MENTES SOMBRIAS - com Burckhart

Texto de Neide-Costa

A 7 de Outubro de 2019, na cidade de Rainport, nove pessoas foram mortas a tiro numa reunião de um grupo de apoio a jovens que sofreram de violência doméstica. As nove vítimas foram alinhadas à parede e baleadas por ordem, sendo que a primeira pessoa levou três tiros e a última levou doze tiros.
O número de tiros era a única indicação que ligava a mais dois crimes que aconteceram a 7 de agosto e a 7 de setembro do mesmo ano. A psicóloga Elizabeth Colton, conseguiu sobreviver durante três horas e numa tentativa de descobrir mais informações o detetive Burkhart conseguiu interroga-la, mas o resultado não foi positivo. À pergunta "Consegue descrever o agressor?", a vítima respondeu "Não sei do que está a falar. Não fui baleada". Na verdade, ela foi baleada doze vezes. Sem outra alternativa, o detetive em serviço é obrigado a chamar a Unidade de Analise Comportamental para ajudar a resolver o caso.

I

- Desde agosto deste ano que todos os meses uma pessoa é assassinada a tiro, mais especificamente, no dia 7 de cada mês – disse Eliza, mudando a imagem do ecrã gigante. A fotografia em questão mostrava uma jovem, que não poderia ter mais do que vinte anos, deitada numa cama de solteiro. O sangue da jovem, que escorria pela testa e pelo peito, ensopava os cobertos da cama, transformando o que um dia fora azul em vermelho.

A sala que fora disponibilizada pelo departamento de polícia de Rainport não era muito espaçosa, mas tinha tudo o que era necessário para a Unidade de Analise Comportamental trabalhar. Reed, como chefe de equipa, pendurava as últimas fotografias das vítimas num quadro, enquanto os restantes três membros do grupo davam toda a sua atenção à explicação da analista técnica.

- Em agosto, Sean Scott de 27 anos, foi assassinado no apartamento da namorada, com um tiro na cabeça. Em setembro, Margaret Breener de 22 anos, foi assassinada no dormitório escolar com dois tiros. O primeiro na cabeça e o segundo no peito.

Thomas puxou levemente a cadeira para trás, de modo a poder espreitar pela porta de vidro. Esperava que o detetive Burckhart se juntasse à reunião, contudo, este parecia muito ocupado a berrar alguma coisa ao telefone.

Abanando ritmicamente uma caneta entre os dedos, voltou a chegar a cadeira para a frente e prendeu o olhar nas fotografias que se espalhava na sua mesa. Como cientista forense, Thomas preferia analisar o crime no local em que ocorrera em vez de fotografias. Precisava que o detetive o acompanhasse até à cena do crime para poder tirar conclusões próprias.

- De acordo com a informação passada pelo detetive Burckhart, o agressor encontra a vítima no local em que ela se sente mais confortável – disse Reed, sentando-se perto do cientista forense.

- Isso significa que o agressor conhece as suas vítimas. Ele estudou os seus hábitos e sabe onde elas se sentem bem – balbuciou John Rawson, tirando os pés de cima da secretária e pousando o cubo mágico, com que brincava descontraidamente. – Isso leva-nos à pergunta mais importante. O que é que estes crimes têm em comum?

- Inicialmente, nada. Porém, ontem foi dia 7 de outubro – respondeu Elize, clicando mais uma vez no comando de modo a mudar o conteúdo do ecrã.

As fotografias dos crimes iam mudando até parar numa imagem que ocupava a totalidade do ecrã. Numa sala, estavam oito corpos mortos alinhados a uma parede de madeira.

-Na noite passada, por volta das 21:00h, nove pessoas foram mortas a tiro numa reunião de um grupo de apoio a jovens que sofreram violência doméstica – continuou Reed. – Oito pessoas entre os dezassete anos e os vinte e nove, morreram no local. A organizadora do grupo, e psicóloga, Elizabeth Colton morreu três horas depois do ataque.

- O suspeito, passou de uma única vítima para nove? – perguntou a agente Allyson Hart, sentada em cima da mesa a poucos centímetros de John. – Têm a certeza que é o mesmo Suspeito?

- Absoluta– respondeu firmemente Reed. – Não só foi cometido no dia 7, como podemos dizer em que ordem é que as vítimas morreram pelo número de tiros. A primeira vítima foi baleada uma vez. A sua segunda vítima foi baleada duas vezes... ontem a contagem começou com três tiros e terminou em onze.

- Como é que uma pessoa conseguiu sobreviver três horas depois disso? – Ally tentou ler a análise médica da Srª Colton, mas eram duas páginas de texto médico.

- Elizabeth Colton foi baleada onze vezes, e morreu de hemorragia interna. Contudo, nenhum dos tiros foi fatal. – respondeu rapidamente Thomas. O seu conhecimento em medicina sempre lhe dava um avanço em relação aos outros membros de equipa. - As outras vítimas foram baleadas na cabeça, sem exceção. Porém, os ferimentos de Elizabeth Colton resume-se às pernas, braços e abdómen.

- Então temos uma descrição do Suspeito? –questionou Ally rapidamente.

- Não – disse Reed, levantando uma folha da sua prancheta. - No hospital, quando o detetive Burckhart lhe perguntou quem era o suspeito ela respondeu, e passo a citar, "Não sei do que está a falar. Não fui baleada".

- Muito provavelmente ela estava em choque – propôs Thomas.

Uns segundos de silêncio invadiram a sala. Ally olhava para as fotografias no seu colo com os olhos semicerrados e uma pequena ruga na testa.

- Só estão oito pessoas na parede. Onde está a nona? – perguntou a agente sem tirar os olhos das fotografias do crime.

- Quando a polícia chegou ao local, todas estavam em linha menos Elizabeth Colton – retorquiu Reed.

- O Suspeito teria de dar atenção a Elizabeth e às outras oito pessoas... de uma só vez... é possível que seja mais do que um Suspeito? – sugeriu Ally mudando a sua atenção para Eliza.

- Até agora nada indica mais do que uma pessoa...- respondeu Eliza, hesitantemente. -Temos de levar em conta que o Suspeito tinha uma arma de fogo. Isso poderia ter intimidado as vítimas.

- Possivelmente, o Suspeito fez parte do exército, é bastante organizado e meticuloso. Ele sabe o que está a fazer – murmurou Thomas, mais para si mesmo do que para os seus companheiros.

- Onde estava, Elizabeth? – perguntou John, voltando ao assunto anterior.

Eliza mudou de novo a imagem no ecrã. Um círculo de cadeiras encontrava-se no centro da sala. Uma delas estava partida, enquanto outra estava coberta de sangue. John deduziu imediatamente, que aquele era o local em Elizabeth tinha estado.

- A vítima estava sentada numa cadeira, no círculo de reunião. Naquela posição, era incapaz de ver a parede em que o massacre aconteceu.

Thomas fez um barulho de concordância com a garganta, e rabiscou qualquer coisa numa das suas fotografias.

- Recapitulando... – falou Reed, chamando a atenção de todos. - O Suspeito estuda as suas vítimas e cria planos meticulosos, de modo a poder matá-las no dia 7 de cada mês. Contudo, ontem mudou de tática, matando nove pessoas de uma vez.

- O dia e o número de tiros são as únicas coisas que juntam estes crimes... -balbuciou John. -Sendo assim, sabemos como ele trata as suas vítimas. Mas como é que ele as seleciona? Se tudo é planeado qual é o critério que o leva a escolher uma determinada vítima?

- É algo que ainda teremos de descobrir- rebateu Reed. - Ficarei aqui com Elize para uma segunda análise dos crimes dos meses passados. Enquanto isso, Thomas e o Detetive Burckhart irão visitar a cena do crime. John e Ally irão visitar a casa de Joshua Colton, o marido de Elizabeth.

II

- Quem é? – perguntou uma voz masculina do outro lado da porta.

Ally levantou o distintivo permitindo que Joshua Colton visse que eles eram da polícia pelo olho mágico.

- Srº Colton, por favor abra a porta, fomos enviados pelo detetive Burkhard – respondeu calmamente John.

Um clique de uma fechadura a destrancar antecedeu a porta a abrir-se. Um homem nos seus trinta anos, estava do outro lado. Não escondia os olhos vermelhos, provavelmente de chorar, porém, tudo o resto estava impecável como se nada tivesse acontecido. A sua roupa fora engomada e o seu cabelo castanho bem penteado.

- O Detetive Burkhard disse que viriam. Entrem! - Joshua abriu espaço para os dois agentes poderem entrar e fechou a porta atrás deles. -Desculpem pela precaução, mas não me tenho sentido bem para receber visitas, principalmente de jornalistas – o Senhor Colton passou pelos agentes e fez sinal com o braço para eles entrarem na porta à direita. – Por este lado.

Seguindo as direções de Joshua, Ally e John entraram na sala de estar. Os Colton viviam num apartamento de classe media, mas o investimento na decoração de interior era bastante elevado. A luz que entrava pela janela dava um ar angelical ao branco da sala, e o verde das plantas oferecia uma grande sensação de paz.

John levantou uma sobrancelha. A junção das cores com as plantas e a posição dos sofás em volta de uma lareira apagada fazia-o lembrar um consultório de psicologia.

- Nós viemos para fazer algumas perguntas- falou Ally.

- A polícia já me fez perguntas, respondi tudo da melhor maneira possível.

- As nossas perguntas serão um pouco diferentes. Nós estamos aqui para saber um pouco mais sobre a sua mulher e sobre o grupo de apoio. Se soubermos porque o assassino os escolheu, ficamos um passo mais perto de descobrir quem é.

- Claro, farei tudo o que for preciso para ajudar. Por favor, sentem-se - disse Joshua indicando o sofá.

Os agentes sentaram-se, enquanto John continuava a analisar o apartamento, Ally não tirava os olhos de Joshua, que se sentou no sofá do lado oposto da mesa de centro.

- Entendemos que ontem era o aniversário do seu pai – antes de saírem da estação da polícia, Reed explicara aos dois agentes que havia uma testemunha que dizia ter falado com Joshua no cemitério.

- Foi Elizabeth que me levou até ao cemitério, quinze minutos antes das oito da noite. Ultimamente, o meu carro tem tido problemas.

- Quanto tempo costuma a Elisabeth demorar numa reunião? – perguntou John, finalmente olhando para o homem à sua frente.

- Depende muito- Joshua encolheu os ombros. – Acredito que... às vezes demora uma hora, outras vezes mais. Também sei que após a reunião eles juntam-se para comer alguma coisa...

Ally assentiu afirmativamente e juntou as mãos no colo.

- Estamos a ter alguma dificuldade em saber a identidade das vítimas, tendo em conta que é um grupo de apoio anónimo – explicou John. - Até agora, conseguimos identificar quatro pessoas, entre as quais está a sua mulher.

Ally tirou do bolso um saco de evidência, com um cartão manchado de sangue. E pousou-o em cima da mesa de centro.

- Esse é o cartão de visitas da minha mulher...

Ally concordou mais uma vez e fez um sinal com a mão permitindo que Joshua pegasse no cartão, mas este recusou.

- Nós gostaríamos de saber se o senhor tinha algum contato direto com os membros do grupo de apoio.

- Sim, claro que tinha. Principalmente durante as festividades... Não sei se sabem, mas eu sou fotografo... e... e cada vez que festejam um aniversário ou uma festividade do ano, Elizabeth chama-me para ir tirar fotografias... - gaguejou Joshua em resposta.

Ally e John cruzaram o olhar pela primeira vez deste que chegaram aquela sala.

- Então o senhor tem fotografias do grupo? – perguntou John chegando-se um pouco à frente no sofá. – E não pensou em mostrar nenhuma delas à polícia?

- Nunca me passou pela cabeça que a polícia pudesse precisar das fotografias que tirei... - as bochechas de Joshua começaram a ficar um pouco vermelhas. – Querem vê-las agora? Posso as ir buscar num instante. Revelei à dois dias as fotografias do aniversário da Sophie.

- Se for possível ver agora – disse John entre dentes.

O Sr. Colton assentiu positivamente e, passando as palmas das mãos nas calças de ganga, levantou-se.

- Tenho tudo aqui, na minha sala de fotografia – o homem saiu da sala de estar entrando no corredor.

Ally e John cruzaram o olhar mais uma vez.

- Esta sala dá-me arrepios – sussurrou John. – Parece que eles criaram aqui o seu próprio consultório.

- Isso não faz muito sentido – rebateu Ally. – Elizabeth trabalha para uma clínica de Psicologia no fundo da rua, para que ela queria ter um consultório na sua sala de estar? Provavelmente é só uma coincidência.

- Nestes casos nada é por coincidência – discordou John, virando-se para ver Joshua regressar à sala de estar com um envelope cinzento A4.

- Aqui tem as fotografias. Trouxe somente as do aniversário da Sophie, mas se precisarem das outras também poderei disponibilizar – falou Joshua tristemente. – Tudo para ajudar a resolver esta situação.

Ally levantou uma sobrancelha para a frase de Joshua. Ele não pretendia apanhar o criminoso, pretendia resolver a situação. Isso não soava muito amoroso em relação à mulher.

Por outro lado, John pegou no envelope e abriu, dividindo algumas fotografias para Ally poder ver.

O agente conseguia identificar a maioria das pessoas que estavam nas imagens, reconhecendo-as das fotografias projetadas por Elize. Virando estas ao contrário poderia ver legendas em todas.

Sophie. Martin. Carlos.

- O senhor identifica todas as pessoas nas fotografias? – perguntou, acreditando que aquelas imagens e devidas legendas iriam facilitar imenso o trabalho à sua equipa.

- Sim, para mim fotografias em papel são como as redes sociais para os jovens- riu Joshua remexendo-se no seu lugar e passando as palmas das mãos nas calças.

Ally analisou as fotografias com toda a atenção, até que cutucou John no braço.

- Lembras-te desta pessoa? – perguntou apontando com o dedo mindinho para um homem baixo e gorducho que levantava um copo branco. – Não me lembro de o ver nas fotos dos relatórios.

- Não o reconheço – concordou o agente. A informação naquelas fotografias era realmente preciosa. - Vou avisar Reed, que nem todos os membros do grupo estavam presentes ontem.

Ally concordou com um leve som, sem tirar os olhos das diferentes fotografias, enquanto John acenou para Joshua e saiu para o corredor tirando o telemóvel do bolso das calças.

- Nestas fotografias estão doze pessoas. Ontem foram encontrados nove – comentou Ally pousando algumas em cima da mesa. – É normal que os números do grupo divergissem?

-Qualquer pessoa pode entrar e sair do grupo de apoio...

A agente suspirou pesadamente. O caso em questão era complicado, qualquer pessoa poderia ser o Suspeito Principal. Os três elementos que não estiveram na reunião a 7 de outubro são os únicos suspeitos dos quais existe nome.

- Teremos de levar estas fotografias. Uma equipa da polícia irá passar aqui mais tarde para as recolher.

Joshua concordou prontamente, observando Ally empilhar a fotografias e colocá-las novamente no envelope.

John regressou à sala ainda a desligar a chamada.

- Está na hora de irmos – disse a agente levantando-se. Joshua também se levantou prontamente passando mais uma vez as palmas das mãos nas calças. – A sua ajuda foi muito importante.

Joshua guiou os agentes até a porta a despediram-se com cumprimentos simpáticos e a total disponibilidade do Sr. Colton em ajudar.

A dupla desceu calmamente a escadaria do apartamento, de modo a poderem regressar ao jipe que os esperava no exterior. John esperou que já estivessem no segundo andar para partilhar a informação que tinha recebido ao telefone.

- Falei com Reed e ele estive a analisar as vítimas, chegou a mais uma conclusão – Ally permaneceu em silencio, dando completa atenção a John. – Todas as vítimas tinham problemas familiares, ou mais especificamente problemas com o pai.

III

Os gritos do detetive Burckhard podiam ser ouvidos do lado de fora do gabinete.

- Ninguém fala com a imprensa a não ser eu. Esta investigação é minha, este problema é meu. Consegues entender isso? Dizeres à imprensa o que tu achas que está certo, só irá arranjar problemas.

Ally conseguia ver o detetive numa forte discussão com um polícia de uniforme que tentava manter a compostura.

- Autch. Alguém andou a falar o que não deveria – disse John. -A Elize e o Reed devem estar furiosos com isso.

Os dois agentes, passaram por várias mesas ocupadas por agentes ao telefone ou ao computador, antes de entrarem na sala de investigação.

Há uma semana que nada era acrescentado ao quadro das vítimas.

Elize estava sentada na mesa no canto da sala, mexendo furiosamente no computador e olhando para os dois ecrãs com máxima atenção.

Os agentes recém-chegados ao local de trabalho murmuraram um "Bom Dia". Ally pousou a sua bolsa numa das cadeiras vazias e encostou-se à mesa redonda para poder olhar para os quadros.

- Irei fazer uma chamada geral – resmungou Elize, sem tirar os olhos do seu trabalho.

Poucos segundos depois, a coluna de som, em cima da mesa, piscou a verde e a voz de Thomas cumprimentou a equipa.

- Como vai o trabalho na Esquadra?

- Ainda não evoluiu – respondeu Ally suspirando pesadamente.

-Pelo menos temos até ao dia 7 de setembro para descobrir o que se passou – falou Thomas tentando ser positivo.

- Não sei se podemos contar com isso. Este Suspeito tem instintos de matar. Pode ainda não o saber, mas a qualquer momento pode decidir matar outra vez. - falou Reed pela primeira vez na chamada.

John levantou as sobrancelhas num sinal de "tinhas razão" para Ally. Tanto Elize como Reed estavam extremamente furiosos.

- Onde estão hoje? – perguntou Ally.

- Estou com o detetive Burkhart a caminho da casa dos pais de Carlos Varela. – responde Thomas.

Reed por outro lado demorou a responder.

- Vou resolver os problemas que o Agente Carter criou com a Imprensa. Tu e John ficarão na Esquadra. Revejam toda a informação dos suspeitos.

Com o final da sua frase, Reed desligou a chamada.

- Wow, isso está mau- sussurrou Thomas. – Acabamos de chegar. Bye.

A coluna emitiu um "bipe" avisando que a chamada tinha terminado. John juntou-se a Ally na mesa redonda, com uma pilha de arquivos.

A manhã, passou com os agentes relendo arquivos e olhando para fotografias. A certa altura, receberam as informações de Thomas sobre Carlos Varela, e apesar da grande tristeza da mãe da vítima, não havia nenhuma novidade para acrescentar.

- E se... a Doutora Colton não estivesse sentada por causa das ameaças? -murmurou John calmamente. – O Suspeito cuidou tão bem das primeiras duas vítimas, e o massacre foi tão violento, com exceção de Elizabeth. E se ela fosse a verdadeira vítima?

- Elizabeth não tinha nenhum problema com o pai.

- Porém apoiava os jovens na posição de contrariar os pais.

- Estás a dizer que o suspeito queria cortar o mal pela raiz. Contudo, isso não é o seu comportamento habitual.

- Matar tanta gente de uma só vez também não era o seu comportamento habitual. Contudo, cuidar bem da vitimas é...

Os arquivos estavam totalmente espalhados pela mesa e John mastigava descontraidamente uma pastilha, irritando um pouco Elize.

- Elize já imprimiste os registos bancários de Margaret Brenner? – perguntou Ally.

- Estão na impressora.

Com um imporão na sua cadeira, Ally deixou-se rolar até a impressora, da qual tirou um papel. Distraidamente começou a ler os registos bancários.

- Se conseguires encontrar algo que os computadores de Elize não encontraram, pago o jantar. – desafiou John. – Alguma coisa importante?

- Margaret gostava muito de pizza – falou Ally revirando os olhos. – FotoC parece-me familiar.

- FotoC, é a pequena empresa de Joshua – respondeu John, tirando o olhar do quadro.

- Margaret Brenner teve contacto com FotoC, três semanas antes de ser assassinada.

Elize levantou tirou os olhos do computador para olhar para Ally.

- Existe algo que ligue Sean Scott à família Colton? – perguntou John.

A assistente técnica voltou-se para o seu computador. Não demorou três minutos para devolver uma resposta.

- Sean vivia a dois quarteirões do estabelecimento do FotoC, e teve uma consulta com Elizabeth há dois anos.

- Todos os membros do grupo de apoio já tinham estado com Joshua em festas... - declarou John.

-Esta teoria dá outro significado às palavras de Elizabeth - declarou Elize. - Quando ela disse que não foi baleada, ela poderia estar a proteger o marido.

Ally sorriu maliciosamente para John.

- Hoje jantamos Italiano- festejou Ally.

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Em menos de vinte minutos Elize encontrou a história de vida de Joshua Colton. O seu pai, nascera a sete de outubro de 1963 e morrera aos 35 anos de ataque cardíaco na prisão. Fora acusado e condenado por violência doméstica contra a mulher e o filho. Elizabeth e Joshua conheceram-se quando este marcou consultas de psicologia com ela.

Contudo, a maior pista que a polícia conseguiu encontrar foi um álbum de fotografias repleto de imagens das vítimas, que Joshua escondia na sua sala de fotografia.

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Ally pousou a caneca térmica com o café de John em cima da mesa, e bebeu um pouco do chá na sua caneca. John ajudava Burckhart a arrumar as fotografias e papeis em caixas.

- Isto foi um crime quase perfeito – murmurou Burckhart ao tampar uma caixa de cartão.

- Infelizmente, existem mais crimes deste género, ou piores – retrucou John.

- O que é que se passava na cabeça deste individuo para fazer isto? Até a própria mulher...

Burkhart não tinha coragem de terminar a frase. Contudo, John e Ally continuavam a agir normalmente.

- O pai fez com que Joshua dependesse completamente dele – falou Ally, arrumando alguns papeis.

Burkhard não sabia o que dizer. Nunca se tinha deparado com nenhuma situação do género. Alguém que "idolatrava" o pai mesmo sendo vítima de violência. Alguém capaz de cometer tamanhos crimes em nome do pai.

- Era pura dependência – explicou John, enquanto retirava as últimas fotografias das vítimas do quadro. - Sendo dependente do pai é provável que Joshua se sentisse culpado pela morte do mesmo na prisão. É possível que ele estivesse a dizer: "Antes que os pais destas pessoas morram, morrem os filhos".

- Ele não se parecia nada com um assassino em série – comentou Burkhart.

- Isso é o que o faz ser tão bom no seu trabalho – respondeu casualmente Ally, bebendo um golo do seu chá. 

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