POSTAGEM

DIEGO

Era uma sexta-feira, graças aos céus, o último dia de aula daquela semana, assim que entrei na escola, literalmente, todos que estavam no corredor viraram para me olhar. Franzi o cenho e olhei para trás para ver se alguém estava atrás de mim, mas não. Por que estão todos me olhando? Abaixei a cabeça e continuei a andar.

Os alunos me olhavam e cochichavam. Mas que merda 'tá rolando? Apressei o passo indo para o meu armário e quando cheguei até o meu destino, Nathy me esperava com o celular em mãos. Assim que ela me viu, desencostou do meu armário e me olhou aflita e tive que franzi o cenho em confusão e questionamento.

— Diego, você 'tá legal? — Perguntou nervosa e aquilo estava me deixando desconfiado.

— Tirando que a escola inteira está me olhando e cochichando, estou de boa. Por quê? — Pergunto erguendo uma sobrancelha questionadora na direção dela.

— Então... — Nathy sorriu sem graça e desbloqueou o celular. — Não surta, tudo bem? — Falou, me deixando em alerta.

— O que 'tá rolando? — Pergunto, mas preferia nem ter perguntado porque, quando Nathy virou seu celular em minha direção, senti minha respiração parar, meu coração errar algumas batidas e minha garganta secar.

Arregalei os olhos ao ver, diante de mim, uma postagem no perfil do Instagram oficial do jornal da escola sobre mim, sim, o Atlas tem essa idiotice de Jornal Escolar. Mas como aqueles bandos de fofoqueiros de uma figa conseguiram aquilo?

Ao ler aquela merda de "notícia" fiquei puto e, ao mesmo tempo, nervoso e apreensivo. Como assim aqueles fofoqueiros de uma figa publicaram algo a meu respeito? Ainda mais sobre aquele assunto em si.

— Mas quem foi o merda que conseguiu isso?

Aquilo não poderia estar acontecendo comigo, isso só poderia ser um pesadelo ou brincadeira de muito mal gosto. Como alguém postaria uma mentira daquelas?

Bom, deixa eu explicar para vocês. Algum retardado tirou fotos minhas e do Erick na sala, o que é proibido, e passou para os idiotas do jornal escolar. Aquele perfil demoníaco tirou suas próprias conclusões e inventou muitas, tipo muitas mentiras.

— Fato é que não podemos ignorar os olhares e a carícia discreta na coxa de Diego. Não seria uma grande surpresa para todos que esses dois fossem um casal, afinal, por trás de tanto ódio sempre existe uma pitada de amor. Mas fica a pergunta no ar: estariam Erick Drummond e Diego Sandrinny em um relacionamento secreto?

Grunhi em desgosto ao ouvir Nathy relendo aquela parte da matéria, toda vez que lia aquilo, o que já acorreu umas centenas de vezes, fico ainda mais indignado com essa maluquice.

— Amigo, desculpe, mas essas fotos realmente nos fazem questionar sobre...

— Não começa você também, você, melhor que ninguém, sabe que isso não é possível. — Falo cortando sua fala, sim, as fotos realmente faziam todos se questionarem. Principalmente aquela que Erick está com a mão na minha coxa.

Nathy iria falar alguma coisa, mas foi interrompida pelo barulho de notificações no meu celular. Aquele barulhinho não parava nem por um segundo. Desbloqueei a tela, várias mensagens, notificações de novas pessoas seguindo o meu perfil e até mesmo um fã clube do Erick e eu. Pode isso, gente?

Desliguei o celular ao ver que fizeram um perfil dedicado a tudo aquilo.

— Isso não pode estar acontecendo comigo.

Passei o primeiro tempo de aula na biblioteca com a Nathy, que não desgrudava do celular para ver se sairia alguma outra coisa no perfil do jornal. Eu estava a ponto de surtar, literalmente.

— Diego, tem várias pessoas me mandando mensagem. Estão perguntando se Eriego é real.

— Eri o quê? — Pergunto confuso.

— Eriego, é o shipp de Diego e Erick. — Falou dando de ombros.

— Eu não acredito nisso. — Eu disse com indignação e peguei o celular da mão de Nathy para ver isso. Arregalei os olhos para aquilo, havia um fã clube que estava quase chegando a mil seguidores, como assim? — Só pode ser brincadeira. — Falo com raiva e entreguei o celular de volta para a dona antes que jogasse o aparelho na parede.

— Amigo, calma, logo todos esquecem isso. — Nathy falou para me tranquilizar.

— Fácil para você falar, não é com você. — Falo mal-humorado.

— Calma, eu não te fiz nada. — Falou na defensoria.

— Tudo bem, me desculpe. — Murmurei, me sentado ao lado dela.

O som de uma notificação preencheu o ambiente e Nathy pegou o celular rapidamente.

— É o jornal, fizeram outra postagem. — Nathy disse.

— E o que diz?

— Parece que Eriego está cada vez mais provável de ser real, chegou ao nosso conhecimento que Erick terminou seu namoro com Amanda dias atrás, antes de mudar para a turma de Diego e que o galã escolar já deu até um apelido carinhoso para o nosso querido nerd. Seria esse um típico romance entre o nerd e o popular?

Isso não pode estar acontecendo comigo, Deus se possível, me leve.

Eu vou surtar, juro que vou surtar.

Puxei meus cabelos com um pouco de força, eu realmente achei que aquilo não poderia ficar pior, mas acabei de ver que estava enganado.

— Que apelido carinhoso é esse? — Nathy perguntou, me olhando curiosa e tive que revirar os olhos com aquilo.

— Não tem apelido carinhoso, nenhum. Erick só usa para me provocar. — Eu disse com o tom irritado. — E você sabia que eles tinham terminado? Amanda e Erick. — Pergunto e ela nega com a cabeça.

— Foi novidade para mim também. — Falou e ficamos em silêncio. — Olha, eu não sei você, mas eu não vou ficar aqui e perder todas as aulas de hoje. Além disso, tenho prova agora no terceiro período. Então, eu vou indo, vem comigo? — Nathy falou sem um pingo de humildade, porque ela é assim. Pensei por alguns segundos. Me esconder não iria adiantar de nada, aquilo iria continuar até aquele jornal maldito achar outra fofoca. Afinal, eu não fiz nada e tudo aquilo não passa de uma mentira. Então, não deveria me esconder. É como dizem, quem não deve, não teve.

— Tudo bem, vamos. — Falo, me pondo de pé e juntos saímos daquela sala e seguimos cada um para sua sala.

Para o meu total alívio os corredores estavam vazios, claro, estávamos em período de aula, mas quando entrei na sala, depois que pedi autorização do professor, todos voltaram seus olhos para mim e até algumas meninas cochichavam. Segui de cabeça abaixada até a minha carteira e sentei. Para minha sorte Erick não estava na sala.

Mas a minha sorte virou uma verdadeira desgraça, exatamente um minuto depois Erick bateu na porta, pediu permissão para entrar e se sentou ao meu lado como se nada estivesse acontecendo.

— Parece que somos a notícia do momento, princesa.

Não devo dizer que ele falou aquilo em voz alta, não é? Prendi a respiração quando ouvi aquilo, toda a classe, tipo, toda mesmo se virou para nos olhar. Senti minhas bochechas esquentarem e olhei para Erick que me encarou de volta com aquele sorriso cafajeste.

— Classe, atenção, por favor. — Disse o professor, chamando a atenção de todos para si. Depois que falou, todos voltaram a atenção para a aula e pude respirar normalmente.

— Você é um baita idiota. — Falo constrangido, Erick ergueu a sobrancelha e sorriu ladino.

— E você fica uma fofura com as bochechas vermelhas, princesa. — Ele disse, tocando com a ponta dos dedos na minha bochecha, seu ato me deixou surpreso e em choque. Seus dedos eram quentes e macios. A sensação que percorreu meu corpo foi estranha. Como assim, eu me arrepiei com isso?

Erick franziu as sobrancelhas e me encarou com intensidade. Mais que merda está acontecendo aqui? Tirei sua mão do meu rosto com um tapa e o encarei com frieza.

— Não cansa de ser um idiota, não é? — Pergunto, consertando a postura e fingindo que Erick não existia. Essa parte foi fácil, já que sempre fiz isso.

Devo dizer que não me concentrei em nada, não consegui, a todo momento, as palavras daquela merda de perfil e aquelas fotos me enchiam a mente. Aquele dia não poderia ficar pior, na verdade, poderia, melhor, nem pensar muito em uma situação, ficando pior porque atrai.

Mas, literalmente, aquele não era o meu dia de sorte. Saí dos meus devaneios com Erick puxando minha mão, que nem percebi que havia erguido a altura da minha boca e estava roendo as unhas.

— Melhor parar antes que arranque um pedaço do seu dedo com os dentes. — Falou sério, me olhando preocupado e...

Pera, preocupado? Acorda Diego, o Erick só se importa com ele mesmo.

E foi quando percebi que ele ainda segurava minha mão.

Olhei para nossas mãos juntas e depois encarei Erick que fez o mesmo movimento que eu. Aquele olhar que não consigo decifrar estava presente em seus olhos novamente, franzi o cenho, puxei minha mão e limpei a garganta.

— A tensão sexual entre eles é evidente. — Ouvi alguma menina sussurrar e tive que respirar para não perder a calma. Olhei para Erick de soslaio e o vi sorrindo enquanto anotava algo em seu caderno. Ele com certeza ouviu o mesmo que eu.

Primeiro que nem existe tensão sexual nenhuma entre nós, só para deixar claro aqui. É incrível a capacidade das pessoas de verem algo onde não existe. Eu não suporto esse cara, como vai haver, seja lá o que as pessoas acham que existe, algo com Erick?

Pelo amor de Deus, eu preciso encontrar uma maneira de reverter isso, mas minha mente está muito cheia para pensar em algo por agora. Na verdade, sinto até o início de uma dor de cabeça chegando. Que dia meus amigos, que dia.

— Você 'tá legal? — Erick perguntou depois de um tempo, que reparei ser o último período. Como assim? Eu viajei tanto assim? Perdi, praticamente, todas as aulas daquele dia. Notei que a mão dele estava em minha coxa e o encarei meio irritado.

— Estou. E para de 'tá tocando em mim. — Sussurro tirando a mão dele da minha coxa. Ele sorriu provocativo.

— Pensei que você gostasse. Sabe, o lance da tensão. — Falou, piscando um olho em minha direção, revirei os olhos e abaixei a cabeça na mesa. Erick me cutucou.

— O que é, porra? — Sussurrei irritado, sem o olhar.

— Nossa princesa, você me cativa a cada dia. Sua natureza bruta é a melhor. — Falou com o sorriso cafajeste e revirei os olhos ainda de cabeça baixa.

— Vá a merda. — Disse com mau-humor.

— Não obrigado, mas precisamos fazer o trabalho de História. — Erick disse e tive que concordar com ele, mesmo a contra gosto.

— Você tem meu número, vemos isso depois. — Falo, o sinal soou anunciando o fim de aula e saí quase correndo de dentro daquela sala. Tenho que confessar, essa foi a pior sexta-feira da minha vida.

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