VERDADES CUSPIDAS
DIEGO
Caminhei a passos duros em direção à sala, onde encontrei minha irmã sentada ao lado do meu irmão com a cara mais lavada que já vi. A encarei com seriedade.
— O que foi? — Letícia perguntou, se fazendo de idiota, sim, idiota. Respirei fundo e encarei aquela garota que chamo de irmã. Vi de relance o Erick adentrar a sala e me olhar.
— Eu só vou perguntar uma vez, Letícia Sandrinny, você, por acaso, conhece o irmão do Erick? E melhor, você conhece ele intimamente? — Pergunto com a voz calma, mas com a expressão feroz. Minha irmã olhou para o Erick, o moreno coçou a nunca sem jeito e Letícia fez uma cara de indignação.
— Erick, seu boca grande de uma figa. — Lêh falou acusatória e eu abri a boca desacreditado.
— Foi mal, Lêh. — Erick falou sem graça, nem parece aquele idiota presunçoso que estou acostumado a ver na escola.
— Eu vou te matar. — Falo para minha irmã, sorrindo nervoso, e aquele projeto de gente ergueu a sobrancelha provocativa. — EU VOU TE MATAR, GAROTA! — Grito, correndo na direção da minha irmã que gritou e saiu correndo para o outro lado do sofá. Guilherme revirou os olhos, deu play no filme e começou a assistir sem se importar com Letícia e eu.
— Diego, quer parar de ser idiota? Qual o problema de fazer sexo de vez em quando? Todo mundo transa e, se não, um dia vai. — Ela disse do outro lado do sofá. Aquela filha da minha amada mãe não falou isso, não mesmo.
— Você tem quinze anos, sua retardada. É uma criança. — Falo correndo até ela, mas para minha vergonha, acabei escorregando e quase me quebrei no chão. Sim, quase, porque antes que eu atingisse o chão, senti braços fortes me envolverem.
As cenas a seguir são constrangedoras, para dizer o mínimo. Escorreguei feio no piso liso da minha casa, eu teria me quebrado todo se não fosse pela agilidade e força do meu algoz indireto ou pode ser direto mesmo.
Eu preferiria ter caído e me quebrado todo do que ter que passar por aquilo na frente dos meus irmãos, eles irão encher meu saco por conta daquilo.
Deixe-me explicar, assim que escorreguei, Erick foi ágil o suficiente para me segurar pela cintura e passar seu braços por baixo do meu pescoço. Até aí, beleza. Quer dizer, nem tão beleza assim porque as nossas posições já eram constrangedoras. Mas o seu ato não foi o suficiente para parar a minha queda, no máximo diminuiu o impacto.
Porém, por puro instinto, agarrei sua camiseta pela gola e o puxei junto comigo, e caímos ambos no chão. O braço de Erick embaixo do meu pescoço impediu que eu batesse a cabeça no piso, porém, agora a pior parte, Erick caiu por cima de mim, tipo literalmente.
E para a humilhação ser pior, nossos rostos ficaram muito próximos e, por consequência, nossos lábios se tocaram levemente. Faltou muito pouco para aquilo não ser um selinho, muito pouco mesmo.
Ficamos olhando nos olhos um do outro, nossas respirações batiam em nossos rostos e pude sentir o hálito fresco de Erick, espera, aquilo era menta? O moreno me olhou intensamente, aquele brilho estranho que não consigo decifrar estava em seus olhos castanhos novamente.
— Que tensão sexual, não é mesmo? — Despertei com a voz de Guilherme. Arregalei os olhos e empurrei o moreno de cima de mim. E vi o olhar dos meus irmãos e quis me enterrar vivo.
Eles nunca mais vão me deixar em paz.
Sabe quando você quer simplesmente sumir, quer que um buraco se abra no chão para engolir você vivo e nunca mais sair de lá? Foi exatamente isso o que eu queria que acontecesse, porém, nada disso aconteceu e eu tive que enfrentar os olhares dos meus irmãos. Olhares esses que me fizeram fechar os olhos e suspirar, sabendo que eles não me deixariam esquecer aquilo tão cedo ou nunca.
O silêncio momentâneo que se instalou no ambiente foi interrompido pela risada da minha irmã. Olho, assassino para aquele projeto de ser humano e me coloquei de pé.
— Isso foi culpa sua. Sua pirralha do...
— Não, não e não. Não me culpe pela sua cena romântica e digna de cinema com o Erick. Foi você que caiu sozinho. — Letícia falou com deboche, olhei para Erick, que estava se pondo de pé, e senti minhas bochechas queimarem ao ver o sorriso sacana do moreno.
— Ora, sua ratazana de esgoto. — Falo, me levantando e me preparei para correr atrás dela novamente, mas Erick me segurou pela cintura novamente e o olhei com confusão.
— Deixe sua irmã Diego, só porque você é virgem não quer dizer que todos têm que ser também. — Erick falou provocativo e com aquele sorriso escroto nos lábios. Abri a boca para rebater sua fala, mas Letícia riu em desdém, fazendo o moreno a olhar com o cenho franzido.
— O Diego não é mais virgem nem das portas de baixo, Erick. — Minha irmã disse, cruzando os braços, me olhando provocativa e um sorriso maldoso nos lábios.
Respirei fundo para não soltar Erick e matar aquela garota. Guilherme colocou a mão na boca para não rir.
Erick me olhou surpreso e em choque com a informação dada pela minha irmã, mas logo sua expressão foi tomada por aquela maldita ironia e o sorriso cafajeste tomou seus lábios.
— Deixa ver se eu entendi, você não é mais cabaço, Diego?
Eu não mereço isso, Deus, eu não mereço.
Encarei aquele monstro que diz ser minha irmã mortalmente, se fosse possível, eu a mataria com os olhos. Erick ainda me olhava com uma mistura de choque e incredulidade.
— Espera, você achou mesmo que o Diego era virgem? — Guilherme perguntou ao moreno ao meu lado ao ver a expressão do mesmo. Encarei meu irmão com indignação.
— Bem, o histórico dele condiz. — Erick falou.
Aquilo só poderia ser um pesadelo e dos bem, bem ruins. Revirei os olhos com aquele assunto.
— O histórico que ele mostra para vocês, você quer dizer, porque o verdadeiro Diego é uma cadela no cio. — Letícia disse venenosa, aquela vaca de uma figa. Erick arqueou as sobrancelhas, surpreso e chocado. Acho que nunca vi aquele garoto tão surpreso e chocado como estou vendo agora. Meus irmãos sorriram cúmplices e cerrei os olhos.
— Para que inimigos quando tenho vocês, não é mesmo? — Falo irônico, os olhando com raiva, ambos deram de ombros e falaram em uníssono.
— Irmãos são para essas coisas.
Suspirei para me acalmar e sorri maldoso para os dois traidores. Eles queriam mesmo entrar naquele jogo, então tudo bem. Vamos jogar.
— Já que irmãos são para essas coisas, por que não falar para o irmão do seu ficante para onde você vai com o...
— Mais uma palavra, eu te arranco os olhos. — Letícia falou séria, mas dei de ombros e sorri venenoso. Erick alternava o olhar de mim para minha irmã constantemente.
— Você tem tanta sorte que eu não lembro o nome do seu outro ficante. — Falo inocentemente, só que não, e Letícia me olhou em choque e desacreditada. — Ops! — Exclamo falsamente, pondo a mão na boca como se tivesse falado acidentalmente e sorri maldoso.
— Eu vou te matar, Diego!
Cruzei os braços e sorri vitorioso com a reação de Letícia. Vê-la frustrada após me expor para Erick é gratificante. Minha irmã me olhou ameaçadora e tentou avançar contra mim, porém ergui um dedo, a parando.
— Melhor parar e sentar essa bunda gorda antes que eu "acidentalmente" solte mais algumas coisinhas. — Eu disse com seriedade, minha irmã bufou e sentou a contra gosto ao lado de Gui.
Erick me olhava com um misto de diversão e admiração. Um sorriso discreto estava presente em seus lábios, olhei para ele e ergui as sobrancelhas, questionador.
— Isso é totalmente normal entre eles, cara, você se acostuma. — Meu irmão falou, olhando rapidamente para o Erick ao meu lado e depois voltou os olhos para a TV.
— Espero que sim. — O moreno respondeu com um sorriso cafajeste em minha direção, aquele olhar misterioso estava ali novamente, eu franzi o cenho confuso em sua direção, em retorno, ele ergueu as sobrancelhas estranhamente, o que me fez sentir um leve frio na espinha. O que era aquilo?
— Cadê sua mochila? Veio fazer trabalho sem material nenhum? — Pergunto, me afastando dele e o mesmo fez uma expressão de quem se lembra de algo.
— É mesmo, está no carro. Já volto. — Falou, se retirando meio apressado e suspirei com desânimo.
Aquilo mudava tudo, Erick na minha casa, conhecendo minha irmã e sermos "vizinhos" praticamente mudava tudo o que planejei. Mas se ele pensa que cinco minutos de paz vão mudar tudo que ele fez comigo, ele está muito, muito enganado. Eu nunca esqueci de nada, tudo ainda estava fresco em minha memória, como se fosse ontem que passei por tudo.
— Pronto. — Falou quando voltou, sua mochila estava apoiada em um dos ombros, o olhei seriamente e disse:
— Então vamos fazer logo essa merda.
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