Capítulo 14

Assim que cheguei no hospital andei em direção a recepção, enfim, quando tudo foi resolvido me apressei em visitar o quarto em que Oliver está alojado.

Entrei no cômodo com uma cama hospitalar bem pavimentada no centro do pequeno quarto, sem nenhum enfeite adicional, apenas com alguns pequenos armários de ferro pintado de branco, com uma TV pequena pregada na parede do lado direito da porta de entrada. Pelo visto o quarto tenta trazer uma comodidade ao paciente, mesmo sendo impossível por ser um lugar nenhum pouco agradável para qualquer pessoa.

Nem ao menos tive tempo de cumprimentar meu sobrinho, pois fui cortada por Fiona que caminhou apressadamente em direção a Oliver para abraçá-lo enquanto o menino lê algum panfleto.

Respirei fundo e tentei me acalmar, afinal de contas, é minha mãe. Mesmo ela sendo extremamente insuportável, por que Deus? Por quê? Enquanto sinto o drama me alcançar, Mark me puxa pelo braço para fora do quarto.

— Seu idiota. — Dei um tapa no antebraço dele. — Como você pôde fazer isso comigo? — Bati mais uma vez. — Você está vendo aquela bruxa? Ela quer me comer viva e você ainda faz isso comigo, por quê? — Passei a mão no rosto de forma exasperada e tentei respirar profundamente.

— Olhe pelo lado positivo — falou como se fosse óbvio.

Arquei uma sobrancelha em sua direção e puxei o canto direito da boca em sinal de descrença.

— É a sua chance de me conquistar — disse como se fosse a maior verdade do mundo.

— Não estou ouvindo o que você está falando. — Tapei os ouvidos em sintonia com meu palavreado. — O que você tem a ver com Oliver em um hospital? — Tenho certeza que nesta hora Rochelle de todo mundo odeia o Chris baixou em mim como se fosse em um passe de mágica.

Fingi que as suas palavras não foram dirigidas a minha pessoa, mas sim, a um duende do papai Noel, pois este comprovou que ele não é um bom garoto, por isso merece ser punido.

— A sua conquista em relação a minha pessoa, já que amo uma mãe solteira com distúrbio de princesa no país das maravilhas. Tanto que alegraria ainda mais a minha imaginação se estivesse vestida de enfermeira. Isso vai ser perfeito, só falta a senhorita se vestir para realizar a minha fantasia. — Em cada palavra seus olhos brilham em animação.

Sinceramente, alguém de vocês ouviu ele respondendo a minha pergunta? Ok, vou ser realista, em que buraco me meti? O que esse ser está fantasiando dessa vez? Porque da última vez que ouvi as suas loucuras terminamos casados com a promessa de nos divorciarmos a meia-noite. Algo que não tenho a mínima ideia de quando será, já que este resolveu esconder qual dia seria a tal meia-noite. Agora, ainda por cima ele me vem com a palavra amor, termo que tenho a certeza da inexistência entre nós.

E que amor é esse? Será o destino tentando nus unir? — Não Bela, não seja ingênua, pois ele só tem a intenção de te comer. — Mente deprava, pare de colocar pensamentos insanos no meu subconsciente. — Você estava na faze da negação no parágrafo passado, agora está na faze da burrice? Não entendi essa mudança. — Eu sei que essa fala é mais uma sacada dele para não me ver fugindo daqui, algo que deveria fazer desde que o vi.

Vou jogar a real, não sei se estou casada com um psicopata ou com alguém que pensa que o mundo gira ao seu redor. Merda, em que buraco fui me meter — sei, já falei isso —, mas... isso não é possível!!!

Enquanto estou com os parafusos soltos, tentando ao menos encaixar na minha pobre cabecinha nessas maluquices ditas, o médico chega com sua prancheta em mãos.

Assim que adentramos o quarto ele começa a falar:

— Quem é a responsável pelo paciente? — O doutor pergunta.

Ao mesmo tempo eu e minha mãe levantamos a mão, como era o esperado.

— Senhora Rosa Vermelha. — Leu o nome em sua prancheta.

Levantei novamente a minha mão em afirmação, enquanto uma Fiona me encara contrariada.

— Não se preocupem, não foi nada extremo. Ele apenas teve uma reação alérgica ao componente calórico do sorvete de pistache. Após o soro ele estará liberado. — Feito isso ele me entregou uma ficha com os componentes da reação alérgica e saiu do quarto.

Enquanto suspiro aliviada decido sair para ter um momento de tranquilidade enquanto Oliver não recebe alta.

Caminho de forma sossegada até a recepção do Hospital e me sento em um dos bancos acomodados ali, de forma que me sentisse relaxada e a vontade para divagar em pensamentos.

Aproveito o momento de sossego e observo as pessoas passando. É certo que este é um lugar em que a maioria das pessoas jamais desejou estar, é horrível. Um local totalmente branco e sem vida, mesmo sendo um hospital particular e bem caro por sinal.

Ainda meia desconexa observo o filme que passa na TV e nesse momento sou levada aos sonhos, no submundo do meu passado.

— Você sabe o que é estar apaixonada? — Caleb perguntou parecendo nervoso.

Sei, claro que sei. É o que eu sinto por você neste momento, são como borboletas no meu estômago que desconfio que sejam as lombrigas dos famosos filmes de romance.

Em mais um dia na universidade, estou mais uma vez comendo com meu melhor amigo. Conheci ele no primeiro semestre, mas estamos tão próximos que posso afirmar a nossa conexão de almas. — Da sua parte é claro. — Meu subconsciente fez questão em se intrometer na minha narração. Continuando... Agora estamos no parque do campus II, enquanto aguardo ansiosamente a sua declaração.

Sei que vocês devem estar confusos, né? Mas estou perto de receber uma confissão de amor. Sério! Não esperava por isso, mas sou apaixonada por Caleb há quatro semestres, ou seja, desde o momento em que nos conhecemos. E agora, nesse minuto é o dia da minha conquista. Aaaaííí!!!

— Sei... — disse em meio a delírios. Com uma voz embargada pela emoção do momento já que finalmente, depois de 3 tentativas de namoros frustrados, esse finalmente dará certo. Por isso existe um ditado que fala: "A guerra é para os valentes". E não tem palavra melhor que me defina.

Nesse momento meus lábios já estão fazendo biquinho, afinal de contas, foram dois anos de ânsia, chega minha boca está rachada por não ter os seus lábios nos meus. Quando finalmente o meu corpo está indo ao encontro do seu ouço o primeiro "A" é como música para os meus ouvidos. Em meio ao jardim da universidade Oeste estamos tendo o nosso primeiro contato romântico.

As flores já estão florescendo em euforia, afinal, é hoje... é hoje... que desencalho. Foram dois anos de espera desde o meu último relacionamento "fantasioso", não me perguntem a explicação desse fato para esse maravilhoso momento.

Quando estou prestes a agarrá-lo... Ouço:

— Amo a sua irmã, você pode me ajudar a conquistá-la — disse sorrindo, como se fosse a maior verdade do mundo.

Sinceramente estou sem palavras e envergonhada, pois estou em uma posição nada agradável quase caindo por cima dele, com as pessoas nos olhando esquisito, se perguntando: "por que essa maluca está assim?". Oh raiva miserável.

Com esse pesadelo acabei acordando de supetão totalmente assustada e nostálgica. Ainda com o coração na mão pela decepção. Até hoje não consigo acreditar que ajudei o amor da minha vida, ao qual eu estava apaixonada havia 2 anos, a conquistar minha irmã. Para depois não ser nem a madrinha do casamento, perfeito! Sei, sou uma trouxa com T maiúsculo. Na verdade, não acredito que isso aconteceu comigo, enfim, foi a quarta decepção amorosa e depois dessa vieram mais oito e a vida segue o barco.

— Vamos para a pizzaria!!! — disse Oliver quando apareceu de surpresa na minha frente.

— Quem disse isso? — perguntei horrorizada, afinal de contas, o que uma criança que acabou de sair de um hospital quer fazer em uma pizzaria?

— Seu marido — respondeu como se não fosse nada.

— Não. — Nem fiz a mínima questão em argumentar, esbanjei uma afirmação curta e reta.

— Mas... — fez dengo.

— Rosa não seja tão dura com a criança. — Mamãe deu uma de meiga. — Não se preocupe, você comerá a maior pizza. — Levou o menino em direção a saída, me deixando com a cara de taxo no local.

Viu? É essa a recompensa das mulheres santas e imaculadas que sonham com o amor, o que elas recebem? Predadas! — Desde quando você é santa e imaculada? — Silêncio, não pedi divulgação da minha vida particular.

— Alivia essa cara, está parecendo que comeu um gambá. — Mark soltou mais uma de suas farpas.

O encarei e este foi saindo de fininho enquanto o seguia atrás.

E agora estamos em uma pizzaria ao ar livre, ao que parece famosa na cidade. No momento estou sentada em uma toalha xadrez colocada no chão como se estivéssemos em um piquenique, enquanto mamãe está brincando com Oliver em um parquinho aqui perto. Pelo visto ele esqueceu da mãe por um tempo com a visita da avó, por que ele não consegue ficar assim comigo? — Porque você não o visitava e ficava de implicância com a mãe dele. — Meu subconsciente fez questão em marcar presença.

— Tome, tente tirar essa cara de limão-azedo chorão. — Mark que se encontra sentado ao meu lado me concedeu uma fatia da pizza de calabresa.

Peguei e mordi com vontade, tendo milhares de sabores no meu estômago. Esse sabor não é o meu favorito, mas realmente está ótima.

— Preciso confessar uma coisa. Estou apaixonada. — Comentei meia aérea.

— Sério? Quer dizer... já? — perguntou parecendo surpreso e... aliviado?

— Verdade, você já reparou no sabor dessa pizza? Está uma maravilha, me apaixonei. — disse degustando cada sabor.

Esquisito, nessa hora pude realmente ver a decepção em seus olhos. Ei! Não me levem a mal, ele não está e nem parece apaixonado, porém de uma coisa tenho certeza, o que aparenta é o seu desejo em que eu esteja apaixonada por ele. Não estou me exibindo, é realmente uma constatação, mas por quê? Preciso perguntar a alguém.

— O que foi? — o encarei ainda em confusão, não entendo a sua mirada cravada em mim.

— Você é estranha. — Seus olhos me avaliaram.

Fiquei sem graça, mesmo assim retribuir o olhar. — Isso não é algo que se diz a uma mulher Mark, ainda mais quando você está tentando fazer com que está pessoa se apaixone por você.

A sua postura de imperador Celta vacilou após a minha constatação, e uma sombra de interrogação pairou em seu semblante.

— Ahm.. Não foi isso que quis dizer... Bom, na verdade foi... mas é um estranho bom, entende? E não quero que se apaixone por mim. — Passou a mão pelos fios sedosos de maneira alvoraçada como se estivesse com receio pelas palavras ditas.

Sorrir o encarando e foquei minha atenção na minha mãe e sobrinho brincando, pairando em meu coração a dúvida se um dia ficarei assim com a criança.

— Sei quem eu sou, não precisa se justificar. — Minha voz soou calma e condensada, algo que normalmente não acontece.

— Realmente, acho você um estranho bom. É diferente... gosto disso.

Terminou de falar voltando sua atenção para as pessoas no parque, mas estranhamente conseguir ouvir às duas últimas palavras. E erroneamente isso me encantou. Mark o que você quer de mim? Acho que não seria um sacrifício fazer qualquer mulher se apaixonar por você, mas por que logo eu? 

"Olá, espero que gostem do capítulo. E não esqueçam de votar. Beijos..."

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