Capítulo 25
Por que as situações nunca acontecem como esperamos? Como se existisse uma avalanche preparada para entrar em ação a qualquer momento de felicidade, custo admitir, mas o drama mexicano me consumiu.
— O quê? Por quê? Alda me explica isso direito por favor. — Exasperei em aflição com palavras desenfreadas como fosse diminuir a minha suposta angústia com essa tal afirmação.
— Calma, sentem-se. Vou explicar... — ela disse mais uma vez no seu tom calmo e monótono. Assentimos a cabeça com exatidão aguardando uma resposta sua. — Ao que parece eles apenas suspeitam, não há necessidade para preocupação. Além do mais, o médico chefe do hospital que tem contato com aquele delegado que Nora dormiu algumas noites, é responsável pela investigação. — Explicou tudo, não falando nada, me deixando ainda mais confusa. — Como é uma suspeita não precisamos ficar alarmadas, mas não custa nada a Nora dormi com o delegado novamente para abafar o caso — disse, porém, em uma fala sem emoção o suficiente para me deixar assustada.
— Alda você fala como se ter um relacionamento sexual com uma pessoa fosse motivo de barganha. — Tentei a contrapor.
Tem hora que sinceramente não reconheço essas mulheres — pensei me sentindo um pouco contrariada pela sua afirmação.
— Não seja ingênua Rosa, o mundo não é um conto de fadas como você tenta acreditar. E não falei nenhuma loucura, já que Nora ama brincar de gato e rato com o delegado, creio que não será um problema para ela. — Deu um mínimo sorriso ao final do seu comentário.
— Ei! Não falem de mim como se eu não estivesse aqui. Isso é muito chato, mas não custa fazer esse sacrifício. — Revirou os olhos.
Sinto até uma dor no coração por ela, imaginando com essa história fadada ao fracasso vai terminar.
— Um imenso... — Alda soltou uma gargalhada alta como se estivesse realmente se divertindo com aquela situação.
Não sei como ela consegue falar de algo tão íntimo como se fosse banal, sinceramente, não sei se sou o problema ou se estou na época errada. Enquanto fico absurda em pensamento, Nora joga a almofada com estampa florida na minha cara, enquanto estou encostada no sofá estampado com o mesmo tecido. Como nossa casa se assemelha a um arco-íris tendo toda decoração envolta de bastante cor, desde a cortina amarela até chão de madeira e a parede bege sendo destacada pela pintura em vermelho da cozinha americana. O que não poderia faltar nessa decoração maravilhosa, a minha poltrona felpuda rosa choque em formato de sapato. Algo que levei dois meses para consegui comprar, tendo em vista um bico que fiz como babá e professora de banca, um tempo após receber alta do Hospital.
— Me escutem! — disse Nora enquanto dava um pulo do sofá de dois lugares ao qual estávamos às três espremidas. — Consegui o encontro com aquele gato! — Pulou batendo palmas.
— Essa é nova — comentou Alda apoiando sua mão no queixo, interessada pela suposta conversa.
— Ei! Não me olhe assim e antes que Rosa comente sobre o meu pretendente, já vou avisando que ele não passará muito tempo no hospital e logo iremos nos encontrar para viver o nosso amor — falou quase derretida com a expressão nas nuvens em advertência a mirada avaliativa de Alda.
— Só não esqueça de garantir uma chave de pernas em nosso delegado primeiro — Alda comentou assim que se retirava para a cozinha, mas foi interrompida quando Nora deu um puxão para que ela voltasse a se acomodar no sofá já com o livro esquisito em mãos.
— Calada Alda! Escutem, como achei o amor da minha vida, encontrei um capítulo no livro que retrata muito bem esse momento, por isso vocês precisam ouvir.
Com muita graciosidade ela apanha o livro do seu colo e começa a lê-lo calmamente degustando cada palavra expressa ali:
É real a existência de várias "Cinderelas" apaixonadas por todo mundo, mas se você é a única que acredita nas verdades deste livro. Prepare-se para espalhar esse mandamento as suas amigas. Pegue um copo com água, deixe em cima da mesa a sua frente e sente-se no meio das suas amigas "irmãs". Segure a mão delas e falem juntas essas palavras:
Quando ela acabou com os preparativos que o livro pediu eu e Alda nos encaramos sem entendermos nada. Conquanto, a nossa confusão foi interrompida pela fala de Nora.
— Prestem atenção, vocês iram repetir essas palavras comigo: não iremos duvidar, pois, a partir de amanhã essas frases ocorreram em nossas vidas. Entenderam? Agora vamos. — Apertou nossas mãos já de olhos fechados.
Quem ela pensa que é? Não vou fazer essa idiotice, posso acreditar em contos de fadas, mas não sou besta a esse ponto. Me levantei tentando soltar a sua mão da minha.
— Por favor Rosa, nunca te peço nada e nem esse favor pela minha vida amorosa você quer fazer. — Tentou demonstrar olhos de cachorrinho em suas palavras.
Suspirei fundo e me acomodei novamente, estranhando o fato de Alda não ter falado nada até agora.
Essas 12 frases serram divididas entre vocês. Não esqueçam de acreditar fervorosamente, caso contrário, elas podem e "vão" se virar contra vocês. Não sou um livro mágico para quem pensa isso — é um charlatão, quis me intrometer. —, mas quero que vocês compreendam o que o destino pode fazer em suas vidas caso sigam o meu conselho.
— Então está decidido, serão 4 frases para cada, começando por Alda e concluindo com Rosa — dito isto iniciou a leitura.
A partir desse momento as letras comeram a ganhar um acabamento em negrito, algo diferente de todo texto. Sinceramente, espero que Nora não tenha procurado nenhum cigano dessa vez.
12 conselhos para uma Cinderela antes da meia-noite
🕛 Oh! Por favor, sabemos quem é a piranha nessa amizade. Por isso, conserte essa bagunça.
Nesse momento resolvemos parar a leitura e encarar o rosto mortificado de Nora.
— Ei! Não olhem para mim assim, não estou escondendo nada — Alda respondeu balançando os braços em sinal de negação.
Continuamos desconfiadas, mas como é um livro, não deve ser nada demais. Quando voltamos para a leitura, veio outra frase em sentindo de afirmação e não na forma de conselho como previsto. Pelo que parece Alda não está precisando ser dirigida ou corrigida, sim?
🕛 Boas amigas dizem a fria e cruel verdade, então, não se abale se elas ficarem chateadas por um momento.
— Não fique triste, sabemos que você é a voz da razão nesse trio. — Nora tentou bagunçar o cabelo de Alda, mas não obteve sucesso.
Pelo visto Nora está levando esse livro realmente a sério, isso pode se tornar um problema. Dado ao fato da sua intensa atração por objetos e lugares místicos, algo que normalmente nos leva a encrencas, e situações inteiramente questionáveis, por quê? — Você é a única burra que a segue nas suas aventuras — Mas essa não é a verdade devidamente questionadora? Afinal amigas são para nos arriscarmos juntas, chorarmos em comunhão, e festejamos a loucura. Não seria amiga de Nora se não me metesse em suas enrascadas, e Alda não seria a nossa master amiga se não nos arrancasse de todas as ciladas.
🕛 Às vezes, é angustiante guardar algumas coisas para si, entretanto, não se lastime você é bem mais forte que isso.
🕛 A maturidade não vem com a idade, mas às vezes, é bom ser um pouco infantil. Lembre-se, é só uma dica.
Parece que ela teve apenas um conselho intrigante, esquisito. Ainda assim, perante a minha constatação pude reparar que seu semblante empalideceu, algo que não fez muita diferença por causa da sua pela branca cheia de sardas. Mesmo assim os seus olhos ganharam um brilho estranho como se estivesse arrependida de algo, apesar disso, não quisesse admitir. Enquanto a observo seu olhar foca em mim e por uma fração de segundo o receio veio ao seu olhar, porém quando Nora retomou novamente o assunto seu semblante mudou drasticamente, para um totalmente sereno como sempre.
Agora é a vez de Nora, e já me preparo para as gafes das frases, como se a pessoinha já não fosse doida o suficiente na vida real.
🕛 A burrice, às vezes, pode ser algo que a defina, mas não deixe o homem da sua vida passar por causa dessa tolice.
🕛 Tem horas que você quer bater em si própria, todavia, a senhorita ainda é humana. Por isso, não perca tempo com esses pensamentos depreciativos e divirta-se.
🕛 Não custa nada colocar um pouco de glitter para colorir a vida e, se por acaso ele acabar, compre mais, o que não pode faltar é muito brilho e purpurina.
🕛 Querida você está perdendo o caminho, olhe, desse jeito você vai terminar sendo atropelada. Todavia, se tiver um médico bonitão para cuidar das suas feridas acho que não terá problema.
— Opa! — Demos gargalhadas escandalosas. — Acho que essa última frase errou de endereço, era para Alda — comentei tentando segurar o riso que insistia em aparecer, a cada milímetro do meu rosto.
E para a minha surpresa esse livro está desempenhando um papel muito interessante, maior do que imaginava. Devo cogitar, nesse momento ele não pode ser confundido com um charlatão. Mas em relação à Nora pode-se perceber que as frases foram totalmente endereçadas a sua relação com o delegado, pena que ela esteja tão sega e não consiga vê.
Por que as pessoas demoram tanto para perceber quem amam de verdade? Ainda mais, insistem em mentir para se mesmo, como se o amor tivesse preferencias. Ele simplesmente chega, não marca hora e não avisa, apenas fala, cheguei para enlouquecer a sua vida.
Quando voltamos a naturalidade, continuamos a leitura com uma Alda revirando os olhos em negação.
🕛 Diga para você: não vivo em um mundo de faz de conta, vivo no meu mundo de faz de conta, se quer saber, isso tem muita diferença.
🕛 Seja o seu próprio investimento, você não é uma Maria gasolina.
🕛 O mundo não é feito para quem usa salto plataforma, pois, a vida não é feita para te deixar confortável ou em equilíbrio.
🕛 Parabéns, você ganhou uma nova oportunidade, agora estrague tudo como da outra vez. Não esqueça, vejo surpresas no seu futuro.
Tenho certeza de que nesse momento, todas pararam para ter um minuto de reflexão. Realmente, isso foi esquisito, muito estanho.
Não estregue tudo como a outra vez — O que será que pode ter acontecido? Será que é alguma forma de aviso das minhas loucuras antes da amnésia ou estou tão louca a ponto de começar a acreditar em um livro sem embasamento científico nenhum?
Contudo, meus pensamentos foram interrompidos pelo soar do celular, trazendo-me a existência de um ser assim que visualizo o remetente da chamada.
— Preciso que me encontre no restaurante indiano amanhã ao meio-dia para uma conferência com alguns empresários do setor tecnológico do nosso estado. Vou te passar o endereço... — Nesse momento meu sangue ferveu, tanto que nem o deixei continuar a falar.
Filho de uma mãe, como pôde vir com esses pedidos após me deixar abandonada? E ainda por cima, o bode nem formulou um pedido de desculpa.
— Perdão, mas não terei como. Infelizmente tenho um psicólogo amanhã entre o final da manhã e o início da tarde. Preciso tratar o trauma que adquiri hoje. — Sem ser redundante desliguei a chamada na cara dele, trazendo uma tranquilidade ao meu coração, ao qual durou apenas um minuto, pois logo veio o medo em ser demitida, já que estava começando a planejar os futuros investimentos para o dinheiro.
Caminhei apressadamente até o quarto, enquanto ouvia os comentários de Alda em relação aos pensamentos errôneos de Nora com seu suposto livro mágico.
Porcaria! Céus, onde eu estava com a cabeça para responder aquilo.
Disco os números iniciais para uma ligação gratuita efetuando novamente a chamada. O que foi? Não me olhem espantados, só recarrego quando o número está prestes a ser bloqueado.
— Desculpe... — Essas palavras saíram falhadas.
— Sim? Ele está no banho, pode ligar mais tarde? — Ouvi outra voz que não era a de Mark, mas assemelhava-se ao tom vocálico de uma criança.
— Perdão, com quem falo? — perguntei, pois, me recordei que Mark disse que não mora com ninguém, então, por qual motivo um menino atendeu a ligação?
— Creio que isso não seja da sua conta. — E encerrou a chamada.
Credo, deve ser da família, só pode. Olhei para o aparelho em resignação.
— Rosa, não esqueça, amanhã você deve se levantar da cama com pensamentos positivos. Tenho o pressentimento que coisas boas viram — disse Nora enquanto estou no quarto, completamente debruçada sobre a cama.
— Espero que essa maré de sorte na minha vida sem dinheiro acabe, pois, com a dívida que fiz hoje tenho certeza de que vou à falência. — Esbocei uma reação quase em lamento.
— Olhe pelo lado positivo. — Aproximou-se com um sorriso estampado no rosto. — Esse será um bom pretexto para você conversar com seu chefe, quem sabe ele... — Arregalou os olhos se abanado, como si pensasse em algo sensual.
— Bati na madeira. Não fale isso, nem em mil anos terei algum relacionamento com alguém do meu trabalho, principalmente o dono da empresa. E se isso ousar acontecer, pode me prender de pernas para o ar em uma cadeira e mandar um bode cagar em mim — expressei com toda a firmeza do mundo, convicta das minhas palavras.
Ela apenas me encarou dubitativa e terminou a conversa.
Por fim, suspirei pesadamente e arranjei algo para matar a minha fome, tendo em vista que estou com preguiça até para respirar.
Quando finalmente estou acomodada na cama para ter o meu sono da beleza — algo que preciso urgentemente adquirir, ô céus! Por que não sou como as mocinhas dos livros de romances? Loiras ou ruivas, com rostos angelicais que até mesmo dá pena em dizer um não. Em vez disso nasci assim, normal.
Em meio a esses devaneios, quando estou prestes a ter o meu sono dos deuses, Nora fala comigo para tirar a minha paz.
— Não sei o motivo, mas no dia do seu acidente. Alguém da sua família apareceu, mas partiu assim que soube o seu estado. Mas, não conseguimos o contato da pessoa para informar a sua melhora — sussurrou abraçando-se a mim como se eu fosse um travesseiro.
O que essa maluca pronunciou? — pensei após ouvir a sua fala sonolenta, trazendo perturbações ao meu subconsciente.
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DO CAPÍTULO.
PS: SE VOCÊS QUISEREM POSSO POSTAR OUTRO CAPÍTULO AMANHÃ PARA COMPENSAR ESSA SEMANA EM FALTA.
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