma amnésia pode esconder a atração.
Sua voz foi bem sutil, mesmo as palavras sendo confusas.
Pouco tempo depois, ela entrou na sala afirmando estar arrumada para sairmos. E assim, passamos o restante do dia, resolvendo o problema dos meus documentos.
No começo da noite, comecei a fazer os relatórios, para logo está estirada na cama rezando para o dia não chegar tão rápido. No entanto, meu pedido não foi aceito, pois logo a manhã raiou e mais um ciclo se iniciou-se.
Trajo mais um de meus terninhos, enquanto sou quase amassada pelo metrô lotado às 8h da manhã, algo que não me agrada nem um pouco. Mesmo não tendo horário para chegar ao trabalho, tento a todo custo não relaxar nesse aspecto, tendo em vista que, Mark mesmo sendo chefe nunca ousou chegar depois das 10h, algo muito admirável da parte dele.
Algo que reparei nesse tempo de adaptação, é o palavreado das pessoas, como comentários: o Sr. Ortega é mulherengo, cafajeste e pouco confiável. Pelo contrário, desde a minha chegada, nunca o vi com mulheres em situações constrangedoras ou soltando alguma cantada, em controvérsia ele parece ser muito reservado e um pouco misterioso, as suas tarefas são esporadicamente programadas, sem nenhuma falha. E ele tem um enorme, e imensa paciência em me ensinar algo que não sei em relação ao trabalho. Não o vejo como aqueles filhos mimados dos chefes, pelo contrário é bastante responsável em todos os seus afazeres. Quase esqueci, teve só um dia que acho que presenciei uma atitude sua mais íntima com alguma mulher, naquele dia em que recebi um bolo por sua parte no restaurante, com seu braço envolta dela, enquanto caminhavam, mas não tenho certeza. Fora isso ele é perfeito, pode até ser comparado com um príncipe encantado — isso é mais uma das suas desculpas para você poder se apaixonar por ele —, ou não, até porque, uma pessoa pode revelar o seu eu verdadeiro em menos de uma semana? Pode? Não tenho certeza, mas odiaria me decep... — Pronto, não ouviram essa palavra. — Preciso dá um tempo para a minha mente, estou pensando muita besteira. — Confirmei com minha expressão ao vento enquanto encaro a tela do computador, sem fazer nenhum movimento.
— Rosa, preciso de você na minha sala agora. — Mark passou pela minha mesa se dirigindo ao seu local de trabalho com uma afirmação.
Como esperado, ele chegou hoje às 9h32min da manhã.
— Caderno em mãos? — ele perguntou assim que entrei em sua sala. Assenti com a cabeça e continuou. — Bom, verifique a confirmação com o hotel em... — E começou com as exigências necessárias para a viagem, para enfim terminar com: — Passe no Rh, seu passaporte já está pronto, não esqueça também de verificar as passagens dos acionistas. Você tem até o final do dia para cumprir todos dos meus pedidos — dito isso ele voltou o olhar para o seu computador, enquanto marchei rapidamente em direção a minha mesa para preparar tudo.
As horas foram se arrastando, para enfim o ponteiro soar 21h22min da noite, chegando assim o término das minhas tarefas. Bati suavemente na porta de Mark, já com a bolsa em mãos para me despedir.
— Entre. — Manteve seus olhos mel me encarando assim que coloquei minha cabeça dentro da sala.
— Estou de saída, o senhor precisa de alguma coisa? — Ele pareceu me avaliar e respondeu:
— Se não for pedir muito, estou necessitado de um beijo seu. — Sorriu suavemente, destacando seus dentes branco e alinhados.
Endureci o semblante e bati a porta de vidro, a tempo de escutar uma risada sua, balançado ferozmente o meu coração. E retomando ao comentário de antes, retiro o que disso sobre o seu comportamento respeitoso com as mulheres, pelo menos comigo essa atitude sua não entrou em prática.
Não quero me desesperar, mas é uma pena que a nossa viagem será amanhã no final da tarde. Não sou muito sensitiva, porém nesse momento tive um pressentimento que grandes surpresas me aguardam.
****
Vocês já se sentiram como se o dia fosse começar com um terrível desastre? Bom, é como estou me sentindo agora, estou realmente assustada, pena que a lei de Murphy tem seus queridos, e eu fui uma das felizardas.
Ainda um pouco assustada comecei a minha rotina normalmente, com pratos para lavar, colher para passar... não, roupa para aprontar, sapato para ilustrar, resumindo... a Cinderela resolveu dizer: hoje é o seu dia de sorte.
Suspiro em fastígio ao me jogar no sofá relembrando a noite anterior.
— Como não é todo dia que tenho as minhas melhores amigas juntas em casa, vamos comemorar a primeira viagem de Rosa após o acidente, se ela teve alguma na vida... Bebendo um — bateu a mão no ar como se estivesse batendo em tambores — vinho maravilhoso, já que temos uma pessoa que não suporta álcool. — Nora gritou em animação dando pulinhos pela sala.
Alda e eu nos entreolhamos sem um pingo de animação, suspeitando o verdadeiro motivo dessa farra toda: ela pretende esquecer a briga com o delegado Megalas se embriagando.
— Nem venha Nora, amanhã tenho uma viagem, não posso de maneira nenhuma aparecer de ressaca no meu primeiro voo empresarial. — Dei um passo em direção ao quarto para arrumar a mala, enquanto Nora entra no meu caminho impedindo a passagem.
— Por favor... já tem um tempo que a gente não tem a noite das meninas... — Uma lágrima escorreu do seu olho esquerdo.
Tenho que admitir, Nora sabe ser uma atriz quando quer, teve uma vez que perguntei se ela nunca pensou em ser atriz e como resposta obtive: não, não daria certo, iria confundir o ator com meu namorado e terminaria tendo uma crise de ciúmes quando o avistasse beijando outra mulher.
Concordo, até porque faria pior.
— Bom, amanhã não trabalho, então... — Alda pronunciou-se pela primeira vez.
Em fastígio concordei, mesmo com um punhado de dúvida se seria ou não uma boa ideia.
E cá estamos, completamente bêbadas e prestes a fazermos uma loucura.
Bom, qual é o plano do momento? Ligar para as pessoas que temos interesses românticos e se declarar. Sim, até parece que o juízo me faltou, mas não estou completa em meu raciocínio lógico... finalmente o amor cairá na minha mesa ou cama, como preferir — sua iludida —, ouvi uma vozinha, mas não dei ouvidos.
— Você primeiro Nora — comentei pegando o celular dela.
— Por que eu? Aff... tudo bem, mas não riam de mim — pronunciou com uma voz terrivelmente grogue, pegando seu a parelho telefônico.
— Espera, coloque no viva-voz primeiro — falei antes que ela efetuasse a primeira chamada.
Assim feito, ouvimos a sua voz do outro lado da linha.
— Nora? — perguntou já sabendo de quem se tratava, supostamente pelo nome de Nora no visor do celular.
— Amor... você está bravo comigo? Prometo que nunca mais vou procurar outro homem sem ser a pessoa mais apaixonante que faz criar lombrigas no meu estomago. — Suas palavras saíram emboladas, mesmo assim foi de fácil entendimento, enquanto no seu semblante se formava um misto de emoções.
— O que há com você? — ouvimos o som de sua risada, mas a sua voz continuou seria.
— Você tem que parar de ser um cabeça oca e me pedir em namoro, poxa! São dois anos que estamos nessa palhaçada. — Algo que percebi nesse tempo de convivência com Nora: quando ela ficava embriagada tornava-se bastante sincera e, isso pode ser um problema.
Enquanto esperávamos uma resposta, ouvimos o bipe indicando fim de chamada.
Nora suspirou e disse:
— Ele me ama tanto... — Engolindo um suposto choro, consolando-se a si mesma.
A abraçamos tentando passar um pouco de conforto, mesmo que não fosse o suficiente. Nesse momento a mais sóbria de todas é Alda, diferente de mim que me rendi completamente ao termo contrário da lucidez.
— Agora é minha vez. — Peguei meu celular e disquei o número de uma certa pessoa que bagunça a minha mente.
— Rosa, não faça isso. — Alda tentou pegar o celular da minha mão, enquanto Nora se encolhia no chão chorando, para enfim, eu entrar no quarto e bater à porta.
— Perfeito, agora ninguém irá me incomodar. — Apareceu seu número na tela do aparelho, indicando o início da ligação.
— Você irá se arrepender amanhã, sabia que essa festinha era um grande erro. Droga! Nora, pare... não é a solução cheira as meias do delegado Megalas.... — Sua voz foi se distanciando aos poucos.
— Oi... — Seu tom foi calmo e surpreso, trazendo-me uma sensação nova, pois não imaginei que ele fosse atender no primeiro toque.
— Olá.... — O que foi? Posso estar embriagada, mas ainda possuo um pouco de lucidez, e nessa hora a voz me faltou. — O senhor é lindo. — Mesmo bêbada ainda continua sendo uma retardada. Minha mente entro em ação jogando mais uma das suas frases de efeito. — ... — Minha corda vocal falhou, mesmo assim pude ouvir sua risada amistosa do outro lado da linha.
— Bom saber, então... Mas Rosa, por que está falando com o número de outra pessoa? — Pareceu está em dúvida da próxima palavra, mas logo escutei o cintilar das suas palavras em um tom divertido. — Está bêbada? — Foi sugestivo, mesmo assim calmo.
— Estou? Não sei... quero estar com você... — Meu som saiu esganiçado, enquanto deito-me na cama, com o aparelho telefônico próximo ao ouvido.
— Espero que você não lembre disso amanhã... — sussurrou, sua voz tremulando parecendo em dúvida. — Também quero estar com você... — Suspirou.
Tenho certeza de que nesse momento o meu sorriso assemelhou-se ao gato do país das maravilhas.
— Não tenho certeza, mas nos conhecemos a menos de uma semana, mesmo assim... sinto como se tivesse mais tempo... — Sussurrei, com o celular quase caindo das mãos pelo sono. — Mesmo assim, sinto algo novo quando olho para você, não é nenhum sentimento velho, é algo diferente... entende? — Esperei por sua resposta, mas ela não veio, pois o sono logo me embalou, mesmo assim pude ouvir um vislumbre da sua voz, muito distante.
— Queria ter tido tempo em te conhecer melhor...
Não sei ao certo mais essas lembranças embalaram o meu coração, e ainda pior só nessa manhã pude perceber a burrada que cometi. O que a gente não faz quando está bêbada? Exatamente, não éramos para fazer nada, mas a burra aqui ama aprontar o que não deve. O pior, não lembro com exatidão os acontecimentos de ontem, são como um flash na minha mente. Isso me enlouquece, pois tenho a certeza de que disse algo muito comprometedor ontem.
Em meio a delírios, volto a realidade, bastante conturbada por sinal. Um pouco nostálgica, levanto do sofá constatando o meu terrível atraso, são 13h da tarde, tendo em vista que, o voou sairá às 15h. Apresso-me na arrumação, vestindo uma blusa branca completamente lisa e uma calça dinz, enquanto carrego a mala que Nora e Alda arrumaram para mim ontem. Agradeço aos céus por não ter mais esse trabalho, graças ao meu proeminente esquecimento.
Como diz a minha mente perturbada, não tem segredo mais coberto que um destino não possa revelar, ainda mais quando esse alguém resolveu ter uma atração devastadora por alguém inacessível, pelo menos na minha cabecinha de frango frito. — Não me perguntem o significado disso, pois nem eu sei.
Ainda um pouco atrapalhada, apressei-me, para enfim chega ao aeroporto às 14h10min. Contemplando a cena que fez embrulhar o meu estomago, uma morena descabida pendurada no pescoço do meu Mark em frente à entrada do aeroporto. — Lembre-se, ele não é seu, não esqueça, Mark Ortega não é o seu príncipe encantado, ele é uma fera que vai te comer se você não for esperta. — Agora você acredita em conto de fadas? Questionei a minha consciência que se encontra em uma luta travada comigo. — Não, mas se for para a ver distante desse cara, acredito até em almas gêmeas e felizes para sempre. — Seu tom de voz foi áspero, até para alguém que vive apenas na minha cabeça. — Corrigindo, no seu cérebro de tiquita de galinha, já que só consigo ver contos de fadas nesse lugar minúsculo. — Claro...
Ainda um pouco sensível, escondo-me atrás de um taxe e espero aquela cena acabar. Pouco tempo depois ouço o motor de um carro, atempo do meu corpo caí para trás e encontrar os olhos enigmáticos em minha direção enquanto ele me encara de cima, tendo uma visão de mim completamente esborrachada no chão, próxima a sua perna.
— O que faz aí? — Franziu as sobrancelhas parecendo confuso, mesmo mantendo um tom pacato na voz.
— Admirando... os seus olhos. — Dei um sorriso sem graça quando percebi a burrada que saiu dos meus lábios.
— Atrás de um carro? — Escondeu um suposto sorriso em seus lábios.
Desde quando ele sabe que estou aqui?
— Nem uma barreira é capaz de ofuscar o encanto dos teus olhos.
Ô céus Rosa, isso foi demais até para você. Pare imediatamente de falar essas coisas caretas, ele vai achar que estou apaixonada. — Como se já não tivesse se denunciado ontem.
— É bom saber, mas esse encanto ficará para outra hora, vamos, o avião irá partir. — Estendeu sua mão e me ajudou a levantar.
Pouco tempo depois, estamos acomodados na primeira classe em direção a Espanha, enquanto tento fingir que estou dormindo após nos acomodarmos, Mark engata uma conversar.
— Então quer dizer que a senhorita Rosa Vermelha, tem interesses românticos na minha pessoa. — Sorriu me fuzilando com seu olhar dourado, pela claridade em seus olhos enquanto este me encara bem ao meu lado.
GENTE, ESSE CAPÍTULO FICOU BASTANTE GRANDE, MAS ESPERO QUE TENHAM GOSTADO.
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